"Amiúde, encontrarmos abordagens à eventual criação de um campeonato continental, composto pelos maiores clubes dos principais ligas europeias.
O presidente da Associação Europeia de Clubes já falou sobre o tema, a par de muitos responsáveis de clubes e a par de muitos outros elementos ligados a várias e inúmeras instituições.
Pessoalmente, não duvido de que será tudo uma questão de tempo e dinheiro. Não excluo a hipótese de existir uma estratégia inteligente concertada dos clubes que participam nas maiores cinco ligas europeias Alemanha, Inglaterra, França, Espanha e Itália, no sentido de pressionar a UEFA a transformar a Champions numa competição ainda mais milionária a apetecível pelos patrocinadores e pelos media.
Se seguirmos à risca os princípios que regem o funcionamento da União Europeia, a livre circulação de empresas e o direito de estabelecimento permitirão até a gestão por uma entidade privada desse campeonato continental.
É evidente que a Ásia é o mercado que está na 'berra'. É o mercado com mais futuro em termos de poder de compra.
Tal acumulação de moeda deveu-se ao crescimento económico, essencialmente centrado no sector industrial, onde pontificava uma agricultura antiga, rudimentar e artesanal, sem a utilização de qualquer maquinaria. A tudo isto, aliou-se um forte sector financeiro, sediado e Hong Kong, que já possuía características de mercado financeiro, graças à sua matriz inglesa.
A par do mercado asiático, temos um mercado norte-americano, onde se pretende implantar a atracção pelo futebol europeu, pelo menos enquanto desporto alternativo.
A tudo isto junta-se o enorme potentado financeiro e empresarial inerente ao desporto-espectáculo.
Agnelli, o presidente da Juventus e dono do grupo automóvel Fiat, com óbvios interesses comerciais, referiu em tempos: 'A Liga dos Campeões vale 1,5 mil milhões de euros em direitos televisivos, contra quase 7 mil milhões da NFL (campeonato de futebol norte-americano). Ora, os estudos mostram que dos 2 mil milhões de adeptos do mundo, 1,6 mil milhões são de futebol, e apenas 150 milhões de futebol norte-americano'.
A UEFA não demorou tempo a responder, e a partir de 2018/19 os clubes dos quatro países mais bem classificados no ranking - neste altura, e por larga margem, são Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália - terão quatro equipas directamente na fase de grupos da Liga dos Campeões, sem necessidade de play-off.
A prova irá continuar a ser disputada por 32 clubes, divididos em oito grupos de quatro, pelo que metade das vagas será ocupada por emblemas dos quatro países mais poderosos. A eles juntar-se-ão o campeão europeu e o vencedor da Liga Europa.
A distribuição de lugares dos primeiros 10 países do ranking irá manter-se. Quer isto dizer que Portugal, caso continue entre o quinto e o sexto lugar, terá três equipas na prova (duas directamente). No entanto, se cair para sétimo, ficará apenas com o campeão e o 2.º classificado, sendo este obrigado a disputar duas rondas.
Sem prejuízo de fazermos um artigo mais detalhado sobre as receitas da UEFA que também aumentaram, é imperioso que Portugal desenvolva a sua marca em termos de futebol e que não a denigra. A marca é o cartão de apresentação mais valioso, pois é sabido que em termos económicos nunca seremos ninguém com poder.
Existe uma excelente tese de mestrado, da autoria de Joana Barbosa Branco, intitulada 'O jogador profissional de futebol em Portugal no quadro europeu: a problemática referente à nacionalidade', que entre muitos outros, poderá servir de 'pano de fundo' de estudo do que há a fazer pelo futebol português, aproveitando a emigração de muitos jogadores portugueses noutros campeonatos.
(...)
Temos jogadores a mais, ou a menos, por essa Europa fora?"
Pragal Colaço, in O Benfica