"Quem esperava emoção de um dos grandes duelos entre SC Braga e SL Benfica, não saiu desiludido. O encontro da jornada 14 foi anárquico em alguns momentos, podia ter tido mais golos do que os que teve e foi um claro exemplo de amostra ofensiva – mesmo que nem sempre da forma mais esclarecida – e de incerteza no marcador.
Nem SC Braga nem Benfica fizeram alinhar no seus onzes médios defensivos ‘puros’ –Florentino ficou no banco e Al-Musrati ficou de fora – o que fazia desde já prever que o jogo seria mais partido. E quem o achou não se enganou. Com a transição defensiva a ficar para segundo plano, ganhou o jogo quem cometeu menos erros chave: as águias.
Golo madrugador e oportunidade para mais
Artur Jorge não quis mudar o esquema tático que tem colocado em prática, numa aposta que não foi particularmente feliz. A pressão a meio-campo do Benfica esteve, na primeira parte, a funcionar e uma perda de bola de Zalazar deu golo de Tengstedt.
O médio uruguaio foi sacrificado à meia hora de jogo por André Horta, mas as melhoras na equipa da casa demoraram a fazer-se sentir. As águias encontraram espaço com relativa facilidade, num jogo em que, em alguns momentos, não parecia existir meio-campo de parte a parte.
A tranquilidade era difícil de alcançar, uma vez que, com tanto espaço, o caos estava sempre a uma boa decisão de aparecer. Coisa que, diga-se, aconteceu, mas sem grande frequência.
As coberturas do conjunto de Roger Schmidt ajudaram a disfarçar problemas que surgiam quando o meio-campo era batido, com destaque para António Silva e Otamendi nesse capítulo.
O ataque dos arsenalistas sofreu com as más decisões dos seus extremos, tal como o do Benfica, que ficou a ‘dever’ dois golos à casa. Ao intervalo, o desperdício encarnado impedia um maior conforto no jogo, com apenas um golo.
Reação quase castigou a apatia
O segundo tempo trouxe uma postura mais expectante do campeão nacional, que podia ter sido facilmente castigado, caso a sua defesa estivesse num dia menos feliz.
Fez-se sentir a mudança de energia do Braga, com ataques mais pensados e a passar mais pelo meio-campo, ao invés da procura incessante pelo espaço e velocidade.
Nesse sentido, o Benfica perdeu gás no decorrer do encontro e passou por períodos de desconforto, com pouca bola e pouco acerto nos timings de pressão.
A tendência para desperdiçar manteve-se, com João Mário, no papel de Rafa, a falhar num lance que tinha tudo para marcar, numa das poucas oportunidades criadas pelo conjunto encarnado, a alinhar de preto excecionalmente.
O engenho caseiro já viu melhores dias e se não sai deste jogo com pontos, muito deve ao que não foi capaz de criar, nem de concretizar no último terço. Os pontos vão para o Benfica, que regressa às vitórias na liga e sobrevive no Municipal de Braga, num jogo em que caiu de rendimento de forma considerável no segundo tempo.
Entre encantos (primeira parte aberta) e desencantos (segunda parte mais de sentido único), o jogo entre Braga e Benfica prendeu as pessoas nas cadeiras e em frente aos televisores.
BnR na conferência de imprensa
SC Braga
BnR: Este foi o encontro da Primeira Liga com mais tempo útil de jogo. É o segundo jogo do SC Braga no top dez de jogos com mais tempo útil, o outro foi a receção ao FC Famalicão, que o SC Braga também não venceu. O golo cedo foi o fator-chave para que o jogo fosse mais corrido? E, sendo o segundo jogo do SC Braga com mais tempo útil que a sua equipa não vence, há algo a ajustar nesse sentido?
Artur Jorge: Não acho que o golo cedo tenha sido o fator chave. Tivemos aqui, e eu tinha dito isso, em jogo duas equipas fortes, que gostam de atacar, de ter bola. Portanto, era expectável que fosse um jogo em que teríamos as duas equipas a querer ganhar e isso veio a confirmar-se, aconteceu, sendo que com a vantagem do SL Benfica tivemos que ser nós a ir mais em busca de tentarmos ser mais rápidos, mais intensos, mais capazes de procurar a baliza contrária.
Outras declarações:
“O SC Braga merecia mais. Mais que a eficácia, terá sido a forma como iniciamos o jogo, um erro que nos condiciona para o resto da partida. Acabamos por dar uma boa resposta. Fizemos um bom jogo, com uma segunda parte dominadora, não tivemos essa eficácia e o resultado resume-se aos factos.”
“[Golo madrugador] decide o jogo. Deixa o adversário mais confortável, a tentar aproveitar a velocidade dos avançados e as costas da nossa linha defensiva. Criámos algumas situações, vimos uma equipa que defendeu bem e que ganha o jogo pela maneira que defendeu.”
“Tirei o Rodrigo pela necessidade de fazer um ajuste para a equipa ser mais eficaz no momento de pressão. Demos uma boa resposta imediata, procurámos igualar a partida para irmos em busca de um resultado diferente, que era o que queríamos ter procurado desde muito cedo. Não creio que tenha sido um jogo partido.”
SL Benfica
BnR: Colocou o Tengstedt no XI, contra a expetativa de algumas pessoas, que esperavam que o Arthur Cabral jogasse de início. Para além do golo, o que é que o avançado deu ao jogo da sua equipa?
Roger Schmidt: “Nos últimos jogos o Casper jogou bem. Ele é tecnicamente inteligente e forte fisicamente. Os nossos jogadores da frente têm de trabalhar muito sem bola e o Casper é muito bom nisso. Ele jogou bem em profundidade, acertou os timings das suas corridas Apesar de não ter marcado nos últimos jogos, era importante ele jogar esta partida.
Outras declarações:
“Foi um grande jogo, na minha opinião, com partes diferentes. Na primeira parte, estivemos muito bem, fomos muito perigosos. Não é fácil defender contra o SC Braga. Na segunda parte, tivemos a oportunidade de fazer o segundo golo. Tivemos dificuldade depois a defender um pouco mais profundos do que estamos habituados. Mas fizemos tudo para conseguir os três pontos e parabéns aos jogadores”.
“O Casper Tengstedt marcou e estamos muito felizes por ele. Se marcas cedo e não sofres golos, ganhas o jogo”.
“O Trubin já jogou 15 jogos e cresceu. É bom guarda-redes e está a crescer. Fez um grande jogo”.
“Temos de respeitar sempre o adversário. O SC Braga estava a perder 0-1 e procurou o golo. Tivemos oportunidade para algumas transições ofensivas. Depois de um jogo da Liga dos Campeões, contra um bom oponente, é importante defender bem. É futebol. Hoje, precisávamos de um bom espírito defensivo e conseguimos mostrá-lo”.
“Na minha opinião, merecemos ganhar”."