Últimas indefectivações

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Goleada na Madeira

Marítimo 1 - 5 Benfica
Diana S., Carissa, Neide, Zidoi(a.g.), Lara


Estreia na Taça da Liga desta época, com uma goleada, construída no 2.º tempo, contra uma equipa cínica, com um onze, muito alterado, com muita rotação...
Golão da Lara!!!

Taça Professor João Campelo

Benfica 2 - 0 Stuart Massamá

Mais um troféu, desta vez a Taça da Associação de Lisboa, e mais uma vez, a vitória acabou escassa, faltaram golos, para o nosso domínio...

Atlético


Após a vitória em Chaves e a vitória do Atlético sobre o Felgueiras, a próxima eliminatória da Taça de Portugal está definida!
Mais uma vez, como visitante, vamos jogar contra um vizinho de Lisboa... vamos esperar para perceber se o jogo será na Tadapinha, ou noutro local... Pelo menos não vamos ter que fazer uma viagem longa!

Futsal Feminino: 6-1

Voleibol Feminino: 3-1

Hóquei em Patins Feminino: 12-2

O Benfica Somos Nós - S05E18 - Chaves...

Falar Benfica: Conversas Gloriosas #27

Manteigas #12 - Associativismo e Estratégia

SportTV: Cristóvão Carvalho

Vermelho no Branco #14 - Rui Gomes da Silva...

Eleições no Benfica — mudança 'versus' continuidade


"O facto de se terem apresentado muitos candidatos é sempre um fator de vitalidade de uma instituição. Contudo, o conteúdo da campanha foi muito pobre e ficou marcado ora por críticas à atual direção, ora por acusações àqueles que se apresentam como reais alternativas. Esperava que o debate se tivesse focado nas ideias e projetos que cada um tinha para apresentar.
Tal não aconteceu, por vários motivos. O primeiro foi porque, mais uma vez, se trouxe para o desporto o que não é do desporto. Quando se contratam empresas de comunicação que têm um ADN de destruição, e não de construção, o resultado só pode ser este que temos vindo a assistir: ataques pessoais, tentativas de gerar medo e dúvidas sobre a capacidade daqueles que se apresentam como alternativas, a disseminação de lixo tóxico nas redes sociais e a constante desinformação dos adeptos.
O segundo motivo tem a ver com a dificuldade de comunicação demonstrada por vários candidatos. Esta eleição gera um grande interesse mediático. Isto faz com que as diferentes candidaturas tenham a oportunidade de dar várias entrevistas, de falar em podcasts e de realizar debates, o que os deixa mais expostos. Esta exposição deveria ter sido utilizada para promoverem as suas ideias, para criarem impacto ou para transmitirem confiança aos sócios encarnados. Ao invés, o que ficou na retina foram uns quantos chavões mecanizados e sem grande conteúdo que foram repetidos vezes sem conta.

Oportunidade 'vs.' ameaça
Nas eleições do próximo dia 25 de outubro estão em causa dois caminhos: o primeiro passa pela continuidade do passado, com uma gestão pouco transparente e com muitos vícios que é representada por Luís Filipe Vieira e Rui Costa; o segundo caminho passa por um corte com o passado que permita a criação de uma nova dinâmica interna que traga transparência e reforce valores.
Naturalmente que o objetivo dos dois caminhos será sempre trazer vitórias ao clube, o que varia é a forma como podem ser alcançadas. Assim, numa primeira linha de raciocínio, o que está em causa é perceber se os sócios pretendem ou não uma mudança. Todos sabemos que as mudanças causam incómodo porque nos obrigam a sair da zona de conforto. Quem lidera tem a perfeita noção disto e tenta jogar com este ponto a seu favor. E como é que isto tem sido feito nesta campanha? A resposta é simples e bem visível. Quem lidera identifica aqueles que são as principais alternativas, e a partir desse momento cria uma campanha de acusações que vão circulando e que vão gerando a dúvida na cabeça dos votantes e sobretudo daqueles que têm menor propensão à mudança.
Assim, temos visto acusações relativas à capacidade de gestão de Noronha Lopes, através da análise minuciosa das empresas da sua esfera pessoal. Mas se a avaliação da capacidade de um gestor tiver por base os resultados das empresas da esfera pessoal, o que podemos dizer, por exemplo, de Rui Costa ou Luís Filipe Vieira? Este último teve empresas que ficaram a dever milhões à banca. E as empresas de Rui Costa, alguém pesquisa os seus resultados?
O mesmo se pode dizer relativamente ao chavão que foi criado em torno de João Diogo Manteigas, passando a mensagem de que é o Bruno de Carvalho do Benfica! Neste caso específico, percebo que a preparação que Manteigas tem dos vários dossiês é uma enorme ameaça para quem lidera.
De uma forma muito simples, Noronha Lopes e Manteigas são encarados como as principais alternativas num caminho diferente. Como tal são as ameaças a abater e a estratégia de quem lidera, ou esteve no poder, passa por criar dúvidas e receios naqueles que votam.

Transparência como motor
A transparência deverá ser sempre um dos motores de uma organização saudável. Ao longo da campanha, Rui Costa tem referido que há quatro anos assumiu o clube numa fase muito difícil por todo o contexto que estava a atravessar. Neste caso, surgem-me duas perguntas muito simples: Quem são os principais responsáveis por validar e controlar a gestão que o clube/SAD está a seguir? Quem tem o dever de defender a instituição? A resposta é simples: administradores ou vice-presidentes!
O dever de fiscalização é algo bem presente nos cargos que mencionei. Ora se Rui Costa foi administrador e vice-presidente o que é que ele fez para evitar que o clube chegasse ao ponto em que estava quando o assumiu? Mais, o que é que Rui Costa, como presidente, fez para esclarecer o passado e partir para o futuro?
Fiz este enquadramento para aplaudir uma das primeiras medidas que Noronha Lopes apresentou para os seus primeiros dias, caso seja eleito presidente. A concretização de uma auditoria independente aos últimos anos de gestão do Benfica é fundamental para identificar irregularidades ou erros procedimentais de forma a que estes possam ser corrigidos internamente.
Ainda no campo da transparência, a lista de Noronha Lopes ganhou pontos. Nuno Gomes saiu da empresa de gerenciamento de jogadores (em agosto), ao contrário de Rui Costa, que, como está visível no relatório e contas da Benfica SAD, é gerente da 10 Sports — gestão de carreiras e organização de eventos! Já Noronha Lopes dissipou todos os rumores maldosos que foram criados em torno da sua capacidade financeira.
Em matemática 1+1=2. Neste caso, o que Nuno Gomes e Noronha fizeram foi somar transparência com credibilidade. O resultado é o reforço da confiança que podem ganhar nos sócios votantes.

A valorizar: Cabo Verde
Garantiu a presença histórica no Campeonato do Mundo de 2026.

A desvalorizar: José Pereira da Costa
É inadmissível que, a poucos dias das eleições do Benfica, as diferentes listas ainda não tenham acesso aos cadernos eleitorais."

Benfica no sangue e no coração


"Quando em 1969 deixei para trás o Porto, a cidade onde nasci, para aceitar o convite do Quarteto 1111 e me mudar para Lisboa, deixei também para trás o Pop Five, o meu primeiro grande grupo, que me abriu as portas do Quarteto, muita da minha família, os meus melhores amigos e amores, numa decisão muito difícil de tomar, mas que viria a mudar radicalmente a minha vida.
Tinha 18 anos, o sonho de fazer da música o meu futuro podendo viver dela profissionalmente e sabia que, naquela época, tentar fazê-lo a partir do Porto era muito improvável, senão impossível, já que tudo o que dizia respeito à indústria musical estava sediado em Lisboa.
A adaptação à vida na capital não foi fácil, acabei por optar por viver em Cascais para estar perto do mar e da sala de ensaios do Quarteto, na Parede, mas com a ajuda dos meus companheiros de grupo e dos amigos que fui fazendo, tudo se foi tornando cada vez mais simples e mais familiar. De Lisboa não conhecia praticamente nada, mas uma grande paixão tinha nascido para mim havia sete anos, quando vi o Benfica, em 1962, vencer a sua segunda Taça dos Campeões Europeus, batendo o Real Madrid por 5-3 num jogo que sei de cor até hoje e a partir desse dia, já que até então clube nenhum tinha conquistado o meu coração, passei a sentir-me benfiquista de corpo e alma. A minha grande e única ligação sentimental e emocional à cidade de Lisboa era o Sport Lisboa e Benfica e as minhas incursões à capital tinham como único objetivo assistir, no velho Estádio da Luz, às magníficas exibições e vitórias que o meu clube me proporcionava.
Era na altura presidente do Benfica um homem extraordinário, Duarte Borges Coutinho, que entre 1969 e 1977 levou nos seus mandatos o Benfica a conquistar sete títulos de campeão nacional e a vencer três Taças de Portugal, o que deu a todos os benfiquistas como eu alegria e orgulho enormes, tal a qualidade do futebol que a equipa praticava e a raça com que jogava, sob a sua presidência exemplar.
Acompanhei este Benfica aqui em Lisboa entre 69 e 72, depois em Londres, à distância, onde vivi os anos de 73 e 74, para regressar a Portugal no final desse ano e cumprir o serviço militar. Quando, já casado e com duas filhas, voltei a Cascais, inscrevi-me finalmente como sócio do Benfica em 1977, pude então pagar o meu lugar cativo e durante décadas não perdi um jogo em casa, a não ser por questões de trabalho ou força maior.
Quando penso nesse Benfica é impossível não recordar que todo o plantel era constituído por jogadores portugueses que foram durante muito tempo a base da Seleção Nacional e que só em 1979, numa célebre Assembleia Geral do clube que tanta polémica deu, se abriram as portas a jogadores estrangeiros, muitos dos quais vieram acrescentar muita qualidade à nossa equipa principal, mas sempre em minoria no plantel do Benfica.
Sabemos todos que com o tempo tudo muda e que o futebol, continuando a ser um desporto e um espetáculo magníficos, tem hoje uma componente de indústria fortíssima, envolvendo muitas vezes interesses que nada acrescentam à realidade desportiva. Foi essa a razão por que a espaços me afastei do futebol, mas sempre a vibrar e a sofrer com o Benfica.
Aqui chegados, e tendo que aceitar esta realidade, há momentos na vida em que surge a oportunidade de corrigir erros passados e se abre a hipótese de construir um futuro melhor, mais promissor, mais seguro. As próximas eleições no Sport Lisboa e Benfica são um desses momentos. Saibamos aproveitá-lo.
Conheci o Martim Borges Coutinho Mayer através de um amigo comum e, para além da sua herança familiar, impressionou-me a honestidade e o seu compromisso pessoal, bem expresso no facto de, sendo como é um empresário industrial de sucesso, ter abdicado a 100% da sua vida profissional desde há seis meses para pensar o futuro do Benfica e assumir uma candidatura à presidência do nosso clube que transmite uma confiança e uma solidez admiráveis. Nesse nosso encontro, fiquei a conhecer a sua candidatura livre e independente, sem qualquer nome ligado a qualquer antiga gestão do clube, percebi que o seu projeto não se limita a apontar propostas concretas mas que explica claramente como as materializar, fiquei a conhecer a sua proposta para reduzir os custos correntes em 20% e implementar o Projeto Benfica Global, que passando pela abertura de escritórios de representação em França, Suíça, Estados Unidos e Canadá, juntamente com o lançamento do Cartão Angola e Moçambique, irá gerar um aumento muito significativo de receitas, mas, para além de tudo isto e de muito mais a que por falta de espaço aqui os interessados poderão ter acesso no programa da sua candidatura, que aconselho a todos os benfiquistas, entusiasmou-me acima de tudo o seu projeto para o futebol do Benfica, que acaba por ser a pedra basilar do sucesso de qualquer clube.
A identidade do Benfica, no projeto de Martim Mayer, passa pela criação de um modelo de jogo, desde as camadas jovens à equipa principal, que deverá levar no futuro a que uma boa parte dos nossos jogadores titulares possa ser proveniente dessas camadas jovens sem necessariamente serem vendidos ao fim de uma época na equipa principal. Os milhões que são anualmente gastos na compra de alguns jogadores estrangeiros que, na sua maioria, pouco acrescentam à qualidade e identidade do futebol do Benfica, deverão ser canalizados prioritariamente para valorizar os nossos talentos, remunerando-os na medida do seu justo valor, de forma que possam cumprir algumas épocas vestindo a nossa camisola antes de, quando o mercado assim o ditar, serem negociados por valores muito superiores àqueles por que têm sido vendidos prematuramente.
O futebol é o coração do Sport Lisboa e Benfica e um dos grandes focos do programa da candidatura. Nos últimos 35 anos somámos apenas 10 títulos de campeão nacional e 5 Taças de Portugal. Considerando todas as provas nacionais disputadas, a taxa de insucesso foi de 80 por cento.
Em 15 anos gastaram-se mais de mil milhões em compras de jogadores e fizeram-se mil e setecentos milhões em vendas. Destas vendas, mais de 650 milhões referem-se a jogadores formados pelo Benfica. Se excluirmos o valor de vendas de jogadores da formação, o saldo é próximo de zero e só nos últimos três anos o Benfica comprou 29 jogadores e vendeu 45. Do grupo de 29 jogadores que iniciou a época passada, 15 já saíram e dos 10 que chegaram ao longo da época, metade já saiu também. Tudo isto são números que fiquei a conhecer quando li pela primeira vez os eixos programáticos da candidatura Benfica no Sangue e dizem bem do muito que há que mudar no futebol do clube.
Por isso e por consequência a proposta de criação do cargo de um Diretor Geral de Futebol já anunciado, com uma visão de 360 graus sobre toda a estrutura do futebol profissional, da formação e do scouting, trabalhando em paralelo com o treinador da equipa principal que é um comandante absolutamente necessário para o sucesso da nossa equipa principal.
Se a tudo isto juntarmos o projeto de ampliação do estádio para 83.000 lugares, que deverá ser entregue à CBRE, uma das empresas líderes mundiais no setor, e a criação de uma cidade desportiva para as modalidades, penso que deixo clara a razão do meu apoio à candidatura de Martim Mayer.
A importância destas eleições no nosso clube é enorme, muito pelo tema da centralização de direitos, que pode ser crítica para o futuro do clube, mas também devido à falta de sucesso desportivo nos últimos anos e à necessidade de se preparar o futuro do Benfica.
Votemos todos de forma livre e consciente pelo clube do nosso coração. Eu voto Martim Mayer. Viva o Benfica!"

Prioridade (mas pouco) no Benfica


"Aposta na formação. A ideia está presente nos programas de todos os candidatos a presidente do Benfica. Estará, aliás, provavelmente nos planos de todos os presidentes de todos os clubes, mas no caso português, e especificamente no do Benfica, pouco tem passado de uma vontade, de um desejo concretizado episodicamente, sem linha estrutural que lhe permita alcançar estatuto de projeto.

«Aposta na formação. A ideia está presente nos programas de todos os candidatos a presidente do Benfica.»

As declarações de José Mourinho depois da vitória frente ao Chaves, para a Taça de Portugal, são sintomáticas. Depois de ter proporcionado a estreia a titular do médio-ofensivo João Rego, e de ter promovido a estreia absoluta do extremo Ivan Lima, o treinador disse que tudo irá fazer para «tentar dar continuidade ao Ivan [Lima] e a todos no Campus que sonham com isto».
Efetivamente, é um sonho para os jovens que crescem no Seixal, mas para o Benfica tem de ser muito mais. Rego trabalha em contexto de plantel principal há mais de uma época e ainda nenhum treinador o fixou numa posição para que ele possa crescer de forma sustentada; Ivan Lima foi chamado porque não há extremos com as características dele no plantel. Aliás, quase não há extremos.

«Efetivamente, é um sonho para os jovens que crescem no Seixal, mas para o Benfica tem de ser muito mais.»

A responsabilidade não é de Mourinho, de Lage, ou de outros treinadores antes deles, mas de uma cultura de clube (e de adeptos ) sem paciência, que se deslumbra na procura de resultados imediatos em detrimento da consolidação de capacidade. Mesmo quando Lage foi campeão em 2018/19 com uma série de miúdos como João Félix, Florentino, Ferro, Rúben Dias, ou Gedson Fernandes, a expetativa esfumou-se logo a seguir com a venda de Félix, empréstimos de Gedson e Florentino, para encontrar espaço para apostas caras como o alemão Weigl.

«O sucesso das equipas jovens do Benfica, nos últimos anos, merece melhor aproveitamento; não faz sentido investir tanto e tanto tempo para pouco proveito.»

Claro que João Félix, Rúben Dias ou João Neves são craques que não surgem todos os anos, nem todas as décadas, mas isso não significa que a formação não tenha capacidade para alimentar a equipa principal com jogadores competitivos, muitas vezes nada inferiores às aquisições. O sucesso das equipas jovens do Benfica, nos últimos anos, merece melhor aproveitamento; não faz sentido investir tanto e tanto tempo para pouco proveito.
Ter Rego, João Veloso, Leandro Santos, Gonçalo Oliveira, Ivan Lima e outros no plantel só porque faltam soluções, à espera da próxima janela de mercado para dar e voltar a baralhar, é fogo de vista. O destino se encarregará de dar palco aos predestinados, mas os outros, os bons, competitivos, merecem ser apostas e não apenas soluções de recurso.

«O destino se encarregará de dar palco aos predestinados.»

Esta ideia, apesar de romântica, reconheço, cria equipas e clubes mais fortes, planteis mais unidos, e cria riqueza para que quando se contrata caro seja para investir em alguém que entregue um futebol realmente diferenciado. Para seguir este caminho é preciso coragem, sobretudo da massa associativa, para saber esperar. Este não pode ser, definitivamente, apenas um sonho de jovens. Deve ser prioridade do Benfica."

BF: Desafios para Mourinho...

5 Minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Observador: E o Campeão é... - Sporting. "Uma equipa que defende mal não ganha campeonatos"

E se Félix aprender mesmo?


"Relativizar a geografia e focar no essencial: Cristiano Ronaldo continua a fazer bem a si próprio, mas também aos que o rodeiam

Um dos homens mais sábios com que me cruzei no futebol chama-se Jesualdo Ferreira e uma das suas frases de que guardo memória foi esta: «Um jogador que marque 20 ou 30 golos tem qualidade, jogue na Primeira Liga ou Distrital.» Serve isto para pôr em perspetiva o que Cristiano Ronaldo anda a fazer na Arábia Saudita, um campeonato que todos concordamos não ter o grau de dificuldade das principais ligas europeias, mas onde outros craques estão ou já estiveram e sem atingir os números do avançado português.
Nesta fase da sua carreira, discutir se é mais fácil ou mais difícil marcar golos no calor saudita é uma discussão pífia, quando o que está à vista de todos é uma ética de trabalho que parece apurar-se na medida exata da aproximação do fim do trajeto. Tão ou mais notável quanto a soma dos golos (e são muitos) é a inesgotável vontade de se superar e basta ver os seus jogos e conhecer um pouco da sua personalidade para perceber que CR7 defronta qualquer adversário saudita como se ainda estivesse no Bernabéu a marcar hat tricks em noite de Champions.
É esta atitude e força mental que permite a um dos melhores desportistas de todos os tempos continuar a espantar o mundo, aos 40 anos. Com golos fora da área como aconteceu ontem ou finalizações cirúrgicas, a dobrar, como se verificou na recente partida de Portugal frente à Hungria, o que fez dele o jogador da história com mais golos marcados em qualificações para Campeonatos do Mundo.
O mais notável disto tudo é que Cristiano Ronaldo parece estar em melhor forma e mais certeiro aos 40 anos do que aos 39, como se, outra vez, tivesse descoberto mais uma maneira de melhorar o desempenho, físico e mental. No caso dele já suspeito de tudo, porque é um jogador - e um homem - que busca a perfeição, lutando fundamentalmente contra si mesmo, e que usa esse combustível para elevar quem o acompanha.
Sorte de João Félix que pode beber de perto os ensinamentos de um atleta fora de série. Viver o dia a dia, no clube, é muito diferente dos estágios da Seleção, e seguramente que se ele assimilar metade da mentalidade do capitão da Seleção ainda estará a tempo de ganhar a relevância que muitos adivinhavam, mas já poucos acreditam."

Terceiro Anel: Hungria...

Terceiro Anel: DRS #26 - Live - GP EUA

Electronic Arts e a Arábia Saudita: quando o gaming se torna geopolítica


"A notícia caiu como uma bomba no mundo do gaming e dos esports: a Electronic Arts, uma das maiores e mais influentes publishers de videojogos do mundo, está a ser adquirida por um consórcio liderado pela Arábia Saudita num negócio avaliado em 55 mil milhões de dólares. O Public Investment Fund (PIF) saudita, em parceria com a Silver Lake e a Affinity Partners de Jared Kushner, está prestes a concretizar a maior aquisição privada da história, oferecendo um prémio de vinte e cinco por cento sobre o valor de mercado da EA e retirando a empresa da bolsa de valores.
Esta operação, prevista para estar concluída até 2027, representa muito mais do que uma simples transação financeira. Estamos perante uma mudança tectónica no panorama global do gaming e dos esports, com implicações que vão muito além dos videojogos e entram definitivamente no território da geopolítica e do poder económico global.

De Wall Street para Riade: uma transformação radical
A decisão da EA de sair da bolsa e passar para o controlo privado de um consórcio liderado pelos sauditas levanta questões fundamentais sobre o futuro da indústria. Andrew Wilson, o CEO da EA, permanecerá no cargo, mas a realidade é que as decisões estratégicas da empresa passarão a responder a um novo conjunto de prioridades e interesses que podem não estar alinhados com os valores e expectativas da comunidade global de jogadores.
A EA controla algumas das franchises mais importantes e lucrativas da indústria: EA Sports FC (anteriormente FIFA), The Sims, Battlefield, Apex Legends, entre muitas outras. Estas não são apenas marcas comerciais - são fenómenos culturais globais que influenciam milhões de pessoas diariamente. O controlo destas propriedades intelectuais por um fundo soberano representa uma concentração de poder sobre a cultura digital contemporânea que deve ser alvo de escrutínio rigoroso.

O padrão de centralização: uma preocupação antiga confirmada
Como temos vindo a alertar em artigos anteriores, a estratégia saudita de domínio do ecossistema dos esports e do gaming tem-se intensificado nos últimos anos. A aquisição dos principais Tournament Organizers através do ESL FACEIT Group, a criação da Esports World Cup com prémios recordes, os investimentos massivos em clubes e competições - tudo isto fazia parte de um padrão claro. Agora, com a aquisição da EA, esse padrão atinge uma nova dimensão.
A Arábia Saudita não está apenas a investir no ecossistema competitivo dos esports - está a adquirir o controlo sobre os próprios jogos que servem de base a essas competições. Esta integração vertical, do desenvolvimento dos jogos até às competições de topo mundial, cria um nível de controlo sem precedentes que deveria preocupar todos os que valorizam a diversidade, a independência e a transparência na indústria.

A sombra de Kushner: geopolítica e negócios de família
A presença da Affinity Partners de Jared Kushner neste consórcio adiciona uma camada particularmente preocupante a esta operação. Kushner, genro do ex-presidente Donald Trump e figura central na sua administração, recebeu dois mil milhões de dólares do Public Investment Fund saudita logo após o fim da presidência Trump. Esta ligação direta entre decisões políticas tomadas durante a administração Trump relativamente à Arábia Saudita e os subsequentes investimentos sauditas em empresas ligadas à família Trump levanta óbvias questões sobre conflitos de interesse.
Quando o poder político se entrelaça desta forma com negócios privados de tal magnitude, e quando esses negócios envolvem a aquisição de empresas que influenciam culturalmente milhões de pessoas globalmente, não estamos apenas perante uma questão de ética empresarial - estamos perante um problema de transparência democrática e de potencial instrumentalização da cultura popular para fins políticos.

Game-washing: o novo sport-washing
O conceito de "sport-washing" - usar investimentos desportivos para melhorar a imagem internacional de regimes com registos questionáveis em direitos humanos - está bem estabelecido. A Arábia Saudita tem sido acusada de usar esta estratégia através de investimentos no futebol, na Fórmula 1 e noutras modalidades. Agora, com a aquisição da EA e o domínio crescente sobre os esports, surge o "game-washing".
Os videojogos e os esports são ferramentas culturais poderosas que chegam a audiências jovens e globais. O controlo sobre estas plataformas permite não apenas projetar uma imagem positiva, mas também influenciar narrativas, moldar percepções e, potencialmente, exercer uma forma subtil de poder cultural. Quando uma nação com um historial controverso em liberdade de expressão e direitos humanos passa a controlar plataformas de entretenimento que alcançam centenas de milhões de pessoas, as implicações vão muito além do mero entretenimento.

Implicações práticas: transparência, empregos e conteúdo
Para além das questões geopolíticas, esta aquisição levanta preocupações práticas imediatas. A saída da bolsa significa menos transparência, menos obrigações de prestação de contas pública e menos escrutínio sobre decisões empresariais. A pressão para maximizar lucros a curto prazo pode diminuir, mas surge uma nova pressão: alinhar as operações com os objetivos estratégicos dos novos proprietários.
Há receios legítimos sobre potenciais cortes de emprego facilitados por inteligência artificial, sobre alterações nas políticas de diversidade e inclusão que têm caracterizado a EA nos últimos anos, e sobre possíveis mudanças nos conteúdos dos jogos para os tornar mais alinhados com valores conservadores ou para evitar temas sensíveis para os novos proprietários. Estas não são preocupações teóricas - são questões práticas que afetarão milhares de trabalhadores e milhões de jogadores.

A reação da comunidade: preocupação generalizada
As redes sociais, particularmente o X (antigo Twitter), têm estado a ferver com preocupações sobre esta aquisição. Os termos mais comuns nas discussões são reveladores: "dynasty vibes" (sentimento de dinastia), "power grabs" (aquisições de poder) e "who really owns gaming?" (quem é que realmente controla o gaming?). A comunidade de jogadores, tradicionalmente cética em relação a grandes corporações, está particularmente inquieta com esta concentração de poder.
Esta reação não é infundada. Quando uma indústria que se orgulha da sua natureza democrática e descentralizada - onde qualquer pessoa pode, em teoria, criar um jogo e encontrar uma audiência - se torna progressivamente controlada por um número reduzido de entidades com agendas políticas claras, há razões legítimas para preocupação.

O imperativo europeu: proteger a nossa indústria
Para a Europa e para Portugal, esta aquisição deve servir como um alerta final. Não podemos continuar a ser espectadores passivos enquanto o controlo sobre uma das indústrias culturais e económicas mais importantes do século XXI se concentra nas mãos de atores que não partilham necessariamente os nossos valores democráticos, de liberdade de expressão e de direitos humanos.
É urgente que a União Europeia desenvolva uma estratégia industrial para o setor do gaming e dos esports, protegendo e promovendo empresas europeias, investindo em talento e infraestruturas, e criando um ecossistema robusto que possa competir com estas megaoperações financiadas por fundos soberanos. Portugal, com o seu talento reconhecido em programação e design, pode e deve ter um papel protagonista nesta estratégia.

Conclusão: gaming como campo de batalha geopolítico
A aquisição da Electronic Arts pela Arábia Saudita marca o momento em que o gaming deixou definitivamente de ser apenas entretenimento para se tornar um campo de batalha geopolítico. As questões em jogo são sobre poder, influência e controlo cultural numa escala global.
A resposta não pode ser a ingenuidade ou a passividade. Temos de reconhecer esta realidade e agir em conformidade, garantindo que a Europa e Portugal desenvolvem capacidades próprias, protegem os seus valores e mantêm uma voz independente num ecossistema global cada vez mais concentrado. O futuro do gaming - e, por extensão, uma parte significativa da nossa cultura digital - está em jogo."