"A menos de uma semana da partida para o estágio/digressão de pré-temporada, são várias as dúvidas que persistem no Benfica. Normal, nesta altura da época, num clube que olha para o mercado com limitações financeiras, mas condicionante para quem trabalha diariamente uma equipa. Rui Vitória tem o primeiro teste já no sábado, diante de um PSG milionário e que constitui um teste de grau de dificuldade elevado. Para o treinador, nesta fase, os resultados são a menor das preocupações, mas uma pré-época desastrosa poderá condicionar os jogadores naquilo que segue... a Supertaça.
O momento que vive Gaitán e o facto de ter o 'selo' de vendido pode ser contraproducente. Em situações normais, o argentino é titularíssimo neste Benfica. Pode o treinador preservá-lo dos jogos - a lesão de Salvio ainda está viva - e aguardar notícias do que vai acontecendo no mundo dos negócios? Pode! Mas talvez não compense o risco. O de dar um sinal ao mercado que, apesar das intransigências de Luís Filipe Vieira, o extremo é mesmo para vender; mas, ainda mais, o de preparar a equipa para um início de época que vale um troféu, e fazê-lo sem aquele que é o seu jogador mais valioso.
A mais de um mês e meio do fecho do mercado de transferências na Europa, Rui Vitória é obrigado a esperar. Tem sido prática recorrente nos últimos anos. E tal como Domingos Soares Oliveira afirmou sexta-feira na CMVM, as saídas do Benfica no final da cada temporada fazem parte normal da actividade. A realidade do futebol português explica esse facto, ao qual a grande maioria dos adeptos já se habituou. Discordo, porém, quando o responsável dá a imagem de o grupo não precisar de reforços. Certa a ideia de não cobiçar o que está a ser feito na casa dos rivais, mas, nessa observação interna, os responsáveis do Benfica têm identificadas as lacunas. E faltam soluções de primeiro plano para as alas, sobretudo se Gaitán sair, e um substituto para Maxi Pereira (tarefa difícil). O trabalho que tem vindo a ser feito na formação e equipa B são mais-valias a que Rui Vitória pode recorrer mais vezes do que vinha sendo habitual. Apenas. Trabalhar jovens requer tempo e paciência; já é positivo para o clube ter quem queira fazê-lo."
Vanda Cipriano, in Record