"Amanhã, vencer a Taça da Liga é obrigatório. Desde logo porque é um título, depois porque seria a quarta vitória consecutiva, feito inédito no nosso palmarés. Tenhamos, no entanto, a convicção de que será difícil, quer pela qualidade e motivação do Gil Vicente, que este ano já venceu FC Porto, SC Braga Sporting, quer porque há sempre obstáculos extras que por vezes se tornam os mais eficazes do jogo.
Conversava ontem com um dirigente desportivo sobre a hipótese de a Taça da Liga ficar em risco se o Benfica vencer. E ele confirmou-me que bem pode acontecer. Não há estômago na concorrência para ver o Benfica vencer. Como se viu este ano no Campeonato mais fraudulento dos últimos 10 anos. Quando digo fraudulento quero significar, também, viciado, aldrabado, vigarizado, adulterado. Julgo portanto que perceberam o meu ponto de vista.
Irei a Coimbra ver a final com respeito pelo Gil Vicente mas desejoso que os folhetins desta semana em nada tenham alterado a vontade de vencer. O Benfica ganhou a sua primeira Taça da Liga ao Sporting, venceu a segunda ao Jorge Sousa (muito forte nesse jogo) e ao FC Porto (muito fraco nesse jogo), ambos os jogos disputados no Algarve. Duas vitórias em solo algarvio e logo se mudou a final para Coimbra certamente por vantagens logísticas. Ora, depois de vencer o Sporting nas meias-finais do ano passado, o vencedor foi o mesmo numa final difícil contra o P. Ferreira de Rui Vitória. Este ano era bom vencer novamente.
Vencer tem de ser um vício. Vencer tem de ser uma obsessão. O Benfica que se fez grande e nacional pelo ciclismo, fez-se enorme e mundial pelo seu hábito de vencer no futebol e em todas as modalidades em que participa. É esse ADN que se tem de implementar. Vencer é uma obrigação natural e não vencer é um drama, um flagelo a combater. As equipas do Benfica não são grupos folclóricos excursionistas, são grémios de campeões."
Sílvio Cervan, in A Bola