"Não tem acontecido nestes últimos anos, e ainda bem, mas o maior regalo de o próximo jogo do Benfica ser uma visita ao Lumiar é, sem sombra de dúvida, o facto da importância de mais um derby ser sempre suficientemente transcendente para nos permitir o luxo – bendito luxo – de ignorar, por falta de espaço, o jogo anterior. Deu-se o caso de ser com o Tondela. E sentenciou exemplarmente esta Liga na semana passada. Adiante. Sobre o jogo nem uma palavra, não há espaço. Sobre o significado do "score", sim, algumas palavras. Veio dar razão à corrente de pensamento pouco valorizada que defende um princípio de trazer por casa porque é, exactamente, em casa que se ganham e perdem campeonatos.
Os jogos chamados "fora" são para ir ganhando, empatar às vezes e até perder de vez em quando. Mas são os jogos em casa que decidem a coisa. Quanto mais imaculado o percurso dentro de portas mais perto se está do título. Ora no tal frente-a-frente na Luz com o Tondela conseguiu o Benfica a triste proeza de somar mais 0 pontos aos 0 pontos somados no jogo com o Porto e ao pontito solitário do derby da primeira volta. E lá se foram, assim, 8 pontos ao ar e o sonho da revalidação do título pelo 5.º ano consecutivo.
Muito mais do que um clube, o Benfica é uma obra social. Por falta de espaço face à iminência do derby desta noite, o dissecar das minudências do último jogo disputado no Estádio da Luz não acrescentaria nada de muito elevado à tese, qualquer que seja a tese. Mas não deixa de ser curioso o facto contabilístico – nada de técnico-tácticas… - apurado nessa derradeira sessão. O Tondela rematou 4 vezes à baliza dos ainda campeões e a bola entrou por 4 vezes. Como o árbitro invalidou um desses remates a ficha do jogo acabou por registar apenas 3 golos, do mal o menos. É esta a obra social a que me referia. Já no jogo anterior, na Amoreira, acontecera parecido. O Estoril rematou 2 vezes à baliza do Benfica, a bola entrou 2 vezes e o árbitro anulou um desses golos com o auxílio do VAR. Também no jogo anterior ao da Amoreira, na recepção ao Porto na Luz, a equipa visitante limitou-se a rematar uma única vez à baliza do Benfica e não é que a bola entrou? Lá está a obra social de que vos falava.
Garantem os teóricos, os apaixonados e até os diletantes que a ausência de Jonas explica cabalmente o colapso da equipa do Benfica no momento em que, sem saber verdadeiramente como, se viu dependente apenas do seu esforço para levar de vencida mais um campeonato que iniciou de modo muito pouco convincente. É profundamente injusto pensar-se assim. Não abusem do Jonas, um dos melhores futebolistas que alguma vez passou pelo futebol português. Não lhe exijam que seja o goleador-mor da equipa, o médio de construção inigualável e ainda guarda-redes, defesa, comunicador, apanha-bolas e paladino do Benfica na CMVM e no Banco de Portugal. Acabou-se-me o espaço, pronto."
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