"E, sem surpresa, a FIFA, 'o Estado' dentro do Estado (e dos Estados), enfrenta a maior crise da sua história centenária. Não está insolvente. Nem está impotente. Está apenas e só com sintomas de estar decadente. O que pode dar insolvência e impotência. Mas não para já. Para já é o tempo da investigação. E da resistência de Joseph Blatter, com metade da vida na FIFA...
Em primeiro lugar, este é o tempo da investigação da ilicitude criminal, a jogar-se em dois tabuleiros. O mais complexo e amplo, domiciliado no Departamento de Justiça dos EUA e liderado pelo FBI, averigua corrupção, extorsão, branqueamento de capitais e fraudes relativas aos contratos de publicidade, 'marketing' e transmissão de direitos televisivos e outros direitos de exploração das competições organizadas pela FIFA (em especial o Mundial da África do Sul); aponta-se para 150 milhões de dólares de subornos e pagamentos ilegais. Por outro lado, no tabuleiro do Ministério Público suíço investiga-se a corrupção, o tráfico de influências e o branqueamento nos processos de atribuição e organização dos Mundiais de 2018 e 2022 (Rússia e Qatar). Em ambos os tabuleiros, este é o tempo crítico de obtenção da prova; depois da detenção dos principais suspeitos nos hotéis de Zurique e depois de os 'arrependidos' terem naturalmente fornecido os detalhes que podem ser decisivos para confirmar as actuações dos vice-presidentes do Comité Executivo, de dirigentes da CONCACAF e da CONMEBOL, de presidentes de federações da América do Sul e de gestores das empresas ligadas aos eventos da FIFA.
Em segundo lugar, este já é o tempo do início dos processos disciplinares desportivos junto da FIFA e, depois, no seio das confederações e das federações. O Comité de Ética da FIFA suspendeu provisória e cautelarmente 11 dos suspeitos de toda a actividade no futebol. Depois, haverá a migração da prova criminal para os procedimentos disciplinares e teremos (ou não) o encaixe nos ilícitos desportivos.
Em terceiro lugar, este é o início do último ciclo do presidente eleito pela quinta vez esta semana. Blatter foi o melhor secretário-geral que João Havelange poderia ter tido para concretizar o sonho do futebol "global" e 'rentável'. Criaram uma 'máquina' de receitas, supostamente insusceptível de controlo externo por força das constrições estatutárias e alegadamente susceptível de viver apenas com a sua auto-organização. É essa estrutura 'global' e 'fechada' que foi definitivamente colocada em crise. Renovar-se-á ou caminhará para a autodestruição?
Aguardemos pela prova..."
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