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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A fruta da época, a época da fruta e a fruta da treta

"GUARDA-REDES que valem milhões são a fruta da época no futebol mundial. De Petr Cech e Manuel Neur, passando pelo lastimável Roberto Jimenez que, ao contrário dos seus colegas de Londres e Munique, não conseguiu justificar em campo os valores milionários da sua transferência para o Benfica.

E, montado que já está o circo em Saragoça, Roberto Jimenez dificilmente encontrará serenidade neste seu regresso a Espanha para poder reclamar para si a honra de ter sido um dos guarda-redes pioneiros daquele momento histórico do futebol em que os guarda-redes passaram a valer fortunas inimagináveis poucos anos atrás.

Não é novidade para ninguém, nem para os mais ingénuos, que o futebol, por mexer com muitos milhões, encerra em si zonas obscuras, marginalidades suspeitas e índices criminais que, por exemplo na Europa, já motivaram renhidas investidas e investigações das autoridades judiciais em países como a Turquia, no extremo oriental do continente, ou como a Itália, uma vasta península em forma de bota situada praticamente no meio do continente europeu.

Por uns motivos ou por outros, a verdade é que as suspeitas de ilícitos no futebol já varreram a Europa de uma ponta à outra e sabe-se lá o que é ainda ficou por varrer.

Ainda bem recentemente a FIFA alertou as Federações suas filiadas para uma nova ameaça potencial trafulhice que paira sobre o futebol em todo o mundo: o negócio das apostas, o mais moderno pasto para a manipulação de resultados.

É esta, segundo Joseph Blatter, a fruta da época em termos de criminalidade no futebol e sabendo-se que o mundo está sempre em movimento não é de admirar que cada tipo de crime tenha a sua época e que a cada fruta da época se suceda a época da fruta e por aí fora... chama-se a isto progresso.

A grande questão das duas transferências de Roberto Jimenez no espaço de um ano - do Atlético de Madrid para o Benfica e do Benfica para o Saragoça - nem são sequer os elevados valores envolvidos. A questão é o valor do próprio Roberto.

O presidente do Benfica, piedosamente, declarou depois de consumado o negócio com o Saragoça que «dentro de pouco tempo Roberto será uma referência mundial no seu posto». Vieira sabe bem que na sua fugaz passagem pela Luz, o infeliz Roberto foi uma treta na baliza dos ex-campeões nacionais. Azar nosso? Azar dele, Roberto?

Para tranquilidade de seis milhões de portugueses, ontem a CMVM levantou o embargo à negociação dsa acções do clube «por terem cessado os motivos que justificaram a suspensão». Ora aqui está uma excelente notícia, finalmente.

A CMVM, queremos acreditar é uma entidade acima de qualquer suspeita que lida com o futebol sem olhar a facciosismos clubistas.

A CMVM olha para números e para a fiabilidade de operações financeiras. E sabe, com certeza distinguir, a fruta da época da época fruta e da fruta da treta.




COM o devido respeito, mas o Benfica, não raras vezes, parece sofrer de um síndrome de compreensão lenta que muito o tem prejudicado de alto a baixo.

Aprecie-se o caso recentemente protagonizado por Maxi Pereira. Foi preciso que o uruguaio, ao serviço da sua equipa nacional, se sagrasse campeão sul-americano num domingo, em Buenos Aires, e comparecesse logo na quarta-feira seguinte em Lisboa, disponível para jogar o primeiro embate com o Trabzonspor, para que, de um modo geral mas efusivamente reflectido na imprensa que Maxi Pereira não só é um jogador de características excepcionais como, muito principalmente, é um profissional do mais alto quilate.

É a isto que se chama compreensão lenta. Maxi vai cumprir a sua quarta época na Luz e nunca nos falhou em momento algum. Mas só agora, num repente de sanidade mental, é que se descobriu a importância de Maxi na equipa e o valor inquestionável do seu brio profissional?

Bem sabemos que, em Portugal, as homenagens são sempre contra alguém. E, por isso mesmo, não é difícil entender que este coro de elogios a Maxi, pela sua disponibilidade e empenho, não é mais do que um remoque dirigido a Luisão que passou a Copa América a fazer gato-sapato das intenções do Benfica.

Estas homenagens a Maxi Pereira são, no entanto, altamente preocupantes porque vão ao ponto de produzir uma catadupa de notícias focando a iminente renovação do contrato do jogador livre, a partir de Janeiro, para assinar com quem muito bem entender.

Nestes casos, o histórico recente do Benfica faz-nos temer o pior. Sobretudo quando duram meses e meses as renovações iminentes e os respectivos espalhafatos na imprensa.

Seria lamentável que a proverbial compreensão lenta da casa encontrasse em Maxi Pereira mais pasto para engalanar o seu sombrio currículo de distracções.




CARLOS QUEIROZ é o actual seleccionador do Irão e comentou, na sua qualidade de patriota português, o sorteio de qualificação para o próximo Mundial, no Brasil. Disse o professor que «Portugal tem a obrigação de se qualificar». Bom, obrigação, obrigação, não terá. Mas tem, isso sim, o dever.

Um Campeonato no Mundo de futebol no Brasil sem Portugal seria motivo para mais uma tonelada de anedotas tropicais sobre a inabilidade lusa para jogar à bola. Em 1966, no Mundial de Inglaterra, quando Portugal e Brasil calharam no mesmo grupo, a imprensa brasileira encarou o facto com grande tranquilidade porque os portugueses jogavam «com a bola quadrada».

Quando Eusébio e companhia despacharam a equipa de Pelé da competição, do outro lado do Atlântico até se falou da «vingança da bola quadrada» como pobre justificação para o desaire dos campeões do mundo frente aos irmãos portugueses.

A reputação actual do futebol português é bem diferente para melhor do que era em 1966. As qualificações para os Mundiais e Europeus sucedem-se com naturalidade, o que não acontecia anteriormente.

Nos tempos correntes, o mais perto que estivemos da anedota e da malfadada bola quadrada foi no apuramento para o Mundial de 2010 em que a selecção de Carlos Queiroz se viu aflitinha e foi obrigada a disputar a vaga com a Bósnia-Herzegovina em dois jogos de grande tensão e sofrimento.

Mas lá conseguimos cumprir, à rasquinha, a nossa obrigação.




UM Benfica mais maduro do que seria de esperar, porque arrancou com novidades e juventude para a época oficial, saiu-se muito airosamente dos dois jogos com os turcos do Trabzonspor. Foi pena o empate porque a vitória seria mais do que merecida.

Nolito voltou a marcar. É um jogador que, felizmente, não precisou de tempo de adaptação para desatar a marcar golos assim que chegou. Caitán fez um jogo engraçado. Teve uma meia-dúzia de situações de golo e tentou sempre marcar com nota artística. Jesus não deve ter gostado de tanto desperdício. E os observadores do Manchester United, terão gostado?"


Leonor Pinhão, in A Bola

Futsal



Depois de uma frustrante época, espera-se uma forte reacção esta temporada. A Supertaça terá um importante papel em 'desbloquear' o aparente bloqueio mental, que afectou a equipa, na parte final da época, nos confrontos directos com os Lagartos... Durante a época anterior, a excessiva dependência do Joel na finalização acabou por ser prejudicial, com a contratação do Dentinho, e com um César sem lesões, parece que temos mais opções para concretizar... A saída do Costinha não foi compensada com a contratação de um jogador parecido, espero que não se vá sentir a ausência do nosso ex-capitão... Com a entrada do Marcão não vai ser fácil a gestão dos guarda-redes... A 'falada' mas não concretizada aquisição do miúdo do Freixieiro, na minha opinião seria bastante positiva...
O Campeonato, provavelmente vai ser o mais desequilibrado dos últimos anos, a diferença do Benfica e do Sporting, para os outros é cada vez maior, portanto vai ser uma longa época, que vai ser decidida em Junho, nos últimos jogos da época!!! Por mais irritante, intragável, mal-educado... que seja o treinador dos Lagartos, a verdade é que eles têm dinheiro, e estão bastante activos no mercado (só têm duas modalidades de Pavilhão: Futsal, Andebol), as épocas onde o Benfica ganhava por larga margem, acabaram. Os planteis dos dois clubes são equilibrados e os jogos vão ser decididos nos pormenores. Por tudo isso o apoio incondicional que esta equipa tem tido por parte dos adeptos desde da criação da secção, é ainda mais importante na época que agora começa...!!!
GR: Bebé, Vitor Hugo, Marcão
Defesas/Médios: Davi, Gonçalo, Diego Sol
Alas: Arnaldo (cap), Diece, Marinho, Bruno Coelho, Teka
Avançados: Joel, César, Dentinho, Anilton

Ser capitão

"Ser capitão de equipa já não é p que era. Tal qual a tradição. Adequou-se a um regime rotativista e fugaz. A ânsia monárquica de Dona Luísa de Gusmão de que mais vale ser rainha uma hora do que duquesa toda a vida, chegou ao futebol na versão masculina: mais vale ser capitão meia parte de um jogo do que um igual aos outros toda a carreira.

Há capitães para todos os gostos. Umas vezes, meramente etários, cronológicos ou quantitativos: ser o mais velho, o mais antigo no clube, o mais internacional (de onde?). Outras vezes em função do vedetismo, das camisolas vendidas ou de outro folclórico critério. Por fim, ligados a aspectos menos objectivos, mas mais apreciados: a experiência, a capacidade de liderança, a rectidão profissional, o amor à camisola (ainda há?).

O processo de escolha também é variável: designado pelo presidente, treinador ou director, eleito entre os pares, uma mistura de ambos, ou até por sorteio.

Com o fluxo constante de entradas e saídas, dificilmente há tempo para um capitão o ser de facto. A isto acrescem as substituições, que conduziram a uma curiosa hierarquia de capitães: o propriamente dito (que às vezes não joga), o vice-capitão e o vice-capitão do vice-capitão. Com a curiosidade de, às vezes, capitães e vices não se entenderem na mesma língua.

Ora ser capitão não deveria ser um título honorífico, curricular ou circunstancial. Até para não desvalorizar a função. A estabilidade de um capitão numa equipa é importante para a disciplina, a coesão, a prevenção de problemas e a construção de um espírito sólido de balneário. Para representar os jogadores dentro e fora do campo. Com a naturalidade de um líder. Com a autoridade de exemplo."


Bagão Félix, in A Bola