"O facto de se terem apresentado muitos candidatos é sempre um fator de vitalidade de uma instituição. Contudo, o conteúdo da campanha foi muito pobre e ficou marcado ora por críticas à atual direção, ora por acusações àqueles que se apresentam como reais alternativas. Esperava que o debate se tivesse focado nas ideias e projetos que cada um tinha para apresentar.
Tal não aconteceu, por vários motivos. O primeiro foi porque, mais uma vez, se trouxe para o desporto o que não é do desporto. Quando se contratam empresas de comunicação que têm um ADN de destruição, e não de construção, o resultado só pode ser este que temos vindo a assistir: ataques pessoais, tentativas de gerar medo e dúvidas sobre a capacidade daqueles que se apresentam como alternativas, a disseminação de lixo tóxico nas redes sociais e a constante desinformação dos adeptos.
O segundo motivo tem a ver com a dificuldade de comunicação demonstrada por vários candidatos. Esta eleição gera um grande interesse mediático. Isto faz com que as diferentes candidaturas tenham a oportunidade de dar várias entrevistas, de falar em podcasts e de realizar debates, o que os deixa mais expostos. Esta exposição deveria ter sido utilizada para promoverem as suas ideias, para criarem impacto ou para transmitirem confiança aos sócios encarnados. Ao invés, o que ficou na retina foram uns quantos chavões mecanizados e sem grande conteúdo que foram repetidos vezes sem conta.
Oportunidade 'vs.' ameaça
Nas eleições do próximo dia 25 de outubro estão em causa dois caminhos: o primeiro passa pela continuidade do passado, com uma gestão pouco transparente e com muitos vícios que é representada por Luís Filipe Vieira e Rui Costa; o segundo caminho passa por um corte com o passado que permita a criação de uma nova dinâmica interna que traga transparência e reforce valores.
Naturalmente que o objetivo dos dois caminhos será sempre trazer vitórias ao clube, o que varia é a forma como podem ser alcançadas. Assim, numa primeira linha de raciocínio, o que está em causa é perceber se os sócios pretendem ou não uma mudança. Todos sabemos que as mudanças causam incómodo porque nos obrigam a sair da zona de conforto. Quem lidera tem a perfeita noção disto e tenta jogar com este ponto a seu favor. E como é que isto tem sido feito nesta campanha? A resposta é simples e bem visível. Quem lidera identifica aqueles que são as principais alternativas, e a partir desse momento cria uma campanha de acusações que vão circulando e que vão gerando a dúvida na cabeça dos votantes e sobretudo daqueles que têm menor propensão à mudança.
Assim, temos visto acusações relativas à capacidade de gestão de Noronha Lopes, através da análise minuciosa das empresas da sua esfera pessoal. Mas se a avaliação da capacidade de um gestor tiver por base os resultados das empresas da esfera pessoal, o que podemos dizer, por exemplo, de Rui Costa ou Luís Filipe Vieira? Este último teve empresas que ficaram a dever milhões à banca. E as empresas de Rui Costa, alguém pesquisa os seus resultados?
O mesmo se pode dizer relativamente ao chavão que foi criado em torno de João Diogo Manteigas, passando a mensagem de que é o Bruno de Carvalho do Benfica! Neste caso específico, percebo que a preparação que Manteigas tem dos vários dossiês é uma enorme ameaça para quem lidera.
De uma forma muito simples, Noronha Lopes e Manteigas são encarados como as principais alternativas num caminho diferente. Como tal são as ameaças a abater e a estratégia de quem lidera, ou esteve no poder, passa por criar dúvidas e receios naqueles que votam.
Transparência como motor
A transparência deverá ser sempre um dos motores de uma organização saudável. Ao longo da campanha, Rui Costa tem referido que há quatro anos assumiu o clube numa fase muito difícil por todo o contexto que estava a atravessar. Neste caso, surgem-me duas perguntas muito simples: Quem são os principais responsáveis por validar e controlar a gestão que o clube/SAD está a seguir? Quem tem o dever de defender a instituição? A resposta é simples: administradores ou vice-presidentes!
O dever de fiscalização é algo bem presente nos cargos que mencionei. Ora se Rui Costa foi administrador e vice-presidente o que é que ele fez para evitar que o clube chegasse ao ponto em que estava quando o assumiu? Mais, o que é que Rui Costa, como presidente, fez para esclarecer o passado e partir para o futuro?
Fiz este enquadramento para aplaudir uma das primeiras medidas que Noronha Lopes apresentou para os seus primeiros dias, caso seja eleito presidente. A concretização de uma auditoria independente aos últimos anos de gestão do Benfica é fundamental para identificar irregularidades ou erros procedimentais de forma a que estes possam ser corrigidos internamente.
Ainda no campo da transparência, a lista de Noronha Lopes ganhou pontos. Nuno Gomes saiu da empresa de gerenciamento de jogadores (em agosto), ao contrário de Rui Costa, que, como está visível no relatório e contas da Benfica SAD, é gerente da 10 Sports — gestão de carreiras e organização de eventos! Já Noronha Lopes dissipou todos os rumores maldosos que foram criados em torno da sua capacidade financeira.
Em matemática 1+1=2. Neste caso, o que Nuno Gomes e Noronha fizeram foi somar transparência com credibilidade. O resultado é o reforço da confiança que podem ganhar nos sócios votantes.
A valorizar: Cabo Verde
Garantiu a presença histórica no Campeonato do Mundo de 2026.
A desvalorizar: José Pereira da Costa
É inadmissível que, a poucos dias das eleições do Benfica, as diferentes listas ainda não tenham acesso aos cadernos eleitorais."

Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!