Últimas indefectivações

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Maxi "à Benfica"

"1. O primeiro jogo do Benfica na Liga dos Campeões deste ano trouxe mais motivos de alegria para além da vitória, por 2-0, que espero tenha sido suficiente (escrevo antes do jogo da 2.ª mão). Entre eles, destaco o regresso de Ruben Amorim, ainda sem fôlego para os 90 minutos mas a exceder as expectativas depois de tantos meses de ausência, e a presença de Maxi Pereira, igual a si próprio, poucas horas depois de uma viagem transatlântica. A homenagem que o nosso presidente lhe fez expressa, sem dúvida, o sentimento de todos os benfiquistas para com um jogador verdadeiramente 'à Benfica'. E não é de agora. Faz dois anos, escrevi nesta coluna, aquando dos primeiros jogos da época 2009/10 da equipa conduzida por Jorge Jesus: "Que bem está a jogar a nossa equipa. No ano passado havia um que se distinguia pelo seu espírito de lutador, por nunca virar a cara à luta, por aguentar 'prego a fundo' os 90 minutos. Infelizmente, Maxi Pereira (é dele que falamos, claro...) foi o primeiro 'azarado' da época. Mas, ao menos, temos a satisfação de sentir que, agora, há vinte e tal 'Maxi's' na equipa. A lutar e a jogar." Isto foi escrito há dois anos. Felizmente, Maxi Pereira continua igual a si próprio. Um profissional a cem por cento.


2. A derrota do Sporting (0-3) no seu jogo de apresentação conta tanto como os nossos resultados, positivos ou negativos, da pré-época. Mas terá tido o mérito de acalmar alguns entusiasmos prematuros. Ao ponto de se ler e ouvir que, enquanto as aquisições do Benfica eram 'ainda mais um, comprado sem nexo e planeamento', as do Sporting eram fruto do 'excelente labor da dupla Duque-Freitas'. Vamos a ver...


3. Título de 1.ª página mais ridículo dos últimos (largos) meses na Imprensa desportiva nacional: "Recusada proposta de 80 milhões por Hulk". Lá dentro, o 'Record' acrescenta: "Dragões nem sequer deram margem para negociar". No texto, finalmente, atribui-se a origem da 'notícia' ao empresário do jogador. Até dá vontade de rir...


4. Vanessa Fernandes regressou às competições, sem pressão, mas com vitória. Nelson Évora regressou às boas marcas, a caminho de Londres 2012. Os nossos medalhados olímpicos de há (já) três anos estão no bom caminho, depois de graves problemas e lesões. Força!"


Arons de Carvalho, in O Benfica

Objectivamente (Lagartos...)

"Está praticamente montado o circo para o início da competição portuguesa a sério. Da Liga, à Supertaça, Taça de Portugal e Taça da Liga, as provas que vão ter de ser prestadas pelos grandes do Futebol nacional, sem preconceitos e sem reservas, que este ano o investimento foi muito forte. Principalmente o Sporting que, apesar da penúria, conseguiu arranjar 30 milhões para comprar jogadores e... um leão enjaulado!

É engraçado que este ano não reclamem os dirigentes sportinguistas sobre as desigualdades na capacidade de investimento, como o fizeram a época passada, alegando que o Benfica estava a ser beneficiado pelos empréstimos da Banca e que assim não era justo! Mas 'Deus escreve direito por linhas tortas' pois aí está pujante o leão com mil e uma aquisições, nova estratégia de marketing e uma sobranceria que os chegou a fazer gritar no Estádio em dia de apresentação da equipa:

«Campeões, Campeões!». Com um único senão. Ao fim de 25 minutos do jogo com a Valência já estavam a assobiar e a chamar nomes aos jogadores!

Os novos dirigentes do Sporting chegaram a dizer que este ano os seus adversários são apenas os do nível de um Barcelona ou de um Real Madrid! Qual 'Valências'!... Do circo montado, apenas restou o leãozinho... Coitado!

Uma palavra ainda para o «invencível» FC Porto, que diante do Lyon perdeu o primeiro jogo nesta fase de preparação da nova época. Não apenas pelo resultado em si, que revela uma forma bem diferente da época passada, mas pelas já habituais reacções do «inconcebível Hulk» que protesta por tudo e por nada! Pensa que está a falar com o Olegário Benquerença ou com o Artur Soares Dias... Claro que leva cartões!"


João Diogo, in O Benfica

Considerações (notas...)

"Maxi Pereira foi elogiado por tudo e por todos. Mas o que importa sublinhar é que partiu do próprio atleta a sua apresentação imediata, para ajudar o Clube que lhe paga a resolver tarefas difíceis. Se isto se passasse em outro local, teríamos jagunços à perna, e sabe-se lá até onde eles chegariam para resolver o que o chefe ordenasse.

Por falar nisso, lembrei-me agora que o 'cebola', além de sacar 200.000,00 euros mês livres de impostos, acaba o contrato na próxima época. Vou estar atento ao desenrolar deste pequeno caso para ver como ele vai acabar.

Os jornais desportivos, e não só, preocupam-se com o enorme plantel do nosso Clube e esqueceram-se de falar dos outros.

O Sporting contratou mais jogadores do que nós, mas estreou-se mal. Deviam era ter jogado com o Pinhalnovense e teriam ido para casa todos contentes. Se este resultado acontecesse connosco teria caído o 'Carmo e a Trindade'. E lá teríamos o Santos Neves, como de costume, a fazer profecias diluvianas quando se trata de falar do 'Glorioso'.

Este naipe de jogadores que o Benfica tem à sua disposição fazem deste um dos melhores planteis de sempre. Temos jogadores para várias posições e para jogar em sistemas de jogo variados. Ainda não há um grande conjunto, mas estou convencido que com o tempo tudo irá melhorar. Até meados de Setembro há muita coisa para ganhar ou perder. É neste período que nos temos de concentrar, arregaçar as mangas e mostrar aquilo que valemos. Se assim acontecer a época vai ser risonha.

A proposta de 80 milhões recusada por Hulk, e a fortuna, para Portugal, que Falcão aufere 300.000€ mês limpos, são dois casos distintos. O primeiro é de gargalhada nacional. O segundo é para enganar meninos. Aguardemos e, para já, fico-me por aqui. Mas ainda há muito, muito para dizer..."


José Alberto Pinheiro, in O Benfica

O fim de Amy num Mundo em crise

"Estou seguro de que também entre os jogadores de Futebol nacionais e estrangeiros muitos gostam da música de Amy Winehouse, desaparecida de forma trágica, aos 27 anos, na sua casa de Londres. Amy partiu com a mesma idade com que morreram Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix ou Brian Jones, entre outros. Até já se fala, com uma ponta de humor negro, do Clube dos 27, como se essa idade fosse uma espécie de Cabo das Tormentas, para muitos intransponível.

Mas, perguntarão os leitores, o que tem esta morte prematura a ver com o Mundo do Desporto? Na realidade, tem tudo e não tem nada. Tem tudo porque este tipo de situação-limite resulta da incapacidade que gente com grande talento evidencia em relação à permanente pressão mediática, que só pretende valorizar aspectos negativos e autodestrutivos do seu comportamento. Não tem nada porque os jogadores de alta competição estão sujeitos a uma vigilância e a um escrutínio constantes que os impedem de resvalarem para práticas de dependência que lhes destruam as carreiras.

Mas também no Futebol, em tempos diferentes dos actuais, se assistiu à autodestruição de jogadores de grande talento, como George Best ou Vítor Baptista. Hoje, um jogador que escolha o caminho errado, por mais talento que possa dar como garantia, tem, pela certa, um contrato rescindido e uma carreira sem horizontes.

No mundo do espectáculo musical as coisas são diferentes. Há o peso da noite e a necessidade de se encontrar inspiração.

Quem se quer destruir, facilmente encontra o caminho para o abismo. Foi esse que trilhou Amy Winehouse, cantora e compositora de características invulgares e com uma carreira fulgurante. A verdade é que não resistiu à pressão mediática, à dependência, à solidão e à luz ofuscante dos 'flashes', neste mundo que, transformado em verdadeira arena de circo romano, todos os dias precisa de novas vítimas para manter o público entretido. Enfim, sinais de uma profunda crise de civilização."


José Jorge Letria, in O Benfica