Últimas indefectivações

domingo, 31 de maio de 2015

12 estátuas para Trapattoni

"Anda por aí a teoria, válida como outra qualquer, de que Jorge Jesus só teve êxito no Benfica porque, ao longo destes seis anos, teve muitos e grandes jogadores. É, em parte, verdade. Sim: teve grandes jogadores: Cardozo, Saviola, Nuno Gomes, Di María, Aimar, Ramires, Javi Garcia, Fábio Coentrão, David Luiz, Luisão, Maxi, Salvio, Gaitán, Garay, Matic, Witsel, Enzo Pérez, Rodrigo, Ola John, André Gomes, Jonas, Lima, Siqueira, Oblak, Markovic ou Talisca. Mas conhece algum treinador que, sem grandes ovos, tenha feito grandes omeletas? Sim: veja o final deste texto.
Vejamos os jogadores que tinha o inglês Jimmy Hagan quando, entre 1971 e 1973, ganhou três campeonatos para o Benfica e um deles sem sofrer qualquer derrota: Artur Jorge, Humberto Coelho, José Henrique, Eusébio, Nené, Jaime Graça, Simões, Vítor Martins, Toni, José Torres, Artur Correia, Rui Jordão, Rui Rodrigues, Vítor Baptista, Shéu ou Bento. Cansa, não é, de tantos e tão bons. E Eriksson em 1983, 1984 e, depois, 1991, quando ganhou três campeonatos: Carlos Manuel, Humberto Coelho, Diamantino, Chalana, Bento, Nené, Pietra, Filipovic, João Alves, Shéu, Veloso, Álvaro, Stromberg, Manniche, Silvino, Magnusson, Pacheco, Paneira, Valdo, Aldair, Thern, Ricardo Gomes, Ademir, Fernando Mendes, Paulo Sousa, Rui Águas, William, Isaías, Neno, Sanchez, Schwarz, Iuran, Rui Costa ou Kulkov. Uf.
E o FC Porto de Artur Jorge, campeão em 1985, 1986 e 1990? Eis os jogadores: Futre, Eurico, João Pinto, Quim, Gomes, Inácio, Zé Beto, Jaime Magalhães, Vermelhinho, Lima Pereira, Frasco, André, Quinito, Semedo, Eduardo Luís, Walsh, Costa, Juary, Celso, Madjer, Mlynarczik, Vítor Baía, Demol, Rui Águas, Branco, Geraldão ou Domingos. Até dói.
O primeiro passo para se ser um grande treinador de futebol é, como diria La Palisse, perceber de bola. O segundo é ter grandes jogadores. Jorge Jesus teve-os. Jimmy Hagan, Sven-Goran Eriksson e Artur Jorge também. Há depois os treinadores que, sem ovos, fazem omeletas especiais. É o caso de Giovanni Trapattoni, campeão pelo Benfica em 2004/05. Vejamos quem, por entre Luisão, Petit, Zahovic, Quim, Geovanni, Simão, Miguel e Nuno Gomes, ajudou o italiano naquela histórica temporada: Amoreirinha, Argel, Alcides, Fyssas, Manuel dos Santos, André Luiz, Paulo Almeida, Everson, Carlitos, Bruno Aguiar ou Delibasic. Até dói, não é? É. Mas ao contrário. Se Jorge Jesus, Jimmy Hagan ou Sven-Goran Eriksson merecem uma estátua na Luz, Giovanni Trapattoni merece uma dúzia.
(...)"

Rogério Azevedo, in A Bola

De Coimbra ao Jamor

"1. De Coimbra ao Jamor serão menos de quarenta e oito horas. Pouco mais de duzentos quilómetros. E com a TVI a rejubilar com as audiências alcançadas. Na sexta-feira, em Coimbra, e com um estádio quase cheio, o Benfica conquistou uma vez mais a Taça da Liga. Hoje, no bonito Estádio Nacional, Sporting e Sporting de Braga procuram erguer, com orgulho, a conquista da Taça de Portugal. Ontem, em vários estados desta Europa, realizaram-se, igualmente, outras finais da segunda principal competição interna. Desde logo em Wembley realizou-se a edição desta época da competição mais antiga do futebol mundial - a Taça de Inglaterra - já que se disputa desde 1871. E em Barcelona, e em Camp Nou, - e em razão da recusa do Real de Madrid em ceder o Santiago Bernabéu! - realizou-se a final da Taça do Rei entre a equipa de Messi e o Atlético de Bilbau. Singularidades desta Espanha bem dividida e com novas realidades partidárias a emergirem como relevantes actores políticos e governativos em várias regiões e importantes Municípios, como Madrid ou Barcelona. Em França o PSG disputou a Taça francesa com o Auxerre. E no Estádio Olímpico de Berlim, que se prepara para acolher a final da Champions, realizou-se a final da Taça da Alemanha entre o Borússia de Dortmund e o Wolfsburg. É o futebol a preparar-se para entrar no seu período de férias, pelo menos nas principais e mediáticas ligas europeias. E com as transferências de jogadores a tomarem conta da agenda mediática. Com os milhões ingleses a dominarem todas as atenções. E, logo, todos os desejos!
2. Em Coimbra o Benfica, com a conquista de mais uma Taça da Liga, assumiu a liderança dos títulos de futebol em Portugal ao atingir a bonita soma de setenta e cinco. O Benfica ganhou bem. E Jorge Jesus, no final, tinha razões para sorrir uma vez mais. E para partilhar o colinho de mais uma vitória com os fiéis adeptos que apoiaram a equipa constantemente e, em particular, a aplaudiram no momento a seguir ao golo do Marítimo. A equipa liderada por Ivo Vieira foi porventura demasiado agressiva em alguns momentos, mas lutou com dignidade e mostrou a valia de alguns dos seus jogadores, como é o caso de Danilo Pereira, o guarda-redes Salin, João Diogo ou Marega. Sabemos bem que o 'Benfica é uma nação'. E cada vitória é, de verdade, uma satisfação. Cada conquista séria a concretização de uma ambição. Cada troféu justo um instante de evidenciar a grandeza e de sublinhar entre todos, a expressão da implícita felicidade. Como aconteceu, ontem, em Guimarães, com a conquista - o tetra! - de mais um campeonato nacional de basquetebol. Um clube ganhador faz-se, em cada época, destas conquistas. Múltiplas conquistas. Ecléticas vitórias.
3. Hoje no Jamor Sporting e Sporting de Braga procuram uma 'atractiva vitória'. Também um troféu relevante para Bruno de Carvalho e António Salvador já que sonham, legitimamente, e como Presidentes, com a conquista da Taça de Portugal. Como os milhares de adeptos de ambos os clubes que encherão, com fervor, aquele emblemático estádio. E que não deixarão de incentivar os seus jogadores alguns deles envergando, com grande probabilidade, e pela última vez, 'aquela' camisola! Mas será um jogo bem singular para os dois treinadores; Marco Silva e Sérgio Conceição. É um jogo que, na presença do Presidente da República, tem, dentro dele, outros confrontos. E desde logo, o confronto silencioso entre cada Presidente e o seu treinador. Confronto que não é, à vista de todos, nem discórdia nem discussão. Mas confronto que nos faz recordar textos bem interessantes. Desde logo aquele judaico que nos adverte que «as discussões são como as luzes de velas acesas na escuridão». Ou aquele outro xintoísta que nos diz que «não te ressintas se alguém discorda de ti»! Veremos no final da tarde o que aporta a vitória e o que suscita a derrota!
4. Foram dias horríveis para a FIFA e para Joseph Blatter. É claro que foi reeleito, sem oposição final, para o seu quinto mandato como Presidente da FIFA. Mas é indiscutível que o conjunto das ações das autoridades de investigação suíça e americana provocaram 'sérios danos' no prestígio - e na idoneidade - de muitos relevantes dirigentes desta organização que é uma verdadeira multinacional. Mas importa não esquecermos que o ex-Presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, foi obrigado a demitir-se do Comité Olímpico Internacional em 2011 e de anunciar a renúncia ao lugar de Presidente honorário da FIFA em 2013 em razão da sua ligação a uma empresa de marketing, a ISL. O que sabemos é que a FIFA é, na realidade, 'quase um Estado'. Com muito mais poder que grande parte dos Estados reconhecidos pela ONU! Como não podemos ignorar, em outra dimensão, o poder da UEFA. E da sua Liga dos Campeões por excelência! Aqui com a certeza da sua necessária articulação com a União Europeia e algumas das suas regras constituintes. Mas fixemos destes últimos dias a ingerência de Estados - com a Rússia a entrar logo no jogo a defender Blatter! - a divisão europeia - com Franz Beckenbauer a elogiar Blatter e a criticar as posições da UEFA - e as dúvidas dos principais patrocinadores da FIFA acerca da correta posição a adoptar. Com a intuição que alguns dos seus novos e emergentes mercados estão com Blatter! Pressentimos que no âmbito da FIFA algo vai mudar. Mas ou a transição é 'calma' ou a 'revolução será imensa'. E como nos recorda Gilbert Cesbron «a verdadeira revolução acontece quando mudam os papéis e não apenas os autores»! Que dilema! Que está para além dos minutos de um jogo de futebol. Seja na Nova Zelândia, na Rússia ou no Qatar!"

Fernando Seara, in A Bola

Tabus e mitos

"1. O triunfo na Taça da Liga fez de Jorge Jesus o treinador com mais troféus conquistados na história do Benfica, ultrapassando Otto Glória. Dez títulos em seis anos é o tipo de dado estatístico que se pode torturar até ele confessar o que muito bem entendermos. Que está na altura de o treinador encarnado encerrar um capítulo na carreira e partir para um novo desafio, por exemplo. Ou que não faz sentido encerrar uma parceria de sucesso no momento em que atinge a máxima rentabilidade. Em plena fase de renegociação do contrato, é natural que Jesus faça questão de alimentar a dúvida prolongando o tabu e fazendo-se caro, mas por esta altura já é evidente que não tem tantas alternativas como isso para subir na carreira. E, como é óbvio, Luís Filipe Vieira também sabe disso.
2. Há uma boa e uma má notícia para ler no lucro de 22,1 milhões de euros que o Sporting declara nas contas do terceiro trimestre. A boa é a que garante que o clube está a um passo de assegurar os 4,9 milhões de euros de lucro no final do exercício que o fair play da UEFA exige para não o punir com limitações na inscrição de jogadores nas provas europeias e com multa de dois milhões de euros. A má é a dependência que as contas revelam em relação às receitas provenientes da participação na Liga dos Campeões. Receitas que os leões não têm garantidas para a próxima temporada e que pressionam decisivamente o orçamento, limitando a margem de manobra do clube."

Boa entrada...

Começou na última madrugada a participação lusa, no Mundial de Sub-20 na Nova Zelândia, com um Portugal 3 - 0 Senegal.
Com o Nunes, o Guzzo e o Guedes a titular, e com o Nuno Santos a saltar do banco nos últimos minutos, para efectuar uma assistência e um golo!!!
Recordo que o Nuno Santos o ano passado no Europeu, acabou por se lesionar com gravidade pouco dias antes do início da prova... as lágrimas no golo devem ter sido consequência disso!!!
Contra uns Senegaleses bastante ingénuos, Portugal podia e devia ter goleado... mas mesmo assim acabou por ser uma boa entrada numa competição, onde temos algumas ambições... Se a Defesa não comprometer temos muitas opções ofensivas. Recordo que nesta 1.ª fase, os melhores 3.º classificados também se qualificam, portanto o Mundial 'a sério', só vai começar nos Oitavos-de-final! Na próxima partida, vamos defrontar o Qatar, novamente às 5h da manhã!!!

O Nuno Santos, mesmo com poucos minutos acabou por ser um das figuras do jogo. Já o afirmei anteriormente, neste momento, é um dos jogadores da nossa equipa B que mais facilmente poderá fazer a transição para a equipa principal. Tem boa técnica, joga nos dois flancos, é rápido, é inteligente, faz assistências, cumpre tacticamente... é um jogador 'quase' feito, e tem posição definida, algo que por exemplo o Gonçalo Guedes ainda não tem!!!
O outro destaque foi o Guzzo. O jovem que esta época esteve emprestado ao Chaves, fez uma grande exibição principalmente no 2.º tempo...

Moreira; Riquicho, Nunes, Duarte, Rafa; Tomás, Guzzo, Rony (Rodrigues, 83'); Gelson (Santos, 89'), Guedes (Ramos, 73'); Silva.

ADENDA: O Mukhtar começou da melhor maneira o Mundial, marcando três golos, na estreia da Alemanha contra Fiji!!!



Resumo da vitória de Portugal sobre o Senegal por 3-0 em jogo a contar para a 1ª jornada do Grupo C do Mundial Sub-20.Golos de Gelson Martins, André Silva e Nuno Santos.#Portugal #MundialSub20
Posted by Bola ao Meio on Domingo, 31 de Maio de 2015


PS1: Parabéns à nossa equipa de Snooker que hoje se sagrou Campeã Nacional, depois de vencer o Braga nas meias-finais por 5-0, e na Final, novo 5-0 sobre o Vendas Novas!!! Limpeza total...!!!

PS2: O 2.º dia acabou por não trazer novidades na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Atletismo, que se disputou este fim-de-semana na Turquia. Não conseguimos subir na classificação e acabámos no 4.º lugar... A lesão do Marcos Chuva no Salto em Comprimento acabou por retirar o Benfica da luta pela medalha de Prata... Creio que seria muito complicado 'roubar' o 1.º lugar aos Turcos a 'jogar' em casa, com um plantel muito 'internacional'!!!
ADENDA: Afinal os Espanhóis conseguiram dar a volta e terminaram em primeiro!

PS3: No Judo o Célio Dias ficou em 5.º no Open Europeu na Roménia; em Viena a Dulce Félix, ficou na 4.ª posição, numa corrida de 5000m...; no Triatlo o João Silva foi o único Benfiquista em Londres, na 6.ª etapa do Mundial, e terminou em 26.º! Tudo resultados abaixo do potencial dos nossos atletas, sendo que o João Silva, depois de quase 2 anos com muitas desistências, é sempre boa notícia quando termina uma prova...

PS4: Este fim-de-semana o Estádio da Luz, foi palco de festa, com o 10.º Encontro Nacional Geração Benfica, com todas as escolinhas do Benfica a marcarem presença, com muitos miúdos a terem o privilégio de pisar a relva sagrada!!! Para quem não sabe, é bom recordar, que já temos jogadores nas nossas equipas de Juniores que 'apareceram' nestas Escolas, e que hoje representam o Benfica e a Selecção Nacional ao mais alto nível...!!! 

PS5: Não representa o Benfica, mas creio que é Benfiquista: parabéns ao Miguel Oliveira pelo triunfo de esta manha, na mítica pista de Mugello, em Itália,  na categoria de Moto3. A primeira vitória de um português no Mundial de Velocidade... e foi logo de forma épica, com uma última volta repleta de ultrapassagens!!!

PS6: Parabéns também para as nossas meninas do Rugby, que hoje venceram o Campeonato Nacional de Sevens, tornando-se assim Tricampeãs Nacionais, sendo este o 4.º título. 

Fechar os olhos é mais simples...



Este documentário já tem mais de um ano... mas com os acontecimentos dos últimos dias, acabou para 'ganhar' actualidade!!!

A FIFA e a lei

"1. O espaço não permite uma análise detalhada do crash de 27 de Maio de 2015. Também, pela sua natureza, esta coluna - essencialmente de informação jurídica - não se encontra talhada para tal. Assim, para esclarecimento do leitor, centramo-nos nalguns aspectos que o podem auxiliar a enquadrar outras leituras.
2. A FIFA é, porventura, a mais poderosa organização desportiva internacional, e que regula o futebol. É uma associação sem fins lucrativos, constituída na Suíça, de acordo com o direito deste país. Em todo o rigor, a FIFA está para a lei suíça, como Clube Náutico de Ponte Lima está para o direito português.
3. A FIFA é, por outro lado, de um ponto de vista substancial, uma entidade que exerce uma actividade económica, uma empresa. Assim é encarada, desde logo, e há muito pelo Direito da União Europeia, facto que, como muitos saberão, determina, por esta via, muito das suas regras desportivas.
4. Como associação que é, muito da sua organização e actividade ganha espaço primordial de regras, nos seus estatutos, dito por outras palavras, depende, por inteiro, da vontade dos seus 209 associados, as federações nacionais.
5. Este quadro minimalista determina que qualquer controlo da sua actividade pode assumir duas vertentes: a exterior, provinda de normas estatais e a interior, determinada por ela própria, pelos associados.
O controlo externo, pelas limitações da liberdade de associação, somente pode adquirir eficácia palpável pela via criminal. O interno pressupõe uma vontade de mudança dos seus associados.
6. Se este é o quadro legal, há contudo, permita-se-me a expressão, mais dura para além da lex. É o caso das posições que vierem a tomar os poderosos patrocinadores da FIFA. Por vezes, é mais eficaz ir à carteira."

José Manuel Meirim, in A Bola

FIFA no cabo das tormentas

"E, sem surpresa, a FIFA, 'o Estado' dentro do Estado (e dos Estados), enfrenta a maior crise da sua história centenária. Não está insolvente. Nem está impotente. Está apenas e só com sintomas de estar decadente. O que pode dar insolvência e impotência. Mas não para já. Para já é o tempo da investigação. E da resistência de Joseph Blatter, com metade da vida na FIFA...
Em primeiro lugar, este é o tempo da investigação da ilicitude criminal, a jogar-se em dois tabuleiros. O mais complexo e amplo, domiciliado no Departamento de Justiça dos EUA e liderado pelo FBI, averigua corrupção, extorsão, branqueamento de capitais e fraudes relativas aos contratos de publicidade, 'marketing' e transmissão de direitos televisivos e outros direitos de exploração das competições organizadas pela FIFA (em especial o Mundial da África do Sul); aponta-se para 150 milhões de dólares de subornos e pagamentos ilegais. Por outro lado, no tabuleiro do Ministério Público suíço investiga-se a corrupção, o tráfico de influências e o branqueamento nos processos de atribuição e organização dos Mundiais de 2018 e 2022 (Rússia e Qatar). Em ambos os tabuleiros, este é o tempo crítico de obtenção da prova; depois da detenção dos principais suspeitos nos hotéis de Zurique e depois de os 'arrependidos' terem naturalmente fornecido os detalhes que podem ser decisivos para confirmar as actuações dos vice-presidentes do Comité Executivo, de dirigentes da CONCACAF e da CONMEBOL, de presidentes de federações da América do Sul e de gestores das empresas ligadas aos eventos da FIFA.
Em segundo lugar, este já é o tempo do início dos processos disciplinares desportivos junto da FIFA e, depois, no seio das confederações e das federações. O Comité de Ética da FIFA suspendeu provisória e cautelarmente 11 dos suspeitos de toda a actividade no futebol. Depois, haverá a migração da prova criminal para os procedimentos disciplinares e teremos (ou não) o encaixe nos ilícitos desportivos.
Em terceiro lugar, este é o início do último ciclo do presidente eleito pela quinta vez esta semana. Blatter foi o melhor secretário-geral que João Havelange poderia ter tido para concretizar o sonho do futebol "global" e 'rentável'. Criaram uma 'máquina' de receitas, supostamente insusceptível de controlo externo por força das constrições estatutárias e alegadamente susceptível de viver apenas com a sua auto-organização. É essa estrutura 'global' e 'fechada' que foi definitivamente colocada em crise. Renovar-se-á ou caminhará para a autodestruição? Aguardemos pela prova..."

Renovação?

"Já lá vão seis anos, escrevi que Jesus iria ser "o Ferguson do Benfica". E a verdade é que, com ele, o Benfica reencontrou-se com a sua lenda. Não ganhou sempre, mas passou a jogar - e a ganhar - de igual para igual com o FC Porto, que há seis anos parecia ir eternizar-se na liderança do futebol português.
Além disso, o Benfica reencontrou a alegria de jogar e tornou-se temível no assalto às balizas adversárias, como nos tempos de Eusébio e Águas. Com Cardozo e Saviola, com Lima e Rodrigo, ou com Jonas e Lima, a equipa ultrapassou sempre os 100 golos por época, construindo várias goleadas. 
Perante isto, poderá o Benfica não querer renovar com Jesus? Seria absurdo. E será correto baixar-lhe o ordenado? Um treinador mais barato poderia poupar 2 milhões ao Benfica. E quantos milhões o Benfica poderia perder se Jesus saísse?
Pensemos na quebra de assinaturas da BTV, nos espectadores no estádio, nos patrocínios, no merchandising, na valorização de jogadores. Tudo junto, poderia atingir o quê? 50 milhões de euros? Mais? O barato sai caro.
Por razões desportivas, por razões económicas, o Benfica não pode deixar fugir Jesus. Claro que Jesus pode achar que é o momento de deixar o Benfica - para provar a si próprio e aos críticos que é capaz de ter sucesso noutras latitudes.
Um dia, falando do Real Madrid, disse-me: "Com estes jogadores, eu ganhava tudo!" Talvez ganhasse, talvez não. Voltando ao início, para Jesus ser o Ferguson do Benfica serão necessárias duas coisas: o Benfica celebrar com ele um contrato de longo prazo e ele assumir que o Benfica o clube onde melhor se poderá realizar. Vamos a isso?"

sábado, 30 de maio de 2015

Tetracampeões

Guimarães 63 - 71 Benfica
(0-3)
15-24, 16-18, 17-17, 15-12

26.º título de Campeão Nacional, numa época histórica, onde triunfámos nas cinco competições: Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Supertaça, Taça Hugo dos Santos, e Troféu António Pratas!!! Limpeza total...
Hoje ganhámos o jogo na defesa, no ataque não tivemos muito bem... Apesar de ser bom recordar que no último período, as leis de jogo foram suspensas, e valia tudo... as únicas faltas assinaladas marcadas a favor do Benfica (quando o jogo ainda estava em aberto...), foram dois lançamentos do Benfica, que entraram, e então os árbitros resolveram marcar falta, antes do lançamento!!! Basicamente 'anularam' 4 pontos ao Benfica!!! No resto, valeu tudo... O Vitória só não deu a volta ao marcador, porque falharam vários lançamentos fáceis nos últimos minutos, inclusive 4 lances livres!!!
No início do jogo abrimos uma boa vantagem acima dos 10 pontos, e conseguimos gerir a vantagem quase sempre bem. E quando o Guimarães lá conseguia um cesto 'motivador', nós, na resposta, marcámos sempre... para acalmar os ânimos!!!
Como não podia deixar de ser, mais uma grande jogo do Jobey Thomas, naquele que provavelmente foi o seu último jogo da carreira!!!
Uma nota para o comportamento vergonhoso dos adeptos do Vitória (mais uma vez). Os que ficaram dentro do pavilhão no final do jogo, ficaram exclusivamente para ofender a equipa do Benfica, e logo a seguir, com os jogadores do Benfica ainda a celebrar, resolveram atirar pedras de fora do pavilhão, lá para dentro...!!!
Isto depois, da tremenda azia do treinador do Vitória, que com um plantel muito melhor que a Ovarense, conseguiu 'facilitar' o trabalho ao Benfica... Obrigado!!! Isto de ter holligans no banco, pode ser 'bonito', mas normalmente não resulta... o treinador da Ovarense, nesta equipa do Guimarães, e nós não teríamos assistido aos 3 jogos da Final, com tanta tranquilidade!!!
Parabéns a toda a secção, porque apesar da grande diferença de valor, não é fácil manter a 'fome' de títulos, nestas equipas, principalmente neste tipo de competições com play-off's onde as 'facilidades' da época regular, muitas vezes enganam... e depois nos momentos das decisões, quando as dificuldades aparecem (com uma aparente surpresa), não é fácil 'acordar' o pessoal!!!
Agora, depois da Festa, temos que começar a pensar na próxima época... Suspeito que será um defeso complicado. Tentar convencer o Jobey a fazer mais uma época, deveria ser a prioridade, mas sendo isso tarefa impossível, vamos ter que preparar o futuro com muito cuidado... A provável saída do Doliboa (o rendimento esta época baixou bastante...) também está no horizonte... Em sentido contrário parece que já contratámos o Nuno Oliveira, provavelmente o melhor atirador nacional actualmente, mas temos que ter um núcleo duro de Americanos. O Slay fez uma época fraca, mas no play-off esteve muito bem... O Lonkovic, mesmo contando como estrangeiro, até seria bem vindo para o lugar do Seth... O Carreira e o Ferreirnho também devem regressar após as lesões graves... O Castela e o Gameiro precisam de minutos, se fosse eu a decidir: 'emprestava-os'!!!
E depois temos a variável: Corruptos!!! Já anunciaram que querem regressar. Mas como é habitual naquela casa, querer mudar as regras, para lhes facilitar o trabalho!!! Aumentar para 6, o número de estrangeiros é um absurdo, numa altura onde existem cada vez menos jogadores portugueses... A única vantagem de ter 6 'americanos' seria numa potencial participação europeia, algo que neste momento é secundário para qualquer equipa portuguesa... Ainda por cima a FIBA acabou com a Eurochallenge, a partir da próxima época, só vai haver 2 competições Europeias: a 'Champions' e a EuroCup... Um brilharete português na EuroCup é impossível!!! Apesar desta 'exigência' ultrapassar os limites do absurdo, temos que estar atentos, porque a ser aprovada pela FPB, muda tudo...


Benfica ergue Tetracampeonato
SLB, SLB, SLB... Glorioso, SLB! goo.gl/zY69JW
Posted by Sport Lisboa e Benfica - Modalidades on Sábado, 30 de Maio de 2015

Final esperada...

Benfica 4 - 0 Fundão

Resultado mentiroso, pois só nos últimos minutos confirmamos a goleada, já que durante a maior parte do tempo o marcador marcou 1-0... E a principal justificação para um resultado tão curto, foi o desperdício. Muito desperdício mesmo...

Os Lagartos foram ganhar a Braga (como uma vaca monumental diga-se!!!), e portanto a Final está definida. Estamos invictos, temos uma série de 2 anos sem perder para as Osgas. Temos melhor equipa. Temos melhor treinador. E já apareceram nos jornais, rumores, da revolução do plantel do Sporting para a próxima época!!! Mas o Tugão também existe no Futsal...!!! Vamos seguramente ouvir e ler as atordoadas do Albuquerque (versão modalidades do Brunão!!!), com o objectivo de coagir os 'ambientes' dos jogos da Final, e portanto, temos que dar tudo, com cabeça fria, e sem desperdiçar golos em quantidades industriais!!!

PS: Na Turquia, na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Atletismo, o 1.º dia não foi famoso para o Benfica. Recordo, que o ano passado ficámos em 2.º lugar... Neste momento estamos em 4.º lugar com 49 pontos, e realisticamente só podemos ambicionar o 2.º lugar (55 pontos, os Espanhóis do Playas de Castellon), já que os Turcos a 'jogar' em casa, parece estarem demasiado longe (61)...

Juvenis - 4.ª jornada - Fase Final

Tiago Dias
Setúbal 0 - 2 Benfica

Tinha alertado para a importância desta partida. Num campo onde já tínhamos perdido esta época (sem alguns jogadores importantes...), demos um passo de gigante para o título. Quando faltam duas jornadas para terminar a Fase Final só precisamos de 1 ponto, na próxima jornada quando recebermos os Corruptos no Seixal, e mesmo em caso derrota temos a última jornada na Madeira, contra o Nacional, para rectificar...!!!

Benfica conquista sexta Taça da Liga

"Foi bonito alimentar a esperança de, 89 anos depois da conquista do Campeonato de Portugal (1926), o Marítimo poder enriquecer a sua sala de troféus com uma Taça da Liga, mas a vida é assim. Como referiu o treinador Ivo Vieira, quem chega a uma final só pensa em vencê-la. Acredita-se que foi com esse espírito que todos os jogadores maritimistas e encararam, tamanha a valentia demonstrada num combate desigual em função da reconhecida qualidade do Benfica, o qual arrecadou a terceira conquista da temporada com inatacável merecimento, apesar de ter sido obrigado a deixar a pele em campo devido aos problemas que o adversário lhe criou: o que só valoriza um sucesso que, embora esperado, precisou de litros de suor para cavar o seu rio e foi confirmado por quilómetros de talento.
Como se percebeu, o problema não residiu num Marítimo generoso, que lutou até ao limite das suas capacidades, mas sim num Benfica de superior dimensão, que se revelou forte de mais. As surpresas acontecem, é certo, mas geralmente, no momento da verdade, triunfam os melhores. Foi o caso, e a Luz vai acolher a sexta Taça da Liga num total de oito edições (Vitória de Setúbal e Sporting de Braga apoderam-se das restantes).
A primeira decisão de encerramento de época está (bem) resolvida. Falta a segunda, e mais importante na hierarquia: a Taça de Portugal. O Sporting de Portugal não a ergue há sete anos; o Sporting de Braga não lhe sente o peso desde 1966. O terceiro e o quarto do campeonato outra vez frente a frente. Na última jornada da Liga, Marco Silva goleou Sérgio Conceição, em Alvalade. Amanhã, no cenário místico do Jamor, como será? Um dia alguém disse, prognósticos só no fim do jogo..."

Fernando Guerra, in A Bola

Poder, dinheiro e futebol

"Blatter não se mostrou arrependido. Apenas surpreso. Apresentou-se como a mais sofredora das vítimas. Ele que tudo dominou e controlou.

Blatter está à beira do abismo e, como na história do louco, decidiu dar um passo em frente. De repente, em vésperas da consagração para mais um mandato em Zurique, fez a espantosa descoberta de que o esplendoroso universo FIFA, que ele comanda, domina e controla sem contemplações, consentiu, afinal, um mundo execrável de influências, fraudes e corrupção, com esquemas organizados para lavagem de dinheiro ilícito.
Perante os congressistas da FIFA, chegados de todos os continentes, Blatter não se mostrou arrependido. Mostrou-se, sim, surpreso, e fez questão de se apresentar como a mais sofredora das vítimas das misérias humanas que corromperam cidadãos que ele tanto respeitava e nos quais tanto acreditava. Tudo o que ants de falava, tudo o que antes de dizia, tudo o que antes de criticava era, para Blatter, apenas um coro desafinado e rapazes invejosos e maledicentes.
Eleito no 51.º Congresso da FIFA, em 1998, em Paris, e sucedendo a João Havalange (24 anos do presidência da FIFA) que lhe entregou a eleição como se entregasse a sucessão de um trono de monarquia absolutista, Joseph Sepp Blatter, hoje, com 79 anos de idade, teve a sagacidade de entender que não poderia tirar com uma mão, sem dar com a outra. Com ele, a FIFA consolidou não apenas o Estado do futebol, considerado, admirado e venerado pelos chefes de estado de quase todo o mundo, mas o império, onde não apenas o imperador, mas a corte que lhe era fiel, garantia uma sobrevivência generosa de condições e privilégios. A riqueza que o futebol proporcionava passou a estar, para a FIFA, como o petróleo para os países árabes e por isso o nível de vida das elites do organismo de Zurique tanto se aproximava de uma vida das arábias, com hábitos luxuosos próprios de reis e de príncipes.
Blatter sempre soube fazer crescer esse império e sempre garantiu a ausência de um efectivo escrutínio. Porém, sempre soube ser generoso para com aqueles que se mostravam fiéis, aqueles que nunca interrogavam, e, em especial, aqueles que o idolatravam.
Ao longo dos tempos de presidente, Blatter foi-se tornando refém do seu próprio culto de personalidade. Nas Galas anuais da FIFA, os mais independentes faziam apostas jocosas sobre quantas vezes, em cada ano, ele subiria ao palco e falaria perante as câmaras de televisão, assumindo-se, sempre, como artista principal.
No entanto, Blatter sempre cuidou de garantir provas suficientes de que, com ele na liderança, a FIFA se tornara próspera e universal e, além disso, uma organização interessada e comprometida com o desenvolvimento social, política e económico, sobretudo, nas zonas mais carenciadas do mundo.
Foi essa política de compensação, essa ideia de criar uma cultura forte de contribuição para as grandes causas humanitárias, essa preocupação em promover uma política de benemérita contribuição para os pobres e para os desprotegidos da vida, que levou a FIFA a importantes associações e convénios com instituições e organizações de carácter humanitário, entre as quais, a própria ONU.
Não se deve, nunca, desprezar nem a sagacidade, nem a inteligência, nem a capacidade de sobrevivência de um homem como Blatter, que está há 40 anos na FIFA e conseguiu, ao longo de todo este tempo, construir um império de dimensão global, implicado nas diversas alianças, envolvido em complexas estratégias políticas, em enredos de negócios das maiores multinacionais. Blatter tem muito poder, tem muito dinheiro e tem o conhecimento, como poucos, do mundo do futebol. A notícia da sua queda, por enquanto, ainda é muito exagerada.

Dentro da área
Lopetegui e a decisão portista
, no FC Porto, quem seja a favor e quem seja contra a continuidade de Lopetegui. Como Pinto da Costa não só é a favor, como assumiu internamente a decisão, a continuidade do técnico espanhol torna-se, para já, pacífica. Não me parece uma má decisão. É de esperar que o treinador tenha aprendido alguma coisa de importante com esta época desoladora; é de esperar que o grupo se adapte melhor às diferenças; é previsível que a estabilidade ajude, mais uma vez, a melhores resultados. Então se Benfica e Sporting mudarem...

Fora da área
Putin e Cameron política e futebol
O presidente russo, Vladimir Putin, conseguiu descobrir uma tenebrosa conspiração americana contra as forças do bem da FIFA. Por outro lado, o primeiro ministro britânico, David Cameron, entende que Blatter não pode continuar na liderança e que a FIFA precisa de reformas.
De facto, o futebol, vivido com despudor na plataforma da discussão política, torna-se perigosamente caricato e vulnerável. O povo estremece só de ver o jogo de que tanto gosta manipulado ao sabor de estratégias que não lhe dizem o menor respeito."

Vítor Serpa, in A Bola

Devemos celebrar a morte de quem morre assim?

"Morreu há dias Dean Potter. Vinha a voar dum penhasco de 2300 metros no Parque Natural de Yosemite, nos EUA, o paraquedas não abriu e, na tentativa de passar por um estreito rochoso, Potter esborrachou-se. Correu-lhe mal o BASE jump, que de resto praticava ilegalmente.
Potter não queria saber. Tinha 43 anos e nome feito no restrito sector dos malucos. Saltava do topo de edifícios, montanhas. Nada temia. Era admirado por uma comunidade de loucos que sonhavam ser loucos como ele e, não podendo, se ficavam pela reverência.
Potter dizia dele próprio ser um «um atleta, um aventureiro e um artista» e eu concordo em parte. Não sei se era bom artista ou bom atleta mas era garantidamente bom aventureiro.
Fico, porém, sem saber se devemos celebrar a morte de quem morre assim. Foi uma tragédia, eu sei. Isso é óbvio. O que pergunto é se alguém que dedica a vida a esta iminência e eminência da morte não deve, depois de morto, ser ainda mais admirado pelos tais loucos que o celebravam em vida. Senão é um mártir desportivo.
A figura do daredevil, nascida com Evel Knievel - o ícone motociclista norte-americano dos anos 60 e 70 que partiu ossos por 433 vezes em saltos arriscados - tem um enquadramento difícil no desporto, mesmo no das modalidades radicais, de aventura. Mas ainda mais difícil parece ser tentar saber a razão pela qual Potter se considerava artista. Estou convencido de que um daredevil não quer morrer e duvido até que possa acreditar que o seu trabalho valerá mais quando morrer mesmo. Só então a sua criação teria, sim, a valorização póstuma clássica nas obras de arte.
No resto, é pena que alguém tão novo morra a tentar voar."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

Agraciados

"Decorrei esta semana, por iniciativa do Presidente da República, um evento denominado Homenagem ao Desporto Português. Na referida cerimónia foram distinguidos 16 atletas.
Podemos questionar a oportunidade desta cerimónia, pois no último 10 de Junho, momento em que é habitual o Presidente da República proceder à atribuição e entrega dos títulos honoríficos, ninguém da área do desporto mereceu distinção. E não podemos esquecer a celeuma gerada recentemente com a entrega de títulos honoríficos em cerimónia específica para apenas atletas, treinadores e dirigente de uma única modalidade. Todos esperam coerência, bom senso e justiça por parte da entidades do Estado. Na verdade, e neste evento, com um critério transparente, medalhados olímpicos/paralímpicos e um campeão do Mundo de uma disciplina olímpica e outro paralímpica, o Presidente da República agraciou atletas que se destacaram em grandes competições internacionais, especialmente nos ditos Jogos, e que até hoje não haviam sido agraciados.
Surpreendente e revelador o facto de termos medalhados em 1952 e que durante todos estes anos, e após centenas de títulos honoríficos entregues, nenhum Presidente da República teve a oportunidade de os homenagear.
Um país que paga prémios de mérito desportivo, fazendo cerimónias para entregar cheques, já podia ter criado esta oportunidade. Sinal do real valor e peso que ao desporto (não) é dado. Fica esta cerimonia marcada, acima de tudo, como um acto de justiça e reconhecimento para com estes atletas que atingiram a excelência, mais vale tarde do que nunca.
Esperemos que não seja apenas um fogacho circunstancial. E que nas futuras cerimónias de atribuição de títulos honoríficos o desporto esteja presente com as demais áreas, nas cerimónias do 10 de Junho."

Mário Santos, in A Bola

David atinge Golias

"Fly Emirates
São da mitologia Judaica as referências a David e Golias, ou naquela época a sequência era inversa, Golias e David.
Golias era um Homem muito alto - segundo rezam as crónicas mas David, astuto, arremessou uma pedra contra a cabeça de Golias, fazendo com que este caísse no chão. A partir daí, matá-lo foi facílimo!
Esta história chegou aos nossos dias contada de forma diferente, propagando a ideia que o mais fraco pode vencer o mais forte!
Mas como se leu, em vez de lutar corpo a corpo, David atirou-lhe com uma pedra mesmo em cheio na cabeça!
É evidente que a realidade da vida é mais esta última, do que a romântica de que os fracos podem vencer de forma leal os fortes!
Neste caso específico, o Sport Lisboa e Benfica não se atirou a ninguém, mas usou de forma leal e astuta a sua inegável importância e estatuto de maior instituição de Portugal para assim poder firmar um acordo de patrocínio que poderá ficar para a História como o maior de sempre celebrado em Portugal. A 15 de Maio de 2011, a FC Porto SAD informava o mercado que havia celebrado com a Portugal Telecom SGPS S.A. um acordo de patrocínio, onde se lia mais ou menos isto:
'... vem informar o mercado que celebrou um contrato de patrocínio com a Portugal Telecom, SGPS, SA, que vigorará até 30 de Junho de 2015.
Como contrapartida deste acordo, a Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD garante proveitos globais mínimos de 14,6 milhões de euros.
Mais se informa que este contrato contempla o pagamento de prémios variáveis adicionais, dependentes da performance desportiva, nacional e internacional, da equipa principal de futebol desta sociedade'.
Os Emirados Árabes Unidos, em árabe (Dawlat al-Imãrãt al-'Arabiyah al-Muttahidah) são um país árabe localizado no Golfo Pérsico. Correspondem a um conjunto de monarquias árabes autónomas - Emirados, mas que se organizaram numa confederação. Os sete Emirados são Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah. A capital, a segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos, é Abu Dhabi.
Tem a sexta maior reserva de petróleo do mundo e é um dos países mais ricos do mundo por produto interno bruto (PIB).
A Fly Emirates é a companhia de aviação destes Emirados.
O sistema não funciona através de impostos, pois a sociedade de aviação pertence ao Fundo Soberano Estatal, tendo gerado dividendos de 14,6 biliões de AED (moeda local).
Em 2013 o sector da aviação contribuiu com 26,7 biliões de dólares para a economia do Dubai e suportou 416.500 postos de trabalho.
Vejamos na Fig. 1 os Proveitos Operacionais.
E na Fig. 2, os Lucros que foram atribuídos ao proprietário.
Isto tem tudo a ver com a nossa TAP.
Não é maledicência, não é menoridade, não é complexo de inferioridade, nem sequer é querer atirar com o 'calhau' à cabeça do Golias.
Os impostos em Portugal ultrapassaram há muito o limite do admissível. Hoje é um perfeito confisco! Acham que com os impostos que existem e com a forma como todos são hoje controlados, que alguma vez alguém irá querer investir em Portugal a não ser no Benfica e mais meia dúzia de coisas?
Eu quase que tenho a certeza que não!"

Pragal Colaço, in O Benfica

sexta-feira, 29 de maio de 2015

6.ª Taça da Liga

Benfica 2 - 1 Marítimo

Continuamos a açambarcar Taças da Liga, para inveja de muitos (apesar de não o confessarem!!!). Tal como era esperado, o grau de dificuldade foi muito elevado. Um jogo com muita luta, pressão altíssima, pouco tempo para pensar... e como acontece muitas vezes fora da Luz, um relvado onde não é fácil controlar a bola, e assim o habitual carrossel ofensivo do Benfica, 'anda' um pouco mais devagar, e isso beneficia sempre o nosso adversário... Não é uma questão de menos ou mais atitude, como às vezes se diz... O Marítimo jogou bem, fizeram 90 minutos a alta rotação, com marcações 'fortes', sempre à procura do erro do Benfica, e não é fácil num final de época, após os festejos do Campeonato, voltar a focar a atenção dos jogadores, para este tipo de duelos, como o passado recente do Benfica comprova... Mas desta vez, não falhámos. Vamos para férias sem amargos de boca, finalizando uma série de 6 troféus internos consecutivos...!!!
O jogo começou repartido, com a bola longe das balizas, mesmo assim o Lima falhou um golo feito... o Marítimo também rematou com perigo (pelo menos 1 vez), mas foi de bola parada, perto do intervalo, que chegámos ao golo...
O 2.º tempo começou com uma grande defesa do Júlio, e logo a seguir tivemos a expulsão do Raul Silva (provavelmente já devia ter sido expulso na 1.ª parte!!! Um autêntico caceteiro profissional!!!), o Benfica reagiu imediatamente... mas acabou por ser o Marítimo, num ataque rápido, numa falha colectiva de marcação (não foi só o Jardel), permitimos o empate!!! O Marítimo fechou-se, começou a despachar bola para o Marega (que mesmo sozinho, foi criando confusão!!! Ainda bem que foi substituído!!!)... Mas desta vez o Jesus mexeu bem na equipa, o Talisca e o Ola John entraram bem, e entrámos em modo massacre, com vários golos inacreditáveis falhados... Até que apareceu um dos mal-amados do plantel: Ola John a decidir o título a favor do Benfica (logo no dia, onde apareceram notícias 'seguras' de uma provável ida para Inglaterra para gáudio de muitos Benfiquistas!!!). Mesmo contra 10, os últimos minutos não foram fáceis, o Marítimo nunca desistiu, e o Benfica cometeu alguns erros, que não costuma cometer: aquele livre nos descontos, foi muito mal defendido...!!!
Júlio César voltou a fazer algumas defesa importantíssimas... Os Centrais tiveram melhores na marcação ao Marega (em relação ao jogo do Campeonato)... O Eliseu fez um dos melhores jogos ao serviço do Benfica!!! O Maxi voltou a ser um falso-ponta-de-lança!!! O Samaris tal como no jogo do Campeonato voltou a ter muitas dificuldades... já que o Pizzi, voltou a não perceber as marcações... O Nico foi o nosso criativo em melhor forma... O Sulejmani não conseguiu entrar no jogo... O Jonas fartou-se de levar porrada, algumas entradas por trás, no tendão de Aquiles,  muito perigosas, e na minha opinião maldosas... Mesmo assim, ainda teve tempo de marcar um golo, e assistir outro!!! O Lima rematou muito à baliza, mas a mira estava claramente desafinada!!!
O Xistra tentou usar um critério largo, mas errou muito em termos técnicos, e foi complacente disciplinarmente com o Marítimo... Aquele Amarelo ao Maxi, com um piscar de olho maroto, é incrível!!!
Fim de época, uma excelente época. Espero nos próximos dias o anuncio dos novos contratos com o Jesus e o Maxi. Será uma pré-época 'assustadora', seguramente, mas isso não é nada de novo... Já temos a obrigação para estarmos calejados para estas coisas!!!

Dois 'grandes' Clubes !!!

FC United of Manchester 0 - 1 Benfica B

Para muitos este jogo pode não querer dizer nada, mas para alguns (uma minoria creio...), esta substituição dos verdadeiros clubes (associações com sócios!!!), por clubes de 'plástico' (como se referem em Inglaterra aos Clubes que são comprados por multi-milionários...), não é só uma mudança de filosofia, é muito mais do isso... E por isso, quando o Manchester United foi vendido à família Glazer, fiquei verdadeiramente impressionado com a determinação e a coragem, com que um pequeno grupo de sócios do Man United, resolveu criar um novo clube, começando a competir nos escalões mais baixos, mas com o objectivo de ir subindo Divisão a Divisão, para um dia, quem sabe, ser o maior Clube (verdadeiro Clube) da cidade de Manchester...

Hoje, o Benfica foi convidado a participar num jogo amigável em Manchester, o motivo foi a inauguração do novo Estádio. A equipa B, comandada pelo Hélder marcou presença, e acabou por vencer por 0-1 (não interessa muito). Como Benfiquista, a simples presença do Benfica, neste jogo deixa-me orgulhoso.
Desejo todo o sucesso do mundo ao FC United, um exemplo para outros...

Santos; Alfaiate, Lystcov, Valente; Dawidowicz, J. Carvalho, Gonçalves, Elbio; Dino, Clésio; Sarkic.
Banco: Thierry, R. Carvalho, Yuri, Guga, Berto.

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3.º lugar

ABC 31 - 33 Benfica
(0-2)

Fim de época, com o 3.º lugar garantido. Com o ABC em ressaca após a derrota (roubada) na Final da Challenge (contra os Romenos que já nos tinham 'roubado' a presença na Final!!!), vencemos em Braga, num jogo que basicamente decidida quem iria disputar para o ano a Taça EHF, ou a Taça Challenge...!!!

Nos últimos dias houve vários rumores em relação à definição do plantel da próxima época, parece que finalmente vamos ter a revolução necessária, e que já era pedida por muitos...

Mais um troféu

"A vitória na Taça da Liga significa a diferença entre uma época muito boa e uma época fantástica. Ganhar Supertaça e Campeonato Nacional já assegurou o essencial, mas no Benfica há sempre mais ambição. Gostei muito das declarações de Jorge Jesus o fim do jogo com o Marítimo a colocar o foco no jogo da Taça da Liga. Este profissionalismo e esta ambição fazem toda a diferença neste Benfica mais competitivo e ambicioso. Não se ganha tudo, nem se ganha sempre, mas luta-se sempre por ganhar sempre tudo. Temos cinco títulos consecutivos e buscamos o sexto hoje à noite em Coimbra.
O árbitro assistente tirou, com um erro grave, a Bola de Prata a Jonas. Jackson é um óptimo jogador, mas não precisava de colinho, nem de uma manto especial. Deve ter sido motivado por um breve regresso de ADN. Jonas será para nós o nosso herói e isso basta-nos. Lamentamos bem mais a lesão e infortúnio de Salvio.
O presidente do FC Porto pode ser atacado por muitos motivos, mas não por falta de coragem e liderança. Após a maior derrota de 30 anos da sua presidência, em Munique, saiu em defesa do treinador, mesmo antes de se deslocar à Luz. Agora, com adeptos a protestar na rua, a assobiar em campo e sondagens altamente desfavoráveis para Lopetegui, veio assumir a escolha como sua e manter o rumo. Liderar é sobretudo isto, não é andar ao sabor das sondagens e simpatias conjunturais. No FC Porto, há mais presidente a ajudar o treinador que treinador a ajudar o presidente. Quem, como eu, defendeu Jorge Jesus há dois anos, percebe bem o que está a fazer o presidente portista.
Espero, e vou ter, um Benfica forte, para continuar a vencer, porque o nosso organismo habituou-nos depressa a estas doses de fortíssimo êxito. Destaque para mais uma conquista do nosso hóquei em patins, num fim de semana onde o basquetebol está perto de aumentar o interminável rol de êxitos das modalidades do Benfica na presente temporada."

Sílvio Cervan, in A Bola

Venha outra!

"Hoje há mais. Na final da Taça da Liga, espera-se nova festa benfiquista. Espera-se o 6.º troféu oficial em duas temporadas.
Depois, o futebol parte para férias. Será altura de preparar a próxima época e o ataque ao Tri.
Com uma equipa alicerçada na experiência de jogadores na casa dos trinta anos, como Júlio César, Maxi Pereira, Luisão, Lima ou Jonas, o Benfica terá porventura, neste defeso, uma menor pressão de mercado face à que sofreu em anos anteriores. Sabe-se que Gaitán e Salvio são muito pretendidos, mas parece perfeitamente exequível segurar na Luz, pelo menos, os restantes nove titulares, mais os dois ou três suplentes habitualmente utilizados. Assim, com um ou outro reforço cirúrgico, será possível manter uma linha de continuidade, salvaguardando também - e este não é assunto menor - o tão louvado espírito de grupo deste plantel.
Em cima da mesa está igualmente a questão do treinador. Estou certo que o presidente e a direcção farão todos os possíveis, e até alguns impossíveis, para manter Jorge Jesus. A estabilidade no comando técnico da equipa tem sido uma arma determinante no sucesso do nosso Futebol. Jesus criou um modelo de jogo eficaz e ganhador, fazendo crescer dezenas de atletas. Deu-nos vitórias e dinheiro. Muito dinheiro. No meu tempo de vida não recordo outro técnico tão influente e decisivo. Não será fácil encontrar igual. Começar do zero, num contexto económico muito menos favorável que o de 2009, acarretaria riscos substancialmente mais elevados do que o custo da renovação do contrato. Até porque, como diz o povo sabiamente, 'o barato por vezes sai caro'."

Luís Fialho, in O Benfica

Tiro-lhe o chapéu, presidente!

"Alguém no seu perfeito juízo contrataria Artur Jorge para o SL Benfica? Alguém despacharia Vítor Paneira e Isaías para ir buscar Nelo e Tavares? E quem é que votaria em Vale e Azevedo? Ninguém cometeria esse erro. Hoje, porque depois de tudo acontecer é tão mais fácil formular opiniões. Somos bons nisso, os Benfiquistas. Gostamos de defender pontos de vista drásticos e fazer revoluções. Está-nos no sangue querermos sempre mais. E foi por isso que, a partir da segunda metade dos anos 1990 (e até 2003) estivemos em maus lençóis. A falência técnica era uma realidade, a imagem do Glorioso era cada vez menos vitoriosa, a falta de respeito pelo emblema esteve no seu ponto mais baixo. Damásio perdera a noção; Vale e Azevedo perdeu tudo o resto. Vilarinho iniciou a recuperação e Vieira consolidou o projecto. Nem por isso o presidente há mais tempo em funções no clube se livrou - livra - das críticas. Desde que chegou liderou a conquista de quatro Campeonatos, duas Taças de Portugal, duas Supertaças, cinco Taças da Liga (hoje há mais uma, espero) e a equipa foi a duas finais da Liga Europa. Os troféus estão guardados no premiado Museu Cosme Damião, os feitos são transmitidos pela recordista de assinaturas BTV e as estrelas brilham cada vez no Caixa Futebol Campus, um centro de estágios que faz corar de vergonha os rivais. Chega? Ainda não. Temos que falar da saúde financeira do clube, do acordo com a milionária Emirates ou do espírito de vitória que se sente nas modalidades. Vieira é o rosto mais visível da estrutura. Sim, nós temos uma estrutura. Foi ele quem resistiu à facilidade quando milhões de Benfiquistas quiseram despedir Jesus no fim da época em que tudo se perdeu ou após a pré-época do verão passado. Ganhámos todos."

Ricardo Santos, in O Benfica

A imprensa

"Uma questão incontornável: porque será que, sempre que acaba a época, quer o Benfica vença ou não o Campeonato, os jornais e as televisões se atiram ao Benfica, aos seus jogadores, dirigentes e equipa técnica como se não houvesse amanhã? Como se não existisse títulos conquistados? Como se o mundo do Futebol desabasse como um castelo de cartas?
Antes, claro, tinham a questão da pontuação, da matemática, dos Lopeteguis desta vida e todo um cenário de conjecturas, cenários macabros e precisões desastrosas. Agora, com a conquista do Bicampeonato, acenam com a catástrofe da saída de jogadores e eventualmente do treinador, Jorge Jesus.
Incrível?
A medida do nosso sucesso e da grandeza do Benfica, é a medida da inveja e da perturbação dos nossos adversários. No Porto, claro, têm de arranjar forma de fazer valer os mais de 50 milhões de euros de investimento completamente improdutivo da última época. No Sporting, Bruno de Carvalho tem de continuar a gerar interna e externamente fait-divers para a controversa permanência de Marco Silva. E alguns jornais, esses, apenas conseguem vender uma quantidade digna de matutinos se denegrirem ou atingirem, de alguma forma, o nome da nação Benfica. Somos muito maiores do que isso, é bom que não tenham dúvida! Querem continuar a fazer circular poeira sobre os eventuais treinadores do Benfica ou os pseudo-substitutos de Salvio e Gaitán, força! Mas, ao menos, digam às pessoas a verdade. A nua e crua verdade: o Benfica é tão grande que nem os tristes e ignominiosos conseguiriam qualquer visibilidade digna desse nome! E é aí, nesse reduto quentinho e familiar, que nós benfiquistas, apesar de todos os ataques e liberdades da imprensa, nos sentimos a maior e mais forte família do mundo!"

André Ventura, in O Benfica

Contagens...

"Vinte anos depois, voltámos a conquistar a dobradinha no Hóquei em Patins! É pena que, - devido à miserável arbitragem em Valongo na temporada passada, este feito tenha sido alcançado com um ano de atraso. Se fosse somente pelo mérito desportivo, estaríamos agora a festejar uma 'bidobradinha'. São já 22 Campeonatos Nacionais e 15 Taças de Portugal a constar no palmarés Benfiquista, de acordo com os dados oficiais. No entanto, reafirmo que a Federação Portuguesa de Patinagem deveria rever esta contagem, pois discordo da sua interpretação acerca da competição disputada entre 1962/63 e 1963/64. Na minha opinião, o Benfica foi o Campeão Nacional 23 vezes e venceu a Taça de Portugal em 14 edições. De qualquer das formas, voltámos a ser o clube com mais títulos nacionais nesta modalidade (a Supertaça é um troféu).
Também no Futebol nos deparámos, ao longo da presente temporada, com um problema de 'contagem'. Jonas, o melhor jogador do campeonato, foi, também, o mais goleador da competição, apesar de não ter ganho a 'bola de prata'. No Bessa e no Restelo, Jackson Martínez foi o marcador de dois golos que não foram da sua autoria. As imagens parecem-me esclarecedoras e julgo que a Liga, a bem da verdade desportiva, deveria analisar esses lances. E como se não bastasse já esta injustiça, na última jornada, o árbitro assistente Luís Ramos, bem posicionado, invalidou erradamente, por pretenso fora-de-jogo, um golo a Jonas que permitiria, ao nosso avançado, igualar o trio constituído por Jackson, Gonçalo Brandão (Belenenses) e Santos (Boavista).
Nota final para o Basquetebol. Estamos a uma vitória de nos sagrarmos Tetracampeões Nacionais!"

João Tomaz, in O Benfica

O princípio

"Recordemos então o que disse o presidente do Benfica em Agosto de 2014, numa entrevista ao canal de televisão do clube.

Numa entrevista à Benfica TV, em Agosto do ano passado, o presidente do Benfica deixou clara a ideia de que a continuação de Jorge Jesus no Benfica dependeria apenas da vontade do treinador desde que nas mesmas condições contratuais, leia-se pelo mesmo salário. Revelou na altura Luís Filipe Vieira que fez chegar essa mesma mensagem a Jesus numa reunião de altos quadros encarnados já depois de conquistados todos os títulos nacionais na última época.
O líder benfiquista foi suficientemente claro na resposta à questão lançada pelo jornalista da BTV, Hélder Conduto, e disse ter deixado nas mãos de Jesus a decisão de renovar ou não o contrato válido então apenas por mais uma época, desde que, sublinhou Vieira, nas mesmas condições financeiras e portanto, sem qualquer tostão mais.
Se Luís Filipe Vieira o disse há um ano fará algum sentido que após a conquista de um bicampeonato altere a sua decisão? E deverá Jorge Jesus recusar essa possibilidade? Só compete a Vieira e a Jesus reciclarem a conversa tida naquela altura. Apesar da decisão presidencial de deixar na mão do treinador a opção de continuar a treinar a equipa da Luz, ninguém pode na verdade garantir que nenhuma circunstância se alterou num ano, quer do ponto de vista de Vieira, quer no de Jesus.
Apenas se questiona o assunto na base de um normal cenário de sucesso. Ou seja, pela lógica natural das coisas, faria todo o sentido que o Benfica procurasse prolongar o contrato com um treinador que na realidade ajudou, e muito, a devolver ao clube o espírito da vitória e a conquista dos títulos.
Para Luís Filipe Vieira, pelo menos em Agosto de 2014, a situação estava bastante clara: se Jesus quiser renovar o contrato com o Benfica nas mesmas condições financeiras (qualquer coisa como quatro milhões de euros brutos, quase dois milhões líquidos por temporada) Jesus é que sabe.
«Nem vale a pena falar mais desse assunto», disse, na altura Vieira.
É verdade que a duração de um novo contrato pode ser também objecto de discussão. Pelo que se tem lido por aí, Jesus quererá um novo contrato válido por mais quatro épocas, e compreende-se que o deseje, para continuar a sentir estabilidade numa altura da vida em que, como diz o povo, já não vai para novo...
Falta saber o que pensa verdadeiramente sobre a questão o presidente benfiquista e até que ponto está ou não preocupado com a possibilidade de perder o treinador e de o treinador acabar por manter-se em Portugal.
Pelo que se vai percebendo da carruagem do futebol europeu, não será fácil a Jorge Jesus conseguir chegar ao lugar de treinador de uma das 12/14 principais equipas do velho continente, não por questões quanto ao seu perfil técnico - cuja capacidade e qualidade não deixam de ser reconhecidas lá fora - mas muito provavelmente por razões que se prendem com a dimensão e estatuto internacional de Jorge Jesus, a exigente comunicação e relação com os media, os títulos europeus, etc., etc., etc.
Se quisermos ir um pouco mais longe, sabe-se também que o Manchester United não trocará Van Gaal e que o Real Madrid despediu o italiano Ancelotti mas vai buscar o espanhol Rafa Benítez, numa controversa decisão de Florentino Pérez quase só para mostrar que quem manda é o presidente e não a vontade expressa pelos jogadores, na sua grande maioria, que desejavam a continuidade de Ancelotti. Fechadas as portas dos grandes europeus, Jorge Jesus veria pois reduzidas as opções: manter-se no Benfica, aceitar eventual desafio do Sporting ou, como fizeram outros grandes treinadores como, por exemplo, Marcelo Lippi ou Eriksson, apostar num contrato absolutamente milionário nos mercados árabe, asiático, eventualmente russo ou mesmo turco.
Ou seja: continuar a lutar por ser desportiva e pessoalmente mais feliz no próprio país, ou ir ganhar ... dinheiro!
É uma decisão fácil? Não.
Só é fácil para quem não precisa de a tomar.
E só é fácil para quem não está na circunstância de Jorge Jesus, um treinador que, infelizmente para ele, só aos 60 anos pode reclamar com inteira justiça o estatuto de grande treinador e de treinador vencedor. 
Aconteceu o mesmo, um dia, ao grande Jesualdo Ferreira.
E vejam onde ele, lamentavelmente, está.

PS: Para o FC Porto, manter Lopetegui pode ser realmente o princípio de uma nova era. Aprecio a fibra do treinador basco e tenho a convicção de que vai mostrar ter aprendido muito esta época. Para o futebol mundial, o que está a suceder na FIFA pode também traduzir-se naquele princípio de que por vezes é preciso mudar alguma coisa mas... para que tudo fique na mesma! Vêm aí as duas finais das taças portuguesas. Que sejam duas grandes finais. Porque o melhor do futebol é mesmo o jogo. E os jogadores. E a bola."

João Bonzinho, in A Bola

Jesus/Vieira: factos e números

"Hoje joga-se a final da Taça da Liga mas nos últimos dias esse dado foi completamente remetido para segundo plano face à interrogação em que se transformou o futuro da ligação entre Jorge Jesus e o Benfica. O que podia (devia) ter sido tratado/clarificado logo após o empate em Guimarães, que valeu o título, arrastou-se por duas semanas. Esperar pela definição da Liga fazia todo o sentido. Mas nunca seria a final da Taça da Liga a ter peso na decisão final. Logo, este jogo psicológico de recados públicos a que temos assistido era escusado. Não era necessário apalpar o pulso a ninguém. Bastava uma conversa franca, a dois. E o resultado da mesma, esse sim, podia ser anunciado apenas no início de Junho.
Nos anos anteriores à chegada de Jesus ao Benfica, ver a equipa ganhar ou discutir troféus era tão esporádico que se tornava num acontecimento. Para quem não tem essa memória: nas 6 épocas antes de Jesus o Benfica venceu 4 troféus (menos de 1 por ano) e esteve presente em 5 finais (menos de uma por época); nas 6 temporadas com Jesus, a SAD já arrecadou 9 troféus (um e meio por ano e hoje pode vencer o 10.º) e disputou 11 finais (já tem garantida a 12.ª, a Supertaça). O que antes dele acontecia de vez em quando tomou-se num hábito. Isto são factos. Quanto a números, os das transferências realizadas desde 2010 falam por si.
Agora, de forma até acalorada, discute-se muito sobre quem detém a maior fatia de mérito neste ciclo vitorioso. Se Luís Filipe Vieira (que esteve presente ao longo de todo o período de 12 anos), se Jorge Jesus. Não me parece que a questão mereça qualquer troca de argumentos. Os números são o que são. Vieira andou 6 anos à procura de um 'casamento feliz'. Depois de muitos divórcios encontrou o par certo. Cada qual ganhou bastante por estar com o outro.
Entendem os dois protagonistas que este 'casamento' ainda pode dar mais anos de mútua felicidade? Se na próxima semana, e de forma rápida, tratarão de renovar os votos. Se concluírem que a relação está a entrar naquele ponto horrível em que um olha para o outro e começa a encontrar defeitos onde anteriormente só identificava virtudes, então o adeus será igualmente rápido e indolor."

Boicote, já!

"(Carta aberta ao presidente da FPF)
Exmo. Sr. Fernando Gomes: Portugal orgulha-se de ter sido nação pioneira na abolição da escravatura (os registos históricos apontam 1869 como ano de tal feito) e da pena de morte (1867). É, por isso, com algum espanto que vejo que, quase 150 anos depois, nos mantenhamos cegos, surdos e mudos quanto a injustiças e crimes que, aqui e ali, destroem sonhos, vidas ou nações.
Sem grandes rodeios: seria uma vergonha para o País e para o nosso desporto que a FPF não tomasse posição clara sobre a tragédia humanitária que se vive no Catar, o país que, em 2022, receberá (será que recebe mesmo?) o Mundial.
Porque o escândalo - a tal ponta do iceberg destapada na madrugada de anteontem pela justiça dos EUA - de corrupção que, como um tsunami, abalou o edifício do futebol em Zurique, quando comparado com o escândalo de escravidão e morte que ensombra à organização do Mundial-2022, é... peanuts.
Segundo dados de organizações de direitos humanos e de conceituados órgãos de comunicação, o que se passa no Catar é crime. Na construção de estádios, há trabalhadores sem liberdade - o passaporte é-lhes retirado, deixando-os nas mãos de quem os contrata. Por cá, chamamos a isso... escravatura, mas esse até pode ser o mal menor de quem emigra para aquele emirado para trabalhar no sonho do Mundial: é que, desde o início das obras e de acordo com The Guardian, New York Times e Washington Post, já morreram cerca de 1200 seres humanos. Sim, MIL E DUZENTOS. E sabe que, se a chacina continuar ao ritmo atual, em 2022 teremos todos (os que nada fizerem...) nas nossas próprias mãos o sangue de 4000 homens e mulheres?
Descobrir e condenar os culpados desta tragédia é obrigação judicial. Boicotar o Mundial-2022 é, no mínimo, uma obrigação moral.
A FPF, cumprindo o legado dos nossos antepassados, poderia dar um exemplo ao Mundo e ser a primeira a anunciar o boicote. Mesmo!"

João Pimpim, in A Bola

Sepp Blatter, os dias do fim

"É altamente provável que Joseph Sepp Blatter seja hoje reeleito, por larga margem, presidente da FIFA. O mundo está a desabar à volta do histórico dirigente do futebol mundial, mas este, sem alternativa, insiste na fuga para a frente, não se percebe muito bem para onde, já que o cerco se aperta cada vez mais. Aliás, ontem, Blatter, num rasgo de lucidez, disse que os próximos meses deverão ser pródigos em más notícias para a FIFA. É uma maneira de ver a coisa. Talvez as más notícias a que se refere Blatter sejam, afinal, boas notícias, por serem a única forma de erradicar o poder corrupto que governa o futebol mundial.
Com João Havelange e Sepp Blatter, o futebol evoluiu e ganhou o estatuto incontestado de principal desporto do planeta. Mas o crescimento da FIFA foi feito de forma tentacular, sob princípios nepotistas, onde o tráfico de influências e a corrupção passaram a constar da normalidade, uma forma de estar que tem sido vista em outras organizações de caráter mundial, que nada têm a ver com desporto. O triunfo de Sepp Blatter nas eleições de hoje será sempre uma vitória de Pirro, este modelo de gestão da FIFA está ferido de morte.
Com os Mundiais de 2018 e 2022 atribuídos à Rússia e ao Catar, começa a tomar forma uma guerra política, ao mais alto nível, em torno da FIFA. E essa escalada deve ser vista com preocupação, porque o desporto nunca beneficiou com as ingerências políticas. Vladimir Putin já saiu a terreiro em defesa de Blatter, David Cameron apelou ao voto no Príncipe Ali e a Rússia acusa Obama de querer atingir a organização do Mundial de 2018.
Cocktail perigoso..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Dia de limpezas

"A detenção de vários dirigentes de topo da FIFA representa uma oportunidade para o futebol se regenerar. 

O jordano Ali bin Al-Hussein, atual vice-presidente da FIFA e único candidato à sucessão de Joseph Blatter na presidência do organismo que tutela o futebol mundial, depois das desistências de Luís Figo e do holandês Michael van Praag, disse que ontem foi "um dia triste para o futebol". Na verdade, foi exactamente o contrário. Tristes foram todos os dias que tornaram o de ontem, mais do que inevitável, absolutamente necessário. Ao todo, foram mais de seis mil dias tristes, correspondentes aos 17 anos que Joseph Blatter se manteve na presidência e durante os quais a FIFA se tornou numa espécie de abreviatura para corrupção. 
Desta vez, e ao contrário do que aconteceu com a investigação do norte-americano Michael Garcia sobre os processos de atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Catar, a FIFA não vai poder fazer um resumo conveniente das conclusões, recusando a publicação integral do relatório exigida pelo ex-procurador de Nova Iorque e assobiando para o lado como se não fosse nada com ela.
Como o FBI e a procuradoria-geral dos Estados Unidos fizeram questão de sublinhar ontem, a estrondosa detenção de sete responsáveis de topo em vésperas do Congresso da FIFA é apenas o princípio de um processo que fazem questão de levar até às últimas consequências. Um processo que, ao contrário do aconteceu ao longo das últimas décadas, Joseph Blatter não controla e que, por isso mesmo, representa uma oportunidade única para o futebol limpar a casa."

Jorge Maia, in O Jogo