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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Tribuna Honra - Selecção, Política, Contas e Lagartices!

Coluna Vermelha #47 - Europa, Ventura & Modalidades

Clubes do Estado?!

"Clubes detidos por Estados? Será uma situação mais transparente que clubes suportados por auxílios de Estado. Em Espanha situações duvidosas como regimes tributários especiais, sobrevalorização de activos, ou créditos privilegiados originaram investigações que despoletaram a obrigação de devolução de montantes avultados por parte de clubes ( https://www.jn.pt/…/clubes-espanhois-obrigados-a-devolver-m…).
Em Portugal, temos uma operação bancária muito controversa a beneficiar o Sporting Clube de Portugal com a remissão de um crédito no valor aproximado de 100.000.000 de euros, concedida por um banco que tem estado dependente de financiamento público. Prontamente, Fernando Gomes, ex-autarca do Porto e dirigente do clube representativo desta cidade clamou que este tipo de apoio não era elegível para outros clubes. No entanto, no plano da prestação de serviços, temos a F.C.Porto Média SA a beneficiar de 39 contratos adjudicado por entidades adjudicantes em procedimentos de ajuste directo. Trata-se de uma relação contratual privilegiada que permite a uma das empresas do Grupo portista suportar a sua actividade com contratos públicos outorgados sem concorrência efectiva. Esta prática apesar de denunciada mantém-se.
Mas há outro tipo de situações a reclamar auto-critica. Divulgou o DN que a autarquia de Vila Nova de Gaia gastou 16 milhões de euros a erguer o centro de treinos do Olival, sem qualquer participação do FC Porto que paga, desde 2002, uma mensalidade de 500 euros pelo complexo de mais de 80 mil metros quadrados. Para que os portistas conseguissem ressarcir todo o investimento da autarquia tinham de estar no centro de treinos durante... 2666 anos, mas o contrato é apenas de 50 anos (ou seja, 300 mil euros de renda, no total).
Sobram, pois, motivos para escrutinar o envolvimento de recursos públicos no anunciado novo "centro de formação" para os escalões jovens do clube. De acordo com o jornal A Bola, este espaço desportivo deverá nascer num vasto terreno contíguo à estação de recolhas de autocarros dos Transportes Colectivos do Porto na Via Norte (freguesia de São Mamede de Infesta). Seria conveniente que a Autoridade da Concorrência, ou, quem sabe, a Comissão Europeia, aferisse a relação destes clubes e os poderes públicos para cumprir a sua missão. Também o Tribunal de Contas poderia escrutinar a legalidade financeira dos recursos públicos envolvidos neste tipo de contratos. Até lá vamos observando, pasmados, o investimento dos Estados árabes em clubes franceses e ingleses."

Silas, o colete salva-vidas do doutor Varandas

"Jorge Silas é o terceiro treinador do Sporting esta época. Incluo Leonel Pontes na contabilidade, se o doutor Frederico Varandas não se incomodar.
Em apenas três meses, a SAD leonina decidiu manter o treinador da época passada, para mais tarde dispensá-lo e dizer o óbvio: «Ele teve dificuldades em adaptar-se ao futebol português.»
O óbvio? Obviamente. Basta reler um Chuteiras Pretas escrito por mim em Novembro de 2018. O título mostrava ao que eu vinha: «Porquê Marcel Keizer?»
Era fácil, demasiado fácil, perceber que pouco ou nada recomendava o treinador holandês. O contexto leonino, a realidade muito própria do futebol português, o próprio perfil/ideias de Keizer. Correu mal porque tinha tudo para correr mal.
Depois de Keizer, Varandas e companhia tentaram reeditar o milagre-Lage com Leonel Pontes – como se o futebol fosse um fenómeno metafísico ou esotérico -, com os resultados que também já se conhecem. No fundo do túnel, e na sequência de semanas em sofrimento, lá estava o nome de Jorge Silas.
Se alguém descobrir coerência nestas opções, esteja à vontade para me ajudar.
O plantel do Sporting não é tão mau como se pinta, os jogadores estão muito acima da média portuguesa e Silas tem Bruno Fernandes, o melhor futebolista do campeonato. Acima de tudo, Silas tem as suas convicções e não parece homem para delas abdicar.
Eu diria que esta é a melhor notícia para o universo leonino nos últimos largos meses, a prescrição mais acertada do médico-presidente. Apesar de pouco ou nada ter a ver com as anteriores. Ou por causa disso mesmo.
Silas é um bom treinador e a tábua de salvação (colete salva-vidas?) da gestão de Frederico Varandas. No trabalho do treinador está a última oportunidade de o dirigente convencer a desmembrada massa crítica de adeptos leoninos. Basta olhar para a recente AG para perceber que o momento, uma vez mais, é de urgência humanitária para o leão.
Se Silas for capaz de passar a mensagem, o Sporting tem tudo para fazer uma época positiva até maio.
O que é uma época positiva no contexto actual? Não andar longe de FC Porto e Benfica (derrotá-los nos confrontos directos), jogar um futebol atraente, passar a fase de grupos da Liga Europa e chegar às finais das taças nacionais.
Jorge Silas foi a primeira boa escolha de Frederico Varandas para o lugar de treinador do Sporting. Merece ter sorte. 

PS1: procuro ser coerente em tudo o que penso, digo e escrevo. Se é verdade que sempre olhei com desconfiança para Marcel Keizer, não é menos certo que elogio Silas há muito tempo. Este Chuteiras Pretas do dia 15 de Março pode confirmá-lo.

PS2: há opções desportivas no Sporting difíceis de entender. Como haverá também nos rivais, naturalmente. Neste caso refiro-me ao desaproveitamento estúpido de um dos melhores médios a jogar em Portugal: Mattheus Oliveira. O filho de Bebeto formou-se no Flamengo, brilhou no Estoril-Praia e justificou a oferta de um contrato de cinco temporadas do Sporting. Jogou pouco com Jorge Jesus e rumou a Guimarães para elevar o seu nível de jogo (intensidade, reacção à perda) e confirmar os predicados técnicos que já se lhe conheciam (41 jogos/4 golos em época e meia). Mattheus tem qualidade mais do que suficiente para ser opção neste Sporting de Silas, uma equipa que privilegiará a posse de bola e a construção em apoio desde a linha mais recuada. As respostas estão, muitas vezes, nos sítios mais óbvios."

Racismo, 0 - Inglaterra, 6

"Desde já importa assumir que o título não é meu, mas traduz com total exatidão aquilo que penso sobre o que se passou em Sófia. O seu a seu dono, o título é do Daily Mail, um dos muitos jornais ingleses que expressaram a sua indignação perante os insultos a Tyrone Mings, Raheem Sterling ou Marcus Rashford, que obrigaram à interrupção, por duas vezes, do Bulgária-Inglaterra. E porquê estes três jogadores? Porque um bando de energúmenos entende que pode insultar alguém, apenas e só por causa da sua cor de pele.
O aviso já tinha sido lançado antes ainda da partida, mas foi desvalorizado por Krasimir Balakov. Dizia o seleccionador búlgaro: «Não acredito que tenhamos este grande problema como, por exemplo, tem a Inglaterra.» O médio que passou pelo Sporting e que era um virtuoso com os pés, não o foi com as palavras. E a comparação, para além de traiçoeira, foi infeliz. O racismo não tem cor ou nacionalidade, é um flagelo que cruza todos os continentes e que não pode ser ignorado. Foi isso que fez o capitão da selecção búlgara, que ao intervalo se abeirou da bancada para tentar pôr um travão na indigna atitude de alguns dos seus adeptos. Em vão.
Nesta altura a boa notícia é que as responsabilidades estão a ser assumidas. Mas foi necessária a intervenção governamental, para que o presidente federativo se demitisse. Outro irá ocupar o lugar, com a difícil missão de erradicar o racismo dos estádios búlgaros. Como também de outros estádios espalhados pelo mundo. A UEFA terá certamente mão pesada para com a Federação Búlgara, e uma multa, ou um ou dois jogos à porta fechada, não resolvem o problema. A questão tem que ser levada bem mais a fundo, e a voz de indignação dos que não pactuam com este tipo de atitudes, tem de ser ouvida. Importa criar nova legislação para colocar fora dos estádios, como também da sociedade, estes energúmenos cuja principal ocupação é promover o ódio.
Termino como comecei, com a goleada inglesa ao racismo. Que sirva de exemplo, e que nos obrigue a todos a pensar em soluções para colocar um ponto final neste péssimo exemplo, sem lugar no futebol que tanto adoramos."

A morte de um futebolista profissional

"Os “jogadores de futebol profissional” têm “Estatuto de Trabalhadores”, então por que razão os trabalhadores da Autoeuropa não são sujeitos à despistagem de doping?

O Tribunal da Relação de Lisboa decidiu que a morte de um futebolista, no campo de jogo, “lugar de trabalho”, era de facto um acidente de trabalho. Afirmou ainda que “o campo de futebol era o Local de Trabalho” (2011).
Este foi sempre o entendimento de todos aqueles que estudaram as Leis do Trabalho e que sempre respeitaram o Espírito da “Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, criada pelo Tratado de Paz assinado em Versalhes, em 28 de Junho de 1919.
Portugal foi um dos signatários do “Tratado de Versalhes” e um dos Membros Fundadores da “OIT”. 
Segundo os Tratados, Escritos, Declarações e Discursos Políticos do tempo, e não só, consta que Portugal foi sempre um “Membro” que sempre prestou à “OIT” uma colaboração leal e activa. 
Depois do Estado Português ratificar uma Convenção Internacional fica obrigado a cumprir as regras e princípios nele formulados, e, evidentemente, que qualquer Tribunal de um país signatário, terá que aplicar aquilo que passou a ter Força de Lei. Daqui se saúda o Tribunal da Relação de Lisboa que, em 28/dez./2010, num seu Acórdão, afirmou que “o campo de futebol é o local de trabalho” de qualquer jogador. Quer em competição ou em situação de treino, dizemos nós, e ainda se pode aceitar que no trajecto para o trabalho e do trabalho até à residência possa ser considerado “Acidente de trabalho”. 
Gostaríamos ainda de referir que a convenção n.º 17, Decreto n.º 16586, e a Convenção n.º 18, Decreto n.º 16587, da “OIT” podem ser invocadas no caso do jogador de futebol Fehér. Não está em causa qualquer Instituição, quer seja Clube de Futebol ou Companhia de Seguros, o que está em causa é que tem que ser assumido por toda a sociedade que um jogador de futebol profissional, não é um desportista, quando está a trabalhar, o que ele é de facto é um trabalhador. Por isso é que o seu Estatuto não deve ter nada a ver com aquele de um desportista amador, ou de um estudante do Ensino Oficial, Secundário ou Universitário, quando pratica Desporto.
Já Piaget dizia que a Lógica é a Moral do Pensamento. Afinal os “jogadores de futebol profissional” têm “Estatuto de Trabalhadores”, então por que é que os trabalhadores da Autoeuropa não são sujeitos à despistagem do uso de doping, como são aos trabalhadores do futebol?
Do que se trata é de proteger um negócio instalado de milhares de euros, que condiciona uma actividade comercial, aumentando a pressão sobre os trabalhadores, de forma ilegal. Este Acórdão vem proteger os trabalhadores do futebol e colocar em maus “lençóis” a Secretaria de Estado do Desporto, por que trata os trabalhadores do futebol profissional de forma diversa dos trabalhadores da Autoeuropa. É que no Desporto as “Regras” são outras, daí a confusão do Ministério da Educação que trata o futebol profissional com se fosse Desporto.
O futebol profissional só deve depender da Direcção Geral dos Espectáculos e, quiçá, com a colaboração da “ASAE”...Esta atividade não pode estar subordinada ao Ministério da Educação Nacional."

O que se entende por Budô?

"O conceito de “Budô” implica uma complexidade de considerações que, a nosso ver, potencialmente diferenciam a prática das artes marciais “orientais” de quaisquer outros desportos.
O Budô, palavra de criação japonesa, e que define as artes marciais tradicionais, compõe-se de um conjunto de duas palavras chinesas: “wu” (japonês: “bu”), guerreiro, armas, e “dao” (japonês: “dô”), via, caminho em direcção ao conhecimento, com a conotação moral do aperfeiçoamento de si mesmo. O “bu” significa o que é viril e forte. Na época de Edo (1603-1868), durante o qual o Japão se fecha ao Ocidente, a palavra “Budô” assumiu um sentido mais amplo. Ela designa sempre uma via que deve seguir o guerreiro, englobando todos os “bugei”, diferenciados em diferentes disciplinas sistematizadas em imensas escolas, mas ele assume, sobretudo, uma conotação ética mais clara ao ponto de se confundir com o termo “bushidô”, a via do samurai.
Para se designar as diferentes disciplinas, empregava-se geralmente as palavras do sufixo “jutsu” (técnica): jujutsu, kenjutsu, kyujutsu, etc. O hábito actual é de utilizar os termos com o sufixo “dô” (judô, kendô, kyudô, etc.). Estes termos conheceram uma vaga crescente, quando do aumento do militarismo nipónico, quando os ensinamentos do “Budô” se tornaram obrigatórios nas escolas para fortificar as virtudes guerreiras e, eventualmente, servir no combate.
O desenvolvimento das artes marciais na época Edo não é paradoxal. Ele explica-se pelo fato das artes marciais serem consideradas, pela sua vertente formativa, como um elemento maior na educação do samurai e como parte integrante do “bushidô”, a palavra que designa o código moral do guerreiro, suplantando outras antigas expressões, como “mononofu no michi”. Com o período Edo, a paz instalou-se, um mercado nacional se constituiu e uma economia monetária se desenvolveu. Os “bushi” (classe social) deixam de conhecer os combates reais e alguns passam por dificuldades, tendo que encontrar os meios de subsistência, dando “aulas” de artes marciais. Assiste-se, então, à eclosão de escolas de artes marciais. Aqueles que ensinam nesses locais, têm tendência a codificar o seu saber-fazer, a apresentar as “técnicas-receitas” melhores do que os seus concorrentes, universalmente reprodutíveis e susceptíveis de serem ensinadas a todas as pessoas.
A palavra “Budô” foi adoptada e adaptada. É da responsabilidade dos mestres e adeptos japoneses (mas não só) preservar e desenvolver um património cultural, o Budô, e comunicar e transmitir aos outros. Para isso, é necessário ter uma visão abrangente do mundo do Budô, por forma a analisar e compreender a situação actual do Japão e de outros países."

´Patrick Baumann House of Basketball'

"Há exactamente um ano atrás (14.Out.2018), quando assistia aos Jogos Olímpicos da Juventude na Argentina, o então Secretário Geral da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), Patrick Baumann, 51 anos de idade, nascido em Basileia, Suiça, não resistiu a um ataque cardíaco e faleceu. Para além da enorme perda para a sua família, o Movimento Olímpico em geral e o Basquetebol em particular, perderam um dirigente de alto gabarito. Um estudioso do fenómeno desportivo que procurava a sua permanente valorização pois possuía no seu currículo um MBA na Business School da Universidade de Chicago, um Mestrado Europeu em Gestão do Desporto patrocinado pelo Comité Olímpico Internacional desencadeado nos anos noventa por Jean Camy da Universidade de Lyon, Andreu Camps da Universidade de Barcelona e Gustavo Pires da Universidade de Lisboa e uma Licenciatura em Direito na Universidade de Lausana.
Tendo começado muito cedo a gostar de basquetebol na qualidade de praticante, também exerceu funções de treinador e de árbitro ao longo da sua carreira desportiva. A sua vocação para a área educativa e o seu entusiasmo pelo jogo da “Bola ao Cesto” fez com que a Federação Internacional o convidasse para os seus quadros de gestão. Depressa mostrou as suas capacidades e em 2002 foi indigitado como Secretário Geral da FIBA, o terceiro homem a exercer aquele cargo ao longo da história da modalidade, depois do inglês William Jones e do jugoslavo Borislav Stankovic.
Foi o grande responsável pelas principais mudanças efectuadas no basquetebol a nível internacional, com realce para a articulação com as regiões continentais sob o lema “One FIBA”, numa perspectiva de desenvolvimento da modalidade com objectivos comuns. O ressurgimento do 3x3, e a sua implementação no contexto nacional, continental e internacional, tornou possível a sua introdução no programa olímpico. Liderou o processo de alteração e implementação do Novo Sistema de Competição da FIBA.
Face ao seu eficiente trabalho efectuado na Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) foi posteriormente nomeado dirigente do Comité Olímpico Internacional (CIO) no qual foi progressivamente exercendo diversas funções como membro:
- 2009 - Internacional Advisory Board of the World Academy of Sport;
- 2010 – International Council of Arbitration for Sport (ICAS);
- 2011 – Council Association of Summer Olympic International Federations;
- 2011 – Executive Committee of the World Anti-Doping Agency (WADA).
Numa das suas últimas intervenções públicas Patrick Baumann disse que o Basquetebol era um desporto de equipa e, como tal, devemos trabalhar sempre em equipa. Independentemente de onde estivermos no mundo, num clube, numa liga, numa associação, numa federação ou qualquer área específica do jogo a nossa tarefa deve ser sempre feita em conjunto (Team Work).
Em homenagem a Patrick Bowmann que exerceu o cargo de Secretário Geral, de 2002 até Outubro de 2018, a sede da FIBA conhecida por “The House of Basketball”, situada na cidade de Mies (Suiça), passou a ser denominada por “Patrick Baumann House of Basketball”, para sempre."

A Paz sem vencedor e sem vencidos

"Começo por reler Sofia de Mello Breyner Andresen, uma Senhora assumidamente católica, mas que não pensava apenas com a religião ou a teologia, mas também com arte, poesia e política. Daí, a originalidade da sua poesia e da sua prosa: nada do que é humano lhes é estranho. O “homo sum, humani nihil a me alienum puto”, de Terêncio, nela ressoa, sem exaltações, como uma intelectual magnificamente serena. O culto da sobriedade, da harmonia, do equilíbrio, a delicadeza das tonalidades significam, nela (o que não é comum) movimento, diacronia, inovação, renovação. O continuísmo é um caso flagrante de miopia mental. No continuismo, não se descortina poesia, mas o gralhar dos “teóricos da petrificação e da repetição”. Ninguém sabe dialogar melhor com uma sociedade verdadeiramente alternativa do que uma poetisa, de projecção universal, como Sofia. Como se vê, no seu poema A Paz sem Vencedor e sem Vencidos: “Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos / A paz sem vencedor e sem vencidos / Que o tempo que nos deste seja um novo / Recomeço de esperança e de justiça / Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos / A paz sem vencedor e sem vencidos. / Erguei o nosso ser à transparência / Para podermos ter ,melhor a vida / Para entendermos vosso mandamento / Para que venha a nós o vosso reino / Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos / A paz sem vencedor e sem vencidos. / Fazei Senhor que a paz seja de todos / Dai-nos a paz que nasce da verdade / Dai-nos a paz que nasce da justiça / Dai-nos a paz chamada liberdade / Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos / A paz sem vencedor e sem vencidos”. Mas esta paz sem vencedor e sem vencidos não se constituirá como realidade presente, em todos os momentos da vida, enquanto cada um de nós não a pedir a Deus, fonte de todo o Bem, mas também não a exigir a si mesmo e à sua consciência de pessoa e de cidadão.
Aprendi em Teilhard de Chardin que, na Evolução universal do “cosmos”, da cosmogénese se passa à biogénese e desta à noogénese e da noogénese à cristogénese. Toda a Evolução é uma ascensão ininterrupta para o Espírito. Não sou um teórico da “revolução permanente” mas não escondo que, para mim, é da categoria cultural, que é a crise, que se anuncia um novo paradigma. Só que a deterioração de um mundo que envelheceu nem sempre é reconhecido, em determinadas instituições universitárias, onde proliferam os “lentes” que marginalizam qualquer fundamentada e generosa combatividade. Actualmente, na ciência, “a tendência global é no sentido da normalização de um número crescente de campos. Deste modo, embora rejeite qualquer visão teleológica ou ortogénica da ciência, Kuhn salienta a direccionalidade e a irreversibilidade da mudança científica. Ele parece elaborar isto ao mesmo tempo como uma descrição da verdadeira história da ciência e como um critério de maturidade científica” (Hermínio Martins, Hegel, Texas e outros ensaios de Teoria Social, Século XXI, Lisboa, 1996, pp. 69/70). E o sociólogo (neste caso, um sociólogo eminente) prossegue: “Mesmo que rejeitemos o conceito de paradigma como uma categoria da historiografia ou da epistemologia da ciência, em qualquer sentido estrito kuhniano, temos (…) de garantir não só que as crenças científicas mudam, mas também as normas procedimentais, os critérios de aceitabilidade e as formas de pensamento”. Repito o que me parece evidente: o mal não está em mudar de ideias, mas em não ter ideias para mudar. A superabundância de paradigmas atrapalha principalmente os que inventam “teorias do conflito” diante de tudo o que os obriga a um novo estado de espírito. E um estado de espírito novo significa sempre, no ser humano, um carácter histórico singular porque, em todo o sujeito humano, tudo é um apelo à cultura e à vida espiritual. Assim, a ética representa bem mais do que um conjunto de regras porque é, antes do mais, uma tomada de consciência do nosso lugar na história e do que nela nos cumpre realizar.
Mas, neste mundo, não se escutam apenas os apelos da Verdade e do Bem. Nele, também existe a mentira, a falsidade, a inveja, a calúnia. crimes de toda a ordem, enfim o mal. Na visão genial de Teilhard de Chardin, se vivemos num mundo em permanente evolução, visando condições superiores de complexidade, o mal é inevitável porque, num processo de crescimento, o imperfeito, o inacabado, o defeituoso é um dos momentos da evolução. Em poucas palavras: o mal existe, porque o bem não existe ainda. O mal pertence, estruturalmente, a um mundo em evolução. Assim, bem longe de significar uma alienação, a crença em Deus insinua-se em tudo o que existe, na Vida, no Homem, na Sociedade e na História, pois que tudo é um “tornar-se”, em direção à “cristogénese”, nas palavras de Teilhard de Chardin. Ao adquirir a fisionomia de uma cosmogénese e de uma antropogénese, o próprio mal se justifica, como dimensão histórica de uma via em direção ao “inteiramente Outro”. Nasce assim um novo humanismo, que não se confunde com o humanismo literário dos autores clássicos, ao jeito do Humanismo e do Renascimento. Um humanismo, aliás, que a Portugal chegaram ecos, principalmente durante o reinado de D. João III, o mais decidido monarca português, protetor das letras. E foram, então, muitos os portugueses que prezavam abastança de tempo, para o consagrar ao estudo dos clássicos greco-latinos. Para eles, a Idade Média era “a noite de dez séculos” e só era atual quem voltasse a Platão e Aristóteles e cultivasse o convívio com Erasmo. A Teilhard de Chardin, no entanto, o que lhe importava, sobre o mais, era uma pintura de cores vivas, donde se vislumbrasse o sentido da vida, ou seja, vivemos, pela transcendência física, social, política, espiritual, à procura do Absoluto. Ocorre-me o Jean Lacroix de Le Sens de l’atheisme moderne, editado pela Casterman: “A própria ideia de Deus não é uma solução já feita, mas exigência, para cada um de nós, em fazê-la”. Principalmente, através do mandamento supremo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”…
Sílvio Lima, que fez uma exploração intelectual minuciosa e rigorosa, do desporto, escreveu: “o desporto é nuclearmente espírito, soberania do espírito (não há autêntico desporto, sem ascese) e pretende criar, não o perfeito animal, mas o perfeito cidadão, exemplar harmonioso de formosura moral e física”. E João Tiago Lima, seu discípulo (de perdurável brilho, acrescente-se) continua: “Daí decorre uma implicação obrigatória: porque se trata de uma actividade essencialmente espiritual, não há autêntico desporto, sem ascese” (João Tiago Lima, Estética e Desporto, Edições Afrontamento, Porto, 2016, p. 91). Assim, se bem penso, a própria competição desportiva, que tantas vezes reproduz e multiplica as taras da sociedade de mercado, também pode “destilar espírito”, também pode basear-se num conceito de género humano, onde todos possamos encontrar uma história, um destino e uma dignidade iguais e colectivos. O conceito de “acção”, para Blondel, é mais amplo, mais abrangente, mais complexo do que um simples movimento, ou um qualquer desempenho desportivo: “todo acto es en su origen una unidad indivisible en la que se encuentran la iniciativa humana y la contribución del universo” (M. Blondel, La Acción, BAC, Madrid, 1996, p. 235). E, porque os problemas da vida, tantas vezes escondidos aos olhos mais fundos e astuciosos, só vivendo se resolvem – é preciso viver, ou seja, é preciso amar, cantar, sofrer, esgadanhar a terra com os dedos até desenhar riscos de sangue, morrer exausto de expectativa, ou ressuscitar radioso de sol e de esperança… para poder resolvê-los! “Quem não pratica não sabe” e, porque sabe, não tem desculpas o seu absentismo, o seu comodismo, o seu indiferentismo. O valor de uma árvore avalia-se pelos frutos que dela nascem. No ato de construção de um mundo mais fraterno e mais justo, ergamos uma Paz sem vencedor e sem vencidos. Porque assim nasce um desporto novo? Não só. O desporto é menos causa que consequência."

Olímpicas responsabilidades

"Primeiro construíram um modelo desportivo boçal, anarquizado, sem valores e ao serviço da promoção da política, da socialite e dos negócios. E como precisavam de dinheiro para manter os negócios a funcionar, em detrimento da educação, arregimentaram o povo e puseram-no nos estádios e recintos desportivos a berrar pelos seus clubes favoritos quando não pelas várias selecções nacionais. Agora, estão muito escandalizados e umas donzelas, ao estilo de qualquer nova virgem, até resolveram manifestar publicamente o seu alvo pudor, porque uns doutos Juízes da 9ª Secção do Tribunal da Relação de Lisboa exararam um acórdão em que consideram não ser crime de injúria o delegado ao jogo de uma equipa de futebol ter trocado umas palavras com o treinador da equipa adversária em que proferiu o seguinte discurso: “Vá lá p’ra barraca, vai mas é pó c... seu filho da p...”.
Quer dizer, construíram um sistema boçal e anarquizado e, agora, querem que os Tribunais caiam sobre os seus principais protagonistas que, em consequência, se comportem sem educação e civilidade.
E reivindicam que os Tribunais façam pela coerção aquilo que eles, com todos os meios que o Estado lhes proporcionou, através da pedagogia e da cultura não foram capazes ou não quiseram fazer ao longo dos últimos trinta anos.
Ora bem, se os Tribunais fossem a agir como suas excelências pretendem o mais certo era serem invadidos por milhões de processos e metade do País ir parar à cadeia. Porque, quando se diz que os portugueses não têm cultura desportiva está-se a laborar num erro. Os portugueses têm cultura desportiva e ela traduz-se na sua sublime plenitude nas palavras do delegado ao jogo: “Vá lá p’ra barraca, vai mas é pó c… seu filho da p…”. Esta, quer se goste quer não, é a cultura que tem sido promovida através de um antissistema em que o desporto funciona em autogestão.
E foi isto que os Juízes se limitaram a constatar no seu acórdão quando escreveram: “No mundo do desporto, e, em particular, do futebol, estão instituídas determinadas práticas que a generalidade das pessoas valora de uma forma mais permissiva, desde que tais condutas se desenvolvam no âmbito restrito do sub-sistema desportivo, sucedendo tal com as injúrias.”
Nunca ninguém em Portugal esclareceu, tão dura e claramente o País, sobre o que se está a passar no mundo do desporto. Nunca ninguém em Portugal disse, com tanta oportunidade, aos especialistas do “dress code” das festas e das festarolas em que se condecoram todos uns aos outros que, no mundo do desporto, “O Rei Vai Nu”.
Nunca ninguém em Portugal afirmou com tanta propriedade que os Tribunais não servem para branquear e superar a incompetência que graça na superestrutura pública e privada do desporto nacional.
É evidente que “chamar os bois pelos nomes” cria controvérsia. E cria tanta mais controvérsia quanto se sabe que, desde 2004, tem sido, paulatinamente, instituído um doentio manto de silêncio sepulcral sobre o desporto. Ora, só com controvérsia se pode combater o silêncio sepulcral instituído e voltar a dar saúde democrática ao desporto nacional. Por isso, aqueles que lutam por um desporto limpo, credível, honesto, competente, educativo, social e económico ao serviço dos portugueses só se podem regozijar com tal acórdão que, na minha opinião, passará a ser um marco no processo de desenvolvimento do desporto em Portugal. Um marco que deve ser divulgado em todos os cursos de motricidade humana, quer dizer, de educação física e de desporto, do treino à gestão, das várias Universidades e Politécnicos do País, bem como em todos os cursos de formação de treinadores e de dirigentes (se é que ainda existem).
Mas, o que mais escandaliza não são as palavras do delegado ao jogo: “Vá lá p’ra barraca, vai mas é pó c… seu filho da p…”. Elas são, tão só, as que mais se ouvem nas competições desportivas, sobretudo de bola, por esse país fora. O que mais escandaliza é ver a superestrutura do desporto nacional que, saltitando de poleiro em poleiro, o administra há vários anos, dizer-se surpreendida com o teor do acórdão como se nada tivesse a ver com a situação que o motivou!
Porque, o que motivou o acórdão não foram, só por si, as palavras “Vá lá p’ra barraca, vai mas é pó c… seu filho da p…”. O que motivou o acórdão foi a cultura que permite que tais palavras possam ser ditas sem que constituam ofensa. E essa cultura não foi construída pelos Juízes nem pelos Tribunais. Foi construída, desenvolvida e acarinhada pela superestrutura dirigente que lidera o desporto nacional.
Em conformidade, quando a nomenklatura desportiva, numa despudorada fuga às responsabilidades, sugere que os Juízes estão a transformar o desporto numa espécie de offshore onde o crime não é punido, é bom lembrar que esse offshore há muito que já caracteriza o desporto pelo que os Juízes se limitaram a constatar uma realidade mais do que evidente pelo que, muito embora, tais expressões traduzam “…um comportamento revelador de falta de educação e de baixeza moral e contra as regras da ética desportiva; contudo, esse tipo de comportamento, socialmente desconsiderado, é também ele, de alguma forma tolerado nos bastidores da cena futebolística”. E esta é que é a verdade. É vergonhoso que assim seja mas, infelizmente, para além de todas as hipocrisias que sempre surgem, é a verdade nua e crua.
Assim, quando vejo o ar escandalizado de algumas novas virgens perante o acórdão, sou levado a perguntar se elas, realmente, nos últimos anos, viveram em Portugal ou, simplesmente, acabaram de chegar de Marte ou de outro planeta qualquer.
O que aconteceu e, espero que continue a acontecer, foi que os Juízes não entraram num lógica de violência coerciva exercida por condenações em Tribunal quando as verdadeiras causas do problema estão nas Políticas Públicas em matéria de desenvolvimento do desporto que criaram e continuam a criar as condições para que tais cenas aconteçam e venham a acontecer cada vez com mais frequência. Se os Tribunais fossem a agir com a violência que muita gente, eventualmente, deseja, muito provavelmente, uns largos milhares de portugueses estariam presos a começar por muitos daqueles que frequentam as assembleias gerais de alguns clubes. O grande problema do estado de confrangedora boçalidade em que o desporto nacional se encontra tem a ver com as estuporadas Políticas Públicas direcionadas em regime de exclusividade para o rendimento, a medida, o recorde, o espetáculo, o comercialismo, a hiperespecialização e o profissionalismo precoce, em prejuízo da generalização da prática desportiva e da assunção de uma cultura desportiva de superior nível.
Por isso, a pergunta que se impõe é a seguinte: Como é possível que, ao cabo de dezenas de anos de permissividade relativamente a uma práxis desportiva da mais primária boçalidade, agora, se pretenda que os Juízes resolvam pela coerção das condenações um problema que, há muito, já devia estar resolvido pela educação e pela cultura? Nestes termos, o acórdão é bem claro quando diz: “… na avaliação do preenchimento do tipo de crime de injúria não basta a consideração das palavras e expressões proferidas: é preciso situá-las no enquadramento preciso em que foram ditas.”
E quem é que construiu o enquadramento (ambiente) em que foram ditas?
Não foram, de certeza, os Juízes.
Foram os dirigentes desportivos, públicos e privados (salvo sempre as devidas excepções) que, ao longo dos anos, tiveram responsabilidades políticas em matéria de desenvolvimento do desporto e promoção de uma cultura desportiva de participação, de fair play e de civilidade, mas optaram por uma cultura de exclusão, deseducação e antissocial. Nestes termos, na minha modesta compreensão, o acórdão do Tribunal é, implicitamente, claríssimo: 
Deitem-se na cama que vocês próprios fizeram. 
E o pior é que, tudo leva a crer, as coisas vão piorar.
Basta olhar para os milhares de jovens portugueses que de Ciclo Olímpico, em Ciclo Olímpico, à revelia da Constituição, são, simplesmente, descartados do desporto nacional. É assim que querem construir uma cultura desportiva?
Sem jovens a praticarem desporto não há educação desportiva e sem educação desportiva não há cultura desportiva por muito que os nossos dirigentes, vaidosos até dizer basta, respeitem o “dress code” das festarolas desportivas.
Segundo os dados oficiais, desde 2004, a Taxa de Descarte dos jovens portugueses (raparigas e rapazes) quando atingem a idade para passarem do Escalão Etário de Juvenis para Juniores foi de: De 1996 a 2004 (63,4%); De 2004 a 2012 (76%); De 2012 a 2017 (83,9%). Se entrarmos numa análise mais fina a Taxa de Descarte, de algumas modalidades, atinge mais de 95% dos jovens. Quer dizer, em cada dez jovens portugueses não chega a haver um que prossegue a prática desportiva. Repare-se que a Taxa de Descarte, que já era grave antes de 2004, desde então, tem-se vindo a agravar para níveis obscenos. Quer dizer, desde que, em Janeiro de 2005, foi instituído um Programa de Preparação Olímpica que, de Ciclo Olímpico, em Ciclo Olímpico, tem vindo a produzir não só cada vez piores resultados a nível dos Jogos Olímpicos (Três medalhas em Atenas (2004); Duas medalhas em Pequim (2008); Uma medalha de prata em Londres (2012); e uma medalha de bronze no Rio (2016)), como, o que é mais grave, por ausência de formação a nível da base do Sistema Desportivo, a obrigar as Federações Desportivas a contratarem atletas estrangeiros para, através de “naturalizações de aviário”, representarem Portugal.
Por tudo isto, o problema não está, como querem fazer crer, no exemplo dito “socialmente negativo” que o acórdão faz passar para a sociedade. Antes pelo contrário, o acórdão põe na ordem do dia a mediocridade das Políticas Públicas e o estado lastimoso a que o desporto chegou que, à semelhança das Repúblicas formadas da desagregação da União soviética vive concentrado na prossecução de um isotérico desígnio nacional consubstanciado em seis medalhas olímpicas determinadas em 2005 no Programa de Preparação Olímpica. Em consequência, de 2004 a 2007, o já de si débil crescimento da prática desportiva nacional desacelerou pelo que está a agravar ainda mais a pior Taxa de Participação desportiva da UE (28) que é a de Portugal e a aumentar a Taxa de Descarte da prática desportiva dos jovens portugueses que, no período referido, foi de 20,5 pontos percentuais. Por isso, perante as lamúrias das mais diversas instituições públicas e privadas relativamente ao acórdão dos Juízes o que se me oferece dizer é que, antes de o criticarem, tenham coragem e assumam as vossas responsabilidades."

Só um Benfica!

"A exclamação faz sentido e o convite está feito, com a bola a ficar do lado dos Benfiquistas. Sábado há jogo grande no nosso estádio, um dérbi. Com um toque de humor: quem se atreverá a faltar a uma chamada para a história? Daqui a poucos anos, o Museu Benfica – Cosme Damião assinalará data, resultado e número de espectadores registado na primeira vez que a Luz recebeu um encontro a contar para competições oficiais femininas.
Ou seja, os adeptos assumirão, como tantas vezes no Clube, renovado papel relevante e impactante. 
8136 pessoas na Luz, há pouco mais de um ano, na apresentação da primeira equipa feminina de futebol do Clube. 15 204 espectadores, em Março, no Restelo, no dérbi solidário Por Moçambique. 12 632 adeptos de futebol, em maio, na final do Jamor. A partir de sábado, o número máximo de assistentes numa partida de futebol feminino em Portugal será seguramente muito superior.
Em casa estamos sempre bem. Por isso, se vier com amigos ou família, melhor ainda: será um marco partilhado.
As regras são iguais em todo o mundo, seja o jogo praticado por mulheres ou por homens. Dentro do campo, há semelhanças nos mais diversos aspectos: o peso das camisolas, o calçar as chuteiras, o aquecimento, a saudação aos adeptos, os movimentos e os gestos técnicos, as indicações exclamativas que vêm do banco, as tácticas, a celebração do golo...
Por vários motivos, os próximos dias serão de forte impacto para este primeiro Benfica-Sporting. Andarão previsivelmente de boca em boca comentários sobre aqueles momentos em que ambas as equipas seniores, feminina e masculina, se juntaram num treino no Seixal e demonstraram que, no fundo, só há um Benfica. Serão citadas e repetidas as declarações de fair play e grande desportivismo das capitãs das formações rivais numa antevisão conjunta a este dérbi.
Sendo sempre arriscado prever o futuro, existe um fortíssimo potencial de sucesso generalizado neste jogo da quarta jornada da Liga BPI. Pela qualidade das equipas, pela dimensão social dos emblemas que carregam, pela oportunidade de promover, mais uma vez, a alta competição feminina. Um pouco por todo o Estádio, estarão presentes o ecletismo – há outras equipas e modalidades em actividade no Complexo Desportivo do SL Benfica – e os valores do Clube. Adeptos, atletas, técnicos, dirigentes. Nomes associados à música, ao cinema e à televisão. Muitas são as caras conhecidas que já confirmaram presença.
O jogo tem apito inicial marcado para as 17h00, mas convém chegar cedo, identificar o lugar que reservou nas bancadas e usufruir plenamente deste evento histórico para o desporto português. O resto, o espectáculo jogado, será com elas, frente e a frente, à flor da relva, e promete ser de muita qualidade.
Shéu Han, António Veloso, Valdo e Simão Sabrosa são referências de outros tempos que já partilharam com as nossas "Inspiradoras" o sentir particular do Glorioso. O convidado mais recente, deixou em pleno treino um apelo ao espírito de equipa: "É motivante poder jogar neste grande palco, perante milhares. Num sítio onde as condições são diferentes, onde só por ser dérbi já é motivador. Joguei lá muitos jogos e era fantástico estar no Estádio da Luz, com os adeptos a apoiar-nos. Quem me dera poder voltar a jogar lá..." Simão já não joga, mas estará presente, entre muitos adeptos de futebol.
Quando se sente a mesma mística, só pode haver mesmo um Benfica! #PeloBenfica"

Só há um Benfica!

Benfiquismo (MCCCXXIV)

Mais uma....!!!

105x68... Santos, Duarte & Cunha!!!

Será que depois da tempestade vem a bonança?

"A derrota em São Petersburgo ante o FC Zenit, por 3-1, fechou um ciclo pouco positivo para o SL Benfica. As exibições, não raras vezes, foram paupérrimas e o “rolo compressor” da época passada não apareceu. Ainda assim, os encarnados seguem na luta por todas as competições internas e acreditam ainda em conseguir o apuramento para a fase a eliminar da Liga dos Campeões.
E é com o objectivo e com a obrigação de vencer que as águias enfrentam um novo e duríssimo ciclo. Até à próxima paragem competitiva, o Benfica fará sete jogos em três semanas: quatro para o campeonato, dois frente ao Lyon para a liga milionária e a visita ao CD Cova da Piedade, a contar para a Taça de Portugal, inicia, dia 18 de Outubro, este novo ciclo.
Apenas três dos sete jogos vão ser jogados no conforto do Estádio da Luz – Lyon, Portimonense e Rio Ave – e os comandados de Bruno Lage vão entrar em campo sempre duas vezes por semana, até terminarem o ciclo de jogos em casa do Santa Clara. Serão três semanas de enorme exigência física, psicológica e competitiva. E, claro, de grande exigência dos sócios e adeptos, que desejam ver jogar de novo o Benfica de Bruno Lage, não um Benfica cujo treinador se chama Bruno Lage.
É um dos momentos-chave na descoberta da real capacidade do jovem treinador benfiquista. Será um bom período para analisar se Lage terá de novo a capacidade de gestão física e mental dos jogadores e de fazer mudanças de peças, de tácticas e de estratégias de jogo para jogo, sem muito tempo para treinar e para pensar. Será também um momento fulcral para este Benfica provar o que é – ou não – capaz de fazer no panorama europeu.
Por outro lado, estarão, neste ciclo, mais jogadores à disposição de Lage, recuperados de lesão. Nesse sentido, estando todo o plantel – ou perto disso – às ordens do setubalense, será também o momento para perceber que futebolistas do plantel são vistos como segundas escolhas, podendo ser já iniciada uma pré-triagem a pensar no mercado de inverno.
Em suma, “ou vai ou racha”. O novo ciclo encarnado terá, dê por onde der, que ser vitorioso e pautado por exibições convincentes, de forma a minorar – porque não anula – o anterior ciclo, no qual o Benfica somou três vitórias (duas pela margem mínima), um empate e duas derrotas. É o momento da verdade para um Benfica que se quer – e que assume essa ambição – europeu."