Últimas indefectivações

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Chama Imensa... Benfica e o resto...!!!

O Sporting feito refém por uns quantos

"Bruno de Carvalho continua a tocar harpa e a admirar a beleza do incêndio que provocou. Uma tragédia que ameaça prolongar-se...

Se o problema não fosse tão sério e se não estivesse nele envolvida uma instituição com 112 anos, que concita simpatias de milhões de portugueses, até podia ser divertido. Se não estivéssemos perante uma situação que põe em risco o futuro (mas não a sobrevivência...) de um clube a quem Portugal muito deve, pelo que fez pelo país na área da competição e pelo que dinamizou o desporto nacional, substituindo-se ao Estado em inúmeras ocasiões, até podíamos sorrir perante o festival de absurdo que tem vindo a marcar o dia a dia do Sporting neste estertor final da gestão de Bruno de Carvalho. Mas se fossemos capazes de olhar para tudo isto sem esboçarmos um sorriso, então estaríamos a levar a sério a alucinação, fruto do desespero, que estarmos a testemunhar.
Atente-se no seguinte:
- À revelia dos estatutos, Bruno de Carvalho despediu a Mesa da Assembleia Geral (MAG) e criou uma Comissão que deveria substituí-la;
- Esta Comissão, usurpando poderes da MAG, marcou uma Assembleia Geral (AG);
- Veio a saber-se agora que nessa AG será discutida uma alteração estatutária que, entre outras coisas, permitirá ao Conselho Directivo nomear a Comissão que entretanto já tinha nomeado e que marcou a AG que deverá legitima-la. Francamente, tudo isto é, no mínimo, hilariante. E só não sou capaz de rir a bandeiras despregadas porque no meio de toda esta insanidade é o futuro do Sporting que está em causa.
Neste preciso momento, enquanto os clubes se apetrecham para a próxima época, em Alvalade o caos impera e é impossível seja a quem for implementar um trabalho que seja minimamente credível. Ao mesmo tempo, Bruno de Carvalho troca argumentos jurídicos com Poiares Maduro e nada nos garante que um dia destes não venha dizer que defende melhor que Patrício.
Entretanto, enquanto são esperadas as cartas de rescisão de mais alguns atletas, a CMVM recusa avalizar o empréstimo obrigacionista, a Holdimo avançou com uma acção no âmbito da SAD e há mais providências cautelares à espera de sentença, Bruno de Carvalho continua a tocar harpa e a admirar a beleza do incêndio que provocou. Uma dia iremos perceber as verdadeiras razões que estão a levar o Sporting para o abismo.

Ás
Fernando Pimenta
Uma medalha de ouro nos Europeus de canoagem, sem surpresa, que só vem relembrar, por um lado a excelência do atleta e por outro a confirmação de Portugal como potência relevante nesta modalidade olímpica. Num país sem muitos campeões de nível internacional, Fernando Pimenta é um caso de sucesso.

Ás
Joana / Teresa
Joana Vasconcelos e Teresa Portela arrecadaram o ouro na prova de K2 200, nos Europeus de Belgrado, juntando-se no lugar mais alto do pódio aos atletas que têm feito brilhar a canoagem nacional. O sucesso luso nesta modalidade não é fruto do acaso. É um caso de trabalho, competência, seriedade e profissionalismo.

Ás
Rafael Nadal
Onze vitórias no pó de tijolo de Roland Garros colocam este espanhol de Palma de Maiorca no rol das lendas do desporto mundial. E não é pelo facto de ser uma estrela planetária que Nadal deixa de ter os pés bem assentes no chão, como tivemos oportunidade de testemunhar, há dois anos, nos Jogos do Rio...

Mais uma aventura quase a começar
«Portugal vem aqui com ambição de entrar em cada jogo para vencer, logo não assino por baixo qualquer outro resultado»
Fernando Santos, seleccionador nacional
O discurso de Fernando Santos continua assertivo. Ambição de ganhar, sim, mas sempre de acordo com o princípio de que mais importante que jogar bonito é jogar bem, e estes dois conceitos nada têm a ver um com o outro. A poucos dias da estreia com a Espanha, as armas lusitanas parecem estar carregadas. Mas num Mundial, é fundamental saber crescer durante a competição.

Finalmente campeões na capital dos EUA
Os Washington Capital venceram a Stanley Cup e acabaram com a 'mala pata' da cidade da Casa Branca e do Capitólio, que não saía à rua a festejar um êxito desportivo desde o triunfo, no futebol americano, dos Redskins ainda na década de 90 do século passado. Até o 'Washington Post' deu a manchete à equipa de hóquei no gelo.

A era de Kevin Durant
Os Golden State Warriors, vencedores de três das últimas quatro edições da NBA, construíram uma equipa de época, para a lenda e para a história. Quando juntaram o prodigioso Kevin Durant, que não pisa, flutua, a nomes maiores como Steph Curry ou Klay Thomson, os Warriors tornaram-se quase inalcançaveis. Talvez as coisas mudem na próxima temporada se LeBron James se mudar para os Houston Rockets de James Harden. A NBA - 'ex-libris' do negócio do desporto, que faz da competitividade a chave-mestra - agradeceria."

José Manuel Delgado, in A Bola

Um fato à medida

"Bruno de Carvalho garante não estar agarrado ao poder. Mas recusa submeter a sua presidência a novo escrutínio dos sócios, agarrado à legitimação que lhe foi concedida por mais de 90 por cento há poucos meses, esquecendo-se - ou fazendo-se de esquecido - de que dai para cá as circunstâncias alteram-se de forma dramática e levaram o Sporting para aquela que será, sem grandes dúvidas, a maior crise da sua história. Não é, embora possa parecer uma questão de teimosia. Na verdade, a única para toda esta instabilidade provocada por um presidente que faz orelhas moucas a tudo o que se passa à sua volta é que sabe Bruno de Carvalho estar, neste momento, na posição mais frágil desde que, há cinco anos, chegou a Alvalade. É inegável e as últimas medidas tomadas por BdC tiram, quanto a esta constatação, todas as dúvidas.
Atente-se, como exemplo máximo de que Bruno de Carvalho só sairá da presidência do Sporting se não puder (usando para isso todos os meios, imagináveis ou não...) evitá-lo, àquilo que estará em discussão na AG de dia 17, que mantém apesar de estar à vista de todos que os seus resultados serão, sem grandes dificuldades, anulados:
1.º) Quer BdC que os sócios legitimem a MAG Transitória e o também transitório Conselho de Fiscalização, assumindo, portanto, aquilo que se sabe: não estarem estes previstos nos estatutos, o que não impediu a marcação desta AG.
2.º) Permite-lhe, em caso de demissões (como as que se têm sucedido), poder ele próprio nomear sócios que as substituam, evitando assim perder quórum, que seria, afinal, a forma mais directa (e célere) de o tirar da presidência.
Voltando ao início: para quem diz não estar agarrado ao poder Bruno de Carvalho mostra imenso medo de o perder. E para isso, nada melhor do que fazer um fato à medida. Ou seja, tornar os estatutos pensados para defender este presidente. Porque, já se percebeu, para Bruno o Sporting é ele."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Decisão lamentável

"A sentença do Juízo Cível de Lisboa de 08/06/2018, subscrita pelo Juiz Frederico Augusto Ramires Bernardo (Juiz 23), é uma lamentável decisão judicial, que pode ocorrer em qualquer sistema, por mais que perfeito que seja, mas que não merece o destaque e a importância que lhe têm sido dados.
Na verdade, a referida sentença reconhece que se verificam todos os pressupostos processuais para a providência, nomeadamente, o fumos boni juris e inclusivamente o periculum invocado, conforme refere textualmente.
«Pretende, mas alega o Referente, que se pretende, no caso vertente, é evitar a consumação de uma lesão, facto que permite concluir pela natureza eminentemente conservatória do presente procedimento; sendo que, no entendimento do Requerente, a realização de uma assembleia geral de um clube de futebol da dimensão do Requerido sem os meios necessários, pode redundar numa verdadeira tragédia, atendendo ao clima de tensão, crispação e confrontação que é público e notório, estando, por isso, também em causa o direito à integridade física dos sócios de Requerido, em especial, está em causa o direito à integridade física do Requerente, atendendo à natureza das suas funções, de Presidente da Mesa da Assembleia Geral».
Porém, depois de identificar o perigo, contra o senso comum e sem qualquer fundamentação, inacreditavelmente, indefere a providência, sem audiência de prova testemunhal, ignorando o impacto que essa decisão possa ter na segurança das pessoas, sócios do clube e presidente da mesa da assembleia geral, com o fundamento de que as providências requeridas «não são meios adequados a acautelar que a assembleia geral não se transforme num risco para a integridade física dos participantes, mas simplesmente o cumprimento das formalidades necessárias para a sua integral realização». (sic).
As providências requeridas são, nomeadamente, que o Conselho Directivo faculte toda a colaboração necessária para efectivação da assembleia geral, enunciando os actos concretos, bem como que dê a publicidade adequada e se abstenha de utilizar os meios oficiais do clube para comunicar a desconvocação da assembleia.
Compreende-se-ia, até, o não deferimento de algumas daquelas providências requeridas, mas o indeferimento liminar e integral, revela uma falta de sensibilidade relativamente às consequências da decisão, tendo em atenção factos notórios e de conhecimento geral, que a própria sentença identifica.
De qualquer forma, esta sentença limita-se a recusar a providência cautelar, embora reconheça os direitos subjacentes.
Mas, , o que importa, quanto ao quadro legal estatutário, é salientar o seguinte:
1. O presidente da mesa da assembleia geral, Jaime Marta Soares, embora demissionário, mantém-se em funções até à tomada de posse do sucessor (art.º 37.º, n.º3 dos Estatutos).
2. O presidente da mesa tem competência para convocar a assembleia geral extraordinária para destituição de membros do Conselho Directivo (art.ºs 43, n.º 1 al. b), 51.º, n.º 1 e 54.º, n.º 1 al. a) dos Estatutos).
3. A assembleia geral foi regularmente convocada, nos termos do art.º 52.º, n.º 1 dos Estatutos, para reunião no próximo dia 23 de Junho, às 14.00 horas no Altice Arena.
4. Recorde-se que, nos termos do art.º 52.º, n.º 2 dos Estatutos, «as Assembleias Gerais comuns só podem funcionar, em primeira convocação, com a presença da maioria absoluta dos sócios com direito de voto; quando tal não se verificar, funcionarão meia hora depois, em segundo convocação, seja qual for o número de sócios presentes, se o aviso convocatório assim o determinar».
5. Mas, a convocatória incluiu uma segunda convocação, para meia hora depois, caso esse quórum não se verifique.
Em suma, tendo a assembleia geral sido regularmente convocada por quem de direito, compete ao Conselho Directivo, de harmonia com os Estatutos, providenciar para o seu regular funcionamento, independentemente de qualquer providência cautelar.

Contudo, dada a perigosidade, que é do conhecimento público, o presidente da mesa deverá requerer às autoridades policiais os meios necessários para salvaguarda da integridade física dos sócios e da própria mesa, não obstante a falta de compreensão do Juiz que proferiu a estranha decisão na providência cautelar."


António Pereira de Almeida, in A Bola

Ambição em dia de Santos

"Em Portugal vivem-se os Santos. Na Rússia, o nosso Santos, neste caso o Fernando, mostra que está no Mundial para fazer algo. Não diz o quê mas não entra derrotado com a Espanha e não aponta metas à equipa portuguesa. Ainda bem. É bom que haja ambição na formação nacional, por muito que nos pareça impossível ganhar mais uma grande prova internacional.
Depois de Bruno de Carvalho anunciar um processo-crime a Rui Patrício, espera-se que não haja mais factores de desestabilização da Selecção Nacional. Bom seria que os leões chegassem a um entendimento e que, a bem do clube e da equipa de todos nós, os jogadores que querem sair o fizessem sem rescisões e chegando a acordo com o clube. Evitaria mais turbulência em Alvalade, onde os adeptos estão fartos de passar vergonhas, e também a Selecção passaria ao lado de mais questões laterais, que por muito diminutas que sejam, podem sempre influenciar o rendimento dos jogadores. Numa prova como o Mundial, o mercado tem sempre uma palavra a dizer. Não precisa de meter mais guerras. Será possível?
Parabéns aos homens e mulheres da Canoagem, que nos últimos anos têm levado bem alto o nome do país lá fora. São muitas medalhas e honras. Obrigado a todos. Às vezes penso que Portugal não vos merece."

Sei o que quero e para onde vou

"Os Jogos Olímpicos de 1928, disputados em Amesterdão, foram palco da estreia da Selecção portuguesa em competições internacionais. A Selecção chegaria a esses Jogos ainda sem qualquer vitória no estrangeiro: desde a sua fundação, em 1921, apresentava cinco derrotas e um empate em jogos particulares, este conseguido em Paris, na preparação para Amesterdão.
Levando na bagagem a esperança e muitas interrogações, os portugueses partiram de Sud Express a 21 de maio e chegaram a Amesterdão no dia 23, depois de escala em Paris e uma viagem de quase… 40 horas! Parte dela seria ao som da guitarra de Carlos Alves (o original ‘luvas-pretas’, avô de João Alves) e de Raul Figueiredo, que cantava um fado que não se desejava triste por terras holandesas. Chegados ao exíguo Hotel Holanda, os portugueses tiveram nova experiência lusitana, pois sentiram-se … sardinha em lata.
Apesar das adversidades e um mês após Salazar ter tomado posse da pasta das Finanças com um célebre "sei muito bem o que quero e para onde vou", logo no primeiro jogo oficial, a Selecção soube o que quis e para onde ir e… venceu! A vitória tornou-se épica também porque, em menos de 15 minutos, Portugal sofreu dois golos e depois marcou… quatro: dois deles pelo grande belenense Pepe! Talvez o jogo tenha servido de ensaio para a afamada reviravolta em 1966.
O seleccionador nacional Cândido de Oliveira (o primeiro mestre) afirmou que "o onze de Portugal soube, à beira do abismo, reanimar-se, reconquistar a vantagem ao adversário e vencer". Seguir-se-ia uma segunda vitória com a Jugoslávia (2-1), pelo que a derrota com o Egipto não beliscou os primeiros heróis, contribuindo para que se soubesse que "entre espanhóis e portugueses havia diferença de raças". Noventa anos depois, Portugal inicia o Mundial com os nossos vizinhos. Mostrará a sua raça?"

Dar posse à posse

"Há grande expectativa nacional em relação ao Mundial da Rússia. Vai ser uma soberana oportunidade para confirmar a mercê do jogador lusitano, de resto exibindo as credenciais de campeão europeu. Oportunidade última para alguns, oportunidade primeira para outros. O certame, com toda a sua envolvência mediática, resulta num ensejo extraordinário para qualquer interveniente.  
Este Mundial pode, no que a nós respeita, provocar o nascimento de novos príncipes e o fim do império absoluto do rei. Cristiano Ronaldo, sem mácula, desfruta do estatuto invejável de líder, ou não seja ele uma das mais imponentes figuras do histórico da bola universal. Todos esperamos o seu rendimento superlativo, mas que também concorra para estimular os jovens companheiros no alcance do patamar superior do jogo e para a confirmação no contexto planetário, mais a correspondente senda vitoriosa (e vistosa) do combinado nacional.
Este vai ser o campeonato da posse, da posse da bola. O predicado, o atributo maior de todos os competidores não vai escapar ao preceito que enuncio. Ter a bola, não perder a bola, guardar a bola, esconder a bola. Bola, muita bola, sempre e sempre bola.
O objectivo é a posse, a posse da bola. Mas ter posse não chega, está longe de garantir o sucesso. Dir-se-á que é como ter muito dinheiro e não saber o que fazer com ele, desconhecer como aplicá-lo, desperdiçá-lo com incongruências. E os melhores capitais, em tudo na vida, muito no futebol, não são despiciendos, menos ainda descartáveis.
Ter a bola é ter apenas uma parte do jogo. Importa saber o que fazer com ela, tal como saber o que fazer sem ela. Ainda assim (e todas as seleções vão cultivar esse princípio até à exaustão), é melhor ter bola. E depois? Depois há a baliza. Pois há, há mesmo, até um garoto entende, como entende que só pode vencer quem fizer golo, golo ou golos. E o golo, no futebol, é a única coisa que não tem defeito.
Acresce que a posse de bola, sendo fundamental, nem sempre é decisória. Com bom passe, aí sim, reside a maior virtude. Só há passe com posse, mas nem sempre há bom passe com posse, ainda que a boa posse potencie o bom passe. E o bom passe potencia a finalização, potencia o golo ou os golos. 
Reitero a ideia, válida para Portugal e demais antagonistas.O Mundial vai decorrer sob o signo da posse de bola. O resto, na maioria das vezes, ficará por conta dos melhores rasgos, dos melhores desequilíbrios, dos melhores talentos. E que sejam, já agora, pintados de vermelho e verde."

DEus... ébrio e um jogo divino

"Heróis em estreia… mundial. Em 1966, Portugal participou no primeiro Mundial de Futebol numa epopeia que apenas terminou no pódio. Antes ainda, na fase de apuramento, o começo seria também auspicioso, com o ano de 1965 a iniciar-se com uma vitória sobre a Turquia por 5-1, jogo do único hat trick de Eusébio por Portugal. No dia seguinte, a Seleção dividia a capa d’ ‘O Primeiro de Janeiro’ com a morte do antigo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, "que ficará na História como símbolo vivo do inconformismo perante a derrota". Um escrito que poderia também servir para retratar toda a campanha portuguesa daquele período.
Em Inglaterra, uma Selecção, um jogo e um jogador ficaram na história. Contra os norte-coreanos, assistiu-se a uma recuperação homérica por parte dos Magriços’de 0-3 para 5-3… com quatro golos consecutivos de Eusébio (e assistência para o quinto de José Augusto). Nesse encontro (D)Eusébio alcançava a eternidade futebolística.
Por sorte, os portugueses puderam, pela primeira vez, acompanhar na ‘caixinha mágica’ a magia de um Mundial e o jogo de uma vida magicado por Eusébio. Em espaços públicos de um país descolorido, um televisor a preto e branco juntava multidões ansiosas por um vislumbre de alegria e cor, patrocinado por Pequenos Magriços, mas Grandes Homens! Assistir ao Mundial em casa era luxo de poucos, podendo uma TV exigir investimento superior à retribuição salarial… anual dos portugueses.
Depois de uma exibição extraplanetária, alguns periódicos internacionais aludiram a um hipotético doping de Eusébio, levando o médico nacional a explicar que os portugueses tinham ingerido uma nutritiva substância portuguesa… um prato de bacalhau!
Após a época vitória, afirmava-se que Eusébio, qual cuidador de corações, se tornara "cardiologista de 25 milhões de corações". Estes eram números oficiais do regime salazarista… em regime ‘tudo incluído’, numa contagem que incluía a população dos territórios africanos.
Por agora, a quatro dias da estreia portuguesa, o coração acelera: cardiologista Ronaldo, haverá razão para preocupação?"

A candidatura portuguesa

"Não é só por ostentar o título de campeão da Europa que Portugal vai iniciar o Mundial da Rússia como um dos candidatos à vitória. É óbvio que, em relação à prova de há dois anos, as outras principais selecções do Velho Continente tiveram, de um modo geral, uma notória evolução. França, Espanha, Alemanha e até a Bélgica estão hoje mais fortes. Mas a Selecção Nacional também. Bernardo Silva, Gonçalo Guedes e André Silva, por exemplo, dão neste momento um conjunto de soluções em termos ofensivos de que a equipa das quinas não dispunha em 2016. Nesta perspectiva, podemos dizer que a relação de forças se mantém.
 O Mundial continua a ser praticamente -- e sem querer ser insultuoso -- uma espécie de Europeu a que se lhe junta Brasil e Argentina. A qualidade destas duas equipas não se discute. Os canarinhos apresentam uma das selecções mais fortes dos últimos Mundiais, enquanto os rivais sul-americanos assustam, de novo, com Messi, Agüero, Higuaín e companhia. Há, pois, seis ou sete equipas a posicionarem-se para erguer a taça no dia 15 de julho. E Portugal está entre elas."

Era de levar o puto

"Já perguntaram ao Cristianinho se não quer vir à Rússia? Casa já tem. Pode ficar no quarto de hotel do pai a brincar com a porquinha Pepe. Ou então contrata-se uma babysitter russa – o que para ele não seria novidade. Adiante. A modernidade ditou que filhos de pais separados passam uma semana com a mãe e outra com o pai. O calendário do júnior é ligeiramente diferente: É sempre a semana da avó. E às vezes está em directo no Instagram do pai.
Calma dedos, eu sei que ele é bom pai. Desculpem, queria dizer treinador. É o Ferguson do próprio filho na maneira como o gere. No último jogo já lhe deu alguns minutos ao intervalo e qualquer dia lança-o mesmo numa partida. Se fosse a ele levava-o na pochete para Sochi. O André Silva é capaz de não chegar e o puto remata bem. Tão bem que o Mendes já o vendeu ao Valência por 45 milhões mais jogos ilimitados para a PlayStation. Bom, vocês perceberam-me. Precisamos de um ponta-de-lança. Cristiano Jr. ou o Edinho do Setúbal? Ah, agora já estão do meu lado. Não respondam já. Pensem nisto e voltamos a falar amanhã."

Quadro Danúbio

"Ontem estava tão excitado por escrever esta crónica que nem comentei convosco que estou a fazer Lisboa-Sochi de carro. Olhem para mim todo Vilas-Boas a fazer expedições com amigos. Escrevo-vos neste preciso momento do meu hotel em Budapeste onde acordei com uma valente ressaca - Chico Buarque, agora já sei. Neste preciso momento esperam-me lá em baixo na recepção e por isso não posso demorar muito. Já agora: porque é que a que a recepção nunca é lá em cima? Enfim, prosseguindo. Apreciei bastante o gesto motivacional de terem colocado no quarto de hotel dos jogadores da nossa selecção um quadro com duas fotografias lado a lado: de um lado uma imagem relativa à fase em que começaram quase descalços e do outro uma fotografia actual, patrocinada, e triunfante. A imagem é forte. Relembra-os/nos do percurso que tiveram do zero ao tudo. São apenas duas fotos, estilo antes e depois, mas dá um arrepio semelhante aquele que senti quando vi o ‘Cocktail’ pela primeira vez - o Tom Cruise chega sem nada a New York e no fim fica com a boazona. Também me lembra o Danúbio que separa Buda (parte histórica) e Peste (moderna.). Passado e futuro na mesma imagem. Com ponte, e tudo, para passearmos a memória de um lado para outro. O quadro é bonito como o rio. Sorte a dos jogadores por terem aquele presente, nem todos somos deuses para o receber como oferenda. Só tive pena de não ver o quadro do Nani...Ah, ups! Tenho que me habituar."

Roger e Rafa voltaram a ser donos do ténis

"São 17 títulos do Grand Slam, 11 dos quais em Roland Garros – sete na última década – a juntar a quatro taças Davis, a 32 torneios Masters 1000, às medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 2008 e 2016, a 100 milhões de dólares de ‘prize money’ e por aí fora: eis o extraordinário palmarés de Rafael Nadal, após ter vencido ontem, em Paris, um troféu que lhe permite manter-se como n.º 1 do ranking ATP e confirmar a sua condição de melhor tenista em terra batida da história. Aos 32 anos, o balear pode apresentar ainda um número como mascote, o 83, que nos diz, em simultâneo, os títulos conquistados na sua carreira e a percentagem de vitórias obtidas desde que se tornou profissional, em 2003. E a 2 de julho próximo, 15 anos depois, Rafa voltará a Wimbledon, desta vez para tentar coleccionar o 18.º torneio do Grand Slam ou, pelo menos, evitar que Roger Federer, o seu maior rival, alcance o 21.º título e lhe arrebate de novo – quase aos 37 anos! – a liderança mundial.
A história desta rivalidade vem de longe, de 2006, quando Nadal venceu Federer na final de Roland Garros e logo a seguir perdeu a de Wimbledon para o suíço, situação que se repetiria em 2007. Mas o mais curioso é o regresso do inferno das lesões que ambos empreenderam quando a maior parte dos admiradores já havia interiorizado o fim de uma era. Roger ‘apagou-se’ em 2013 e até 2016 não ganhou nenhum título do Grand Slam – ainda jogou três finais mas perdeu-as para Novak Djokovic. Rafa ‘foi-se abaixo’ em Wimbledon, em 2014, e igualmente até fins de 2016 alternou problemas físicos com uma quebra de forma que parecia definitiva.
Djokovic, Andy Murray e até Stan Wawrinka dominaram então o ténis mundial, com o sérvio a atingir picos de rendimento extraordinários, e os consequentes resultados desportivos e financeiros – o seu ‘prize money’ de 2015, superior a 21 milhões de dólares, é de longe o maior de sempre obtido num único ano. Mas o entusiasmo dos novos deuses do ténis foi tanto que não tiveram em conta o exemplo do declínio ocasional dos velhos rivais, que haviam ultrapassado os limites que o corpo impõe aos humanos. E enquanto Rafa e Roger regressavam ao ‘mundo dos vivos’, Novak, Andy e Stan, com as ‘máquinas’ a darem de si, eram forçados a parar e fazer ‘reset’. E hoje, o escocês tarda em reaparecer, o suíço é apenas uma sombra e só Djokovic começa a parecer-se com aquilo que foi. 
A realidade do último ano e meio está à vista: dos seis torneios do Grand Slam já disputados, três foram para Federer e os outros três para Nadal, com os dois a recuperarem a liderança do ranking mundial. Além da capacidade competitiva, só uma força mental descomunal e uma tenacidade de ferro permitiram que as duas lendas do ténis despertassem do sono dos justos. Agora, concentrado no Mundial de futebol, mal posso esperar por Wimbledon, embora saiba, no que a Roger diz respeito, que a Mercedes Cup que hoje se inicia em Estugarda é muito importante para se perceber se a aventura da velha guarda continua. Afinal, nada é eterno."

Czar ao jogo: mostrem de que cor são feitos

"Para as gerações mais novas deve ser difícil imaginá-lo, mas houve uma altura em que o Mundial acontecia mesmo sem a selecção nacional.
Entre 1966 e 2002 aconteceram oito fases finais e Portugal só esteve presente em uma: aconteceu no 1986, numa triste participação no México.
Feitas as contas, portanto, foram dois períodos de vinte e dezasseis anos, respectivamente, em que a selecção portuguesa não esteve. Impensável nos dias de hoje, não é?
O mais curioso é que havia Mundial na mesma.
A minha geração aprendeu a apreciar os Mundiais sem Portugal: e habituou-se a amar este mês em que todos os dias são domingo, como escreveu Valdano, mesmo sem ouvir a Portuguesa ou sem chorar pela nossa bandeira. Era assim que as coisas aconteciam, e valia a pena na mesma.
Eu, por exemplo, não me esqueço do Mundial 86. Do entusiasmo com o golo de Carlos Manuel à Inglaterra, claro, mas sobretudo de Maradona a levar a Argentina às costas até o triunfo final.
Um Mundial mudou até a minha vida.
Tinha tudo planeado para me licenciar em Direito, na Universidade Católica, entrando naquilo que se chamava o ano zero: uma época que substituía o 12º ano. Inscrevi-me nos exames, enfim, fiz tudo direitinho. Infelizmente os exames do ano zero da Católica coincidiam com o mês de Junho, estávamos em 1994, ano de Mundial nos Estados Unidos. Por isso nunca apareci nas provas.
Podia ser hoje um respeitável advogado, em vez de andar para aqui na Rússia a escrever textos.
Mas enfim, as coisas são como têm de ser, e há uma coisa da qual não me arrependo: de ter vibrado com todos os Mundiais.
Um Campeonato do Mundo é a face mais bonita do futebol: é a festa, o entusiasmo, a loucura. São 32 países e milhares de adeptos, a encher de euforia e de cor os melhores estádios do mundo.
Ora por falar em cor, importa dizer que um Mundial é muito isso: as cores.
Cores da festa, claro, mas cores também de cada país: lutar pelos nossos tons, sejam eles mais escuros, ou mais claros, mais cinzentos ou mais vivos. As cores da bandeira, as cores do equipamento, as cores da nossa gente. As verdadeiras cores de cada um.
Mostrem de que cor são feitos. "

As Regras dos Jogos... Rescisões, Deloitte... Centralização !!!

Benfiquismo (DCCCLV)

Elzo...

Circus Lagartus - XXIII episódio