Últimas indefectivações

sábado, 30 de setembro de 2017

Derrota em Almada

Benfica 2 - 3 Sp. Espinho
25-19, 22-25, 23-25, 31-29, 11-15

Supertaça muito mal perdida...
Não fiz a analise à pré-época do Voleibol (como fiz com outras modalidades), mas com as lesões do Vinhedo e do Honoré estamos mais fracos... Só o Gradinarov 'pegou' de estaca, e se ofensivamente é um excelente jogador, na recepção deixa muito a desejar...

A partida foi equilibrada, com um Benfica mal na recepção e no bloco, mas mesmo assim conseguimos mantermos na discussão do jogo... Chegados ao último Set... a apitadeira 'entrou' em campo e decidiu praticamente sozinha a negra!!! Os anos passam e as coisas não mudam...

Além do Espinho (que com as 'regras' especiais, vai-se manter 'competitivo'... estou curioso como é que os árbitros se vão comportar quando o Maia jogar contra o Espinho!!!), e da Fonte do Bastardo que ainda não 'mostrar' os reforços, o principal adversário vão ser os Lagartos, que investiram barbaridades no Voleibol... (e como se demonstrou no processo de inscrição vão ter o apoio total da 'máquina' da Federação)!
Se os reforços Sérvios e o Ary não forem opção, o Benfica vai ficar a depender exclusivamente dos Veteranos do nosso plantel: Vinhedo, Honoré e o Gaspar... No caso do Honoré depois da lesão do ano passado, as perspectivas de nova lesão prolongada 'assustam'!!!

Liderança isolada...

Benfica 28 - 15 São Bernardo
(14-7)

Jogo fácil, com muita juventude em campo (dos dois lados...), que soube aproveitar os minutos...
Destaque para o regresso do Terzic após lesão, com o Cacalcanti e o Ales de fora, é sempre boa notícia ter novamente disponível o Terzic...

Derby com meia-dúzia !!!

Benfica 6 - 0 Belenenses

Mais uma boa exibição com 5-0 ao intervalo...

Agora temos dois jogos com os Lagartos (!!!) Primeiro a Final da Taça de Honra e depois o jogo do Campeonato... Suspeito que vamos ter uma arbitragem 'criativa' na Taça!!!

Dr. Gomes, Dr. Madureira e o ódio

"Vive o futebol português num exótico estado de anarquia institucional. Os episódicos apelos à normalidade do funcionamento das instituições e à urbanidade dos seus representantes e responsáveis são liminarmente encarados como meros contributos para o vasto anedotário que se impôs triunfante em todas as agendas de comunicação. E o problema das anedotas é que, pela sua natureza, dificilmente se podem levar a sério. Tomemos o exemplo recentíssimo do último sorteio de jogos a contar para a Taça de Portugal. Nas vésperas da cerimónia surgiu ao público o líder ideológico do Canelas fazendo votos para que o dito sorteio lhe colocasse o Benfica no caminho apontando razões que os organismos internacionais que superintendem a indústria – UEFA e FIFA – condenam, punem e lutam por erradicar. "Pelo ódio que tenho por eles e para lhes fazer a vida negra", explicou-se o doutor Madureira que é o orgulho cívico do nosso desporto-rei, o orgulho do ensino universitário nacional e ainda, por todas estas razões, o recrutado chefe de claque da Selecção Nacional. "Seria um jogo em que iríamos transformar em força todo o ódio que temos por eles", acrescentou à laia de tese e como quem responde, do alto da sua cátedra, ao último apelo à normalidade balbuciado por escrito pelo presidente da FPF.
O "ódio", portanto. E o "ódio" não é, de facto, uma anedota. O que será uma anedota é a FPF, a quase secular organizadora da distinta competição, permitir sem um reparo a presença do Canelas no sorteio da Taça de Portugal depois de o doutor Madureira ter apelado à luta pelo ódio como quem se está nas tintas para o doutor Fernando Gomes, o presidente da FPF, que apelou à luta contra o ódio há coisa de duas semanas. Uma leitura atenta dos regulamentos internacionais resolveria num ápice este tipo de situações que só germinam e florescem quando a autoridade é fraca. Neste caso, fraquíssima.
O maior problema do Benfica – sim, o Benfica vive um problema – é o relaxamento provocado pela conquista notável do seu quarto título consecutivo de campeão nacional. O objectivo do ‘tetra’ foi perseguido e levado de vencida com um espírito de luta como se não houvesse amanhã. Mas há amanhã. Quando se trata de futebol, amanhã é hoje. E se a adrenalina que movia o tetracampeão se esgotou nos últimos festejos no Marquês terá o Benfica obrigatoriamente de reinventar para si próprio novos desígnios nunca antes alcançados como, por exemplo, aquela coisa do ‘penta’. E até a Liga Europa, se lá chegarmos.
O desaparecimento de Pinto da Costa explica-se facilmente tendo em conta que o seu emblema está a entrar no seu quinto ano consecutivo sem nada ganhar. E, neste caso, nada é nada. Zero total. Para o presidente do FCP vir à tona é preciso um êxito episódico como foi o do Mónaco. E lá veio esta semana à tona para afirmar que o Porto "é o baluarte do Norte contra o centralismo". Em artes da comunicação o Francisco J. Marques dá-lhe 10-0 ao intervalo."

Jornal... Foco

Uma Semana do Melhor... Diagnóstico!!!

Jogo Limpo... (In)justiça & o resto !!!

Benfiquismo (DCXII)

Recordam-se?!
Só passaram 4 meses...!!!

Redirectas XLVIII - Benfica de calças na mão?

  

"O Benfica não desinvestiu. O Benfica foi confrontado com situações de jovens que tinham de sair face às ofertas que apareceram."

Esta a citação das declarações do presidente.

Eu recuso-me a aceitar que um clube como o Benfica não tenha poder negocial sobre os jogadores sob contrato.

O presidente para dizer uma frase destas tem de explicar muito bem explicado o que está a querer dizer.

Qual o Benfica que temos hoje em dia?

Um Benfica de calças na mão?

Pelo Benfica Sempre!

Redheart

Anteriormente:

"... sinto-me hoje na obrigação de ... dizer o que me vai na alma"





Assim é impossível

"A exibição com o Basileia foi muito fraca. E por não ser a primeira vez esta época faz soar o alarme de quem ainda sonha ganhar títulos.

Achar normal ou ficar conformado com o que vimos o Benfica fazer na Suíça não é uma atitude aceitável. Na Suíça só os adeptos, num apoio muito para lá do exigível, estiveram à altura da dimensão do Benfica. Foi muito fraca a exibição, e por não ser a primeira vez esta época faz soar o alerta de quem ainda sonha ganhar coisas. A jogar assim será impossível conquistar títulos, ou sequer lutar por eles. Uma época precisa de consistência, e não podemos estar bem contra o Paços e estar péssimos quatro dias volvidos. Dizer que saíram alguns valores da defesa encarnada no defeso (Ederson, Lindelof, Nélson Semedo) é reduzir e simplificar um problema maior. Não são os defesas que defendem mal, é todo o Benfica que tem tido pouca qualidade defensiva. Sofremos reiteradamente golos caricatos, e teremos que enfrentar a realidade sem negar.
Queremos um Benfica mais competente, a começar pelo difícil jogo de domingo na Madeira.
Nos Barreiros exigimos um Benfica determinado, com uma vontade de superação, onde as dificuldades sejam apenas desafios a vencer. Um Benfica capaz de mostrar aos benfiquistas que há outro caminho, outro rumo e outra perspectiva de futuro ainda este ano. A forma como vemos outros adeptos festejar a nossa derrota é também um excelente sinal, mostra como somos grandes, e como são pequenos os seus clubes, mostra no fundo o estado de espírito de adeptos de clubes que ganharam menos que o Moreirense no passado recente. É natural na rivalidade desportiva. Esse é o lado bom da coisa e a alegria deles e o seu significado são talvez a nossa maior conquista.
Neste domingo eleitoral, temos que eleger um Benfica candidato ao título na Madeira, depois haverá uma paragem prolongada, e o futebol apenas volta dia 15 de Outubro em Olhão e para a Taça de Portugal. Perder pontos na Madeira complica a contabilidade de forma assinalável, porque teremos um campeonato com relativamente poucos pontos perdidos, e porque a distância avoluma-se para os rivais. Um Porto muito equilibrado e um Sporting com várias soluções de qualidade serão sempre candidatos. Como me dizia um colega, ontem, à saída do tribunal: «Este ano se vocês ganham, ainda nos vai custar mais, e vão ser ridicularizadas as nossas festinhas intercalares». Não sei o que irá acontecer, mas gostava que o receio deste adepto rival (e amigo) se concretizasse.
Rui Vitória, depende de nós e começa domingo."

Sílvio Cervan, in A Bola

O problema é lá chegar

"Em 90 minutos, conseguiu o Benfica desfazer a maldição das bolas aos postes

Pode parecer que não, mas, na realidade, houve aspectos muito positivos na última exibição do Benfica na Europa. O grego Samaris, por exemplo, esteve em campo no último quarto de hora do jogo e cumpriu com excelência a missão de que foi incumbido: não só não foi expulso como também impediu com o seu esforço que o "score" atingisse proporções que pusessem em risco o marco histórico registado em 1999 em Vigo. Com Samaris em campo em Basileia, o Benfica sofreu apenas 1 golo e a coisa ficou-se modestamente pelos 5-0. No entanto, esteve bem à vista a reabilitação moral da equipa que se viu trucidada na Galiza no derradeiro ano do velho século XX. Duas bolas nos postes de Júlio César e uma soberba intervenção do guarda-redes brasileiro a roubar o golo a Van Wolfswinkel nos minutos finais garantiram a Rui Vitória que o pior resultado de sempre da história europeia do Benfica continua a ser aquele que o seu colega Jupp Heynckes trouxe da funesta viagem aos Balaídos há 18 anos.
Outro aspecto encorajador desta última viagem internacional dos tetracampeões nacionais é a certeza de que, para bem dos seus pecados, o Benfica não joga em 2017/2018 no campeonato suíço. É que o registo de confrontações com o poderio helvético começou a descambar logo na pré-temporada, com uma exótica goleada sofrida perante a equipa dos Young Boys de Berna. Somando esses 5-1 de Julho a estes 5-0 de Setembro, é caso para se dizer que não há como a velha neutralidade suíça para neutralizar por completo o estatuto e as ambições do maior emblema de Portugal.
Mas há mais ilações positivas a tirar do jogo de quarta-feira. A questão das bolas nos postes, por exemplo. Chegou o Benfica à Suíça detendo o inóspito recorde de ter atirado 10 bolas aos ferros nos primeiros 10 jogos oficiais da temporada. O presente transe resolveu-se a bem em Basileia, embora de um modo radical que pode não ter agradado a uma imensa maioria de adeptos. Em 90 minutos, conseguiu o Benfica desfazer a maldição dos postes limitando-se estrategicamente a não rematar uma única vez à baliza à guarda do simpático Vaclik e, assim, se deu por encerrado o assunto com eficácia e prontidão.
Temos, portanto, um Benfica com zero pontos à segunda jornada do seu grupo da Liga dos Campeões e com a perspectiva de ter ainda de jogar duas vezes com o Man. United, de ter de ir a Moscovo e, mais difícil ainda, de ter de receber em sua casa o mesmo Basileia, esse portento helvético. E também aqui se vislumbra um repto positivo: a Liga Europa, uma provazinha mais à medida das nossas capacidades. O problema é lá chegar.

Outras Histórias
Só houve Benfica fora das quatro linhas
A bater palmas aos adeptos esteve bem a equipa de Rui Vitória
Verdade, verdadinha, em Basileia só houve Benfica fora das quatro linhas. E diga-se que a prestação dos dez mil benfiquistas nas bancadas do St. Jakob-Park foi de se lhe tirar o chapéu. A soma dos milhares de quilómetros que toda aquela gente percorreu até chegar ao seu lugar na bancada e a soma dos outros tantos milhares de quilómetros feitos no regresso a casa são a expressão máxima do amor e do querer dos adeptos que não olham a sacrifícios para comparecer onde a sua voz for precisa. E que voz. Aos 3-0, ouviam-se puxando pela equipa como se nada de catastrófico se estivesse a passar. E estava. Aos 5-0, continuavam a fazer ouvir-se, merecendo as atenções e a homenagem da realização da transmissão televisiva que lhes concedeu um merecidíssimo protagonismo pelo seu exemplo de fé nos instantes finais da coisa. No fim de tudo, viram-se aplaudidos pelo público da casa e pelos jogadores do Benfica. Aí, sim, a bater palmas aos adeptos esteve bem a equipa de Rui Vitória."

Benfica: entre o pesadelo e a realidade

"Madeira no caminho, como se não bastasse ter de juntar os cacos

Não seria nada disto que Rui Vitória tinha em mente para um fim de semana onde Sporting e FC Porto se defrontam. Porque não pode haver dois vencedores, do duelo de Alvalade chegarão inevitavelmente à Luz pontos perdidos por um ou até pelos dois rivais. Mas a ‘manita’ de Basileia deu ao treinador do Benfica muito mais que pensar do que nos resquícios do clássico. Desde logo, porque a sua equipa terá pela frente um dos piores adversários que lhe podia tocar neste momento: um Marítimo em bom plano, quarto classificado da tabela, apenas um ponto atrás das águias.
Para agravar, o jogo é nos Barreiros, cujo relvado tem sido alvo de críticas de quem lá joga, por mais parecer um batatal. Isto, só por si, já era matéria de preocupação bastante para uma fragilizada equipa do Benfica. Mas será apenas a parte mais pequena do problema. A maior dor de cabeça para Rui Vitória, neste momento, é juntar os cacos que sobraram do terramoto de Basileia. Esse jogo evidenciou, com grande violência, que o mau momento da equipa da Luz não ficou atenuado pelo triunfo frente ao P. Ferreira, há uma semana. Essa vitória terá sido, afinal, uma pausa na crise.
No futebol há um velho chavão segundo o qual o próximo jogo é sempre o mais importante. Desta vez a estafada frase não é apenas um busto de Napoleão. O jogo de amanhã é um dos mais relevantes da época, para o Benfica. Os adeptos exigem uma resposta adequada, algo que lhe diga que tudo isto é um pesadelo. Sob risco de uma espera agitada na madrugada.

O desafio do Sporting no clássico
O Sporting teve uma boa prestação frente ao Barcelona. Jogou bem e tal... mas perdeu. Isso é que fica. Vitórias morais, em futebol, é um conceito difuso. Vamos colocar um cenário? E se a equipa de Jesus volta a jogar bem com o FC Porto e não ganha? Pois... estão a perceber?

Baliza a ferver
A primeira parte da crise na Luz (o antes de Basileia) tinha feito uma vítima: o guarda-redes Varela. A dolorosa mão cheia na Champions acaba por ilibar o rapaz. Resumir a ele o problema seria uma tremenda injustiça. E agora, Júlio Cesár aguenta-se ou avança Svilar para a pira?

Ena, tanta coisa?
Um clássico é sempre um clássico. Mas em função do que aconteceu a meio da semana na Suíça, quem diria que o jogo entre Sporting e FC Porto se arrisca a não ser o ponto alto de um domingo eleitoral?"

Papéis invertidos!!!

Normalmente somos nós a citar os jornais desportivos, desta vez foi A Bola a citar O Indefectível !!! Mais exactamente a última Redirecta do nosso Capitão Redheart !!!

Ontem os media prepararam-se para uma recepção hostil à equipa do Benfica!!! Todos as televisões 'entraram' em directo, algumas fizeram mesmo o acompanhamento do autocarro em Directo!!! Mas tiveram azar... nada de especial se passou!!! Após a derrota em Basileia, querem 'sangue'!!!!
A vergonhosa deturpação que a CMTV difundiu sobre o suposto conflito entre o Jardel e o Gabriel numa brincadeira normalíssima é o melhor exemplo...

Neste contexto, mas menos sensacionalista,  A Bola procurou textos na Gloriosaesfera que fossem um retrato do sentimento Benfiquista, com muito orgulho d'O Indefectível fomos um dos escolhidos! Tal como o Benfica I Will Follow, o Universo Benfiquista, o O Belo Voar da Águia, o Vedeta da Bola e o Deixa Passar o Maior de Portugal.

Aqui fica a citação:
"Existem resultados e exibições que marcam a história. Temo que este seja um deles. Espero que não seja necessário mais para que as vozes necessárias se façam ouvir.
Depois do Boavista só havia um caminho possível e a equipa está fazendo precisamente o caminho inverso. É sinal que existe muita coisa errada e uma grande incapacidade.
Muito mais grave quando esta é a época em que todos tinham a obrigação de demonstrar que o Benfica ganha dentro do campo. Este é o campeonato que vai ser apontado por todos como o campeonato da verdade. Quem não percebe isto não percebe nada."

Assembleia-Geral

Apesar da histeria e má educação do grupinho do costume, as Contas foram aprovadas com 61,38%
dos votos...

Confundem a crítica justa e aceitável, com o terrorismo, nem sequer percebem que o seu comportamento só descredibiliza as suas posições!!!

Recordo, de um post que escrevi no dia 15 de Abril de 2012, durante algum tempo foi o post mais visto no Indefectível!!!
Recordo-me também de um Benfica - Moreirense, na última jornada, após a terceira época sem ganhar o Campeonato com o Judas como treinador, e com cânticos ofensivos contra a Direcção do Benfica, durante o jogo...

São sempre os mesmos... coitados, têm sido 4 anos cheios de angústia...!!!

Cidade desportiva

"Foi com enorme satisfação que acolhi a notícia da construção da cidade desportiva das modalidades. É mais uma prova, se necessário fosse, de que as direcções presididas por Luís Filipe Vieira encaram seriamente o ecletismo, parte integrante da matriz fundacional do nosso clube. Poderá parecer com mero pormenor, mas fui dos que estiveram presentes, e votaram contra, uma célebre Assembleia-Geral realizada no Casal Vistoso em que o investimento nas modalidades foi colocado em causa.

O Sport Lisboa e Benfica, reduzido ao futebol, não seria o Sport Lisboa e Benfica, o principal promotor do desporto em Portugal. E não teria à sua disposição um instrumento poderoso para a expansão do benfiquismo e potenciação da transformação de adeptos em sócios. Os milhares de atletas e seus familiares têm, nas modalidades, uma oportunidade de representarem e/ou contribuírem para o crescimento do clube, reforçando o seu sentimento de pertença. A aposta nas modalidades é um sustentáculo do clube a longo prazo. Não percebê-lo é não perceber o Benfica.
Claro que o Benfica, à semelhança da sociedade, não é imutável. Confesso-me saudosista da cidade desportiva do Estádio da Luz, em que a prática de todas as modalidades era quase inteiramente lá concentrada e era possível conviver com outros sócios durante a semana. Porém, os tempos mudam, a pressão imobiliária fez-se sentir e a vida moderna desvalorizou o lado recreativo dos clubes em detrimento das famílias. Sinto nostalgia, mas também pragmatismo. O Benfica, mais que se adaptar aos tempos, deve tentar marcar o seu ritmo. É o que está a fazer com mais esta obra, fundamental para a formação de atletas e transmissão dos valores benfiquistas."


João Tomaz, in O Benfica

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Contas Benfica SAD 2016-2017

"(...) evolução dos Activos Correntes consolidados da Benfica SAD. (...) a evolução dos Activos Não Correntes.
Que podemos retirar desta informação(...)?
Em primeiro lugar, há que fazer uma distinção entre os Activos Correntes e os Não Correntes. Essa distinção é feita sobre o carácter previsível de durabilidade de um Activo na empresa, neste caso, da empresa Benfica SAD numa perspectiva consolidada.
Em segundo lugar, a distinção de rubricas que é feita no âmbito dos Activos Correntes e muito menor que aquela que é feita no âmbito dos Activos Não Correntes. Por outras palavras, nesta última classificação, temos muitas mais rubricas.
Em terceiro lugar, os períodos de referência são as contas que respeitam aos exercícios de 2015/16 e 2016/17.
Em quarto lugar, tecer-se-ão algumas considerações sobre a distinção que é operada em termos de disponibilidade de curto prazo e disponibilidade de médio e longo prazo.
Nos Activos Correntes, temos, de forma mais imediata, os montantes de disponibilidade financeira mais disponíveis, como são os de caixa e os equivalentes de caixa. Estamos a falar de cerca de 13 milhões de disponibilidade imediata.
Mas essa disponibilidade também é quase imediata nas outras duas rubricas, de outros activos correntes, que representa cerca de 12 milhões, e na rubrica de clientes, que representa cerca de 67 milhões.
Como é sabido, uma situação é uma empresa possuir património, e outra totalmente distinta é uma empresa possuir disponibilidade financeira imediata.
Com um exemplo muito simples explica-se esta distinção.
Imaginemos que determinada pessoa tem dois imóveis e não tem dinheiro fresco. E imaginemos que os imóveis não se conseguem vender num curto espaço de tempo por falta de alguém que os compre.
Essa pessoa não deixa de ter património, o seu activo é superior ao seu passivo, mas não consegue arranjar dinheiro fresco para pagar as suas despesas correntes, como água, luz, alimentação, deslocações, escola do filho, etc.
Ora, só tem uma das soluções - ou não paga e assim entre em incumprimento com todas as consequências daí advenientes, ou, então, pede dinheiro emprestado.
O dinheiro que pode emprestado tem de pagar juros, pelo que, se continuar a não ter dinheiro fresco, acaba por não conseguir pagar esses juros e entra em incumprimento.
Ora, aqui começa a ter três soluções, - ou não paga e assim entra em incumprimento com todas as consequências daí advenientes, ou, então, pede mais dinheiro emprestado, o que o faz começar a entrar numa espiral de dividas, mas tem uma terceira hipótese - pode tentar vender um dos imóveis ao desbarato para arranjar liquidez.
Mesmo que o consiga fazer, com os atrasos e incumprimentos que teve, já perdeu muito dinheiro e ainda perderá parte do património que tinha, a diferença entre o que o imóvel valia e o valor pelo qual o teve de vender.
Geralmente esta situação, se não for compreendida pela pessoa e não for invertida, vai originar a médio prazo a insolvência por falta de liquidez.
Daí que seja importante equilibrar disponibilidade imediata e mediata, com património."

Pragal Colaço, in O Benfica

Domingo voto no Fejsa

"Domingo é dia de ir às urnas. As eleições têm sido tema central ao longo do mês. Debates; cartazes afixados pelos país; comícios; viaturas equipadas a rigor com as respectivas cores partidárias e altifalantes que intercalem apelos ao voto com cantigas populares.
No meio desta azáfama, confesso sentir-me um pouco dividido entre as carripanas que ecoam pelas ruas cantigas de Maria Leal e aquelas que entoam melodias de Saul Ricardo. Estilos distintos, mas igualmente esclarecedores relativamente às ideologias das candidaturas. De um lado facções preocupadas com o entretenimento nocturno que anunciavam uma 'Ladies Night'. Na ala oposta, outros privilegiam a gastronomia e espalham a boa nova: 'o bacalhau quer alho'. Prioridades.
Perante estes dados, imagino que o leitor esteja tão indeciso quanto eu nesta contenda. De facto, há muito matéria que pode ser questionada em Portugal: a celeridade da justiça; o serviço nacional de saúde; o fora de jogo assinalado ao Moreirense na primeira parte do jogo contra o Sporting. Todavia, não creio que haja um único cidadão desafinado com a opinião de que este método de campanha política é verdadeiramente útil.
Apesar de louvar tão empolgantes doutrinas, o meu voto será noutro sentido. Estou fascinado por um indivíduo que corresponde ao perfil ideal de político de sonho. Alguém que não corta rigorosamente nada - excepto ataques perigosos. Não aumenta os impostos - mas aumenta a liberdade de Pizzi em campo. Não esbanja dinheiro - apenas sujeita a uma despesa extra em chantagem em meados de Maio. Domingo, a minha caneta irá rubricar no boletim de voto: Ljubomir Fejsa."

Pedro Soares, in O Benfica

O pêndulo

"Época 2016-17: derrotas no Funchal à 12.ª jornada, e em Setúbal à 19.ª. O que têm estes dois resultados em comum para além de terem sido os únicos desaires do Benfica nessa temporada? É que, em 60 jogos do campeonato português, foram também essas as únicas derrotas encarnadas com Ljubomir Fejsa no relvado. Nas restantes partidas disputadas pelo internacional sérvio desde que em Agosto de 2013 chegou à Luz, a equipa somou nove empates e 58 (!) vitórias. Mais dados estatísticos: quatro vezes campeão; e onze títulos nacionais em dez anos de carreira profissional (numa temporada foi campeão na Grécia e em Portugal), o que creio ser caso único no futebol mundial. Na verdade, ele quase não sabe o que é perder.
Os números não enganam. Fejsa é craque, e é uma referência do Benfica triunfante que nos tem encantado nestes últimos anos.
Não se trata de um desequilibrador. É antes alguém que assegura os equilíbrios na parte mais recuada do terreno, fazendo-o com segurança, com autoridade e com classe. Está sempre no sítio certo. Ganha sempre no sítio certo. Ganha duelos individuais. Recupera bolas como poucos e entrega-as com critério. Com Fejsa em campo, até os colegas rendem mais. Pena que os problemas que frequentemente lhe afectam o joelho não lhe permitam jogar sempre. Mas fica também a sensação de que, não fossem eles, Fejsa já não estaria no campeonato português. Fisicamente a 100% teria lugar garantido em qualquer equipa do mundo. Aos 29 anos, ainda podemos esperar muito do médio sérvio. Desde logo que, com a nossa camisola, ainda some mais alguns títulos à sua já recheada carreira."

Luís Fialho, in O Benfica

CARnaxide

"A construção da Cidade Desportiva das Modalidades do Sport Lisboa e Benfica em Oeiras é uma notícia fantástica! Será um marco na vida do maior clube português e na história de um dos concelhos mais desenvolvidos de Portugal. Construir uma infra-estrutura com esta dimensão exige quatro valores - competência, motivação, determinação e execução. Quanto à competência, teremos de valorizar o rigor, a excelência, o talento empreendedor e a aprendizagem contínua.
Em relação à motivação, há que dinamizar as pessoas envolvidas, motivar e inspirar o êxito, promovendo o trabalho em equipa e a diversidade. Quanto à determinação, não tenho dúvidas que saberemos actuar decisivamente e com resiliência, tendo a capacidade para remover os obstáculos que surgirão. A parte mais complexa será a de execução, que exigirá a apresentação de resultados, a simplificação e redução da complexidade, estimulando sempre a melhoria continua, a gestão rigorosa do desempenho e a natural atribuição de responsabilidades. Promover o CAR do SL Benfica  é o compromisso do presidente Paulo Vistas. A Câmara Municipal de Oeiras será, seguramente, um parceiro credível. Tal como tem acontecido ao longos dos 11 anos de existência do Caixa Futebol Campus com a Câmara Municipal do Seixal, em Oeiras estaremos em casa. Quem conhece a obra da actual vereação e, sobretudo, os projectos em curso, só pode estar confiante. Paulo Vistas já provou ser um autarca muito determinado e de palavra. Não duvido que o futuro das nossas modalidades está assegurado. Saibamos todos remar para o mesmo lado. Seja na Luz, seja no Seixal, seja em Oeiras, o importante é a confiança e a visão de futuro."

Pedro Guerra, in O Benfica

O presente depende do futuro

"Há momentos da vida de alguma instituições em que o significado do futuro prevalece sobre a importância do tempo presente. Mas nem sempre é assim. A este respeito, por exemplo, o entendimento do presidente de uma corporação de bombeiros na martirizada zona do Pinhal português pode infelizmente ter muitas semelhanças com a perspectiva do responsável de uma chafarica cujo negócio pessoal e da família, assente exclusivamente em vender promessas aos iludidos clientes, há uma data de anos. Nestes casos, a opção é sempre e só a mesma e depende das circunstâncias e até dos protagonistas das decisões...
Para concretizar um pouco mais: a própria concepção de futuro que um ancião de oitenta e tal anos, coagido e apertado de todos os lados pelos fiscais das finanças e do fisco e sempre às voltas com escabrosos processos judiciais, será parecida com a de um Sundar Pichai, o actual CEO da Google, que nasceu na Índia e estudou e trabalha na América, sendo quarenta anos mais novo? E Paulo Amorim, também por exemplo: com qual dos dois campos se identificará mais a jovem presidente da maior empresa portuguesa, que é o Grupo Amorim?
Pensei nisto, faz hoje uma semana. Na passada sexta-feira, completavam-se onze anos sobre a abertura do Caixa Futebol Campus. Ora, nesse mesmo dia, o Presidente Luís Filipe Vieira, acompanhado pelos vice-presidente Domingos Almeida Lima e Fernando Tavares, anunciava in situ, na serra de Carnaxide, o lançamento do novo Centro de Alto Rendimento do Benfica para as Modalidades, isto é, cá em Casa, o presente depende do futuro."

José Nuno Martins, in O Benfica

O fim da linha?

"Terá Rui Vitória compreendido bem o que significa a noite de Basileia num clube tão grande como é o Benfica?

Compreendo até que possa soar estranho, mas deve o Benfica admitir que o pior da humilhante noite de Basileia nem foi obviamente a derrota. Jogar fora de casa na Liga dos Campeões é difícil para qualquer equipa e, portanto, seria de esperar que fosse difícil para o Benfica esta viagem ao campo do campeão suíço, sobretudo se pensarmos que o Benfica já há muito que não anda propriamente de boa saúde competitiva e mesmo tendo em conta que este Basileia faz parte da terceira divisão europeia e nem é o Basileia que, apesar de tudo, conseguiu ser aqui há quatro ou cinco anos.
Nesse sentido, claro que podiam os campeões portugueses voltar a ter, agora em Basileia, uma noite infeliz, porque pode ter. Perder, pois, custaria sempre, porque perder pela segunda vez nesta Liga dos Campeões complicaria ainda mais as contas encarnadas na prova, e porque voltar a perder seria perder ainda mais do menor ânimo que a equipa tem mostrado no campeonato.
Em todo o caso, qualquer derrota seria sempre mais aceitável, evidentemente, se os adeptos vissem a equipa jogar outro futebol. E essa é que é a questão chave: o futebol, que a equipa joga e o futebol que a equipa não parece capaz de jogar!

O pior, em Basileia, parece não ter sido, pois, a derrota. O pior foi o tão pouco que a equipa jogou. E a baixa intensidade com que joga. E a fragilidade táctica. E a falta de andamento. O parecer que joga num ritmo de treino e de um treino muito pouco exigente. O pior foram os erros tão evidentes e tão chocantes.
O pior foi ver o confrangedor da opção por Júlio César na baliza, porque a experiência do Júlio César já não compensa a falta de agilidade. Como pode um guarda-redes a este nível evitar permanentemente qualquer contacto físico com os adversários (por certo com receio de voltar a lesionar-se...) e tornar-se assim um alvo tão frágil como o foi na triste noite de Basileia? Deu Júlio Cèsar algum frango? Não, na verdade não. Mas abordou quase sempre assim tão mal os lances) Sim, na verdade sim. Mal, muito mal. Tão mal que nunca foi Júlio César capaz de desafiar corajosamente o duelo com os pés dos adversários, como, no mínimo, se exige a qualquer guarda-redes na Liga dos Campeões. Revejam as imagens e logo perceberão o que quero dizer.
O pior foi também ver a opção por Jardel em vez do promissor, jovem, fresco e mais rápido Rúben Dias, porque já tinha ficado claro que Rúben Dias está, nesta altura, muito mais apto do que Jardel a dar à equipa o que ela precisa. E o que dizer da decisão de deixar de fora Seferovic logo no jogo em que Seferovic, por todas as razões e mais uma, mais poderia dar emocionalmente ao Benfica?
E pior ainda foi ver-se, depois, o treinador trocar então Jonas por Seferovic quando a equipa já perdia por 0-3 e contava apenas com dez homens em campo.
À procura, Rui Vitória, de quê? Não pensou no risco de desastre absoluto? Não foi capaz de prever que assim sujeitaria a equipa a perder por cinco, como perdeu, ou por seis ou sete, como quase chegou ao ponto de perder?
O pior, na verdade, foi, enfim, ter-se visto a equipa completamente perdida em campo. Sem rei, sem roque, sem norte, sem alma, sem a cabeça limpa, como se viu sobretudo na expulsão de André Almeida mas também na chapada (que o árbitro, felizmente para o Benfica, não viu) que Jonas, naquele mesmo momento, deu no número 11 Steffen.
O pior, realmente, para o Benfica não foi perder.

O pior foi ter ficado a sensação que a equipa não tem nesta altura capacidade para fazer muito melhor, mesmo frente a um adversário de baixo estatuto como é o Basileia, que, diz a estatística, parece que não ganhava na Liga dos Campeões há 11 jogos, ou seja, há quase, três anos (desde Novembro de 2014) e há quase dez mil minutos de jogo!!!



Tem, aliás, a estatística servido algumas vezes ao treinador do Benfica para justificar mesmo o que não parece lá muito bem justificar dessa maneira - como Rui Vitória fez, por exemplo, ao tentar justificar a pretensa influência de Filipe Augusto no jogo da equipa. Pois desta vez diz a estatística que nos 90 e poucos minutos da humilhação de quarta-feira não fez o Benfica qualquer remate enquadrado com a baliza do Basileia. Neste caso, sim, o que diz a estatística explica muito do que se passou. E nem é preciso recorrer a mais estatística. E muito menos puxar dos galões da posse de bola porque isso só aumenta a vergonha e ainda torna a emenda bem pior do que o sonete!
Muito pior do que perder foi ver o Benfica ser goleada pelo modesto Basileia quase da mesma maneira como foi goleado pelos outro modestos suíços do Young Boys, num 1-5 só disfarçado pela pré-temporada mas que não deixou de levar então o jovem Cervi a desabafar no final um «isto não pode voltar a acontecer».


A derrota desta semana na Suíça não é apenas e segunda pior derrota de sempre do Benfica na Europa, a seguir aos 0-7 de Vigo, há quase 20 anos, sofridos apesar de tudo frente a um Celta que era incomparavelmente muito mais equipa e jogava muito mais futebol do que este Basileia. Agora, o desaire de Basileia não é, pois, o segundo pior de sempre. É, que me lembre, o mais humilhante de todos. Humilhante, creio é mesmo a palavra certa!
Se compreender isso, poderá Rui Vitória ter ainda alguma esperança de conseguir inverter esta história e eventualmente reconduzir o Benfica à linha que, apesar de todas as circunstâncias especiais (e foram muitas, a meu ver, as circunstâncias especiais, que não vêm agora ao caso...), o levou nos dois últimos anos tetra.
Mas se Rui Vitória não o compreender, então pode ser o fim da linha.
Os sinais, para já, dizem que não compreender. Porque se tivesse compreendido teria deixado uma palavra (e, porventura, um pedido de desculpas) aos adeptos e, sobretudo, aos adeptos emigrantes (que incompreensivelmente não deixou) pela vergonhosa e triste que a equipa os levou a passar, e teria dado ordem para, à chegada a Lisboa, seguir tudo para o Seixal para estágio, treino e restante trabalho, até à viagem para o Funchal, onde, já este domingo, há um jogo que o Benfica deve, obrigatoriamente, exigir a si próprio um só resultado: ganhar!
Rui Vitória não fez nem uma coisa (mensagem aos adeptos) nem outra (fechar a equipa no Seixal). Terá compreendido bem o que significa a noite de Basileia num clube tão grande como o Benfica?
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

PS: Este é um daqueles típicos artigos de ataque pessoal só porque sim!!! Desde dos bitaites tácticos (ex: o Seferovic que nos últimos jogos andava a 'pedir' banco; passou a insubstituível...); à ideia peregrina de 'prender' os jogadores no Seixal; ao estranho 'esquecimento' do momento da equipa junto dos adeptos no relvado; e principalmente da forma premeditada, como este e todos os outros jornaleiros, nos últimos dias 'esqueceram-se' da relativamente recente derrota do Benfica em Atenas, também com uma goleada: mas nessa altura o treinador era outro, o actual génio do portunhol!!!
E até a forma, como num texto tão grande, o colunista convenientemente não referiu nem uma vez as 'culpas' na construção do plantel...!!! Não fazia jeito a 'culpa' ser partilhada com terceiros, o importante era 'isolar' o treinador!!!

Causas remotas, soluções futuras...

"Luís Filipe Vieira gizou um projecto desportivo para o futebol do Benfica baseado no enquadramento de jovens talentos, provenientes quer do Seixal, quer do prospecção, feito por jogadores com créditos firmados. Esta fórmula só funciona bem se nem se forçar demasiado a nota à procura de talento transbordante onde ele é apenas residual, nem se descurar a qualidade dos demais players.
O que está acontecer no presente é que, por um lado, depois de safras excepcionais, de onde brotaram, entre outros, Ederson, Cancelo, Bernardo, Guedes, Renato, A. Gomes ou Nélson Semedo, no horizonte encarnado não se vislumbram, para já, talentos de calibre equiparável (o que não encerra nenhum pecado, porque só quem não percebe nada de futebol pode pensar que uma academia de um clube é igual a uma fábrica de alicates). Por outro, aos elementos enquadradores está a faltar a capacidade de outros tempos, nomeadamente a Júlio César e Luisão, quiça os casos mais gritantes.
Mas o que aconteceu em Basileia foi demasiado grave para ser explicado apontado erros individuais, a essa constatação deve remeter a solução do problema, para outros patamares: o do treinador, a quem deverá ser imputada a responsabilidade pela falência táctica e estratégia de uma equipa que só parece ser trabalhada para jogar de uma maneira; e o da SAD, que acautelou o equilíbrio entre a cantera e os outros.
Olhando para o curtíssimo prazo, Marítimo (fora) e Manchester United (casa), são os desafios que podem definir a profundidade da crise encarnada. Mas a questão mais global do futebol do Benfica irá permanecer na ordem do dia..."

José Manuel Delgado, in A Bola

O cartão de crédito de Vieira

"Luís Filipe Vieira conquistou um crédito quase ilimitado junto dos benfiquistas nos últimos anos, fruto dos seis títulos conquistados nos últimos dez anos e da obra feita. Manuel Vilarinho começou a obra de reconstruir o clube depois da calamidade Vale e Azevedo e Vieira prosseguiu o caminho até conquistar a glória interna. Gastou muito; o Benfica começou a ganhar dentro de campo até que chegou a hora de começar a pagar a factura financeira e reduzir a dívida.
O caminho encontrado foi o de começar a olhar com maior propriedade para a formação e, nessa altura, em 2015, já com um bicampeonato no bornal, decidiu que Jesus não era um homem indicado para este projecto e decidiu-se por Rui Vitória. As duas primeiras temporadas correram de feição e Vieira começou a capitalizar financeiramente o sucesso desportivo, vendendo os principais activos da equipa, até que chegou ao início desta temporada. Estava à vista de muitos - excepção feita os arautos da versão oficial - que o plantel tinha deficiências. Vieira usou os créditos que tem junto dos adeptos e não recorrei a novos créditos exteriores para ir buscar reforços - aqui deve ler-se na verdadeira acepção da palavra e não o ir buscar jogadores só porque sim. Para esta estratégia resultar, contou com um treinador benévolo no relacionamento com a sua estrutura, que não reclama, pelo menos em termos públicos, por melhores jogadores.
O pior nesta altura para os encarnados é terem a percepção de que a exibição e a goleada sofridas em Basileia não foi conjuntural mas estrutural e vem na sequência de uma série de erros na construção do plantel que, no curto prazo, só se resolve com dinheiro. Resta saber se Vieira vai continuar a gastar os créditos do seu cartão ou se vai manter-se inamovível no caminho. Não é fácil, porque também estará consciente que, tal como os financeiros, os créditos de simpatia também se esgotam."

Hugo Forte, in A Bola

Jogamos para quem?

"Quando se transforma um jogo de futebol num espectáculo desportivo passamos a ter mais um objectivo -satisfazer o público. Passamos a jogar também para os espectadores. Aumentamos as responsabilidades de todos os intervenientes. Não perdemos nenhum dos outros objectivos, com destaque para jogar bem e vencer o adversário, este o primeiro objectivo desde que se começa a jogar na escola primária.
O gosto pelo jogo é, pois, fundamental para que se jogue bem. O espírito competitivo deve ser incentivado na mesma proporção que o respeito pelos adversários. No futebol profissional jogamos por nós e para o público. Os espectadores são fundamentais para o sucesso de uma equipa e da competição. Formar jogadores mais completos ajuda a formar melhores espectadores futuros. Como tal, o processo de formação, num clube profissional, deve assumir frontalmente que este tem como objectivo fundamental a preparação qualitativa e quantitativa de jogadores que possam dar o seu contributo ao futebol profissional. Poucos chegarão a este patamar, contudo o entendimento do jogo será absorvido por todos. Não é um objectivo único, porque a prática do futebol e um processo de formação escolar nunca deixarão de estarem presentes. A transmissão de valores, desportivos e humanos, próprios dos jogos colectivos, complementam todo o processo.
A Federação está a dar passos seguros em matéria de certificação dos clubes formadores, compete-nos a todos perceber que também temos que jogar para o público e com público. Não para o público televisivo. Este está a ser um calcanhar de Aquiles do futebol profissional em Portugal. Importa analisar o problema de fundo, porque um jogo de uma competição profissional é para os adeptos. Sem público não ganha o jogo, nem a competição, nem a televisão. Temos de fazer tudo para levar público aos estádios. Tudo!"

José Couceiro, in A Bola

Um passo de gigante

"Depois da inauguração do Centro de Treino e Formação do Seixal há mais de uma década, o Benfica vai deixar a sua marca no domínio da criação de condições de excelência para a alta competição: a prioridade chama-se agora o Centro de Alto Rendimento em Carnaxide, onde o atletismo e o râguebi terão um espaço nobre, um modelo de fazer inveja a qualquer outra instalação desportiva em Portugal nestas duas modalidades. A intenção é dotar o clube de instalações modernas, onde possa coexistir a formação e a competição, um pouco à semelhante do que se passa no Seixal. O custo é de 17 milhões de euros.
Nos dias de hoje não há tempo a perder em criar modelos. Isso custa muito dinheiro e a política do Benfica parece ser outra. Manter equipas competitivas, mas olhar cada vez mais para a formação. No complexo da Luz ainda há espaço para a formação e competição das modalidades de pavilhão, mas existem outros desportos com tradição no clube que requerem atenção. Sem casa própria desde há muitos anos, o atletismo e o râguebi podem enfrentar daqui a alguns anos sérios desafios de forma a honrar os pergaminhos do clube.
Por outro lado, o Centro de Alto Rendimento em Carnaxide traduz-se num sinal de viragem. Há uma posta muita forte na ciência do treino, investigação, o que permite modelar quem, efectivamente, tem condições para chegar longe na elite. Estamos a falar em representações nacionais a europeus, mundiais e Jogos Olímpicos, o que significa que a curto prazo tantos os treinadores como os atletas terão as melhores condições. Depois serão as capacidades psicológicas a ditar a diferença na competição."

De Vieira a Bas Dost

"A popularidade de Luís Filipe Vieira será hoje posta à prova. Não há assembleia gerais para analisar o rendimento das equipas de futebol, mas a fase que o Benfica atravessa fará com que esse acabe por se transformar no tema da noite. É inevitável. E que fase é esta que os encarnados atravessam? Se falarmos das últimas 4 semanas, é uma fase má. Se falarmos dos últimos 2 meses, é uma fase boa, que até já inclui um título conquistado (Supertaça). Se falarmos de 2017, então passa a ser uma fase extraordinária, com 3 títulos ganhos (Liga, Taça de Portugal e Supertaça) e com vendas de 150 milhões de euros.
Dos últimos 16 troféus disputados em Portugal, o Benfica ganhou 12. O Sporting venceu 2, o Sp. Braga 1 e o Moreirense o outro. Esta é uma realidade. A outra é a de que o tetracampeão definiu o penta como próximo objectivo e que, até ver, as coisas estão a correr mal. Por quê? Talvez porque se tenham feito más opções no mercado. Se foi isso, só há um caminho a seguir: aguentar até Janeiro e corrigir aí o que houver para corrigir.
Em Alvalade, Bas Dost ficou em ponto de mira por ter passado a bola a um colega em vez de ter rematado à baliza do Barcelona. Vejam lá melhor o lance. Bas Dost iria rematar com três adversários em cima e, por isso, preferiu oferecer a Bruno Fernandes a possibilidade de disparar sem ninguém por perto. Tomou a melhor decisão."

Uma questão de grandeza

"A música dos históricos rivais do Benfica, no que diz respeito ao rendimento e aos resultados (não) alcançados pelas respectivas equipas principais do futebol profissional, tem sido a desafinação objectiva que se conhece. Se o Sporting está, não tarda, há 16 anos sem vencer um campeonato, o FC Porto jejua vai para cinco.
No domingo, dia 1 de Outubro, há clássico em Alvalade, mas leões e dragões, pelo que vão debitando de forma sistemática nos seus canais, mantêm a evidência de que apenas têm olhos para o Tetra que assumidamente quer ser Penta. O Benfica ganhou 12 dos últimos 16 troféus disputados a nível nacional, é um facto. Pouco simpático para os maiores adversários, deve admitir-se, mas é um facto. 
O Clube impôs o seu vigor, vincando e reforçando a sua grandeza a cada sucesso e, não menos relevante, nas adversidades demonstrou ser capaz de assumir e aprender com os erros para vencer e tornar a vencer.
Correr e batalhar pela revalidação do título nacional, em busca do histórico Pentacampeonato, é um propósito explícito do Benfica desde o primeiro segundo da preparação para a temporada 2017/18. A luta prossegue no domingo, na Madeira, diante do Marítimo, em jogo da 8.ª jornada da Liga NOS."

Alvorada... do Júlio

Benfiquismo (DCXI)

Sentimento...

Aquecimento... rescaldo

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Olhanense

Na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal (a nossa estreia), vamos a Olhão...
Agora, no Campeonato de Portugal (IIi Divisão), depois de vários problemas financeiros após a passagem pela I Liga.

Não foi mau, mas podia ser melhor: como todos os jogos com os 'grandes' são considerados jogos de alto risco pelas autoridades, o 'perigo' de jogar num campo sem condições é quase mínimo, assim o maior 'perigo' destes sorteios (além da possibilidade de enfrentar um 'grande'...) são as distâncias...! Preferia um jogo perto de Lisboa, mas...

O relvado em Olhão costuma estar em condições horríveis... vamos ver!!!

O jogo vai ser disputado depois da paragem das Selecções, com o Benfica - Manchester United logo a seguir, imagino que a partida seja antecipada, provavelmente para Sexta-feira (ou ainda mais cedo), 'abdicando' o Benfica dos Internacionais (Eliseu, Dias, Fejsa(?), Samaris, Zivkovic, Salvio, Jiménez, Seferovic, Joãozinho e Digui).

Em condições normais, o Campeonato é o grande objectivo... nos últimos anos, todos os Benfiquistas gostaram de vencer as Taças, mas nestas primeiras eliminatórias nunca houve 'pressão', porque as coisas estavam bem encaminhadas no Campeonato... Recordo-me por exemplo da vitória à rasca sobre o 1.ª Dezembro, na época anterior...!!! Este ano, o cenário é bastante diferente...
A margem de erro não existe, e com as contas do Campeonato complicadas, a vitória nas Taças tem outro impacto... Mesmo que uma eventual conquista de uma Taça nunca substitua o 37, vencer uma Taça, em vez de não vencer nada, é significativo...

Vontade tira discernimento

"Nem só com músculo e coração se ganha. Não deve ignorar-se a razão e a concentração.

Golo madrugador
1. Mesmo perante uma derrota por números tão expressivos, não pode apontar-se o dedo aos jogadores do Benfica em termos do músculo e coração que meteram no jogo, mas faltou algo fundamental, a estabilidade emocional. Provavelmente pelo momento que a equipa atravessa (mesmo vindo de uma vitória frente ao Paços de Ferreira), a vontade de ganhar e de dar uma resposta cabal retirou discernimento europeu aos encarnados, daí resultando sucessão de erros que não são normais. O primeiro golo do Basileia nasce de uma lançamento de linha lateral favorável ao Benfica, no último terço ofensivo, com a formação suíça a iniciar uma transição rápida, a contrastar com a lentidão do Benfica na recuperação defensiva. Essa desvantagem no marcador, muito cedo, obrigou Rui Vitória a alterar o plano de jogo inicial, alteração essa que passou essencialmente por subir o bloco colectivo, tentando pressionar o Basileia na sua primeira fase de construção, o que por sua vez deixou maior espaço nas costas da linha defensiva das águias.

Papel químico
2. Seria em mais uma bola parada a favor do Benfica (um canto) que o Basileia voltaria a marcar, novamente num ataque rápido e outra vez com a equipa portuguesa a não conseguir ganhar a primeira e a segunda bola e a sentir dificuldades para acompanhar a velocidade dos homens da casa. Dois golos quase a papel químico em termos de organização, face à lenta recuperação do Benfica.

Corredor esquerdo
3. Com Grimaldo e Cervi a funcionarem de forma positiva em termos ofensivos, explorando muito bem o espaço dado pelo Basileia no seu sistema de 3x5x2, o facto é que foram os mesmos intervenientes a sentir dificuldades em termos defensivos, sendo este o corredor preferencial para o Basileia chegar e importunar a baliza de Júlio César.

Descontrolo emocional
4. Com a entrada no segundo tempo e, pouco depois, o terceiro golo do Basileia, notou-se algum descontrolo emocional nos jogadores do Benfica, no que é exemplo a expulsão de André Almeida ao minuto 63. Com vantagem de três golos no marcador e em superioridade no número de jogadores, a equipa suíça preocupou-se em jogar mais no erro do Benfica, sem correr riscos, chegando dessa forma ao 4-0 e 5-0. Os últimos 15 minutos foram um inferno para os jogadores do Benfica, ansiosos pelo apito final."

Armando Evangelista, in A Bola

A arena de combate do futebol português

"Há pouco mais de uma semana, disputou-se em Dublin, capital da República da Irlanda, o jogo de futebol mais importante do ano naquelas paragens.

Mais de 80 mil pessoas assistiram no estádio à partida entre a equipa de Dublin e a de Mayo, enquanto centenas de milhares de outras a acompanharam pela televisão nas casas, pubs e restaurantes da cidade. Convém abrir aqui um parêntesis para explicar que desporto é esse a que os irlandeses chamam futebol. Na verdade, trata-se de uma mistura entre futebol, básquete e râguebi outrora muito promovida pelos nacionalistas irlandeses, que viram no desporto uma forma de afirmar a sua identidade.
Cada equipa tem 15 jogadores e, apesar das semelhanças com o râguebi, tudo se passa de forma limpa e correta. Olhando para o nosso futebol, embora seja aparentemente um desporto mais pacífico, o ambiente é claramente menos recomendável. Basta olhar para os tempos mais recentes: o Sporting faz “queixinhas” sobre jogos em que não é tido nem achado, que envolvem o clube rival, tentando prejudicá-lo; o director de comunicação do FC Porto ameaça e faz revelações sobre a vida interna do Benfica; L. F. Vieira faz comentários perfeitamente dispensáveis sobre Bruno de Carvalho, chamando-lhe “mitómano” e comparando-o a Vale e Azevedo. Insólito? Bizarro? Patético? É tudo isso e mais ainda: é a demonstração de que, fora das quatro linhas, o futebol português se tornou uma espécie de arena de combate em que vale mesmo tudo para desestabilizar o adversário.
Com a agravante de que qualquer boca, insulto ou acusação é amplificado/a até à exaustão nos intermináveis e indigentes fóruns de comentário desportivo. Os irlandeses têm fama de bêbedos e briguentos, mas depois da final do campeonato nacional pôde ver-se os adeptos dos clubes rivais conviverem em boa paz. Alguém consegue imaginar isso depois do Sporting-Porto do próximo domingo? Embora nos consideremos um “povo de brandos costumes”, por cá as coisas descambam facilmente para a violência, com episódios de pancadaria e até com vítimas mortais. Já era altura de os dirigentes deixarem de contribuir para esse ambiente de ódio cego e estúpido."


PS: Pois é, e este moralismo de algibeira também não ajuda!!! Então, os exemplos que o cronista conseguiu encontrar, envolvem os Corruptos e o Benfica?!!! E o Sporting?!!! E o principal responsável por ter baixado o nível das discussões futebolísticas abaixo de qualquer taberna?!!! O tal mitómano!!! Ou o Tareco do Mitómano, mais conhecido por Pug Saraiva?!!! Não houve uma única declaração que pudesse ter sido usada como exemplo nesta crónica, envolvendo os dois?!!!
E já agora, em relação ao Vieira, a acusação que vez ao mitómano, foi feita em determinado contexto, e por acaso, até é absolutamente verdadeira... após o próprio mitómano o ter admitido em público!!! Portanto como é que se continua a comprar o incomparável?!!!
E se o cronista for Benfiquista, sou obrigado a perguntar, se para se poder escrever num pasquim qualquer é obrigatório demonstrar activamente que é um 'não-Benfiquista'!!!

Corria atrás das camionetas do lixo

"Houve um dia em que os tanques soviéticos entraram na Checoslováquia. Esse dia foi terrível para um homem chamado Emil Zatopek.
Há checos admiráveis. Por exemplo: Jaroslav Hasék.
Autor de uma das obras primas da literatura do mundo: O Valente Soldado Shcveik. Absolutamente obrigatório!
Dizia Hasék: «Não há lugar onde seja mais fácil roubar do que em Praga. E, estivesse ele onde estivesse, ia ao mais fundo dos bolsos das pessoas e desaparecia sem ser visto».
Os soviéticos foram ao mais fundo dos bolsos de Emil Zatopek, a Locomotiva de Praga.
Em 1946, tinha a II Grande Guerra chegado ao fim, as forças aliadas estacionadas em Berlim resolveram organizar uns campeonatos de atletismo. A Checoslováquia tinha um único representante: marchou, orgulhosamente, na cerimónia de abertura, segurando a bandeira do seu país. Em redor do estádio, o público casquinava risadas imbecis: aporrinhava a sua figura esquelética, escanzelada. 
Apepinavam Emil Zatopek!
Na prova de 5000 metros dessa espécie de olimpíada de trazer por casa, o escanzelado de Praga foi correndo, correndo, simplesmente correndo. Era aquilo que ele sabia fazer. Dava voltas à pista de cinza ultrapassando adversários e voltando a ultrapassá-los.
Havia 80 mil pessoas a vê-lo nessa tarde de Berlim.
Nunca mais o esqueceram.
Praga é uma cidade que parece recortada em cartolina colorida.
Os topos das igrejas erguem-se por cima das casas como se dedos infantis tivessem gasto o seu tempo nos rococós pontiagudos, aqui e ali desacertados na imperfeição própria de um trabalho de meninos. 
Dezenas, centenas de igrejas. Recortes em escada a partir do rio, a crescer por cada uma das margens do Vlatva. São Nicolau, Nossa Senhora de Týn, São Francisco Serafim, São Venceslau, São Salvador, São Clemente.
E Emil! Emil Zatopek!
Depois de os tanques soviéticos terem esmagado as ruas de Praga, houve uma súbita oposição passiva.
As pessoas faziam-se tolas como o Valente Soldado Shveik.
Se um soldado soviético perguntasse alguma coisa, por mais simples que fosse, a resposta deveria ser tão intrincada como os infinitos labirintos de Kafka, tão grotesca como Gregor Samsa, de repente transformado num enorme escaravelho.
Até as tabuletas de indicações foram mudadas de lugar.
Não havia soldado soviético que se orientasse naquela praga de Praga.
Na Praça de São Venceslau, uma manifestação tomou forma.
Zatopek ia a passar, no seu passo firme. Chamam-no! Aclamam-no!
Era um homem simples, Zatopek.
Exigem-lhe que fale, a ele que não sabe o que dizer naquela situação; obrigam-no a exprimir-se, a ele que só quer correr dali para fora como fizera em Helsínquia, em 1952, vencendo os 5000, os 10000 metros, a Maratona.
Nunca ninguém como Emil Zatopek!
Ele solta a palavra que o há de prender: daí a pouco serão os Jogos Olímpicos do México, 1968, exige aos soviéticos que respeitem a trégua sagrada de Olímpia, condena a invasão, embaraça-se no pensamento e no discurso que lhe tolhe o pensamento.
Nesse tempo, Emil Zatopek era um arquivista cinzento de um ministério mazombo. Foi exonerado, erradicado do exército, proibido de residir em Praga.
Roubaram-lhe tudo. Até a dignidade.
Exila-se no noroeste do país, junto à fronteira alemã: Jachymov. Trabalha nas minas de urânio, empurra vagonetas, suja a farda de ganga coçada.
Ah! Que nome extraordinário: Emil Zatopek!
Seis anos mais tarde, os novos governantes de Praga, roubam-no outra vez: exigem-lhe que regresse à capital, servirá de exemplo para aqueles que se opuseram ao barulho sinistro das lagartas dos tanques soviéticos esmagando o empedrado matemático da Ponte Carlos.
«Há mais igrejas em Praga do que dias num ano», escreveu Ingvalt Unsted.
Zatopek poderia ter esfregado a pano as fachadas das igrejas de Praga.
Havia algo que ninguém, nem todos os ladrões de Praga, podiam roubar a Emil Zatopek - a popularidade. Foi varredor de ruas e gritavam o seu nome enquanto varria ruas. As pessoas debruçavam-se nas janelas para ver Zatopek esvaziar baldes de porcarias urbanas na sua dignidade de homem que aceitava as porcarias humanas. Erguia um caixote e estralejavam as palmas. Os seus companheiros de trabalho recusam-se a partilhar horários com ele, sentem-se diminuídos, assumem a vergonha de uma tirania que não é deles.
Jan Echenoz escreveu como ninguém sobre Emil Zatopek: «Um homem doce…».
E ele corria, na sua passada inconfundível e vitoriosa, na peugada das camionetas do lixo que percorriam as ruas de Praga com as suas mais de quatrocentas igrejas…"

O “imperativo” da felicidade - um exercício de liberdade ou enclausuramento?

"De uma forma geral, a felicidade tem sido considerada como uma das principais âncoras para alcançarmos o que desejamos - a investigação tem demonstrado como a experienciação deste "estado de alma", facilita o nosso "drive" para atingirmos certos resultados ou a nossa vontade em termos relações sociais com ao adequado laço afectivo.
Por esta razão, este tema tem vindo a ganhar cada vez mais espaço em todas as áreas de performance, sendo fácil encontrar inúmeros relatos da sua aplicação no contexto desportivo, empresarial ou na vida em geral das pessoas. 
Globalmente, associamo-la a níveis elevados de bem estar e saúde mental.
Conscientes deste impacto, investigadores de diferentes universidades têm-se dedicado nas últimas décadas a tentar compreender porque é que existem pessoas mais felizes que outras e como poderemos tentar alcançar maiores níveis de felicidade.
Em paralelo, e acompanhando este movimento da ciência, multiplicaram-se milhares de livros de auto-ajuda sobre o tema (só na Amazon, aparecem mais de 20.000 exemplares diferentes!), eclodiram um sem número de "líderes espirituais" (infelizmente, na sua grande maioria, mais focados em fins próprios comerciais do que em ajudar verdadeiramente o outro...) predispostos a ajudar os demais a alcançar a emoção mais desejada e, inclusivamente, assistimos a uma tendência gigantesca em associar a felicidade às experiências que vivenciamos no dia-a-dia, motivando as pessoas a uma busca continua e incessante de... felicidade.
Mas, será que esta "vaga de felicidade" estará a aproximar-nos, efectivamente, desse objectivo? 
Lamentavelmente, esse não parece ser esse o caso. De facto, andamos antes a "treinar", o que poderíamos chamar de acções de "sensation seeking" e "risk taking", muitas vezes associadas a comportamentos de adição (que se traduzem, numa "espécie" de sensação momentânea de "felicidade"... falsa - porque externa e não internamente motivada).
Atendendo a que a investigação nos aponta para duas importantes dimensões, que confluem na nossa percepção de felicidade, que são a satisfação global que temos com a nossa vida e a percepção de felicidade subjectiva (em cada acção do nosso quotidiano), de repente, tudo à nossa volta nos "empurra" para a necessidade de procurarmos introduzir cada vez mais experiencias de felicidade na nossa agenda.
Resultado: uma gigantesca dispersão para tentar introduzir uma multiplicidade de estímulos, buscando sempre a "próxima" experiência de "bem estar" e, invariavelmente, e porque estamos a falar apenas, em mais uma forma de treinar comportamentos aditivos... a necessidade de ELEVAR cada vez mais o nível de risco nas actividades que escolhemos (e, aqui, podíamos estar a falar de coisas tão distintas como saltar de paraquedas ou, por exemplo, "flirtar" com um(a) estranho(a) enquanto o(a) nosso(a) parceiro está sentado na sala ao lado...).
Os fenómenos de adição são já de tal forma visíveis que os estudos nos indicam que os "viciados na felicidade", transformam-se invariavelmente em pessoas demasiadamente egocêntricas, cegas na sua busca de Felicidade, com muito menos capacidade de introspecção, danificando por completo aquelas que são as suas relações significativas - onde, de resto, assenta uma larga fatia da possibilidade de podermos, de facto, experienciar felicidade.
Muitas vezes, esta rede de suporte social da pessoa em questão, ainda têm que "levar" com o "teatro dos iluminados"... ou seja, assistirem de muito perto a um exercício de superiorização e soberba, onde "eles é que sabem, estão num nível superior de desenvolvimento e, por isso, vão ensinar quem está à sua volta a encontrar também a felicidade"... muitos acham até, que encontraram a "sua vocação" quando, na realidade, e assistido de perto, mais não é do que uma extrema necessidade de validação, assente na "vampirização" dos afectos e reconhecimento do outro (ficaríamos aqui a escrever 3 dias sobre tema).
De facto, em 20 anos de carreira, nunca vi alguém, genuinamente mais "evoluído" em termos do seu desenvolvimento pessoal, preocupado em fazer "uma campanha de marketing" acerca disso... na realidade, são até as pessoas que, muitas vezes quase em "silêncio", nos acompanham ao longo de uma vida, contudo, são quase sempre, os nossos "pilares".
São pessoas que, ao invés de rejeitarem as emoções negativas, antes as aceitam e integram na sua vivência, sem medo ou vergonha de, pontualmente, assumirem que estão tristes, angustiados, deprimidos... enfim, infelizes!.
É que, paradoxalmente, a investigação também nos indica que, só consegue ser genuinamente feliz, quem for igualmente capaz de experienciar a profunda tristeza - por outras palavras, é importantíssima uma boa capacidade de regulação e adaptação emocional.
E agora, em que ficamos?
Na realidade, até a investigação nos indica, actualmente, que quanto mais perseguimos a felicidade, menos a conseguimos experenciar e, curiosamente, também aqui a questão prende-se com algo que é muito trabalhado na área da performance:
Preocupamo-nos demasiado com o resultado (ser feliz) e pouco com o processo.
Por outras palavras, o que estou, de facto, a fazer de forma sistematizada (com todas as etapas de treino de resistência à frustração, inevitavelmente necessárias) para me aproximar desse propósito? 
Em suma, procurar coleccionar experiências de felicidade atrás de experiências de felicidade, com 30 amigos diferentes (já agora, emocionalmente, não conseguimos manter relações com a necessária qualidade emocional com mais do que uma mão cheia de pessoas...), traduz-se inevitavelmente, num efectivo treino de uma espécie de "rush" emocional, em nada diferente de nos sentarmos à frente da televisão a "devorar" um quilo de chocolate.
É que, a felicidade é subjectiva e é um processo descoberta interna (às vezes lenta) que tem que, necessariamente, possibilitar a nossa vivência como seres inteiros que somos - logo, integrando as "ditas" emoções negativas que, quase sempre, são o berço da nossa felicidade.
Porquê, então, fugir delas?"