Últimas indefectivações

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Vizak: Champions...

DAZN: The Premier Pub - “Fim de linha para Ten Hag?”

ESPN: Futebol no Mundo #385 - Polêmicas no dérbi de Madri e crise no Manchester United

Get Ready...

Modalidades...

E os direitos de quem tem a televisão desligada?


""Liga Portugal quer 300 milhões pelos direitos televisivos."
"Clubes podem receber até 180 milhões diz outra consultora."
Afinal, quanto pode valer este negócio para os clubes (e adeptos)?
Os meus cinco cêntimos sobre a questão que não sai de moda: a centralização dos direitos não resolve nada! E o Benfica não é culpado nem vítima do estado atual, é apenas mais um elemento de uma peça de ficção com muitos atores e demasiados atos.
Um dos principais problemas na estratégia errante do mundo do futebol português é a perceção que se tem da relação do país com o futebol. Vejamos alguns aspetos:
1.⁠ ⁠Não se gosta realmente do jogo, apenas de ganhar e achincalhar o adversário ou colega de trabalho. No estádio, é habitual assobiar-se mais o árbitro ou a outra equipa do que apoiar a nossa. Fazemos dínamo do ódio e esperamos que a proximidade afetiva nasça de sermos bons clientes e guerreiros do contra.
2.⁠ ⁠Os jogos são muito disputados, mas tendencialmente pouco atrativos. E o espetáculo fora deles ainda é pior. Diretores de comunicação, comentadores, ex jogadores, todos falam. Contudo, todos dizem pouco. Raramente se fala de futebol e, assim, perdemos todos.
3.⁠ ⁠A comunicação e promoção da Liga e FPF vivem numa realidade alternativa. Defendem um mundo de sonho onde os estádios estão cheios — com valores de ocupação fantasiosos —; os jogadores recebem a tempo e horas; e os dirigentes são arcanjos impolutos e especialmente bem preparados. Só que o deus do futebol já morreu e o outro não faz milagres.
4.⁠ ⁠A ligação aos adeptos é um belo chavão para o marketer, mas jogos ao domingo ou segunda à noite, bilhetes caros, estádios sem condições, etc, são o prato principal do menu. É difícil gostar deste jogo, e é ainda mais complicado ir à bola neste país quando não temos calendário ou agendamentos com mais de um mês.
5.⁠ ⁠Finalmente, o ponto que me interessa mais. Um saco de dinheiro não marca golos, muito menos enche estádios. Os clubes não têm mais adeptos porque isso é o reflexo de um país desequilibrado e injusto. Talvez assim se perceba que o nosso país vive a duas velocidades. Litoral e interior. Queremos ser um país virado para o futuro, mas esquecemo-nos das outras terras.
Quando me dizem que futebol e política não têm relação, talvez seja importante mostrar este exemplo: a falta de estratégia continuada para a coesão social e regional tem consequências em vários aspetos da nossa vida, e a existência — e sobrevivência — de clubes e coletividades é uma dessas.
Sou um pessimista incurável e, mesmo assim, acredito que a regionalização (ou descentralização) pode ser a grande chave para a mudança. Se retirarmos os três clubes com mais adeptos, vemos que os principais clubes estão nas cidades maiores e mais prósperas. Não é acaso, é consequência. Futebol é política, economia e geografia.
Futebol é tudo e tem de ser visto com a complexidade que tem. Dir-me-ão que a centralização dos direitos existe noutros países, mas quantos deles são tão desequilibrados como o nosso? Se as nossas caraterísticas são diferentes, não serve de nada usar soluções que funcionam com outras premissas. Lógico, não?
O desabafo já vai logo e, contudo, ainda mal começou. O mundo não se faz num dia, quanto mais em 90 minutos.
Pergunta bónus: e faz realmente sentido discutir o futuro das transmissões televisivas quando o amanhã não vai passar na TV?"

Benfica, tempos de poder e ambição


"Se o objetivo for o melhor para o clube, estamos perante um teste à humildade de quem está no poder, e à responsabilidade, face aos meios, dos opositores…

O Benfica está confrontado com uma situação potencialmente muito perigosa, suscetível de condicionar o futuro próximo da instituição. Aos sócios encarnados, sobretudo aos que fazem parte dos Órgãos Sociais e àqueles que são ‘militantes com agenda’ nas Assembleias Gerais (AG), deve ser posta a questão que John F. Kennedy colocou aos norte-americanos, no discurso de posse como 35.º Presidente dos Estados Unidos, a 20 de janeiro de 1961: «Não perguntem o que o vosso País [clube] pode fazer por vocês, perguntem o que podem vocês fazer pelo vosso País [clube].» Sem este espírito, sem que uns não aceitem críticas, invertam alguns processos e saibam renovar-se; e os outros, de olhos postos no acesso ao poder tão cedo quanto possível, apostarem numa ação de minagem permanente, crítica constante e política de terra queimada, talvez até se encontre um vencedor conjuntural, e um dos lados faça chegar a água ao seu moinho; mas haverá, de certeza, um derrotado estrutural, o Benfica.
Não me parece sensato, já o disse e repito-o, que uma AG como a da última sexta-feira, onde estiveram presentes 1129 sócios, determine a vida de um clube com cerca de 300 mil associados, sendo que, em 2021, 115.681 tinham capacidade eleitoral. Trata-se de uma fórmula arcaica, ofensiva, até, da dimensão nacional e expansão internacional do Benfica. Resumindo, a quem está no poder, os benfiquistas devem exigir autocrítica e acertos na rota; a quem está na oposição, sem que abdiquem do direito ao escrutínio e à crítica, essenciais para manter as instituições dentro de padrões de transparência, devem exigir, sobretudo, responsabilidade.
No meio de tudo isto, entre discussões sérias (e algumas guerras palacianas, também, menos recomendáveis) e decisões tão importantes como a revisão estatutária, nunca será avisado perder de vista o universo especial em que os desenvolvimentos vão acontecendo, fortemente marcado pelo que a equipa principal de futebol do clube for conseguindo. A saída de Roger Schmidt, as quatro vitórias seguidas de Bruno Lage, e o acerto nas contratações de Aktürkoğlu e Amdouni, aliviaram substancialmente a pressão do Terceiro Anel, que começava a ser asfixiante, para Rui Costa. Mas a estabilidade do Benfica não pode estar tão dependente da bola que bate no poste e entra na baliza ou sai pela linha de fundo, deverão ser padrões perenes, sustentados na temporalidade dos mandatos, a servir de guia. Porém, a história mostra-nos que há sempre uma diferença entre aquilo que devia ser e aquilo que é, e a verdade, ao dia de hoje, é que a melhoria da equipa de futebol (que ainda tem muito para progredir, note-se, e depois de amanhã, frente ao Atlético de Madrid, será testada com outro nível de exigência) está a ser a principal boia de Rui Costa, que teve, com as entradas de Nuno Catarino e Stock da Cunha na SAD, dois reforços de peso.

PS – Faz parte do roteiro da oposição a Rui Costa criar condições para serem já os seus membros a preparar a época de 2025/26? Nestas alturas gostava de ter uma Bola de Cristal..."

Ricardo Velho à Seleção, já!


"José Sá é suplente no Wolverhampton. Rui Patrício não joga desde março. E é preciso perder a mania de que quem joga em Portugal tem de estar num dos grandes para ser chamado

Roberto Martínez anuncia na próxima sexta-feira os convocados da Seleção para os jogos na Polónia e na Escócia, da terceira e quarta jornadas da Liga das Nações 2024/2025, e há um nome que me parece obrigatório na lista: Ricardo Velho.
Mesmo com o Farense ainda sem pontuar, o guarda-redes português tem sido um dos destaques do arranque da Liga, dando sequência, aliás, ao que já vinha fazendo na época passada. Mas não se trata simplesmente de Velho merecer uma chamada. Muitos outros jogadores do campeonato luso têm revelado qualidades que lhes permitiriam, em teoria, ir à Seleção — mas a equipa nacional não pode ser vista num vácuo; pode haver quem mereça, mas os lugares são limitados e pode haver quem mereça mais...
No caso de Ricardo Velho, só vejo dois guarda-redes que justifiquem mais, hoje, a presença na Seleção: Diogo Costa, titular indiscutível; e Rui Silva, que depois da saída de Claudio Bravo parece ter ganho, de vez, a baliza do Bétis.
Como são sempre chamados três, quem poderia entrar à frente do guarda-redes do Farense? José Sá, que perdeu a titularidade para o reforço Sam Johnstone no Wolverhampton e tem um jogo oficial (uma derrota na Taça da Liga, com três golos sofridos) no último mês? Rui Patrício, contratado para ser suplente da Atalanta e que não faz um jogo por clubes desde fevereiro (fez 90 minutos pela Seleção em março)? Os dois habituais suplentes de Diogo Costa nos últimos anos não estão a jogar, o que, para um guarda-redes, me parece fundamental. Ricardo Velho joga. No Farense, mas joga. E qual é o problema de jogar no Farense?
Tradicionalmente — o problema não é só de Roberto Martínez —, os selecionadores têm hesitado em convocar jogadores do campeonato português que não joguem nos três grandes e, às vezes, no SC Braga (caro selecionador, depois de tudo o que disse sobre a ausência de Ricardo Horta do Europeu, está à espera de quê para voltar a chamá-lo?). De forma quase peculiar. Porque assim que vão para um desses três grandes ou para o estrangeiro, de repente já parecem ser jogadores de seleção...
Vamos ver o que se passará esta semana com Francisco Moura, que fez ontem o quarto jogo pelo FC Porto. Nas duas últimas épocas, fez mais de 70 pelo Famalicão. Evoluiu assim tanto num mês? Se faz sentido ser chamado agora, não deveria ter sido chamado há mais tempo?... É tempo de perder essa mania de que quem joga em Portugal tem de estar no Sporting, no FC Porto ou no Benfica para ir à Seleção."

Análise: As primeiras novidades do Benfica de Bruno Lage


"O fim de três jogos, Bruno Lage conseguiu nada mais nada menos do que três vitórias. Até agora, o aproveitamento é 100% vitorioso (incluindo já uma deslocação na Liga dos Campeões). Interessa agora perceber as novidades que o treinador português trouxe para, desde logo, ter impacto nos resultados dos encarnados. Vamos por partes…

1. Mudança Tática
Lage incutiu mudanças no “onze”, logo na sua estreia. O regressado técnico estreou Aktükoglu (reforço que nunca conheceu Schmidt) na ala esquerda e lançou Rollheiser como um jogador híbrido numa missão ora de pressão ao lado de Pavlidis, ora de auxílio ao meio campo Florentino-Kökçü. O turco, chegado do Galatasaray, trouxe a procura da profundidade que não existia com Schmidt desde a saída de Rafa. Já o argentino, que não era aposta de Roger Schmidt, ficou responsável por ajudar a ligar o sector médio com o atacante, função essa que dividiu com Kökçü. Tudo isto aproximou a equipa de um 433 que se veio a manifestar cada vez mais, principalmente com a entrada de Aursnes, regressado de lesão.

2. Avançado procura-se
Uma das dificuldades do Benfica de Schmidt desde a saída de Gonçalo Ramos (sim, há muito tempo), era encontrar os avançados e fazer-lhes chegar bola. Os pontas-de-lança eram jogadores de trabalho defensivo pela pressão que faziam, mas ofensivamente, tinham pouca intervenção. De jogo para jogo, Pavlidis vem a participar cada vez mais no jogo da equipa e até já marcou. Algo normal com Schmidt, era Pavilidis não ter ações dentro da área adversária (ou ter muito poucas, o que é contra-natura), mas com Lage o número vem a subir. Contra o Boavista, marcou, teve jogo para marcar mais e ajudou a equipa ao baixar para ser apoio e ligar.

3. Novas Dinâmicas
O mapa de posicionamento médio com bola do Benfica frente ao Boavista (em baixo) dá-nos pistas sobre novas dinãmicas no Benfica. Lage encontrou do lado esquerdo um entendimento perfeito. Otamendi sabe quem tem de procurar para sair a jogar e é na sociedade Carreras, Kökçü e Aktürkoglu que o Benfica tem feito mais estragos nas defesas contrárias. Os jogadores entendem-se bem e daí tem vindo assistências e golos. Do lado direito é diferente. a procura por Di Maria é mais objetiva, mas isto também está relacionado com o facto de não ter estabilizado o corredor nem nos médios (Aursnes e Rollheiser), nem nos laterais (Bah, Kaboré e Tomás).

4. Vida nova para Kökçü
O médio turco chegou como “MVP” da Eredivisie mas nunca pegou no Benfica com o mesmo nível que mostrou no Feyenoord. Ainda assim, marcou 7 golos e assistiu por 11 vezes em 23/24. Lage chegou e deu destaque a Kökçü, é ele o comandante do jogo ofensivo do Benfica. É o turco que pega e constrói tanto a descer até à linha defensiva, como em terrenos mais avançados. A isso, junta a liberdade para chegar a zonas de remate e finalização, que é um dos seus pontos fortes. Potenciar o aparecimento do melhor Kökçü tem sido grande parte do sucesso do novo Benfica.

5. Liberdade Criativa
Esta é uma assinatura de Bruno Lage desde sempre. O treinador português adapta-se ao plantel que tem. Ao longo da sua carreira sénior, já jogou em 4-4-2, 4-2-3-1, 3-5-2 ou 5-3-2, mas em todos os casos, em momento ofensivo, permitiu que os jogadores tivessem liberdade para arriscar não só em aspetos técnicos, como também para pisar vários espaços. O português revela-se assim claramente diferente de Roger Schmidt, um treinador rígido que não deu grande mobilidade à equipa. A liberdade de Lage deixou o plantel confortável e com capacidade para criar mais oportunidades do que vinha a somar e o resultado são 9 golos em 3 jogos (média de 3 G/Jogo), contra os 5 golos em 4 jogos de Schmidt (média de 1,25 G/Jogo).

O caminho é longo e a equipa ainda não está no topo do que pode fazer. Nem podia, dada a falta de tempo para treinar, mas sem duvida que Lage entrou bem, como só poderia ser, se quisesse estabilidade para trabalhar."

A I Liga recebeu uma dose de reforço. É com ela que começa o verdadeiro espetáculo


"A eternidade impressa em folhas de papel não está a apta a ser corrigida. Lapsos, erros e omissões perpetuam-se na tipografia. No início de época entram em circulação os guias do campeonato, um portfólio de dados de todos os jogadores. Alguns são documentos de publicação apressada e forçosamente incompletos por escolherem ir para as bancas antes da primeira jornada. O mercado de verão teima em pôr um pé em cima do arranque da I Liga, ameaçando desatualizar os compêndios.
Por diferentes motivos, os candidatos ao título não foram propriamente lestos na abordagem ao mercado. O Sporting, tal como se nota desde a Supertaça, tem o crescimento dependente da evolução dos jogadores que já tem no plantel e da complexificação dos laços entre eles. O Benfica deixou que a turbulência interna se refletisse nas decisões. Já o FC Porto anda às voltas com o nó cego que deu aos cordões da bolsa.
Conrad Harder, Kerem Aktürkoğlu e Samu Omorodion demoraram a fazer check-in nos voos que os trouxeram para Portugal, mas em boa hora chegaram. Refrescar o campeonato depende da introdução de caras novas. Em uníssono, os três estão a refutar a teoria da necessidade de adaptação. Se é verdade que o anúncio oficial dos reforços aconteceu com o comboio em andamento, também se pode dizer que já mostraram capacidade para correrem ao lado dos carris e saltarem para carruagem da virtude.
Em Alvalade, Conrad Harder foi pela primeira vez titular na sexta jornada do campeonato. Marcou o primeiro golo do jogo e festejou à Cristiano Ronaldo. Eis um novato a querer assemelhar-se a um velho conhecido. Por conselho alheio ou por autoiniciativa, correu-lhe bem a manobra de sedução aos adeptos claramente encantados com a sua estreia. Está no caminho certo para que todos se esqueçam de que é o jogador sombra de Fotis Ioannidis, o grego que tantas parangonas motivou, mas pelo qual o Sporting não quis entrar em loucuras financeiras. O dinamarquês, enquanto opção económica e de potencial, cumprirá o desígnio de render Paulinho e ser a muleta de Gyökeres no ataque leonino. Conrad Harder estreou-se a titular no domingo e logo a marcar.
Kerem Aktürkoğlu espera-se que tenha no Benfica um papel mais preponderante. A chegada à Luz, nos últimos minutos do mercado, já depois do despedimento de Roger Schmidt, coincidiu com o processo de renovação em curso, completo com a contratação de Bruno Lage. Para os encarnados saírem da escuridão de Azkaban em que se encontravam – o novo treinador parece ter comprado algum tempo com vitórias consecutivas contra Santa Clara e Estrela Vermelha –, Aktürkoğlu foi deveras útil. Para já, leva golos em todos os jogos em que participou.
No FC Porto, lá vai o tempo em que para um reforço entrar no onze inicial de Sérgio Conceição tinha que passar meses na incubadora. Com Vítor Bruno, a lógica parece ser outra. Em Guimarães, contra o Vitória SC, três das aquisições foram titulares. Ao mesmo tempo que defendeu que um ponta de lança não merece ser julgado apenas pelos golos que marca ou não marca, o treinador azul e branco apostou em Samu Omorodion para rapidamente ficar rendido à facilidade com que fez as redes abanarem. A elevação da sua figura oblonga parecia interminável quando correspondeu ao cruzamento de João Mário. Depois, bisou com frieza, demorando-se no enquadramento com a bola para ter total garantia de que não errava o remate.
Pode ser ímpeto de quem quer agradar nos primeiros dias no novo emprego e sim, em qualquer um dos casos, a amostra ainda é curta e não permite um exame definitivo ao relevo que podem ter nos respetivos clubes. No entanto, há sintomas de que vêm acrescentar valor ao campeonato. Kerem Aktürkoğlu marcou nos dois jogos em que já participou no Benfica.
O tardio selar dos plantéis impede que a I Liga sirva, do início ao fim, o maior espetáculo possível ao público. A expressão plena da capacidade das equipas talvez esteja a chegar com seis jornadas de atraso. É aqui que se acomodam as críticas de quem considera que o mercado invade demasiado o início do campeonato. Os clubes portugueses continuam a precisar de esperar por bons negócios, correr riscos na contratação de talento por lapidar. Por não serem dominadores financeiramente, não podem entrar em leilões infinitos com outros clubes interessados na contratação do mesmo alvo ou até reservar jogadores a custo zero seis meses antes dos seus contratos acabarem.
A partir do momento em que deixam de existir indefinições, os reforços começam a ser integrados no contexto, a ganhar familiaridade e a ganharem força. Por isso é que, sem volta a dar nas decisões tomadas, já sem equipas a meio gás, o verdadeiro campeonato começa agora.

O que se passou
Miguel Lopes e Gonçalo Parreira sagraram-se campeões mundiais de par masculino dinâmico em ginástica acrobática.
Na canoagem, José Ramalho e Fernando Pimenta conquistaram a medalha de ouro na prova de K2 dos mundiais de maratonas. Maria Luísa Gomes, em K1 (juniores), também alcançou o lugar mais alto do pódio, tal como João Sousa e Francisco Batista, em K2. José Ramalho, em K1, foi prata. Rui Lacerda, em C1 e em C2 (com Ricardo Coelho), foi bronze.
A seleção nacional feminina de hóquei em patins ficou em segundo lugar no Mundial. No masculino, Portugal ficou em quarto.
Portugal apurou-se para os oitavos de final do Mundial de futsal e vai jogar contra o Cazaquistão.
Na Primeira Liga, o FC Porto venceu o Vitória SC (0-3) e o Sporting derrotou o AVS (3-0). Antes, na Liga dos Campeões, Sporting e Benfica estrearam-se a vencer contra Lille (2-0) e Estrela Vermelha (1-2), respetivamente.
Lando Norris venceu o GP de Singapura e colocou-se a 52 pontos de Verstappen na luta pelo título.
Remco Evenepoel sagrou-se campeão mundial de contrarrelógio.
O Sporting goleou o Benfica no campeonato nacional de andebol (38-22).
No basquetebol feminino, o Benfica ergueu a Taça Vítor Hugo pela quarta vez seguida ao bater o Imortal (86-56).
O Sporting ganhou ao Benfica (3-1) e conquistou a Taça Ibérica de voleibol masculino."

Dinheiro, Valores e Futebol


"O salário do “C.R.7” não é uma afronta à sociedade, o que pode chocar e afrontar é haver “sociedades desportivas” que paguem tais salários a um jogador “só” para chutar uma bola e enfiá-la numa baliza, num campo de Futebol.

Um leitor de um jornal diário comentou, por meio de uma carta, que o vencimento do “C.R.7” de 2 M. euros era “uma afronta à sociedade”. Dizia ainda que havia licenciados a trabalhar como “operadores de caixas” de supermercado e questionava mesmo para que serviria, hoje, uma licenciatura quando, afinal, no Futebol, sem habilitação alguma (?), se pode ficar rico.
Ora, aproveitando a oportunidade que nos foi dada, voltamos, hoje, a uma “aula” de “Sociologia do Desporto”. A Sociedade actual, pós-Moderna, está estruturada de uma forma errada para quem tem “arquétipos” (valores) tradicionais, podendo mesmo afirmar-se que quase atinge a inversão total dos valores, e que a isso se pode chamar até de subversão.
Ora, o salário do “C.R.7” não é uma afronta à sociedade, o que pode chocar e afrontar é haver “sociedades desportivas” que paguem tais salários a um jogador “só” para chutar uma bola e enfiá-la numa baliza, num campo de Futebol.
Mas, evidentemente, que ao questionarmos isto estamos a questionar o valor, interesse e necessidade do Futebol numa sociedade “civilizada”, do século XXI, e a colocar em causa toda a organização social actual. Significa isto que a Sociedade Civil permite assimetrias como as que foram assinaladas pelo referido leitor, sem as criticar e sem as “taxar” da mesma forma violenta e brutal, como está a fazer Portugal aos “reformados”.
Ou seja, se há possibilidade de pagar salários desses, então há que pagar impostos na mesma proporção para que a Sociedade, em vez de ficar afrontada, fique agradecida e reconhecida a estas “empresas” e pessoas porque, dessa forma, pagará menos impostos e os reformados deixarão de ser “assaltados” todos os meses, como até aqui têm sido.
Outra questão é saber qual a razão de haver licenciados como “operadores de caixa” de supermercado, ou seja, há razões para colocar em causa a capacidade de racionalização do Ensino/Emprego e a necessidade urgente de redimensioná-lo e de ajustá-lo à realidade social actual. É evidente que um licenciado, que o seja de facto, pode “entrar” para “caixa”, mas, pouco tempo depois, o próprio patrão pode até ajustá-lo ao posto adequado, só que esses jovens licenciados andam tão desmotivados que nem percebem, ou realizam, aquilo de que são capazes, com a sua preparação académica, e acomodam-se ao “emprego”.
Por outro lado, dizer que o “C.R.7” não tem qualquer habilitação, como alguns pretendem, não é verdade porque estamos a falar de pessoas “virtuosas”, como há poucas no planeta: uns chutam bolas de futebol, outros colocam bolas em buracos na relva ou num bilhar, outros saltam para a água, outros correm muito rápido, alguns levantam pesos astronómicos, enfim, tudo isso faz parte do “espectáculo”, e é importante porque, sem isso, tudo seria diferente e mais conflituosa a sociedade actual."