"Apresentei já, ao público, os resultados do meu recente estudo na área do direito desportivo, com resultados que, sinceramente, me surpreenderam a mim próprio: cerca de 45% dos futebolistas em Portugal tem salários ou complementos em atraso. O número poderia não ser, por si só, revelador, mas é incondicionalmente expressivo. Portugal apresenta uma das mais elevadas taxas da União Europeia no incumprimento das obrigações dos clubes e das entidades empregadoras desportivas para com os seus atletas. Da mesma forma, a aposta na formação continua na cauda da Europa. Na comparação com Espanha e Reino Unido, por exemplo, Portugal apresenta números extremamente reduzidos no que respeita aos valores brutos investidos pelos clubes em actividades ou estruturas formativas, evidenciando ainda uma percentagem muito pequena de atletas que acredita, um dia, poder vir a ser desportista profissional.
Da mesma forma, tive já oportunidade de o dizer e sublinho-o de novo aqui: tal como está, a legislação em Portugal, incentiva a corrupção no desporto e premeia os seus autores, desmotivando sinceramente todos aqueles que querem fazer frente a este fenómeno tão degradante dos espectáculos desportivos que enchem os estádios e nos enchem os corações.
Tudo ao contrário, portanto, em relação a alguns dos aspectos fundamentais do desporto em Portugal: a legislação laboral desportiva, a aposta na formação, a redução de litígios e a tutela das legítimas expectativas daqueles que dão o seu melhor ao serviço dos clubes desportivos. Nos últimos anos, o Sport Lisboa e Benfica tem sido a única luz que brilha no panorama sinceramente devastador que se apoderou do desporto em Portugal, como ficou consolidadamente demonstrado no último Relatório de Contas da SAD Benfiquista. A estratégia foi simples: evitar cortar cegamente na formação e nas modalidades, recriar e dinamizar estruturas - mesmo em tempos de profunda crise - e os resultados, claro, estão à vista. Do judo ao voleibol. Podiam os outros aprender alguma coisa!"
André Ventura, in O Benfica
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