"Não seria preciso dizer muito mais do que está escrito aqui ao lado, para se perceber como a partida da próxima quarta-feira, relativa à Taça de Portugal, poderá tornar-se dramaticamente traiçoeira, caso não seja encarada por todos nós (e incluo sócios e adeptos) como aquilo que verdadeiramente é: um grande clássico, carregado de rivalidade, onde tudo pode acontecer.
É, um facto, que o resultado trazido do Dragão deixa margem para algum optimismo. Estamos em vantagem, e vamos decidir o apuramento em nossa casa.
Mas os dois golos obtidos podem revelar-se insuficientes se o Benfica a eles se encostar, pois, não tenhamos dúvidas que o nosso adversário vai fazer o que pode, e o que não pode para, mais do que vencer a Taça, não deixar que sejamos nós a vencê-la.
Um golo nos momentos iniciais (e sabemos como eles entram normalmente nas partidas, procurando explorar as primeiras hesitações do outro lado) pode transformar este jogo num desafio à coragem e à resistência com efeitos imprevisíveis, e a única forma de o evitar será mantendo os níveis de concentração elevados, e entrando em campo como se o resultado estivesse a zero.
Até me arrepio quando oiço dizer que esta meia-final está quase ganha. Faltam noventa minutos diante de um adversário que nos odeia muito para além do orgulho que tem em si próprio. E não esqueçamos que temos de contar com o pouco fiável desempenho de uma equipa de arbitragem nomeada por uma FPF cujo poder e influência passa demasiado por Lourenço Pinto e pela AF Porto. Creio serem argumentos suficientes para olhar esta partida, senão com apreensão, ao menos com o respeito das grandes ocasiões.
Aos adeptos cabe encher o Estádio, e, sempre dentro das parâmetros da civilidade que é própria do Benfica, criar um clima vibrante de paixão, que empurre os nossos jogadores para a vitória, e tente condicionar o desempenho dos rivais.
Só com uma equipa mentalizada para as dificuldades que tem por diante, e com adeptos mobilizados para a apoiar, será possível chegar ao Jamor."
Luís Fialho, in O Benfica