Últimas indefectivações

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Acabou por ser semana positiva

"Não me queixo da sorte, o Benfica teve uma semana positiva. A vitória sobre o Chaves teve mérito na segunda parte, mas não foi isenta de alguma sorte na primeira. Mesmo com um golo mal anulado (sempre prejuízo do Benfica desde a primeira jornada), foram do Chaves as melhores ocasiões dos primeiros 15 minutos. Quando marcamos e vencemos o Chaves, cumprimos mais um objectivo neste calvário de lesões e erros arbitrais que nos perseguem.
Em Nápoles (sem 6 jogadores) tínhamos o jogo mais complicado do grupo, aquele no qual seria mais difícil de pontuar. Estávamos à porta do inferno, com os comentadores a festejar a mais pesada derrita de sempre do Benfica na Liga dos Campeões, e vieram três golos mudar a sorte do grupo (e a sorte do comentário). Dois golos do Benfica com valor meramente simbólico, detesto vitórias morais, e o resultado pouco desnivelado ficou. Foi uma derrota contra a melhor equipa do grupo, apenas isso. Mas houve também um golo do Dínamo Kiev, caído do céu de Istambul, que transformou a quarta-feira. O Benfica está mais perto do apuramento agora do que antes da jornada. O Benfica teve sorte, o Porto teve azar (mas pode passar) com os golos do Copenhaga, e o Sporting também com o Dortmund no fim do jogo. Dependemos de nós, estou convencido que bastam (e não é pouco) duas vitórias em casa e dois empates fora para qualificar Nápoles e Benfica. Veremos a validade das minhas projecções.
Domingo é difícil o jogo que teremos com Luís Ferreira na Luz. Todos os cuidados são poucos, ou marcamos cedo, e vários golos, ou ficamos ao alcance de várias vontades conjugadas, e no Benfica sabem quais são. Domingo é o ponto e vírgula que precisamos para regressarem as novas compras de Outubro; Rafa, Jonas, Jiménez, Jardel, Danilo, Samaris. 1 de Dezembro não é só o meu feriado preferido, é também o adversário da Taça de Portugal. Que seja rumo ao Jamor."

Sílvio Cervan, in A Bola

A sorte

"Bela equipa a do Chaves, a mostrar que é possível dar luta ao Benfica sem que se recorra sistematicamente ao antijogo.
E bem a nossa equipa, a demonstrar, mais uma vez, que sabe adaptar-se às contingências das partidas e ultrapassar, quando necessário, a desinspiração colectiva.
No entanto, apesar dos méritos e deméritos de cada equipa, só o Benfica poderia sagrar-se vencedor. A tripla oportunidade de golo flaviense numa única jogada foi caso único, cabendo à nossa equipa as despesas do jogo e as restantes oportunidades. Logo se apressaram os críticos a referir a sorte e a estrelinha, ignorando que a primeira procura-se e a segunda conquista-se. Mas falemos da nossa sorte que os nossos adversários têm o azar de serem incapazes de reconhecer e, com isso, estimularem inadvertidamente a nossa ambição pela conquista de títulos.
Comecemos pelo golo de Mitrolgou mal invalidado, antes da tal tripla  oportunidade do Chaves. Continuemos com a excessiva agressividade do nosso adversário sob a complacência de um árbitro permissivo até decidir (bem) admoestar Lisandro López no final da primeira parte. Recuperemos a lista de ausentes: Jonas, Jiménez, Jardel, Samaris, Rafa, Danilo. Prossigamos com a consistência fora: 15 vitórias consecutivas fora; 27 partidas sempre a marcar; 17 vitórias e um empate nos últimos 18 jogos. E terminemos alegando que Lindelof, com alguma sorte, não teria desperdiçado uma oportunidade flagrante de golo frente ao Vitória de Setúbal e teríamos, então, conquistado 18 pontos em seis jornadas. Muita sorte, portanto...
P.S. Ainda não foi esta semana que se voltou a falar em videoárbitro lá para os lados do Lumiar."

João Tomaz, in O Benfia

Miúfa!

"A sexta jornada do campeonato nacional de futebol só começa este fim de semana, mas o desespero já anda no ar. Nas férias de verão já se sentia o perfume da dor de cotovelo, mas hoje não restam dúvidas. Dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos do clube que há 15 anos não conquista um campeonato já não escondem que estão dispostos a tudo para conseguir o impossível. E só acredita neles quem quiser.
Esta semana, foi a vez de o segundo presidente do Sporting CP (o principal costuma orientar a equipa desde o banco, sempre que não está a cumprir castigo) publicar um artigo de opinião num jornal nacional escrevendo - ou aproveitando o que alguém escreveu por si - sobre... adivinhem! Isso, o SL Benfica. Uma vez mais lá vem o nome do Tricampeão à baila. Falam das nossas operações financeiras, das nossas vendas, do nosso número de sócios, tentam imitar as nossas parceiras, colocam-se em bicos de pés. Como se fosse possível alguma vez chegarem ao nosso nível de impacto social, desportivo e patrimonial.
Como se fosse possível esconder 32 milhões de euros de prejuízo nas contas do clube do Lumiar para baixo do tapete. Como se não houvesse temas interessantes na actualidade esverdeada para analisar, do tipo Doyen, fair-play financeiro da UEFA ou - quem sabe? - processos jurídicos a sócios e antigos dirigentes, ao melhor jeito da Inquisição.
Quando eu era miúdo, sempre que alguém mudava de assunto numa discussão de rua ou ameaçava ir chamar o pai ou o irmão mais velho, havia uma expressão que fazia todo o sentido. E continua a fazer agora com estas provocações de baixo nível que se repetem vezes sem conta - «Estás é com miúfa! Medo. Medinho'."

Ricardo Santos, in O Benfica

O diabo vermelho

"Noutras ocasiões, já aqui falei da minha grande admiração por pontas-de-lança. Ou seja, por quem, na verdade, me faz levantar da cadeira e vibrar de alegria.
O futebol é um desporto colectivo, onde todos são importantes. Uma peça a menos pode causar derrotas e comprometer títulos. Mas, enquanto adepto, a minha grande devoção vai mesmo para quem faz os golos. Mais até do que para os artistas do passe, da finta, ou do estilo, normalmente muito apreciados.
Nunca entendi, por isso, os assobios a Óscar Cardozo, ou, muito anos antes, as críticas a Nené. Um e outro são, juntamente com Nuno Gomes (também ele, nem sempre consensual), os que mais golos marcaram no clube desde que vejo futebol. Cada um a seu tempo, foram ídolos que venerei, e ais quais estarei eternamente grato pelos momentos de alegria que me proporcionaram.
Serve isto para destacar, agora, o nosso Mitrolgou. O grego, em pouco mais de uma época, já está à porta do top-dez dos goleadores do Benfica do séc. XXI, superando avançados com o simbolismo de Mantorras ou Miccoli. E caso tivesse convertido os penáltis que Jonas converteu na temporada passada, teria sido ele o 'Bola de Prata' - isto sem melindre para o extraordinário avançado brasileiro, tão somente o melhor e o mais completo jogador a actuar em Portugal. Recordemos que o Sporting fez tudo para contratar Mitro.
Veio para nosso casa in-extremos, e foi também dele o golo que, em Alvalade, acabou por decidir o título. Em bom momento, o clube adquiriu o seu passe.
A barba dá-lhe um certo ar de diabo. Mas são os golos que fazem dele um ponta-de-lança dos diabos."

Luís Fialho, in O Benfica

Benfiquismo (CCXXXV)

O Benfica estrada fora...