Últimas indefectivações

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Entrada vitoriosa...

Benfica 101 - 85 Terceira Basket

(25-24, 26-22, 18-27, 32-12)



Jogo típico de pré-época, com muitos erros, e praticamente sem 'defesa'!!! Os lesionados Ben, Seth e Betinho ainda não foram opção. O jogo ficou marcado pela lesão do Tomas Barroso, espero que tenha sido só o susto, até porque o Barroso estava a ser um dos melhores do Benfica (sem surpresa para mim...). O único jogador do Benfica, 'desconhecido' era o Scott, e deixou boas indicações... Péssimo terceiro período do Benfica, e um quarto período com um Sérgio 'triplista', a decidir!!!


O Troféu António Pratas, é um troféu de pré-época oficial (organizado pela Federação), o ano passado até correu mal, mas o Benfica entra em todas as competições para vencer... creio que no Domingo contra o Barreirense a oposição será mais forte, isto apesar desta equipa da Terceira ter jogado muitíssimo bem (no ataque), com 4 Americanos inspirados, e o Diogo Gonçalves (ex-Benfica formação) a mostrar qualidade...


Rigoletto e Sparafucile

"Ninguém sabe se veio ou se não veio. Se é autêntico ou um produto da nossa imaginação. A verdade é que a sombra do vigilante pairou sobre o palco como uma maldição de tempos coevos. Eram olhos sobre olhos. Um olhar a tomar conta de todos os olhares. Neves Moreira tremeu como se, de repente, se esquecesse da sua fala. Não deixou, por esse motivo, de ser incompetente. Mas tremeu. Habituando a que sejam permitidas todas as malfeitorias ordenadas pelo Madaleno, sentiu sobre si, e sobre os seus actos, uma atenção inusitada. Inusitada porque isenta. Repito: tenha ela sido um facto ou não. E as pedras e os calhaus??? Ficaram nos bolsos. E as bolas de golfe??? Ficaram guardadas nas lancheiras à mistura com côdeas ressessas e tripas enfarinhadas frias.

Houve quem, por isso, tivesse perdido a viagem. Outros, mais afoitos, debandaram na busca ansiosa de um viaduto sem guarda, cosidos com as esquinas, saco de seixos ao ombro como se carregassem o cadáver de Gilda, filha de Rigoletto. Ah! Porque neste teatro do grotesco também existe um Sparafucile, assassino desta vez assassinado com um golpe nos glúteos. Tudo mentira, tudo falso, tudo ópera, tudo palhaçada! O saco de seixos é, desta vez, atirado às águas barrentas do rio: só a ponte do velho Eiffel ficou sem guarda. O Madaleno faz de Duque de Mântua. Leva jeito no seu jeito de nenhum jeito ter. Troca olhinhos com Madalena e faz-se desinteressado da peça que vai chegando aos fim. É também a ele que vigiam, se é que vigiam. Mantém-se distante, quase mudo. Tem medo! Sim, ele também tem medo. Eras começam a sumir-se no tempo que de eras vem. Sempre foi um poltrão disfarçado de artista. E remói a inveja. Não queria ter o papel de Duque. Queria ser Rigoletto - nasceu para bobo da corte."


Afonso de Melo, in O Benfica

Objectivamente (de Luanda...)

"Desde Luanda, onde escrevo esta crónica, ainda se fala do clássico, FC Porto-Benfica, e das queixas de jogadores e treinador sobre a arbitragem de Jorge Sousa. E a indignação das pessoas é audível em todas conversas sobre o assunto.

Como é possível um clube, que tem sido beneficiado escandalosamente com as arbitragens nos últimos 30 anos, vir reclamar de um árbitro que até é conhecido como adepto do FCP e que 'cometeu o crime' de não mandar para rua Oscar Cardozo por se ter desentendido com o fogoso Fucile num lance em que os dois de pegaram?

Já não se lembram das poucas-vergonhas que aconteceram, não apenas nas Antas, mas também em Coimbra, Faro, Portimão, Alvalade, Luz, Setúbal, Aveiro, Guimarães, Braga, Famalicão, Covilhã, etc. etc., ou seja, em todas as cidades que receberam os grandes dominadores do Sistema que durante anos e anos tem sufocado o Futebol português. José Pratas a correr à frente de Fernando Couto, João Pinto e toda a equipa 'azul e branca'. Irmãos Calheiros a harmonizar, a prolongar e a adornar vitórias portistas.

José Silvano, na maior parte das vezes com inqualificáveis decisões, tal como Rosa Santos, Fortunato Azevedo ou António Marçal. Foram tantas, tantas, tantas que até se torna indigno ouvir este pessoal falar de prejuízos de arbitragem!

Aqui, em África, os adeptos do Futebol português, têm uma ideia perfeitamente clara sobre o assunto. Sabem bem o que aconteceu durante anos e anos, e o que ainda vai acontecendo todos os anos com os actuais árbitros de elite apaparicados por quem manda na Liga e na Arbitragem. É só ver quem são, o que fazem e de onde vieram.

É só fazer contas. Não tem nada a saber.

Não têm mesmo vergonha nenhuma!!!"


João Diogo, in O Benfica

A banalidade

"Banalmente, o Benfica empatou no estádio do FCP. Um empate é um resultado banal. O jogo foi banal. E nesta banalidade reside a novidade.

O facto de o Benfica ter ido jogar contra o FCP e ter acontecido apenas a banalidade de um jogo de futebol é algo de extraordinário. Não houve agressões gratuitas, não houve violência bárbara, não houve apedrejamento do autocarro dos nossos, não houve ameaças aos profissionais do nosso clube, não se criou um clima de terror, não se assistiu a espectáculos deprimentes dados por títeres de apito na boca e ninguém se lembrou de inocentemente incendiar o ambiente com ironia dita fina.

Tudo isto deveria ser referido, louvado e dado como a primeira explicação para que o Benfica pudesse sair do estádio do adversário com a ligeira vantagem de ter empatado no terreno do principal rival na luta pelo título. No entanto, e cito as palavras de Eça de Queirós, “Neste país, no meio desta prodigiosa imbecilidade nacional” o que serviu de tema para discussão foi (pasme-se!) um imaginado pontapé do Cardozo no rabo do Fucile. Pontapé que não existiu e que provocou em Fucile o acto reflexo de se queixar da cabeça antes de se lembrar que talvez fosse melhor queixar-se do traseiro. Sempre dava mais verosimilhança à encenação. Depois, foi um corre-corre de especialistas em física, cinética, balística e generalidades afins para provarem como a simples deslocação do ar junto à região glútea pode provocar dores imediatas na cabeça e, como tal, o malvado Cardozo deveria ter sido expulso por nunca ter agredido o Fucile.

Afinal, a banalidade manteve-se no pós-jogo. Por cá, já é banal fazer de um não existente pontapé no rabo um assunto de interesse nacional. Por outro lado, a corrupção no desporto, de tão banal, já nem é discutida. É, como tantos outros assuntos, convenientemente esquecida e diligentemente silenciada."


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Bilhete para um Outubro feliz

"A dura verdade para o Benfica é que jogou muito abaixo daquilo que sabe no Dragão. Ficar contente com o empate no Dragão seria demasiado pobre para um clube como o Benfica. O empate, pode até saber a goleada psicológica, mas apenas porque os portistas passaram o jogo todo a chorar a perda de Villas Boas, não porque o Benfica tenha deslumbrado. Mortífera aquela foto de um adepto portista a ler um livro de Villas Boas durante o jogo que veio publicada em A BOLA de sábado.

Em bom rigor apenas Jorge Jesus foi muito melhor que Vítor Pereira, em tudo o resto o jogo foi muito equilibrado. Aquela ideia de Vítor Pereira de tirar o melhor jogador em campo a 15 minutos do fim é original. Vítor Pereira ficou tão abanado com o jogo realizado contra o Benfica, que o continuou a 'preparar' nas conferências de imprensa posteriores, esqueceu-se do Zenit e levou três.

Estava a ultimar pormenores do jantar do centenário do meu velho Académico do Porto e não vi o jogo de São Petersburgo, mas diz quem viu que podia ter sido pior. Alguém lhe diga que agora só volta a jogar contra Jorge Jesus na segunda volta (para diminuir o pesadelo), e para que isso aconteça tem que conseguir ainda ser treinador do FC Porto na altura. Os portistas são exigentes, sabem de futebol, e não costumam facilitar.

O FC Porto que jogou contra o Benfica repetiu dez, dos onze jogadores que o ano passado golearam por cinco, a diferença foi mesmo Vítor Pereira, aposta pessoal do presidente portista.

Jorge Jesus sabe que a regularidade é decisiva e amanhã não poderá facilitar frente a um Paços ferido.

Da Roménia o Benfica trás três pontos, uma classificação para os oitavos da Liga dos Campeões mais próxima, mas também muito cansaço. Ganhar ao Paços é por agora o bilhete para um Outubro feliz. Jorge Jesus sabe que podemos fazer ainda melhor e vai exigir isso dos seus jogadores."


Sílvio Cervan, in A Bola

A lusofonia e o Desporto

"Em 1997, Xanana Gusmão, líder da guerrilha timorense, encarcerado na prisão de Cipinang, em Jacarta, Indonésia, desde 1992 (seria libertado em 1999), foi fotografado na companhia de outros detidos e essa imagem, que teve um significado político muito especial, deu a volta ao Mundo. É que, no momento da foto, para mostrar a ligação afectiva a Portugal, que esgrimia argumentos, na ONU, com a Indonésia, pelo direito do povo de Timor Leste à autodeterminação, Xanana decidiu usar um boné do Benfica, o clube do seu coração.

Em Maio do ano passado, Luís Filipe Vieira e Nuno Gomes estiveram em Timor Leste a convite de Xanana, estabelecendo pontes para uma ligação mais efectiva entre povos que se conhecem desde 1702. Foi uma viagem fantástica, que teve no encontro com Xanana Gusmão, em Maubisse, durante uma acção de democracia directa que o líder timorense aí levava a cabo, o ponto mais alto.

Em plena zona montanhosa, a dois passos do Monte Ramelau - durante séculos o ponto mais alto do Império português - depois de ultrapassar centenas de curvas, apenas amenizadas pelo divino cheiro a café que vinha das plantações, a comitiva encarnada ouviu, então, de Xanana, um grito do fundo da alma, «Viva o Benfica!», que comoveu Filipe Vieira mais do que tudo o que viveu do outro lado do Mundo.

Ontem, Xanana esteve em Lisboa e o encontro entre os dois homens era inevitável. Porque Xanana Gusmão é benfiquista e não só: porque o Desporto, seja qual for a modalidade ou o clube, é o mais forte elo da ligação entre os povos lusófonos, um meio privilegiadíssimo para todos nos sentirmos mais próximos, no respeito pela independência de cada um, mas também na comunhão de paixões."


José Manuel Delgado, in A Bola

O primeiro trio de ataque!

"O jogo com o Otelul Galati parece ter despertado certas consciências para um facto que repete no Benfica, desde a época passada, embora com diferentes resultados. Ao perguntar a Jorge Jesus se o recuo de Javi Garcia para assegurar o momento inicial de construção de jogo, em várias fases do jogo, configurava uma nova experimentação táctica do treinador do Benfica, o autor da pergunta ignorou que essa marca já está há muito tempo no perfil de jogo do clube das "águias".

De facto, o que sucede agora é que o encaixe do médio espanhol entre os defesas centrais, no primeiro momento de organização de jogo, está a tornar-se mais eficiente e mais completo. É o primeiro trio de ataque no Benfica, a partir das imediações da sua área. E por isso, também, mais assumido pela equipa. E, além de Javi Garcia, outros dois jogadores são fundamentais para que a solução tenha uma continuidade lógica que vá para além da aparência. São os casos de Garay e Witsel. Ao transformar-se quase num primeiro losango a atacar, o Benfica precisou de resolver dois problemas. Na defesa, com a saída de David Luiz, um central com qualidades técnicas maravilhosas mas com um gosto inadequado para o risco. Quantas vezes o internacional brasileiro foi visto a perder a posse de bola, em situações que expunham imediatamente a equipa ao risco de sofrer um golo?

Quando Javi Garcia recua, esticando Luisão para a direita e Garay para a esquerda, o primeiro fundamento de jogo que deve estar na cabeça destes três jogadores é não perder a bola, até que ela seja entregue num departamento seguinte de construção de jogo. É por isso que Garay, um central sereno, pouco aventureiro e com qualidade de passe, acrescenta segurança na forma como o Benfica inicia as suas jogadas de ataque.

Nas laterais, Maxi Pereira, principalmente e Emerson, dão a latitude necessária à equipa, na forma como o Benfica prepara as suas saídas de bola, com fiabilidade, segurança e critério. Não sendo imune ao erro, este formato acaba por preparar melhor a equipa para uma eventual perda de bola, ao mesmo tempo que assegura que os jogadores se espalham melhor em criteriosas ocupações de espaços, que escapem melhor a uma eventual pressão alta do adversário.

Além de Javi Garcia, a predominância de Alex Witsel, no momento posterior de construção, tornar-se vital para a equipa conseguir ganhos de eficiência na forma como consegue ultrapassar os alertas de pressão dos oponentes. Porque se trata de um jogador que não perde a bola, que a encaminha para o ataque, com diversidade nas soluções que propõe aos companheiros e porque é a nova apólice de seguro de Jesus. Um jogador enorme, destinado a ser, no futuro, um dos médios de referência do futebol mundial e que já transformou a incerteza na segurança, a fraqueza em força motriz do meio-campo do Benfica.

Trata-se de um Benfica menos espectacular do que aquele que venceu o campeonato na primeira época de Jorge Jesus, mas indubitavelmente uma equipa com melhor preparação táctica para enfrentar uma competição como a Liga dos Campeões e o desafio de recuperar o título de campeão nacional."


Canal Sport

"O aparecimento de um novo canal de desporto para fazer concorrência à Sport TV é uma boa notícia. Primeiro, e antes de qualquer outra razão, porque – independentemente da sua natureza – os monopólios são perversos.

O Benfica desencadeou uma luta pelo retorno do seu valor comercial. Com indiscutível habilidade, sempre ao lado de Pinto da Costa, Joaquim Oliveira construiu um império. Com a sagacidade de se mover em todo o tipo de terrenos, a norte e a sul, teve um papel crucial na afirmação do FC Porto no panorama futebolístico nacional, ao mesmo tempo que concorria para o enfraquecimento de Benfica e Sporting. Joaquim Oliveira foi e continua a ser um dos maiores “bastiões” do “sistema”: ao lado do FC Porto; ao lado do Benfica e Sporting; ao lado do Boavista; ao lado da FPF; ao lado da Liga e... “last but not least...”, como cereja no topo do bolo, ao lado do poder político. Chegou o momento de deixar de “jogar”... sozinho.

Os dirigentes dos clubes lisboetas, ou porque estavam amarrados de pés e mãos (no caso do Benfica, durante muitos anos, as consequências resultantes da “guerra” movida por Vale e Azevedo falaram mais alto) ou porque a lógica dos financiamentos antecipados foram a almofada em que muitos clubes se quiseram deitar, nunca trataram de apurar os efeitos nocivos desse monopólio. Ao invés, alimentaram-no.

A sagacidade de Joaquim Oliveira criou a raiz: por cada financiamento antecipado, prorrogava a vigência dos contratos – e assim se chegou ao atual momento em que a solução achada por outros países, no sentido da centralização pela(s) Liga(s) das receitas resultantes dos direitos de transmissão televisiva, não parece mais do que uma miragem.

A Sport TV vende as imagens a quem quer, quando quer, nos horários que mais lhe convêm, faz a administração da relação custo/audiências relativamente aos interesses dos seus parceiros, e ninguém lhe sai ao caminho, porque a luta é difícil e também porque ninguém está para fazer ao negócio do dia-a-dia aquilo que Raul Solnado pedia em relação à guerra, que era qualquer coisa como “parem lá com isso um bocadinho para irmos almoçar”. E, neste impasse, e também com a sagacidade extra de ter marcado terreno na comunicação social (onde se dirimem lógicas de emprego e de alinhamentos vários), foi possível ver florescer um negócio que aparece agora seriamente ameaçado com o posicionamento “premium” de Miguel Pais do Amaral neste sector.

Infelizmente, a regulação, nesta conjuntura, só pode ser realizada através da concorrência. Os monopólios geram poderes diretos e indiretos e o que se paga é excessivo face à qualidade da oferta. A Sport TV não deveria ser o 17.º clube dos treinadores – o 1.º entre os técnicos desempregados – e deveria mostrar-nos as imagens que não nos mostra, porque sabe que o poder da imagem é fortíssimo e na sua (não) divulgação também é um grande negócio. E, também nesse aspeto, convém ter mais atenção ao pormenor e aos ângulos das repetições...

NOTA – Chegou a altura de Pinto da Costa confirmar que André Villas-Boas era, de facto, o “adjunto” de Vítor Pereira."

Rui Santos, in Record

PS: Este deve querer 'tacho'!!!!