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quinta-feira, 31 de julho de 2014

À chuva à procura dum lugar ao sol

"Importante é que a 10 de Agosto, terminada nova discussão por um troféu com o Rio Ave, possamos constatar que o campeão voltou. E, melhor ainda, que voltou na altura certa.

estava na altura de o Benfica, que foi fundado por rapazes sem fortuna criados na Casa Pia, ver chegar à sua equipa de futebol um rapaz criado na Casa do Gaiato.
Por aqui toda a gente gosta do Bebé. É cá dos nossos. E acresce que este Bebé, pelo que tem prometido nuns minutinhos em dois jogos, parece estar já um perfeito homenzinho.

FRANCO JARA, que foi expulso no jogo com o Marselha e que falhou um penalty no jogo com o Ajax, fez ontem uma primeira parte muito boa com o Sion e até marcou um golo. Depois, já perto do intervalo, muito bem lançado por um companheiro, apareceu sozinho à frente do guarda-redes e atirou a bola muito por cima da baliza. Logo ouvi dizer a meu lado: «Pronto, voltou ao normal».

ONTEM, em Sion, depois do intervalo Jorge Jesus fez sete substituições e lançou para o campo alguns portugueses formados no clube. Cancelo, João Teixeira, Nelson Oliveira estiveram todos muito bem com destaque para o jovem João Teixeira que marcou um golo e até podia ter marcado mais não fosse o deslumbramento que não o pode deixar de trocar. Sob uma intensa chuvada do Julho Suíço, foi bom de ver toda aquela juventude da casa à procura de um lugar ao Sol.

OUVI mal ou o comentador da Benfica TV disse que o Talisca tem apenas 20 anos? Parece ter mais. Não de aspecto mas de presença e de personalidade em campo. Espero ter ouvido bem. Porque, assim sendo, trata-se de uma excelente notícia.

NUM destes últimos dias de Julho, um barquinho cruzava a Ria Formosa transportando banhistas. Queixava-se um dos ditos considerando, «excesso» de visitantes espanhóis, sempre ruidosos, que tomaram de assalto as praias do Sotavento algarvio. O que não deixa de ser uma constatação válida.
- Isto está cheio de espanhóis - disse, consternado.
- Pois é. Até parece a tua equipa - respondeu-lhe sem perder tempo outro passageiro.
- Antes espanhóis do que sérvios - retorquiu o primeiro, muito agastado, esquecendo-se imediatamente da sua ainda fresca diatribe anti-castelhana.
- Isso no fim é que se vê - remato o barqueiro.
É curioso como em tempo de férias, com as gentes em calções, toalhas de praia, sem cachecóis ou outros acessórios que identifiquem cores e emblemas, dá para perceber por uma simples conversa marítima a que clubes pertencem os corações de banhistas e de barqueiros.

YANNICK DJALÓ marcou um golo, melhor dito, um golaço e assinou duas assistências para golo na goleada por 5-1 da sua equipa, o San José Earthquakes sobre o Chicago Fire, dois clubes-catástrofe do campeonato norte-americano.
A exibição do jogador emprestado pelo Benfica valeu-lhe o prémio de «jogador da semana» da MLS (Major League Soccer) estado-unidense.
Confirma-se. Para múltiplas gerações de proscritos de todo o mundo a América foi, é e será sempre a terra prometida.

A Argentina portou-se muitíssimo bem no último Mundial e é natural que muitos dos seus jogadores menos famosos se tenham transformado em jogadores bem afamados depois do Mundial.
Como é o caso do guarda-redes Romero, habitual suplente no Mónaco, agora cobiçado por muitos emblemas sonantes. Como o Benfica, por exemplo, que, ao que tudo indica, não vai conseguir reunir os cabedais necessários para assegurar a contratação desta nova estrela entre os postes.
É normal que assim aconteça. Se até o Rayo Vallecano consegue desviar jogadores apontados a um dos chamados grandes de Portugal, mais facilmente o tal Romero irá para outras paragens do que aterrará na Luz.
De qualquer maneira, venha quem vier para guardar a baliza do Benfica, ou fique quem ficar, será sempre muito difícil, quando não impossível, fazer esquecer Oblak porque com Oblak na baliza durante quatro meses consecutivos o Benfica nunca soube o que era perder um jogo. Foi absolutamente encantador ainda que efémero.
Enzo Perez e Rojo são outros dois argentinos que fizeram boa figura no Brasil. Já gozaram as suas merecidas férias e já regressaram, respectivamente, à Luz e a Alvalade. Ambos estão mortinhos por se pôr a andar daqui para longe e que ninguém lhes leve a mal. São profissionais.
Depois do Mundial, a Segunda Circular parece-lhes cada vez mais um caminho de pedregulhos próprio para cabrinhas e cada vez menos uma grande via de circulação asfaltada à volta de uma grande metrópole.
Ressalve-se, no entanto, a boa educação e a ineludível diplomacia com que se referiram aos clubes lisboetas de onde partiram para o Brasil no momento em que aterraram na Portela há coisa de dias. Enzo e Rojo querem sair a bem. É simpático da parte deles.

RODRIGO, outro ex-benfiquista, agora propriedade do senhor Lin, saiu a bem da Luz e entrou a bem em Valência elogiando o seu novo treinador, Nuno Espírito Santo, dos Espíritos Santos de São Tomé e Príncipe, onde nasceu, e a antiga equipa do seu novo treinador, o Rio Ave, com quem o Benfica de Rodrigo disputou e venceu, em Maio, a Taça da Liga e a Taça de Portugal em finais muito disputadas.
«Nas duas finais que jogou contra mim, a sua equipa foi sempre melhor», disse o maravilhoso avançado hispano-brasileiro. Digamos que Rodrigo está a exagerar um bocadinho.
No entanto, é forçoso admitir que muito deve o Benfica esses dois títulos conquistados ao Rio Ave ao seu jovem-ex-guarda-redes Oblak que safou umas quantas bolas de golo quer na final de Leiria quer na final do Jamor.
Curiosamente, o Benfica volta já daqui a onze dias a disputar um título oficial com o mesmo Rio Ave. Trata-se da Supertaça Cândido de Oliveira. Nem Oblak nem Rodrigo voltarão jamais ao Benfica nem Nuno Espírito Santo voltará jamais ao Rio Ave. Embora, por vezes, aconteçam coisas estranhas neste mundo do futebol. Um exemplo? O regresso de Paulo Fonseca ao Paços de Ferreira depois de uns quantos meses num clube de muito maior dimensão. Adiante.
O importante, para nós, é que no próximo dia 10 de Agosto, terminado mais um confronto com o muitíssimo respeitável Rio Ave, possamos constatar que o campeão voltou. E, melhor ainda, que o campeão voltou na altura certa.

O FC Porto se não for campeão na próxima temporada explode. Explode em sentido figurado, naturalmente.
O ex-campeão não se tem poupado a despesas para se reforçar convenientemente caindo por terra todas as análises intelectuais produzidas na altura da contratação de Lopetegui. Lembram-se? Lopetegui, um treinador rotinado a trabalhar com jovens, um treinador para fazer explodir os jovens baratos da formação da casa, um treinador ideal para os tempos da penúria.
Qual quê? Tudo ao contrário. Explosão por explosão, para já, apenas a do adolescente Rúben Neves que muito tem impressionado nesta pré-temporada. E pode ser que chegue, quem sabe?

DUNGA, o ex-futuro-seleccionador do Brasil, não quer jogadores com brincos nem com bonés às três pancadas. Depois do sargentão chegou o sargentinho. Oh, Brasil!"

Leonor Pinhão, in A Bola

Colete-de-forças !!!

Benfica 0 - 2 Athletic Bilbao

Mais um treino aberto ao público que os Bascos levaram muito a sério, pareceu-me mesmo que o Athletic fez deste jogo uma 'simulação' dos Play-off da Champions que vai disputar (possível adversário dos Corruptos!!!).
Hoje não farei analises individuais aprofundadas, pois andei a fazer zapping com o jogo dos sub-19 na Final do Europeu, com a Alemanha, mas vi na 1.ª parte, um Benfica incapaz de sair do colete-de-forças Basco... que pressionou muito alto, quase 'à Barça', e não deixou o Benfica ter bola. No 2.º tempo as alterações voltaram a ser muitas, o Benfica mais fresco foi tentando, mas o Bilbao manteve a equipa 'titular' e aproveitou o contra-ataque para marcar o 2.º...
Esta pré-época está a ser marcada, exactamente por esta incapacidade 'anormal' do Benfica em não ter bola, e consequentemente não consegue criar oportunidade de golo, e assim os avançados têm marcado poucos golos... A ausência dos 2 Centrais titulares, e dos 2 Médios 'supostamente' titulares ajudam a explicar muia coisa:
1) O problema começa na defesa, sem os Centrais mais experientes, o Benfica não consegue construir jogo na 1.ª fase... Aqueles passes, entre Centrais, que os adeptos tanto assobiam na Luz, neste momento estão a fazer falta... essa capacidade de quando a bola chega a uma lateral, não haver espaço para 'subir', ficar 'fechado', passar a bola para trás, e mudar de flanco, é essencial, mesmo que seja muitas vezes incompreendida...!!!
2) O outro problema é no meio-campo. Falta o médio fisicamente 'faltoso', que recupere, e intimide o adversário, e depois falta o Enzo...!!! Sim, falta o Enzo, porque as boas indicações do Talisca e do Teixeira, são só isso, boas indicações. Por exemplo o Talisca, tem que melhorar muito as recepções de bola, naquela posição, não pode dar 2 ou 3 toques para parar a bola, quando é pressionado...

Amanhã temos um dia de 'descanso' e depois mais 2 jogos, Sábado e Domingo... e muito sinceramente, antevejo os mesmos problemas, até porque o Arsenal é outra daquelas equipas que tem sempre muita bola... e o Valência idem-idem...!!! Não creio que foi de propósito, mas nesta pré-época 'escolhemos' equipas que gostam de ter 'bola': no nosso Campeonato, este tipo jogos serão poucos, vamos na grande maioria das vezes defrontar equipas 'fechadinhas' lá atrás, mas na Champions é provável jogar contra este tipo de equipas... Só faltou mesmo um jogo com Barça neste início de época, para completar o ramalhete!!! E creio que chegou a estar programado!!!
PS: No outro jogo que assisti em 'simultâneo' Portugal perdeu na Final do Europeu de sub-19, por 0-1. Acabou por ser uma derrota normal, contra uma equipa melhor, que até podia ter marcado mais. A diferença física e de maturidade competitiva é grande. Nós temos alguns bons valores, mas têm pouco consciência colectiva do jogo, principalmente no ataque... Indo um pouco contra-a-corrente até acho que a equipa que o ano passado perdeu nas Meias-Finais do Europeu, era se calhar melhor que esta, a diferença foram os adversários mais fracos que encontrámos nesta Fase Final...
O João Nunes fez um bom Campeonato, mas às vezes parece demasiado 'soft' na abordagem aos lances. O Guzzo começou como titular, foi para o banco, e hoje voltou ao 11... tem tudo para ser o próximo 'João Teixeira'!!! O Rebocho foi pouco utilizado, ainda por cima quando jogou, foi empurrado para Lateral-direito (muito melhor que o Riquicho)... O Romário é um dos tais jogadores, que só joga para ele... tem tudo para ser um grande jogador: fisicamente e tecnicamente, mas a 'cabeça' - a tomada de decisão -, não ajuda nada!!! Uma nota ainda para o Nuno Santos, que foi o azarado deste Torneio... desejo-lhe uma recuperação rápida.
Esta equipa irá estar no Mundial de sub-20, além da recuperação do Nuno Santos, tanto o Rochinha, como o próprio Gonçalo Guedes deviam ser opção... Se até lá o Gelson aprender a passar a bola, talvez exista alguma possibilidade de fazer boa figura!!!

Joaquim Ferreira Bogalho, um dos maiores...

A estatística da penalidade

"Li, há dias, uma curiosa estatística do site Globoesporte sobre penáltis, as «bombas atómicas» que decidem jogos e taças.
Uma baliza mede 7,32m por 2,44m. Ou seja, a largura é o triplo da altura. Dividindo o espaço em 9 áreas, verificamos que o lado direito da baliza é o preferido dos chutos. Nada menos que 46,3%. Por outro lado, se dividimos o espaço da baliza em três zonas de baixo para cima, o terço junto da relva abrange 45,1% dos remates, e o terço mais alto até à barra é alcançado por 22,9% dos tiros. Em resumo, as preferências são assim ordenadas:
4.º - 7.º - 9-º
3.º - 6.º - 5.º
1.º - 8.º - 2.º
Sobre a eficácia na marcação dos penáltis, podemos concluir que:
a) todos os remates para o terço superior do lado esquerdo são infalíveis, mas só 4,6% por lá passam;
b) a parte direita da baliza no terço a partir da relva é onde se concentram mais tentativas (21%), mas a mais falível, onde só 2 em cada 3 remates entram:
4.º - 8.º - 1.º
2.º - 6.º - 7.º
9.º - 5.º - 3.º
Parece haver, pois, uma interessante correlação entre grau de dificuldade/escolha/eficácia.
É claro que esta estatística não considera os remates tipo râguebi, ou para os postes ou que saem ao lado. Nem nada nos diz sobre a potência do remate. Ou quando o guarda-redes se mexe ou adianta irregularmente. Nem sobre se o marcador é destro ou canhoto. Nem sobre as paradinhas...
Ciência, sorte ou mera curiosidade. Respondam os entendidos..."

Bagão Félix, in A Bola