"Acaba hoje o frenesim transferidor. Mas, como de costume, muita água (que dizer, dinheiro) ainda vai passar por debaixo da ponte até à meia-noite.
As notícias e os programas televisivos sobre estes negócios vão despedir-se até que venha o impostor, mercado de Inverno. Por alguns meses, deixaremos de ter factos (alguns), teorias (abundantes) e especulações (até fartar) sobre negócios, intenções e comissões.
Há dias, num dos canais do cabo informativos, vi vastas dissertações televisivas sobre o caso Rafa à volta de mísera intermediação de 1,6 milhões de euros. Com os comentadores (aliás, bem preparados) em janelinhas de lado no ecrã, como agora é estúpida moda, com imagens repetidas até à exaustão do Benfica - SC Braga da Supertaça e, como se não chegasse, com uma música de fundo entre palavras ditas e um oráculo abundantemente preenchido.
Um mercado a funcionar com as competições a decorrer é um logro, com a tirania do dinheiro todo-poderoso (de alguns clubes, poucos e sempre os mesmos), trocas e baldrocas, empréstimos simulados, fair-play driblado, despedidas lacrimosas e proclamações de amor eterno.
O expoente desta batota atinge-se no sorteio das competições da UEFA, que se realiza antes do fim do mercado. No intervalo entre estas datas, um jogador de uma equipa pode já não defrontar, mais tarde, um seu oponente no sorteio, porque para este vai ser transferido ou emprestado (é o caso de Talisca). Ou um jogador do Porto (Aboubakar) vai para um adversário do Benfica (Besiktas) e Slimani do Sporting parece estar de malas aviadas para um concorrente do Porto. Etc."
Bagão Félix, in A Bola