Últimas indefectivações
quinta-feira, 17 de março de 2022
A 5.ª etapa do inferno de Dante
"Em 1960, a prova-rainha do ciclismo português deu a conhecer uma das etapas mais difíceis da sua história
O ciclismo é um desporto de valores humanos; a fraternidade e abnegação pela equipa, a solidariedade com os outros, a coragem e resiliência individuais. A Volta a Portugal de 1960 foi reconhecida como uma das mais violetas até então. Decorreu de 14 a 28 de Agosto e atravessou 18 etapas por mais de 2600 quilómetros. Esperava-se uma prova cheia de emoção! Eram 116 os ciclistas inscritos, 'mais que na Volta à França', e entre eles figuravam espanhóis, italianos e franceses.
De 'águia ao peito' foram Jo
ao de Brito, Manuel Simões, Armando Ramos, Henrique Castro, Eugénio dos Santos, José Anastácio e Ilídio do Rosário, o benfiquista mais promissor, que conquistou a camisola amarela na 4.ª etapa, ao chegar a Braga.
Questionado se lutaria pela 'hipnotizante camisola', afirmou não pensar nisso, mas sim em defender a camisola e as cores do Benfica. Desse ponto de vista, iria lutar em nome da equipa e só lhe tirariam a camisola 'quando cair para o lado'. Há palavras que, quando ditas, produzem um efeito profético. A 5.ª etapa ligou Braga e Viseu, mais de 230 quilómetros de subidas exasperantes e estradas em más condições, e foi percorrida sob um dilúvio dantesco. A cinco quilómetros da meta, Ilídio do Rosário cairia para cima de um monte de pedras, devido ao seu desgaste físico causado, particularmente, pela fome. Em mais de 200 quilómetros comera só três bananas e uma laranja. Embora os alimentos distribuídos fossem suficientes, a chuva estragou grande parte deles, sobretudo os de composição sacarina. 'A fome era tanta', que teve de comer as secas cascas da laranja.
Manuel Simões caiu perto de Viseu, tendo sido levado para o hospital com uma fratura na cabeça, acabando por desistir. Outros também o fizeram, como o grande Alves Barbosa. A equipa francesa da Peugeot não compareceu sequer no início da 6.ª etapa. Tornaram-se medidas excepcionais para apoiar as equipas adiou-se em uma hora a partida do dia seguinte para prolongar o descanso, dispensaram-se multas diversas e repescaram-se 42 corredores que não cruzaram a meta em tempo útil.
Ainda assim, apenas 50 ciclistas cruzariam a meta final, quatro deles envergando a camisola do Benfica. José Anastácio foi o que melhor se classificou, em 21.º lugar.
Embora criticada, a 'Volta 60' mediu o desempenho dos atletas e permitiu compreender a evolução da modalidade. O Benfica ganhou embalo, reforçando, ao longo da década, a sua notoriedade no ciclismo.
Conheça mais histórias sobre o ciclismo do Benfica na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
Jogo das Casas
"Hoje abordamos o dia das Casas do Benfica, o sorteio da Liga dos Campeões e as questões levantadas em torno do VAR.
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Domingo é dia de jogo dedicado às Casas do Benfica, uma tradição anual que visa enaltecer e premiar a notável dedicação em prol do engrandecimento do Benfica por parte de milhares de benfiquistas por todo o mundo naquelas que são verdadeiras embaixadas do benfiquismo.
O dia contará com diversas atividades nas imediações do Estádio e, no intervalo do jogo, haverá o desfile no relvado de representantes de mais de uma centena de casas.
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Já são conhecidos todos os clubes que integram os quartos de final da Liga dos Campeões e que irão amanhã a sorteio às 11h00. O Benfica é o único que iniciou o percurso nas rondas de qualificação e também o único representante de um campeonato não pertencente aos chamados "Big5".
Chelsea, Liverpool e Manchester City, de Inglaterra, Atlético Madrid, Real Madrid e Villarreal, de Espanha, e Bayern Munique são os possíveis adversários.
O Benfica já defrontou, em competições oficiais, todos excepto o Manchester City. O Bayern Munique foi aquele com que mediu forças mais vezes (12), seguido do Liverpool (10).
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A propósito da passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões, não deixe de ver ou rever aqui o vídeo dos bastidores da contenda com o Ajax.
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Entretanto os dias passam e continuamos sem saber quanto tempo vão ficar de fora das nomeações Manuel Oliveira e André Narciso, árbitro e vídeoárbitro, respetivamente, da partida com o Vizela e principais responsáveis pelo erro gritante da grande penalidade por assinalar na área dos vizelenses.
Assim como está por esclarecer ainda, nomeadamente através da divulgação pública dos áudios, o que foi dito entre a equipa de arbitragem na avaliação do tal lance.
A transparência é fundamental para que haja confiança. E tem de haver competência também. O VAR chegou com o intuito de auxiliar a muito difícil tarefa de se arbitrar um jogo de futebol, não o de criar mais polémica. É manifestamente incompreensível como são pelo menos nove os pontos sonegados ao Benfica nesta edição do Campeonato por erros de arbitragem clamorosos, facilmente evitáveis caso o VAR tivesse intercedido corretamente conforme lhe compete."
Lidamento!
"Esta temporada, o SL Benfica disputou 12 jogos na Liga dos Campeões. Perdeu apenas dois, com o Bayern de Munique, na fase de grupos.
Já sabemos que foi apenas sorte. É que é preciso ter muita sorte para, na mesma temporada, apanhar os piores Spartak Moscovo, PSV Eindhoven, Barcelona, Dínamo de Kiev e Ajax dos últimos 30 anos.
No caso do Ajax ainda mais sorte houve, porque na mesma época coincidiram o melhor Ajax do século, o que esmagou o Sporting, e o pior dos últimos 30 anos, o que foi eliminado pelo Benfica."
Ladrões da semana!
"Ora aí está. Regressemos à terra da vergonha absoluta e ao esterco inacreditável do futebol em Portugal onde Fontelas e Proença já nem se preocupam em disfarçar. Sai o Artur Super Dragão para uma das deslocações mais difíceis do Calor da Noite e o Fábio Verdíssimo para a difícil deslocação a Guimarães.
Vitória-Sporting
Árbitro: Fábio Veríssimo
Boavista-FC Porto
Árbitro: Artur Soares Dias
Rui, faz-nos o favor de não comparecer no Domingo no Estádio da Luz frente ao Estoril, por favor. Esta merda já não é nada. É uma farsa total. Quando é que expões esta pouca vergonha publicamente? Ou vamos continuar a aceitar de ânimo leve estes jogos viciados?"
𝗢 𝗿𝗼𝘀𝘁𝗼 𝗱𝗮 𝘁𝗿𝗮𝗻𝘀𝗽𝗮𝗿𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮
"Antes de ontem, através do “jornal i” ficámos a saber que Ana Gomes tem um património de valor comercial de milhões e paga impostos de tostões.
Ao que tudo indica, a defensora da transparência não declarou ao estado o real valor do seu património tributário e andou vários anos a pagar impostos sobre 311 mil euros de património que na realidade terão um valor superior a 2 milhões de euros. Como se não fosse suficientemente grave, a estes valores acresce ainda a ausência de qualquer pagamento sobre o Imposto Municipal sobre Imóveis ao longo dos anos.
Afinal de contas, Ana Gomes não é assim tão transparente como aparenta ser. Aprofundando a nossa pesquisa debruçámo-nos com mais dois escândalos que envolvem a ex-eurodeputada:
• Primeiro: Um alegado desvio de mais de 20 mil euros denunciado pelo “Observador”, em que constava a assinatura de Ana Gomes nos documentos, mas que, devido à falta de provas, acabou por cair no esquecimento.
• Segundo: Um alegado conluio com o ativista cívico Rafael Marques que serviu para ludibriar a legislação angolana e obter residência em Angola, legislação essa que impede os cidadãos estrangeiros de obterem residências nos projetos habitacionais construídos por iniciativa executiva.
Sobre o segundo ponto, o blog “Ditos do Baú” reuniu uma fonte junto da AJPD que confirmou a veracidade dos factos. Ao que tudo indica, os primeiros contatos de Rafael Marques com a ex-eurodeputada foram mantidos em Bruxelas em setembro de 2013, por via de António Ventura, presidente dessa instituição. Este informou Rafael Marques sobre a intenção de Ana Gomes ter uma residência em Angola, mas explicou que esta se via impossibilitada devido às “rixas” com o executivo angolano.
Como recurso ao problema, Rafael Marques usou a AJPD para comprar uma residência no Kilamba de forma a servir de “casa de passagem” capaz de albergar entidades internacionais e ativistas dos direitos humanos que fossem convidados pela Associação de Ventura. Após ter enfrentado a resistência de Fernando Macedo - tido como um homem íntegro, rigoroso e pragmático -, optou por usar um cidadão luso-angolano para os seus fins.
A trama foi descoberta pela fonte por três motivos que lhe pareceram suspeitos:
1º A AJPD continuava a pedir patrocínios para albergar os seus visitantes estrangeiros e a residência no Kilamba continuava desocupada.
2º A residência estava em nome de Cirlo de Couto (ex-assistente oficioso de Ana Gomes na embaixada de Portugal na Indonésia, de 2000 a 2003), cidadão luso-angolano e um dos lobbystas portugueses de Rafael Marques que não tinha nenhum vínculo com a Associação de Ventura.
3º A residência foi utilizada exclusivamente por Rafael Marques e pela filha de Ana Gomes de forma não periódica.
Segundo o mesmo blog, a fonte adiantou que um mal-estar se instalou no seio dos que se aperceberam da negociata pois o ativista terá recebido uma gratificação de Ana Gomes num valor acima dos 46 mil euros, na mesma altura em que Cirlo de Couto fazia o trespasse formal da residência para uma das empresas da diplomata portuguesa.
É igualmente pertinente e curioso constatar que Ana Gomes convidou Rafael Marques para ir ao parlamento europeu dar uma palestra após o alegado favor que lhe fez e que, depois de conhecer todos os crimes cometidos por Rui Pinto, decidiu também organizar um debate no gabinete do parlamento europeu pela defesa do hacker português. Porque terá sido?
Coincidências e não trocas de favores, certamente.
Mas não é apenas Ana Gomes que tem um passado obscuro. A sua filha, que entre 2010 e 2012 esteve a receber 5 mil euros mensais no Ministério da Cultura e que desde 2015 é presidente do Conselho de Administração da EGEAC, passou diretamente de jornalista da SIC a diretora geral do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Cultura e, mais tarde, arranjou tacho na empresa municipal de gestão de equipamentos e animação cultural da Câmara Municipal de Lisboa.
Como é que Joana Gomes Cardoso conseguiu estas pastas? Foi pelo seu invejável curriculum de jornalista? Foi pelo seu perfil? Ou terá sido por cunha? Talvez uns emails roubados, como defende Ana Gomes o direito à sua publicação, possam revelar respostas a estas questões.
A Ana Gomes que tem um percurso político praticamente inatingível marcado pelo seu carácter crítico e frontal é a mesma Ana Gomes que sofre de amnésia com as práticas dos dirigentes do FC Porto.
A Ana Gomes que apresentou uma denúncia à CMVM contra o Sporting relativa ao alegado patrocínio oriundo da Guiné Equatorial é a mesma Ana Gomes que não teceu uma única palavra negativa a Alexandre Pinto da Costa, tendo recebido milhares de euros de comissões irregulares no âmbito de transferências de jogadores, como divulgado no Football Leaks.
A ex-eurodeputada frontal fala sobre tudo, mas não fala sobre o seu passado, sobre o Apito Dourado, sobre os negócios entre Estoril e FC Porto, sobre os negócios entre o Portimonense e FC Porto, sobre o clima de ameaças e coação, sobre a lavagem de dinheiro de elementos dos Super Dragões e sobre as falcatruas ligadas ao clube de Contumil.
Como a ex-eurodeputada pode constatar nós apenas somos defensores da verdade, tal como ela. É por isso que talvez seja do interesse público a publicação e partilha de toda a correspondência privada de Ana Gomes e da sua filha ao longo dos últimos 10 anos."
Quem é o maestro do meio campo do SL Benfica?
"Quem é, na tua opinião, o maestro da orquestra encarnada?
É ponto assente que o SL Benfica não está, de longe, a fazer uma boa época.
Dos quatro troféus possíveis para conquistar esta temporada, a equipa da Luz pode apenas conquistar duas delas, sendo que a tarefa no campeonato é virtualmente impossível, por já estarem a 12 pontos de diferença para o primeiro classificado, o FC Porto, quando já só faltam oito jornadas para o fim.
A outra possível conquista é só a Liga dos Campeões. Apesar de no futebol tudo ser possível, a passagem do SL Benfica aos quartos-de-final oferece como possíveis adversários o Liverpool, o Manchester City, o Bayern München e o Real Madrid. Quer isto dizer que não será fácil ao SL Benfica conquistar qualquer troféu este ano.
A Nélson Veríssimo não se pede, portanto, qualquer milagre e, bem vistas as coisas, o seu trabalho não tem sido mau de todo. O SL Benfica não perde há nove jogos e nos últimos 8 marcou 16 golos e sofreu metade. Também com Nélson Veríssimo tem-se vindo a notar uma forma de jogar diferente na defesa e também no meio campo.
No sector mais recuado, é clara a opção por quatro defesas em vez da linha de três centrais usada por Jorge Jesus. No meio campo, passámos de João Mário e Weigl na primeira metade da época, para Weigl e Taarabt. E sendo Weigl claramente a melhor opção para a posição seis, terá sido a alteração na posição box-to-box para melhor?
Resumindo a resposta em curtas palavras, na minha opinião sim. O SL Benfica não sabe jogar futebol de posse em forma continuada. É algo tradicional. A equipa está talhada para a transição defesa-ataque da forma mais rápida possível, com bola no pé, e nessa dinâmica tática, Taarabt encaixa que nem uma luva. E como vamos ver a seguir, não é só a minha opinião, os números sublinham essa ideia.
Taarabt tem apenas 240 minutos no campeonato e consegue somar um golo e duas assistências. Como comparação, João Mário soma apenas mais um golo que o marroquino e as mesmas assistências, mas tem nos pés quase 1500 minutos. Clara superioridade no rendimento para Taarabt.
Por isso, e mesmo que cause alguma estranheza dado o historial e estatuto do médio português, não é difícil de entender a opção de Nelson Veríssimo em ter deixado cair o jogador.
O seu futebol, não deixando de ter classe e precisão, atrasa muito o processo ofensivo que se quer rápido, na ótica de Veríssimo, e na minha também, já agora. Adel encaixa melhor e Darwin e Gonçalo Ramos agradecem.
De resto, tendo a cabeça no sítio, tanto Taarabt como o SL Benfica só têm a ganhar com a sua aposta. É esta a forma que o ex-jogador de Milan e Tottenham joga melhor, com menos tarefas defensivas e com um médio nas suas costas para dar segurança nas perdas de bola, que curiosamente têm diminuído.
Outro jogador que também pode desempenhar o lugar é a estrela da formação Paulo Bernardo. Com mais minutos nesta época que Taarabt, mas sem nenhum golo nem assistências e com mais faltas cometidas, o português peca ainda pela falta de experiência e alta rotação.
O que também pode ajudar a explicar a diferença de números, é o facto de normalmente ser utilizado para fechar o meio campo, quando é preciso segurar vantagens e equilibrar a equipa.
Com Nelson Veríssimo, a escolha é clara. Taarabt é o eleito regular para a posição, vindo Paulo Bernardo em segundo lugar, porque se lhe reconhece qualidade e numa ótica de fazer crescer o jogador, e só depois João Mário.
É assim que faz sentido este SL Benfica jogar e é assim que as dinâmicas funcionam melhor. Se bem que em jogos de maior exigência, o meio campo deveria ser reforçado com mais um médio, e aí entraria que nem uma luva Soualiho Meïté.
Para mim, Meité ainda não deu tudo o que tem para dar, e só a espaços conseguimos ver que se trata de um jogador com qualidade. Quando entra durante as partidas, entra bem, equilibra o sector, alivia Weigl, segura bem a bola e ainda consegue lançar algumas jogadas de ataque.
Pode estar aqui a chave para o futuro do meio campo do SL Benfica, caso continue. Desta forma, o SL Benfica não teria de ir ao mercado em busca de um novo oito ou seis, e poupava algum dinheiro. Canalizando-o assim para as contratações que vai ter de realizar para os lugares de Grimaldo e Darwin, duas potenciais saídas no mercado de verão."
Bravos
"Estamos nos quartos de final da Liga dos Campeões! No relvado e nas bancadas, o empenho e a bravura dos benfiquistas foi determinante para esta passagem frente a um Ajax demolidor na fase de grupos.
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Todos estávamos bem cientes das dificuldades que esta eliminatória frente ao Ajax acarretaria para as nossas cores. Os neerlandeses chegaram a esta fase da prova de uma forma brilhante, perfazendo um pleno de vitórias na fase de grupos, com uns impressionantes vinte golos marcados e apenas cinco sofridos. Mas Nélson Veríssimo vaticinou que este embate seria 50-50 e a equipa demonstrou em campo, no conjunto das duas mãos, que acreditou nas suas possibilidades, lutando arduamente, com raça, querer e ambição, pela passagem e cumprindo o objetivo a que se propôs com inegável mérito.
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Na opinião do nosso treinador, "jogámos contra uma excelente equipa. Sabíamos que tínhamos de ter compromisso e rigor naquilo que é o nosso processo defensivo", acrescentando que, "em muitos momentos, não conseguimos ter a posse de bola que desejaríamos". Neste contexto, "tínhamos de aproveitar num momento de transição ou de bola parada. Foi uma demonstração do carácter desta equipa, que percebeu que se não dava de uma maneira, tinha de dar de outra, tínhamos de ir buscar o resultado de outra maneira", concluiu.
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O cabeceamento certeiro de Darwin premiou o esforço e competência coletivos. Na opinião do jovem uruguaio, que marcou pela quarta vez em oito jogos na Liga dos Campeões e chegou aos 40 golos de águia ao peito, "foi muito difícil, jogámos contra uma equipa de qualidade. Sabíamos que íamos sofrer, tínhamos de defender bem e aproveitar quando tivéssemos a bola. O grupo mostrou que está muito unido".
O espírito de entreajuda bem patenteado ao longo da partida foi um dos aspetos mais destacados pelos vários jogadores entrevistados após a partida. O outro esteve relacionado com o impressionante apoio vindo das bancadas.
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O ambiente extraordinário na Johann Cruyff Arena foi consentâneo com a grandeza de dois clubes imensamente populares e históricos do futebol europeu. Os mais de três mil benfiquistas presentes no estádio foram incansáveis no apoio ininterrupto à equipa, contribuindo indelevelmente para a vitória e para a passagem inédita de uma eliminatória frente ao Ajax. Autênticos 12.º jogadores, foram a força extra de uma equipa que lutou bravamente pelo triunfo. À Benfica!
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Conforme afirmou Veríssimo, "a partir do momento em que chegamos a uma fase a eliminar da Liga dos Campeões tudo é possível". E é com muito mérito que integramos os oito melhores da Europa, fazendo um percurso muito consistente, com três vitórias e três empates em oito jogos, deixando para trás Ajax, Barcelona e Dínamo Kiev.
O sorteio dos quartos de final está agendado para sexta-feira e os possíveis adversários já conhecidos são os seguintes: Atlético Madrid, Bayern Munique, Liverpool, Manchester City, Real Madrid. Falta ainda definir os vencedores das contendas Chelsea–Lille e Juventus–Villarreal.
Entre estes, Bayern, Real Madrid e Juventus são os que têm mais presenças do que o Benfica nos quartos de final da principal prova europeia."
Cadomblé do Vata
"FK Dynamo Kyiv, FC Barcelona, FC Bayern Munchen, AFC Ajax. Uma Champions League com sabor a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Clubes com História, raízes, passado, títulos a preto e branco e a cores. Gente que já ganhava antes dos oligarcas siberianos, dos sheiks do deserto ou dos multi milionários de Wall Street. É no meio destes que o Sport Lisboa e Benfica se sente como peixinho na água. Agora, venha de lá esse tal de Real Madrid CF."
Chupando!!!
"Na competição em que o futebol PT tudo faz para que o SL Benfica não esteja...
Chupa FPF! Chupa Liga Proença! Chupa APAF! Chupa Conselho Arbitragem! Chupa Conselho Disciplina!
Isto é o Sport Lisboa e Benfica.
A história continua..."
Fácil...
Ora aí está, nem deixaram arrefecer. Nem 1 hora passou desde o final do jogo e o lagarto Luís Vilar já veio desvalorizar o Ajax. Big 5 foi o que este Ajax espetou ao Sporting. Big 5 + 4!
— Polvo das Antas (@moluscodasantas) March 15, 2022
É lidar, aziados! pic.twitter.com/fpzG6ZMrLz
"Ora aí está, nem deixaram arrefecer. Nem 1 hora passou desde o final do jogo e o lagarto Luís Vilar já veio desvalorizar o Ajax na CNN. Big 5 foi o que este Ajax espetou ao Sporting. Big 5 + 4!
É lidar, aziados!"
Champions é fácil...!!!
"A falência do futebol e arbitragem em Portugal demonstrada perante toda a Europa. Dá para eliminar o clube que espetou 9 batatas no actual Campeão Nacional mas não dá para ganhar em casa aos poderosos Vizela e Moreirense com os rapazes do Proença e Fontelas no apito.
Obrigado Sport Lisboa e Benfica por mostrares a toda a Europa esta vergonha Mundial que se está a passar em Portugal."
Pensem?!
"O SL Benfica está no Top 8 da Europa e em 3º no tugão. Agora pensem que com um árbitro tuga teríamos perdido o jogo."
Acordem!
"Compreendem Agora O Peso Da Arbitragem Contra O Benfica Nesta Liga Corrupta?
Compreendem Agora Como Nos Foram Roubados Mais De 9 Pontos No Campeonato?
Compreendem Agora Como É Que O FC Porto Anda Na Liga Europa Com Derrotas E Em Portugal Não Perde Um Único Jogo?
Acordem!!! 🔴⚪"
Há vida em Veríssimo
"A prenda de Natal de Nélson Veríssimo foi um cabaz cheio de problemas. Uma equipa destroçada e dividida, pressionada pelos maus resultados, o mau ambiente institucional, contratações milionárias falhadas e a superioridade evidente dos rivais diretos.
Veríssimo tinha tudo para correr mal no banco principal do Benfica. Três meses depois, e embora não se possa falar propriamente em brilhantismo, já é tempo de lhe entregar a primeira medalha: a da sobrevivência.
O jogo de Amesterdão é, de resto, um resumo perfeito dessa arte tantas vezes maltratada até incompreendida. A capacidade de alguém se agarrar à vida, mesmo que em evidente sofrimento, é uma das lições que nos deveria fazer refletir em silêncio.
No Náufrago, de Robert Zemeckis, essa tábua de salvação chamava-se Wilson e era uma bola de voleibol. Na certeza da solidão, Wilson passou a ser o melhor (e único) amigo da personagem de Tom Hanks, confidente, cúmplice, talvez amante.
O Wilson de Nélson Veríssimo chama-se Liga dos Campeões. Sem Taça da Liga, divorciado da Taça de Portugal e demasiado longe do FC Porto no campeonato, a parceira de todas as horas passou a ser a UEFA e a sua prova maior.
Ora, para segurá-la com todas as forças, mister Veríssimo mandou às malvas o preconceito e a corrente dominante no mundo da análise futebolística: ter bola e não saber o que dela fazer? Não senhor, para isso já basta a trágica separação entre Hanks e Wilson.
De forma mais simples, o treinador quis fazer o famoso «controlo da profundidade» defensiva – que mais não é do que anular o espaço nas costas do quarteto da defesa – da forma mais simples e, diz o resultado, eficiciente: recuou os dez homens, jogou num sólido bloco baixo e convidou o Ajax para o assalto que se veio a revelar um logro.
Veríssimo já se equivocou uma mão cheia de vezes nos últimos meses. No Bessa, aliás, diria que grande parte da explicação para a quebra da equipa se explica com as más substituições feitas na segunda parte. Em Amesterdão não foi assim.
O treinador percebeu que do outro lado havia mais qualidade, mais futebol com bola, certamente mais imaginação. E abdicou de tudo isso para ser, no final, mais feliz. Resultou.
O Benfica bebeu a dose de cinismo ajuizada e juntou-lhe um shot de elixir da eterna juventude. Quando parecia entregue a uma decadência sem sentido, ergueu-se com a autoridade de quem já foi um monstro sagrado e cabeceou a única bola possível para a baliza neerlandesa – as saudades que tenho de escrever holandesa.
Há várias fórmulas para ganhar jogos de futebol. O mais relevante, parece-me, é saber aplicar essas formas de viver aos capítulos certos.
O Benfica de Amesterdão seria sempre insuficiente para ganhar campeonatos. Para ganhar o jogo, estamos conversados, foi mais do que competente.
Afinal, talvez haja um sopro de vida em Nélson Veríssimo."
Alejandro Grimaldo | O lateral goleador
"Achas que o lateral goleador do SL Benfica tem estado a altura do desafio?
O Sport Lisboa e Benfica está a ter uma temporada para esquecer! O campeonato é já uma miragem e a única competição que ainda tem em disputa é a liga dos campeões.
Poucos são os jogadores que têm dado nas vistas no plantel encarnado e as exibições têm estado, de forma geral, completamente aquém do esperado no início da temporada.
A par de Darwin Núñez e Rafa Silva, por exemplo, Grimaldo é daqueles jogadores que têm de ser enaltecidos, isto com o seu devido asterisco.
Grimaldo tem sido um dos melhores jogadores no plantel de Nélson Veríssimo, o que não quer dizer assim tanto, até porque, de forma geral, os jogadores estão todos uns furos abaixo do esperado.
No plantel encarnado, Alejandro Grimaldo surge como a única opção segura e viável para jogar na lateral esquerda do SL Benfica e tem sido assim nos últimos anos. O SL Benfica tem tido dificuldade em arranjar uma alternativa que não comprometa, o que poderá ser um grande problema caso este se lesione ou acabe por sair da Luz.
Grimaldo está a realizar uma temporada que, estatisticamente, se aproxima da sua melhor época de águia ao peito. Em 41 jogos já realizados nesta época, o lateral formado na La Masia conta já com seis golos e oito assistências na sua conta pessoal.
Estes são números bastante decentes para um defesa, mas quem vê Grimaldo jogar sabe perfeitamente que este não é bem um defesa tradicional. É daqueles laterais que tem mais facilidade no processo ofensivo do que propriamente no processo defensivo e embora tenha as suas vantagens, por vezes compromete o equilíbrio da equipa.
No futebol moderno é bastante comum os laterais serem parte fulcral do ataque e é aqui que Grimaldo se tem destacado. Porém, o facto de se envolver tanto em zonas mais avançadas do terreno de jogo faz com que, por vezes, a parte defensiva fique descurada.
Sem dúvida alguma que Grimaldo é um excelente jogador e seria, na minha opinião, fantástico a jogar num esquema com três centrais onde possa “esquecer” um pouco a tarefa defensiva, mas não é o que tem acontecido. Aliás, isto já foi provado em ocasiões em que as águias jogaram com três jogadores no eixo defensivo, como no tempo de Jorge Jesus.
Espera-se que as boas exibições de Grimaldo continuem e que o rendimento da equipa acompanhe essa boa forma. Já pouco resta desta temporada, se bem que a passagem aos quartos de final da liga milionária ajuda a atenuar uma temporada que tem sido completamente desastrosa."
Benfica Haller, Haller!
"Um Benfica preparado para jogar a três tempos (mas que na realidade só conseguiu jogar a dois) alcançou na Johan Cruyff Arena o que a maioria achava impossível. Com uma organização defensiva que impediu o Ajax de finalizações limpas (facto crucial no desfecho desta partida e da eliminatória) e com superioridade nas bolas paradas, o Benfica não chegou a precisar das transições ofensivas que também levava no plano para Amsterdão. Contra um adversário que monopoliza a bola – e que mesmo apesar da eliminação é uma das melhores equipas europeias nesse processo – as águias baixaram linhas e juntaram à linha de quatro (Gilberto, Otamendi, Verthongen e Grimaldo) adições importantes para controlarem o jogo ofensivo de Ten Hag. Se Weigl foi importante a preencher o espaço à frente dessa linha, o alemão foi também preponderante a perceber quando tinha de fechar entre os centrais: facto que ajudou imenso a que um Ajax que chegava à área do Benfica com relativa facilidade nunca tivesse espaço para aquelas finalizações de encostar que são imagem de marca desta equipa. Assim, com Weigl a perceber muito bem essas funções, Veríssimo incluiu-lhe ainda duas adições importantes: Taraabt (na 1.ª parte, Meité na 2.ª) e Everton ficaram a cargo de acompanhar Gravenbach (que teve Adel como companhia para ir ao WC se fosse necessário) e Mazraoui (que viu Everton sempre de muito perto). Um médio para um médio, um ala para um lateral. Tudo para que o Ajax não encontrasse o espaço que tanto gosta para criar superioridades que lhes dão aquelas finalizações que parecem fáceis. E o plano acabaria por resultar porque o Ajax, apesar do controle inegável com bola, ia sendo fustigado mentalmente.
E resultou, também tacticamente, porque o Benfica cedo abandonou o sonho de incluir a organização ofensiva no plano. E fazendo-o, pragmaticamente, nunca desmanchou as linhas que, minuto a minuto, iam frustrando um Ajax que só encontrava caminhos por fora do bloco. E com o Benfica a aguentar em 4+3 ou em 5+4 (consoante a posição da bola) as tentativas (atrás de tentativas) para encontrar o lado de fora de Grimaldo ou Gilberto viram-se goradas, levando o Benfica até à machadada final, algo que os ingleses gostam de chamar de sucker punch (murro à má-fé ou à traição). Para isso contou o Benfica com uma superioridade inegável que já vinha da primeira mão. As bolas paradas, pontapés-de-canto na sua maioria, mostravam as dificuldades que os esquemas tácticos encerram para os neerlandeses, e o Benfica, aguentando cada vez mais facilmente (beneficiando de um Ajax cada vez mais frustrado por não encontrar os caminhos que tanto gosta) acabou por beneficiar de um erro não-forçado de Onana para ver Darwin carimbar a passagem para os quartos. Algo que nos remete para os favoritismos das antevisões e para o risco que é apostar-se sem se saber quais as reações dos jogadores a adversidades que não estão habituados. E se o Ajax é, normalmente, uma das equipas europeias que trata melhor a bola, também, no alto dessa superioridade, se deixou frustrar cedo demais por um Benfica altamente estratégico e pragmático. E prova disso foi uma organização ofensiva de excelência a entrar num declínio evidente a partir dos 60 minutos.
Raio de ação de Weigl, Taraabt e Everton muito importante para controlar investidas interiores de Gravenbach, Berghuis e Mazraoui. Movimentos que nessa perseguição individual muitas das vezes se juntavam aos do quarteto defensivo
Bola atrasada de Gravenbach para Blind (assinalada a amarelo) e a linha defensiva do Benfica a responder bastante bem, subindo em conjunto e deixando Tadic adiantado – numa daquelas situações que dá finalizações limpas e de encostar a Haller – que desta vez viu o golo ser anulado pelo offside do colega.
Lado exterior da linha defensiva do Benfica foi sempre uma meta para o Ajax. E ainda que os neerlandeses o encontrassem várias vezes ao longo do jogo, as finalizações nunca foram declaradamente simples como é costume. Mérito do Benfica na organização, algum demérito do Ajax no discernimento
Assim, tal como na Luz (mas por outras razões) o Ajax, que tantos elogios merece, foi-se deixando banalizar num corrupio de erros que normalmente não acontecem. E não acontecem porque o cenário que essa excelência constrói dá aquela tranquilidade e desapego que criam vantagens (e golos) fundamentais para não se perder o discernimento. E uma das maiores vitórias do Benfica (que levou à enorme vitória de chegar aos quartos-de-final da Champions) foi a de colocar, primeiro, a dúvida ao Ajax. E onde entra a dúvida, há medo. Onde há medo há intranquilidade (bem patente nas finalizações nada limpas e depois até na construção e criação), e isso é o suficiente para, com mérito do Benfica, se vencer uma das mais interessantes equipas da Europa fazendo uso de apenas dois tempos: organização defensiva e bolas paradas. Fica a sensação (e a lição) que os elogios ao Ajax (nos quais me incluo com um extremo apreciador do jogo de Ten Hag) foram precoces. Isto porque a maturidade emocional (até de um técnico que demorou imenso a mexer, fazendo até uma substituição a segundos do jogo acabar(?)), é altamente decisiva quando se aponta a grandes feitos na Liga dos Campeões. Aquele jogo fazia sonhar. Mas para que o sonho se conjugue com a realidade é preciso certeza mesmo em adversidade. E o grande mérito do Benfica foi tirar as certezas ao Ajax e aproveitar o melhor que o jogo lhes daria a partir daí. Ok, foi só uma bola parada e pouco mais. Chegou. E o facto de ter chegado (sem oportunidades fáceis para o Ajax) deixa mais perguntas aos favoritos que ao outsider – especialmente nas reações emocionais ao que o jogo ia dando, dando a sensação que um City, um Liverpool, um Chelsea ou um Bayern não cederiam tão facilmente a essa frustração que tolda a mente e as decisões. O Ajax continuará assim o seu caminho com mais uma lição para aprender, algo que é perfeitamente normal para uma equipa tão jovem e em constante remodelação. O Benfica seguirá o seu sonho e continuará à procura do melhor que o jogo tiver para lhe dar.
Ajax-Benfica*, 0-1 (2-3) (Darwin 77′)
Ajax, como dito, teve jogo interior condicionado pelo Benfica. Procurou fora, com muitas situações de cruzamento onde pretendeu quase sempre chegar ao tal lado de fora dos laterais do Benfica. Organização ofensiva sublime que, ainda assim, foi-se deteriorando ao ritmo da frustração pelo golo que não chegava – muito por culpa do controle que o Benfica exerceu no último terço. Ainda assim, apesar da derrota este foi um Ajax incrivelmente bem sucedido a evitar as transições que na Luz lhe causaram imensos problemas. Faltou clarividência, lucidez e até alguma coragem. E o Benfica que foi o causador dessa dúvida aproveitou e bem o que o jogo lhe deu."
Se tens a bola, o rival não a tem, dizia Johan. Mas Darwin só precisou de um segundo no céu
"Depois das eliminatórias em 1969 e 1972, para a Taça dos Campeões Europeus, o Benfica vence finalmente o Ajax em Amesterdão e qualifica-se para os quartos de final da Liga dos Campeões. Darwin Núñez resolveu o jogo aos 77', Otamendi foi o líder da resistência
O Benfica não sofreu golos contra um Ajax que marcou 119 em 38 jogos (39 agora). O plano passava por sofrer, esperar, morder o lábio quando o orgulho trincasse o coração. Vigilâncias redobradas, músculos preparados para cercos e piscinas em vão. Desvantagens númericas, frustrações. Na terra onde o futebol se deve jogar bem, só faltava estar na Constituição, as lições que tresandam a realidade também caem como a chuva. E os portugueses foram a Amesterdão, perante a rapaziada habilidosa que quer vergar o mundo inteiro, vencer pela primeira vez e garantir o bilhete para os quartos de final da Liga dos Campeões. Valeu a cabeça de Darwin, que fez o que os 9 fazem.
Nos tempos que correm, quando a primeira mão termina empatada é como se não existisse. O segundo jogo transforma-se assim numa espécie de derradeiro suspiro, na sobrevivência, na glória, no tudo ou nada. Não há memória. Foi assim neste Ajax-Benfica, na Johan Cruijff Arena, batizada depois da gloriosa e messiânica passagem por este planeta do seu filho mais famoso, o eterno número 14, que jogou e foi decisivo nas duas eliminatórias, em 1969 e 1972, que colocaram frente a frente estes dois emblemas importantes do futebol europeu.
Os lisboetas, fardados de preto, nem pareciam muito melindrados pelo ambiente e por aquelas camisolas que sussurram a história do futebol e mais algumas coisas. Mas cedo se percebeu que não era bem assim. A coragem, se existia antes, esfumou-se. As poucas tentativas de sair para o ataque viveram da capacidade do imponente Darwin Núñez dar trabalho ou superar Jurriën Timber e Lisandro Martínez (cresceu com bola com o crescimento da equipa), centrais que aboliram aqueles eternos clichés de que os defesas têm de chegar ao céu. Essa ligação com Darwin foi-se apagando e o Ajax engoliu o Benfica, roubando-lhe a bola. Já se sabe, como dizia Johan, “se tens a bola, o rival não a tem”. Isto é, quem controla aquela preciosidade tem os destinos do vento nos pés.
A equipa de Nélson Veríssimo parecia montada para sofrer. Gonçalo Ramos apenas vigiava o refinado e homem-cola que todos junta Edson Álvarez. Ryan Gravenberch – que belo espécime de futebolista – fugia do meio para a esquerda, arrastando Adel Taarabt (saíria ao intervalo por Soualiho Meïté), criando um triângulo perigoso com Daley Blind e Dusan Tadic, e assim sofria Gilberto, que acabaria com câimbras justificáveis. Sébastien Haller esperava os cruzamentos e raramente ia fazendo de pivô, não era necessário, o Ajax chegava à frente com facilidade. Houve duelos interessantes com os sólidos Jan Vertonghen e Nicolás Otamendi. Pela direita, Noussair Mazraoui, que se diz estar a caminho do Barcelona, deslocava-se muitas vezes para dentro para o passe vindo de trás entrar diretamente em Antony, pouco inspirado esta noite, apesar de ter superado algumas vezes Grimaldo. O brasileiro liga sempre os alarmes de quem o rodeia, principalmente quando tem a hipótese de 1x1 perto da área.
Os neerlandeses tinham aquele volume de jogo sedutor, ora tocando de um lado para o outro, ora tentando alguns cruzamentos e passes de ruptura. Mesmo com tanto volume do ataque líquido, Odisseas Vlachodimos raramente era testado. Haller marcou logo aos 7’, mas Tadic, o assistente, estava fora de jogo. Os minutos passavam e André Onana, o guarda-redes do Ajax, era quase mais um dos espectadores na arena, que suspirava como um vulcão à espera do que parecia inevitável. Berghuis, Timber, Antony, Gravenberch, Martínez iam todos tentando a sorte, sem sucesso. O abafo não surtiu efeito e o fantasma da Luz, que devolveu a alma e o orgulho aos benfiquistas na segunda parte, estava na esquina, à espreita.
A equipa de Erik ten Hag até entrou com a mesma pedalada, mas, com a caminhada do relógio, a velocidade, o fogo e aquela paciência para tocar de um lado para o outro, fazendo dançar a organização defensiva dos visitantes, iam perdendo potência. Havia menos rigor, menos fluidez, a tal bendita técnica das gentes da terra da laranja mecânica. Vertonghen, que também passou por aquela casa muitos anos, teve uma oportunidade clara, mas tentou colocar de cabeça para um colega encostar. Por esta altura, a meia hora do fim, o Ajax tinha 11 remates contra 3 do Benfica, sendo que a posse de bola superava os 60%.
Aos 71’, Veríssimo enviou um sinal lá para dentro: queria espremer algo daquela defesa que às vezes deixava clareiras. Roman Yaremchuk, um dos homens que marcou em Lisboa (2-2), entrou pelo discreto Everton, sendo Darwin puxado para a esquerda. A ideia seria provavelmente ter o uruguaio mais vezes de frente para a baliza rival, mesmo que ainda falhe timings e decisões. Teria mais espaço. Seis minutos depois, apesar de tantas teorias, foi uma bola parada que sentenciou uma eliminatória inteira. Gonçalo Ramos sofreu um toque de Álvarez e o árbitro apitou falta. Grimaldo bateu e Darwin, impondo-se a Onana e Timber, empurrou de cabeça para a baliza, 1-0. Foi a primeira vez que uma bola saiu na direção dos três postes do Ajax, uma equipa que vem apresentando uma quebra de rendimento nesta fase da temporada.
Em tempos, o mago Johan disse também que nunca tinha visto um saco de dinheiro marcar golos. É certo, muito certo, mas também é verdade que a contratação mais cara da história do Benfica acabava de desequilibrar uma eliminatória importantíssima na mais famosa competição de clubes do mundo, tanto para os cofres como para a reputação do clube português.
Os treinadores desataram num jogo de substituições. Ten Hag lançou Klaassen e o poderoso Brobby, por Álvarez e Berghuis, muito menos venenoso do que é habitual. Veríssimo colocou em campo Diogo Gonçalves e retirou o esgotado Darwin Núñez. O Ajax foi ficando impaciente, a bola já não lhes sorria como sempre faz. As botas daqueles rapazes já não a deixavam em pele de galinha. A frustração foi corroendo as entranhas dos neerlandeses. E o tempo foi rolando a favor dos portugueses, com Otamendi a ser o líder daquela épica resistência. Paulo Bernardo, que entrou pelo esforçado e competente Gonçalo Ramos (“estou bem, estou bem”, ainda avisou para o banco), e Valentino Lázaro entraram para fechar aquela venturosa viagem a Amesterdão.
Sete minutos de desconto.
O Ajax, embora tenha tido mais uma ou outra aproximação à área de Vlachodimos, nunca criou real perigo (acabaria com 69% de posse de bola, 503-180 em passes). Faltaram ideias para partir ao meio o bloco defensivo visitante, talvez os 38 cruzamentos para a área encarnada ajudem a explicar essa incapacidade criativa. O Benfica ia limpando o que podia, ganhando tempo aqui e ali, irritando os rivais, que pareciam estar afetados emocionalmente, quebrados. Ninguém ousou imaginar aquele desfecho aparentemente.
Naquela altura, quando a bola deixou de ser tocada com tino, os benfiquistas pareciam a equipa mais adulta, ainda que talhada para sofrer. Após roubo de bola, já muito perto do apito final, Yaremchuk galgou metros e metros, mas a baliza nunca mais se aproximava. Seria o 2-0, mas o ucraniano não teve pernas para mais. O esforço compensou: o Benfica venceu em Amesterdão pela primeira vez na história e conquistou um lugar nos quartos de final da Liga dos Campeões."
E tudo uma bola parada mudou… – Curtas
"Jogo de sentido único em Amesterdão. Os neerlandeses tiveram mais posse, controlo total do jogo e algumas oportunidades para finalizar, apesar de nenhuma delas ser uma situação clara para marcar. Mas foi o Benfica a sorrir numa bola parada que premiou todo o esforço, sacrifício e solidariedade a defender.
Facilidade tremenda do Ajax em ter a bola e instalar-se no meio campo encarnado. Equilíbrio interessante entre jogadores dentro e fora, várias permutas e constantes ataques à profundidade. Apesar da superioridade na construção, as rotas de criação foram praticamente sempre exteriores e ainda que várias vezes com bons envolvimentos nunca conseguiram materializar as mesmas em situações claras para finalizar.
A mudança para uma construção a 3 com Blind ofereceu maior controlo do jogo à equipa de Ten Hag. Por um lado permitiu corrigir os problemas sentidos em Lisboa na defesa do contra-ataque, por outro a colocação de mais um jogador no equilíbrio fez com que fosse mais fácil recuperar a bola mais alto e não sair do meio-campo contrário. Preocupação da equipa de Amesterdão de reposicionar o 3º elemento da linha a 3 (quase sempre Mazraoui) quando o lateral esquerdo envolvia (só após bola entrar nos homens da criação ou após variação), garantindo sempre mais um jogador em equilíbrio que na primeira mão.
Incapacidade gritante do Benfica em ter bola, seja em organização ou após recuperação. Se faltou melhores posicionamentos e mais coragem aos homens da construção em ataque organizado, os jogadores da frente não conseguiram segurar ou dar seguimento às bolas que lhes chegavam. Face a tamanha dificuldade ofensiva, só numa bola parada o jogo poderia ter caído para a turma de Verissimo. A defesa individual nos esquemas táticos defensivos do Ajax, oferecia vantagem qualitativa ao Benfica neste momento e, depois de Verthoghen ter oportunidade de fazer melhor após um canto, foi Darwin a marcar novamente na sequência de bola parada.
O bloco médio-baixo do Benfica teve no sacríficio, entre ajuda e capacidade defensiva de alguns jogadores a sua grande mais valia. Dificultou o jogo interior do Ajax, foi conseguindo defender os corredores laterais e a profundidade e em quase todas as bolas que chegaram à área a equipa “deu a vida” para não sofrer."
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