"Num momento em que tudo está previsto, revisto e concretizado em baixa, o Benfica termina o ano de 2011 em alta, com um resultado robusto (adjectivo que o poder político pôs na moda) e sobretudo com uma imagem de vitalidade e confiança de um percurso de ouro em 2012, dentro e fora de portas.
Depois de um golo enervante e em contra-ciclo, o Benfica conseguiu uma recuperação notável e partiu para uma exibição criativa, pujante e concretizadora.
Foi uma noite em grande, daquelas que enchem os olhos e a alma aos benfiquistas, e não só.
Do jogo e da fase actual do Benfica, que já tem o Zenit de São Petersburgo na agenda, muito se pode dizer. Mas o cronista, com toda a subjectividade que existe no acto de falar do que gosta da forma que mais lhe apraz, sente-se inclinado a falar de Nolito, com dois golos no activo neste jogo e sempre com a promessa de, cada vez que entra em campo, dar o melhor de si para que o Benfica seja ainda melhor.
Manuel, Manolo, Manolito, Nolito.
Assim se transforma um nome comum em Espanha e também em Portugal num diminutivo que fica no ouvido e que pode fazer história, pelo menos nesta temporada. O rapaz, com a sua figura inconfundível, com a sua obstinação, com o seu invejável domínio de bola e com a sua fixação na baliza, pertence ao número das pessoas que, vistas de perto ou de longe, não deixam dúvidas quanto à paixão que põem naquilo que fazem. Essa 'garra' e essa 'raça' é muito espanhola, muito latina, muito deste sul da Europa que a Europa rica tanto gosta de amesquinhar, assacando-lhe as culpas de todas as dívidas e de todas as crises. O pior é que depois têm de rumar a Sul para se lembrarem de que há na vida coisas boas e únicas que o Norte nunca lhes dará, por mais poder e riqueza que possuam.
Nolito entra e leva consigo a equipa inteira, coesa, criativa e competente, rumo às redes do adversário. São jogadores como este que fazem a diferença, que enriquecem o espectáculo e fortalecem a confiança de quem nunca desiste de acreditar na vitória."
José Jorge Letria, in O Benfica