Últimas indefectivações

5 minutos: Diário...
Terceiro Anel: Diário...
Zero: Tema do Dia - As razões para a «Pior exibição» da era Martínez
SportTV - O Futebol é Momento - Portugal precisa de mais!
The Seleção Podcast #97 - And it could have been worse!!!
Terceiro Anel: DRS #2
Galardões Cosme Damião 2025
5 minutos: Galardões... e Seleção!
Terceiro Anel: Bola ao Centro #117 - Quem erra assim arrisca-se a ver navios!
Terceiro Anel: Diário...

quinta-feira, 20 de março de 2025

Dia do Pai - uma homenagem muito especial!

Dia do Pai - Roger...

Vermelejos!!!

Filhos e Pais !!!

Delibašić...

O Cantinho Benfiquista #203 - Faltam 9 Finais

Kanal: Carrega...

Temos equipa para fazer a dobra


"Há muito que «levantar a cabeça e pensar no próximo jogo» se tornou uma máxima repetida no desporto, mas nunca como agora me pareceu tão importante. Não fui confirmar as estatísticas, mas a sensação que tenho é a mesma que tem sido manifestada por muitos treinadores quando se queixam de não ter tempo efetivo para treinar. Às vezes parece uma desculpa mal amanhada para ganhar o tempo que não se tem junto de direções e adeptos, e talvez seja em alguns casos, mas o facto é que o corrupio de jogos é mesmo real e o tempo de qualidade se tem tornado cada vez mais escasso. Num futebol tão mercantilizado, o tempo é a única coisa que não conseguimos comprar ou vender no mercado de transferências, e a nova economia da atenção irá agudizar o problema, com o consumo de futebol reduzido gradualmente a micromomentos que produzem ídolos superficiais e escondem muitos heróis do quotidiano.
Para o Benfica, de quem se espera tudo, e que continuava em todas as frentes até há poucos dias, a época traduziu-se em séries infindáveis de partidas de elevada importância, umas após as outras, com pouco mais de 72 horas a separar um jogo do outro, um teste à competência e ao endurance de um plantel com alguma profundidade e muita qualidade em potência. Sobre este assunto, acho que é devida uma palavra ao treinador do Benfica, pelo desempenho que tem tido e pelo desafio que abraçou num momento em que muito poucos quiseram arriscar. A Bruno Lage deve exigir-se tudo, e o próprio saberá disso, ou não fosse ele benfiquista. Mas podemos juntar a esta exigência saudável uma certa dose de apreço por estarmos a chegar a abril em condições de vencer três troféus esta época, apesar de um planeamento desportivo errático e lacónico, sem uma liderança clara e com processos de decisão bastante opacos. Bruno Lage tem sabido operar nestas circunstâncias.
Não foi perfeito em todas as decisões, mas tem conseguido utilizar as armas ao dispor para garantir quase sempre um resultado positivo e até encontrar novas soluções. Sim, continuamos a criar muitas ocasiões de golo que esbarram em problemas de finalização, mas foi esta mesma equipa que ajudou Pavlidis a reencontrar o caminho da baliza. E este não é o único exemplo. Até arrisco dizer que é um traço dominante do atual plantel.
Não me parece que vençamos frequentemente pela enorme consistência de cada um dos jogadores disponíveis, mas antes pela capacidade que temos de ir trabalhando com os seus altos e baixos. É verdade que Kokçu nem sempre decide bem, mas as decisões acertadas que tem tomado criam muitas das ocasiões de golo da equipa. É verdade que Akturkoglu tem estado longe do nível exibicional demonstrado quando chegou a Portugal, mas também é verdade que foi ele quem no último domingo entrou para decidir o jogo, mais um, e é verdade que os números produzidos pelo jogador turco fazem desta uma das melhores épocas da sua carreira, numa liga portuguesa que, sendo de segunda divisão, é ainda assim superior ao futebol praticado na Turquia. No entretanto, em dias menos bons de um ou de outro, apareceram Schjelderup, Barreiro e outros. Não é o plantel que a maioria de nós idealizaria, mas tem levado água ao moinho, mostrando uma capacidade interessante para fazer a dobra a quem esteve menos bem ou fora por lesão.
Talvez a melhor definição deste estado de alma em movimento de acordeão possa ser observada no papel de Di María e no modo como muitos adeptos reagiram à sua presença e à sua ausência. Um Di María saudável é sempre um dos melhores, senão o melhor jogador deste plantel. Decide jogos e fá-lo sempre recorrendo a uma apetência estética que é a única forma que conhece. É um dos favoritos da maioria e sabe disso, motivo pelo qual ninguém, começando pelo próprio, imagina um Di María no banco.
Por outro lado, com a lesão do argentino, a equipa foi obrigada a procurar outras formas de chegar à baliza adversária. Perdeu alguma dessa dimensão estética que o próprio Lage preconiza, mas não perdeu capacidade de marcar golos e ganhar jogos. No entretanto, ganhou força uma corrente segundo a qual a equipa do Benfica até joga melhor sem ele, um contrassenso apenas admissível até Di María voltar a estar em condições de jogar. Tudo isto acontece por um bom motivo. A culpa deste acordeão é de uma equipa que tem sabido fazer a dobra.
Conhecendo o plantel, não me espantou muito que tivéssemos encontrado finalmente o nosso limite numa eliminatória da Liga dos Campeões ensanduichada entre jogos da Liga e da Taça de Portugal. Aceito perfeitamente as competições internas e quero que o meu clube as vença, mas não consigo evitar alguma irritação romântica perante a necessidade de conjugar jogos de dimensão nacional, muitas vezes pobres, com o tipo de palcos em que o Benfica devia atuar mais vezes e com ambições mais legítimas.
Em Barcelona, alguns jogadores nucleares acusaram cansaço frente a um adversário que não perdoa, e acabámos manietados por uma equipa que, sendo global e individualmente superior, pareceu ao alcance do Benfica nos primeiros dois jogos que fizéramos contra eles. Houve um jogador que me chamou a atenção, pela negativa. Florentino, um dos melhores centrocampistas da Champions, fez uma exibição apagada em Barcelona, longe do epíteto de polvo que lhe foi justamente atribuído.
Dias depois, somou-lhe um erro incaracterístico em Vila do Conde que quase nos custou dois pontos. Se é motivo para alarme? É motivo para toda a gente continuar em alerta, mas fundamentalmente continuarmos a apoiar esta equipa sem hesitação. Nem estes dois jogos definem a qualidade de Florentino, para mim um dos melhores deste plantel? nem tudo dependerá dele. Acredito que os colegas, como até aqui, saberão ir fazendo a dobra.
O Benfica tem demonstrado ser a melhor equipa em Portugal, mesmo com as suas inconsistências. Não diria que esta equipa me enche as medidas, mas tem dado algum conforto pela capacidade de responder a diferentes momentos dos jogos realizados. Quanto ao teste final, que comprovará de forma impiedosa se o trabalho de equipa técnica e jogadores foi ou não realizado de forma competente, acontecerá nos próximos dois meses e meio. A minha avaliação nessa altura será tão resultadista quanto a do leitor, mas penso que é possível tirar algumas conclusões parciais, e essas são estruturalmente positivas. Chegamos a esta fase da época com maturidade competitiva e sentido coletivo suficientes para acreditar que isto nos vai sorrir."

Benfica: de volta à realidade


"Esfregar os olhos e voltar à realidade. Tão simples quanto isso. É tempo de virar a página e pensar no título e na Taça de Portugal, os importantes troféus em disputa.
O Benfica apareceu em Vila do Conde renovado e sem ponta de frustração europeia, atacando um jogo previsivelmente difícil sem hesitar. Pressão alta, ritmo forte e a bola a rondar a baliza do Rio Ave, ameaçando entrar em repetidas ocasiões. Os regressos de Carreras e Bruma deram vida nova ao lado esquerdo, para onde a influência atacante da equipa derivou. Amdouni, voltando ao onze, foi outra aposta ganha, contracenando com Aursnes entre a direita e o apoio a Pavlidis.
A primeira parte foi surpreendentemente boa e rápida, mesmo depois de um exigente jogo europeu e terá sido das melhores da época. As oportunidades sucediam-se, mas nada parecia capaz de mexer o resultado. Até que, cá vai disto, terá pensado Kokçu, honrando a sua condição de atirador de longa distância. Magnífico o golo do turco, misturando potência com perícia, na conta certa. Um recurso valioso, o remate à distância, para quem defronta defesas recuadas e que abriria finalmente a contagem, quando já se temiam cenários recentes de muito investir e pouco colher. A segunda parte começava com novo golo, que espelhava melhor o domínio exercido.
Porém, ninguém previa o que viria depois. Um livre frontal, resultante de falta talvez escusada, reduziu a diferença. Logo depois, um excesso de pouco zelo em zona proibida, ofereceu o empate. O caldo parecia entornado... Há já algumas semanas assinalei aqui que os golos muitas vezes sofrem-se aos pares, e em pouco tempo, tal o efeito que provocam, moralizando quem marca e afetando quem sofre. Num instante a situação inverteu-se e com substituições frescas, ainda feitas de acordo com o contexto anterior positivo. A verdade é que, mais uma vez, valeu que quem entrou fê-lo a todo o gás. Pouco tempo passado o irrequieto Belotti encaminhava o ataque, descobrindo Aursnes, que por sua vez libertou Akturkoglu na área para marcar. Um golo que reequilibrou a equipa e que valeu uma justa mas sofrida vitória.

UM QUASE GOLO
O recente duelo madrileno para a Liga dos Campeões ilustra bem como tudo pode acontecer da marca dos onze metros. Vinícius Júnior, considerado por muitos um dos melhores da atualidade, nem na baliza acertou, quando dispôs do momento que podia ter resolvido a eliminatória. Sorte e competência técnica ou azar e desacerto? Tudo é possível quando se depende de uma só ação técnica e de um único segundo.
A conversão ou falhanço de um penálti é um tema frequentemente falado, mas pouco explicado. O momento mais crítico está no pé e no controlo mental daquele que é responsabilizado para converter o que todos consideram um quase golo. A falada competência ajuda, mas está muito longe de ser tudo...Julián Álvarez, outro excelente avançado, foi igualmente protagonista no mesmo desempate, mas por razões diferentes. A anulação polémica do seu penálti, por ter escorregado e ao que parece tocado duas vezes na bola, promete durar.
Mas ainda houve mais: diz-se que o futebol é momento e Ancelotti expressou isso mesmo com uma substituição de última hora. Decidiu poupar o antes designado Endrick, escolhendo Rudiger, cujos talentos nada combinam entre si. A experiência e descaramento do central alemão ganharam, na cabeça do treinador, ao potencial, talvez inibido pelo momento, do prodígio brasileiro. Foi então Rudiger o autor do mais atabalhoado remate da noite, mas ironicamente o que valeu a vitória. A bola lá entrou a custo, com a ajuda do poste. Só podia acabar assim, uma noite de desempate invulgar.

GESTÃO DA DOR
As substituições frequentes de Tomás Araújo davam conta, já há algum tempo, de que a sua gestão física era preocupação da equipa técnica responsável. Não conheço exatamente do que sofre, mas mais uma vez volto ao que vivi, curiosamente no ano em que mais golos marquei ao serviço do Benfica. Jogava sempre, mas treinava menos que os meus companheiros, sendo poupado pelo menos na sessão anterior e na seguinte a cada jogo. O obrigatório gelo e o sistemático Voltaren, ajudavam, mas não curavam. A minha tendinite rotuliana haveria de arrastar-se, só interrompida aquando da minha fratura sofrida em Kiev. Afinal nem tudo foi mau nessa noite frente ao Dínamo, porque a longa paragem a que fui obrigado acabou por, pelo menos, curar a lesão anterior. Para grandes males grandes remédios...
Voltando a Tomás Araújo faz todo o sentido que na pausa das seleções nacionais se intensifique o tratamento e se interrompa ou modere o treino. Ocupando ele uma posição fragilizada da equipa, será vital que, na fase decisiva do campeonato, Bruno Lage conte com ele mas em melhor condição."

O prazer de sofrer?


"Sofrer em qualquer caso, assim parece ser este Benfica. Depois de uma eliminatória discutida na Liga dos Campeões frente a um “super-Barcelona,” que foi superior desta vez, há que o reconhecer, o regresso à Liga tinha perigos, pois Vila de Conde nunca foi fácil e as equipas de Petit são sempre competitivas. Mas não foi a chuva, o vento ou o Rio Ave que trouxeram as dificuldades, mas o Benfica, que parece ter prazer em sofrer para ganhar jogos que tinha tornado fáceis.
Depois de uma primeira parte onde só o golaço de Kokçu furou a ineficácia reinante (depois de 10 remates à baliza e 8 oportunidades de golo desperdiçadas?!) e, até à hora de jogo, o domínio e o desperdício foram evidentes, na falta de emoção, o Benfica decidiu animar o jogo e o Rio Ave que, com muita sorte e algum mérito, conseguiu o empate.
Lage, sendo o treinador, está certo ao querer ver o “copo meio cheio” e ao sublinhar a reação às dificuldades, mas agora que o Benfica está a tempo inteiro nas competições nacionais, é bom que mantenha a versão Champions, com foco e concentração nos noventa minutos, pois o calendário é difícil, o adversário parece competitivo e a luta pela permanência promete tornar qualquer jogo exigente, sem esquecer que o campeonato até pode vir a ser decidido pela diferença entre golos marcados e sofridos e aí, ontem, como com o Boavista e o Nacional, o Benfica perdeu uma ótima oportunidade para a reforçar. Que esta pausa permita um recentrar, reorganizar e voltar com toda a força, pois será necessário..."

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Os rumores que vão agitar o mercado nacional

Mata Mata - Bruno Andrade: Histórias do Futebol e a Paixão pelo Jornalismo

Zero: Negócio Mistério - Episódio Especial | Holandeses no Barcelona

Resultados semestrais divulgados


"Nesta edição da BNews, destaque para a divulgação, pela primeira vez, das contas semestrais do Sport Lisboa e Benfica e para a entrevista concedida por Nuno Catarino, vice-presidente do Conselho de Administração da SL Benfica SAD e CFO do Clube, sobre as contas e sobre o plano estratégico da SAD e do Clube.

1. Plano ambicioso
Em entrevista à BTV e ao JN, Nuno Catarino, vice-presidente do Conselho de Administração da SL Benfica SAD e CFO do Clube, revela aspetos estratégicos e objetivos de negócio da SAD e do Clube.
"Chegar aos 500 milhões de receita em 5 anos" é um dos objetivos preconizados.

2. Contas semestrais apresentadas
De forma inédita, o Sport Lisboa e Benfica divulgou os resultados do primeiro semestre do exercício de 2024/25, dos quais sobressai o resultado operacional da atividade isolada do Clube de 6,4 milhões de euros e, com MEP e respetiva influência da atividade da Benfica SAD, de 34,6 milhões de euros. O aumento de 6% das receitas de quotização e a diminuição de 7% dos gastos operacionais são outros dos dados em destaque.

3. Treinador do mês
Os treinadores da Liga Betclic elegeram Bruno Lage como o treinador do mês de fevereiro.

4. Distinções
Em votação dos treinadores da Liga Betclic, Pavlidis e Tomás Araújo foram eleitos, respetivamente, avançado e defesa do mês de fevereiro.

5. Renovação de contrato
João Fonseca, defesa-central de 18 anos, prolonga até 2030 a ligação contratual ao Benfica. "Acaba por ser uma renovação da responsabilidade que tenho de continuar a ter e de fazer tudo para conseguir atingir os meus objetivos e os do Clube", afirma.

6. Triunfo no hóquei
O Benfica ganhou por 1-5 na visita ao Riba d'Ave.

7. Dia do Pai
Os filhos de Eusébio, Coluna, Torres, Bento, Chalana e Pietra expressam o seu sentimento de gratidão imensa: "Obrigado, pai, por tudo o que fizeste pelo Benfica!"

8. Galardões Cosme Damião
Está encerrada a votação. Inserido nas comemorações dos 121 anos do Clube, vão ser entregues os Galardões Cosme Damião aos que mais se destacaram no último ano, numa cerimónia agendada para 20 de março, quinta-feira, e que terá como palco a Aula Magna, em Lisboa.

9. Fundação Benfica
"Um dia que ficará gravado na memória", uma ação conjunta da Fundação Benfica e do plantel da equipa masculina de futsal do Benfica.

10. 17.ª Corrida Benfica António Leitão
Estão esgotadas as inscrições para o evento a realizar no próximo fim de semana.

11. Futebol de iniciação
A Benfica Escola de Futebol da Marinha Grande organizou a mais recente jornada da Liga Benfica – Zona Centro, na qual participaram 126 jogadores. E foram vários os Centros de Formação e Treino do Clube em atividade no Benfica Campus, totalizando 205 participantes.

12. Título em análise
As Sub-17 de futsal do Benfica conquistaram o hexacampeonato distrital.

13. Lançamento de caderneta
Veja as melhores imagens do lançamento da caderneta de cromos 2024/25 do futsal benfiquista."

O caminho e o fim da arbitragem no futebol profissional


"Não há muito que se possa dizer em relação ao tema arbitragem que já não tenha sido dito por muitas outras pessoas.
Convém contextualizar: os árbitros são os patinhos feios desde sempre. Foram inventados para tentar dar ordem ao caos que era o jogo jogado sem regras nem limites. A ausência de ordem era compensada pelo prazer puro do jogo, pela liberdade total das peladas desorganizadas, que só terminavam quando anoitecia ou quando o dono da bola ia para casa. Mas o entusiasmo crescente, o aumento do número de praticantes, a fundação de alguns clubes e o início de competições locais criaram a necessidade de introduzir a figura de um vigilante, alguém que zelasse pelo cumprimento de regras básicas.
Daí para cá é o que se sabe. A diferença é que os desmancha-prazeres passaram a ser corruptos e ladrões. Hoje é tudo diferente. A classe está sob constante fogo cruzado, onde cada lance, cada decisão apertada, é esmiuçada frame a frame.
É nesta selva tecnológica que moram aqueles que ainda têm a coragem de abraçar esta carreira. A tal minoria, que assume o risco de fazer, em detrimento da maioria que prefere criticar — vá lá, inscrevam-se, tirem o curso e venham para este lado.
Há duas formas de olharmos para a classe dos árbitros, para o seu papel no futebol: uma mais intrínseca e outra que vem de fora para dentro.
Clubes, adeptos, Imprensa, todos esperam uma única coisa das arbitragens: boas decisões. E isso faz todo o sentido! De facto, o que se pretende é que exista justiça, muito acerto, poucos erros e zero impacto na verdade desportiva. Certíssimo!
Do lado de dentro, do nosso lado, esse objetivo é fundamental, naturalmente, mas o caminho percorrido para lá chegar é ainda mais importante. Não conta só o resultado, mas a forma como ele é alcançado.
Reparem: existem cerca de quatro mil árbitros no ativo em Portugal. Têm idades e personalidades diferentes, experiências e maturidades distintas. Uns têm mais propensão física, outros mais destreza psicológica. Uns são mais emotivos, outros mais pragmáticos. Uns são mais introvertidos, outros mais sociáveis. Uns estão mais motivados, outros apenas conformados.
Gerir tanta gente com tantas sensibilidades, oriundas de realidades sociais e regionais contrastantes, não é fácil. Pior ainda é conseguir afunilar pela qualidade, sem ferir a necessidade de termos árbitros em todos os jogos de todas as competições — e são tantas no País.
O desafio é tremendo mas possível, se aplicado com rigor um plano estratégico de ação, faseado no tempo.
O futebol português, tal como o que se joga em todas as outras ligas do mundo, nunca terá arbitragens perfeitas. Haverá erros, alguns dos quais comprometedores e impactantes. Ontem, no dia anterior, na semana passada e na semana antes dessa isso aconteceu. Aconteceu com decisões dos árbitro e com decisões de jogadores de topo, que redundaram em golos dos adversários. Custa, mas faz parte. É o preço da humanidade.
A boa notícia é que, na arbitragem, é possível atenuar essa falibilidade. Os erros podem diminuir, os acertos podem aumentar e, mais importante, a perceção de credibilidade dos próprios árbitros, a sua imagem e autoridade, pode ser melhorada.
O novo Conselho Nacional de Arbitragem tem em mãos um plano pensado para três ciclos (doze anos), que terá seguramente todo o apoio, em termos de investimento, da Federação Portuguesa de Futebol. Terá por isso todas as condições e meios para criar uma nova arbitragem, um novo modelo de árbitro português, um antes e um depois.
O futebol agradece. Os árbitros também."

As lágrimas dos ‘Pretorianos’


"Bastaram dois dias do julgamento da Operação Pretoriano para se perceber que todos os arguidos são, aos olhos deles, inocentes. De facto, até haver uma decisão da juíza e a sentença transitar em julgado, ninguém é culpado de nada, mas os factos que começam a surgir a público dão-nos uma imagem preocupante sobre o comportamento de uma minoria de adeptos, alguns sem vínculo associativo ao FC Porto, que para manterem os seus privilégios régios e o controlo sobre a venda de bilhetes não hesitava em recorrer à violência verbal e física sobre outros sócios.
Isto acabou com a reformulação do protocolo com as claques feita pela SAD e a implementação de um sistema de venda de ingressos que privilegia os sócios mais assíduos aos jogos da equipa e desce a escada de uma forma lógica até chegar ao sócio que, por diversos motivos, só ocasionalmente vai ao Dragão.
O circo montado à porta do tribunal, com lágrimas, quebras de tensão e a tentativa de driblar as provas, não serve de consolo a quem covarde-mente foi agredido na AG de 13 de novembro de 2023, mas pelo menos abre a estas vítimas a esperança de que a justiça cumpra o seu dever: condene quem merece ser condenado e ilibe quem entende que tenha de ser ilibado.
Até à sentença, o FC Porto nunca viverá a paz que realmente deseja, porque a Operação Pretoriano é um tema que divide a família azul e branca – de um lado os que apoiaram Pinto da Costa, do outro os apoiantes de Villas-Boas. No entanto, não foi nada disso: foi violência pura e gratuita com premeditação e vergonhosas jogadas de bastidores."

Futebol sem adeptos


Fernando Urbano, in A Bola

Justa causa desportiva


"Pacta sunt servada é um brocardo usado no mundo jurídico que significa que os acordos devem ser cumpridos. Tal como acontece na relação entre trabalhador e entidade empregadora, também entre atleta e respetivo clube existe o dever de cumprir os contratos. Por regra, o contrato só pode cessar quando atingir o termo ou, em momento anterior a esse, mediante acordo.
Sem prejuízo deste princípio geral, qualquer das partes pode fazer cessar o contrato de trabalho se algum dos deveres estabelecidos for incumprido. Nesse caso, tem a parte contra a qual o dever foi desrespeitado o direito a fazer cessá-lo com justa causa, sem ter de pagar indemnização à outra parte. Um caso clássico é a falta de pagamento da retribuição, que dá ao trabalhador o direito a resolver o contrato com justa causa; ou um determinado número de faltas injustificadas, que dá ao empregador o direito de cessar a relação contratual sem consequências.
Mas se as partes estiverem sujeitas à aplicação das regras definidas no Regulamento do Estatuto e Transferências dos Jogadores da FIFA, têm ainda de ter em atenção uma especial circunstância de justa causa para o jogador fazer cessar o contrato de trabalho: a justa causa desportiva. Diz o artigo 15 do referido Regulamento, em suma, que um jogador que, durante uma época, tenha jogado em menos de 10% dos jogos oficiais pode fazer cessar o contrato com justa causa desportiva (analisada caso a caso).
Nesta situação, não existirão consequências desportivas para o jogador (embora possa ter de pagar indemnização ao clube), sendo que o recurso a esta possibilidade deve ser exercido 15 dias após o último jogo da época disputado pelo clube pelo qual está registado."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

O repertório de Neymar após o seu retorno ao Brasil: uma análise neurocientífica


"O retorno de Neymar ao Santos levanta questões sobre adaptação, desempenho e riscos físicos. Do ponto de vista da neurociência, sua volta envolve fatores como neuroplasticidade, tomada de decisão, impacto emocional e risco de lesões.

Adaptação e Neuroplasticidade
Após 12 anos fora do Brasil, Neymar retorna a um futebol com características diferentes. No PSG, ele participava de 49,2% das jogadas ofensivas; no Santos, esse número já ultrapassa 60%. O futebol brasileiro exige ajustes cognitivos e motores devido ao ritmo mais físico e menos estruturado. A neuroplasticidade, capacidade do cérebro de se reorganizar, facilita essa transição, mas não é instantânea. Neymar precisa recalibrar sua leitura de jogo, reação a estímulos e dinâmica de equipe.

Tomada de Decisão e Experiência
Aos 32 anos, Neymar tomou em média 1,9 decisão por segundo nos jogos recentes, contra 2,3 nos tempos de Barcelona. Isso indica uma abordagem mais estratégica e menos impulsiva. Sua taxa de passes certos no Santos é de 84,5%, superior aos 80,2% de sua última temporada no PSG. Essa maturidade melhora a eficiência cognitiva, permitindo que ele distribua melhor o jogo sem sobrecarga física.

Pressão e Impacto Emocional 
O retorno ao Brasil gerou um aumento de 37% nas menções a Neymar na mídia esportiva. A expectativa da torcida e da imprensa ativa circuitos neurais do estresse. A amígdala processa essa carga emocional, enquanto o córtex pré-frontal regula impulsividade e controle emocional. Até agora, Neymar converteu essa pressão em desempenho, com 3 gols e 3 assistências em 7 jogos, mas sua resiliência será testada ao longo da temporada.

Lesões e Risco Neuromuscular
Nos últimos três anos, Neymar sofreu 9 lesões que o afastaram por mais de 30 dias cada. Isso alterou seus padrões motores, elevando o risco de novas contusões. Sua recente lesão muscular na coxa esquerda o tirou da seleção e pode indicar sobrecarga. O risco de recorrência em jogadores com histórico similar ultrapassa 60%, exigindo um gerenciamento rigoroso da carga física.

Neymar voltou mais experiente e eficiente, mas sua adaptação não está isenta de desafios. Com 61,1% de aproveitamento do Santos desde sua estreia, sua presença é decisiva, mas o sucesso dessa fase dependerá do equilíbrio entre desempenho técnico, controle emocional e gestão física. Sem isso, o impacto positivo pode ser comprometido pelo histórico de lesões."