"Somos habituados ao longo da vida a ver e ouvir os maiores disparates, sem que ninguém se preocupe com isso.
Balazs Aczel, professor do Instituto de Psicologia da Univerdidade Eotvos Loránd de Budapeste (Hungria), Bence Palfi e Zoltan Kekecs, outros dois especialistas da universidade, analisaram o que significa ser estúpido!
Num primeiro tipo de situações englobaram aquelas que chamaram a 'ignorância confiante'. Acontece quando a capacidade que uma pessoa pensa ter para fazer algo ultrapassa de longe a sua real capacidade de o fazer - e está associado ao mais alto nível de estupidez.
Num segundo tipo de situações englobaram quando alguém faz alguma coisa porque perdeu, em certa medida, a capacidade de agir de outra maneira. Aczel fala aqui em 'falta de controlo' e caracteriza a situação como sendo o resultado de 'comportamentos obsessivos, compulsivos ou de toxicodependência'.
Num terceiro tipo de situações englobaram aquelas que deram o nome de 'falta de atenção - falta de sentido prático'. Trata-se de situações em que alguém faz uma coisa claramente irracional, mas por uma de duas razões: ou porque não estava a prestar atenção ou, simplesmente, porque não estava ciente de alguma coisa importante.
Vejamos:
O presidente do rival teve necessidade de escrever um texto sobre a situação económica (a que está na cabeça dele) da SAD e do clube. Desde logo, como se verá, coloca como pressuposto o que designou Grupo Sporting.
Começa por mencionar: 'Temos o reequilíbrio da situação económica-financeira de todo o Grupo Sporting, garantindo uma sustentabilidade associada a um crescendo de sucesso desportivo. Crescimento sustentado de todas as linhas de receitas comerciais - direitos TV, merchandising, bilheteira, quotizações, publicidade e patrocínios, entre outros; redução/controlo de custos, seguido de uma fase de investimento com um aumento de custos de forma controlada e sustentada; forte crescimento das receitas de venda de direitos económicos de atletas (...), recuperação dos direitos económicos de 37 jogadores (...), melhor contrato de direitos TV em Portugal resultante da negociação com a NOS num total global de 515 milhões; aumento de números de sócios, tendo já ultrapassado os 170 000 e mantendo um objectivo de crescimento continuado'.
Onde, como e quando?
Em primeiro lugar mete tudo dentro do mesmo saco!
O valor dos rendimentos e ganhos operacionais, na época de 2015/2016, foi de 68,75 milhões, e na época de 2016/2017, foi de 80 milhões. E a que se deveu essencialmente este aumento? Ao aumento das receitas com participação nas provas da UEFA, que passou de 8,4 milhões para quase 15 milhões. Correlativamente, os direitos de TV aumentaram em 1 milhão, por força do market pool e das transmissões televisivas - muito pouco!
Mas os custos?
Isto é um aumento de custos de forma controlada e sustentada?
(Total: 2015/16 - 78.494M€; 2016/17 - 96.926M€)
E depois escreve esta patacuada enorme:
'Na avaliação prévia a toda a 'crise' institucional do Sporting, os assessores financeiros do Sporting já tinham antecipado alguns riscos relacionados com operações de empréstimos obrigacionistas pelas seguintes razões: há um ricsoreputacional associado ao SLB (Sport Lisboa e Benfica) relacionado com tudo o que tem vindo a ser divulgado em termos de investigações por parte do Ministério Público (..). A propósito de o Sporting ter apresentado uma proposta de 60 milhões, o SLB também fez em 2013 e 2014 um pedido de autorização de empréstimos obrigacionistas até 130 milhões, que foi o compromisso que assumiu com o Novo Banco depois de ter sido apanhado na hecatombe do BES e de ter de reembolsar quase 150 milhões de obrigações emitidas particularmente e que estavam colocadas nos fundos da ESAF (...). O SLB tem três emissões que tem de renovar anualmente de 45+50+6 milhões = 155 milhões. Actualmente o SLB não tem exposição à banca o que limitará qualquer tipo de apoio caso haja defaults (...)'.
O que tem que ver a investigação do Ministério Público ao Benfica com o risco da operação obrigacionista do Sporting? Por acaso não será exactamente o contrário? O problema, a existir, será para o Benfica e, pelo contrário, o Sporting só beneficiará com isso.
Afirma ainda o dito senhor que aumentou o património com o Pavilhão João Rocha.
Ora vejamos:
O Sporting vai pedir em termos práticos um empréstimo obrigacionista de 60 milhões. Se 'acreditarmos' em tudo o que é dito, a venda de João Mário e Adrien seria mais do que suficiente para pagar grande parte dos VMOC, o pavilhão e suportar o aumento significativo, descontrolado, dos custos. Mas não... O que se vê é uma necessidade de recorrer ao mercado e aumentar a dívida obrigacionista em mais de 30 milhões!
Ora, quem apregoa liquidez e saúde financeira não precisa de ir buscar ao mercado mais 30 milhões para pagar o aumento das dívidas e o aumento dos custos, operacionais e do investimento. Principalmente para valores de activos, que é menos de metade dos activos do Benfica. E não precisa de chutar o actual empréstimo obrigacionista para a frente!
Este filme vimos nós muitas vezes em Portugal e levou à intervenção da Troika que hoje ainda se sente, principalmente para quem rendimentos do trabalho maiores. Mas sabemos o número de insolvências que isso custou!
Tudo o que este senhor disse é somente um cometa, um raciocínio tautológico.
A coisa não tem nada que ver com isso, mas, sim, única e exclusivamente com um jogo de futebol. Se no sábado o Benfica ganhar, o sistema financeiro do Sporting não vai prestar para nada. Se perder, o sistema financeiro do Sporting é um prodígio!"
Pragal Colaço, in O Benfica