"Já não há muita paciência para os debates sobre quem lança mais jovens e sobre quantos jovens tem cada equipa, em cada jogo. Jorge Jesus já teve de responder à mesma questão colocada de 101 formas diferentes, mas igualmente cretinas. São os mesmos hipócritas que reclamam pela presença de jovens nos onze dos clubes que criticam quando não se ganha por excesso de juventude e imaturidade.
Benfica, FC Porto e Sporting têm como objectivo ganhar títulos e não ser o jardim-escola do futebol português. Devem jogar os melhores, independentemente da idade. Confesso que em caso de dúvida privilegiaria os mais velhos.
Deliciei-me com a vitória de Roger Federer no último Masters 1000 de Xangai, não me esqueço de Roger Milla dos Camarões, fui fã daquela equipa de velhos acabados do Inter de Milão que Mourinho pôs a campeã europeia e repetia mil exemplos em todos os desportos.
Esta xenofobia da juventude e esta pedofilia futebolística, alimentada por empresários sem escrúpulos e aceite por adeptos acéfalos, são irritantes.
Ainda não vi crítica a Fernando Santos que renovou a Selecção com os jovens Ricardo Carvalho, Tiago, Eliseu e Quaresma para ganhar à Dinamarca.
No Benfica quero os melhores para ganhar os jogos e pouco me importa a sua idade. Devo mesmo confessar que gosto pouco de ver jovens e fazer asneiras no Benfica, para serem vendidos para outros emblemas quando atinge a sua plenitude futebolística.
O facto de o onze-tipo do Benfica ter experiência mostra a inteligência de Jorge Jesus. O facto de o treinador ligar pouco a esse ruído disparatado mostra a sua maturidade. os jovens jogadores lançados precipitadamente custam carreiras aos próprios e títulos às equipas.
Na Covilhã tem de jogar uma equipa de qualidade e próxima do melhor Benfica, para não haver taça. Não faltam avisos dos perigos que se irão encontrar. O Sp. Covilhã é melhor do que vários emblemas da I Divisão."
Sílvio Cervan, in A Bola