"Concordas Com A Escolha Destes 5 Jogadores?
O fracasso europeu de Everton Cebolinha foi previsto por muito poucos adeptos de futebol, brasileiros ou portugueses ou quem siga as incidências do Brasileirão.
Everton tinha mostrado no Grémio ser um dos melhores valores no Continente, provocando na banda um pânico só visto com outros fora-de-série, quase todos eles figura de cartaz na Europa: a entrada no Velho continente pelo SL Benfica, potenciador máximo de talentos sul americanos, era cheque-mate nas poucas dúvidas que pudessem existir quanto à sua afirmação.
A própria titularidade na Canarinha, que conseguiu por meados de 2018-19, era mais um forte argumento. Mas depois de duas épocas de muito esforço e tentativa – sem resultados práticos além de bons pormenores – espantaram principalmente os adeptos benfiquistas, que se sentem aliviados ao ver o valor que o Flamengo pagou para resgatar o jogador.
Sendo o último caso duma longa linha de flops, recolhemos e relembramos cinco casos que provaram, depois de saírem da Luz, que eram realmente fenomenais atletas de futebol, obrigando o Benfica assumir mea culpa na gestão dos seus talentos: veremos se Cebolinha se consegue reinventar da mesma forma que os seguintes ilustres.
1. Raúl de Tomás
Formado na cantera do Real, Raúl De Tomás vinha de 55 golos em três épocas de futebol espanhol e por aqui se prende talvez o erro mais assinalável a Bruno Lage no seu reinado na Luz: a um jogador de último toque, o treinador português decidiu tentar transformá-lo num segundo avançado.
De Tomás somou bons pormenores mas nunca encarrilou no rendimento – 17 jogos, três golos – e em Janeiro estava novamente a passar a fronteira, rumo a Barcelona.
O Espanyol dispendeu 20 milhões em Janeiro de 2020 e agora, á distância de dois anos, pode-se dizer que foram bem gastos: até final de 2019-20, faz quatro golos em 14 jogos, não impedindo que os periquitos descessem à La Liga 2.
Por lá fez 23 golos em 37 jogos, levando o clube de volta á elite em 2021; Em Outubro desse ano, estreia-se na seleção Roja, depois de fazer sete golos nos primeiros 12 jogos de La Liga – e uma impressionante série de cinco consecutivos a marcar, inclusive a Real Madrid – e depois consolida definitivamente o seu nome no panorama espanhol quando acaba o campeonato como terceiro melhor marcador, apenas atrás de Benzema e Iago Aspas.
Neste Verão já se falou de Bayern – como substituto de Lewandowski – e agora é o United como mais provável destino para 2022-23.
2. Paulo Nunes
Depois de João Vieira Pinto, terá sido a melhor muleta de Mário Jardel: em dupla ganharam dois Campeonatos Gaúchos, um Brasileirão, uma Copa do Brasil e a Libertadores ’95, sob comando de Felipão Scolari.
Se o FC Porto tinha ido buscar Jardel – e acertado na mouche – o Benfica tentou o mesmo golpe com o sidekick – e Paulo Nunes, que chegou à Luz envolto num clima de histeria, entrou a matar, com um bis ao Campomaiorense: um de bicicleta e um de calcanhar.
Tudo para dar certo? Parecia, mas Paulo Nunes sofreu com o despedimento precoce de Manuel José, com a concorrência no balneário – temos que mencionar novamente João Vieira Pinto – e a chegada de Graeme Sounness, treinador que o encosta definitivamente.
Veio em Julho, voltou ao Brasil em Janeiro depois de apenas oito jogos e dois golos marcados. Um fracasso. Mas, reencontrando Felipão, agora no Palmeiras, voltou a confirmar ser um dos maiores talentos sul-americanos, ajudando à conquista de outra Copa do Brasil e outra Libertadores.
3. Stanic
Chegou ao Benfica timidamente, por cá quase não jogou pela limitação de estrangeiros e por falta de visão dos seus superiores e mais timidamente saiu, naquele final de 1994-95.
Por cá era ainda avançado, é ainda como último homem que vai á Bélgica fazer do Club Brugge campeão (arrecadando o prémio de melhor marcador da temporada, 20 golos) – mas quando é recompensado com a transferência para o super-Parma dos anos 90, a concorrência obriga-o a fixar-se como ala direito, posição na qual seria definitivamente classe mundial.
Havia Crespo e Enrico Chiesa – pai do actual da Juventus – para a frente de ataque e então o ex-jugoslavo, depois croata, encarrilou pelo lado direito, consolidando-se como jogador confiável e de largo raio de acção.
É pela ala que ajuda a Croácia a ser bronze no Mundial de 98 e se torna uma das figuras do Chelsea pré-Abramovich, já então uma das boas equipas inglesas. Só as lesões provocaram a descida abrupta de rendimento em Inglaterra.
4. Edilson
Era (e foi) Capetinha no Brasileirão, no qual as exibições de futebol circense (no melhor sentido da palavra) o colocaram na Canarinha. Ao Benfica, chegou pela mão da Parmalat – como Cannigia, outro que não seria descabido estar na lista não fosse a relação sentimental com a massa adepta – e com ele poderia ter formado dupla de sonho.
Mas Artur Jorge tomou mais uma das suas opções duvidosas, mantendo o brasileiro afastado do onze titular durante grande parte do ano (23 presenças, 16 titularidades e, ainda assim… 11 golos só no campeonato – 17 ao todo -, conseguindo ser segundo melhor marcador da equipa ).
Desfaz o Sporting no último jogo da época, polémica repetição devido a um daqueles imbróglios à portuguesa, e despede-se, voltando ao seu Brasil ( não sem antes ir ao Japão dar uma perninha) onde continuou a dinamitar tudo e todos.
Em 1997 é jogador do ano pelo Corinthians, em 1999 é campeão, em 2000 é destaque na edição experimental do Mundial de Clubes, onde os paulistas fizeram gato-sapato do Real Madrid de Karembeu e Raúl. O rendimento estonteante chega a 2002, quando é um dos 23 de Felipão Scolari para o Penta Mundial.
5. Mostovoi
O menos problemático dos “russos” daquele balneário encarnado era também o mais incompreendido futebolisticamente – momentos de relevo de Águia ao peito só aquele livre nas Antas na Taça de Portugal 1992-93, poucas mais oportunidades teve de se mostrar: havia Rui Costa, Isaías, João Vieira Pinto.
Percebe-se que a concorrência fosse forte, mas Mostovoi admitiu passado uns anos que talvez fosse demasiado imaturo para lidar com aquela pressão: mais experiente, mostrou em Vigo, ao serviço do Celta, o jogador fantasista e superlativo que conseguia ser.
Teve tanto sucesso nos Balaídos que se planeou erigir nas redondezas uma estátua sua – entretanto projecto esquecido… -, muito por causa duma certa noite fatídica quando ao lado de Karpin e Makelelélé dinamitou uma certa equipa. Na antevisão, dizia em jeito de brincadeira ao Record:
«Não há em mim nenhum sentimento revanchista, mas sinto que ganhar ao Benfica me irá saber muito bem… Aliás, já ajustei as minhas contas com Toni, quando ele estava no Bordéus e eu no Estrasburgo. Jogámos duas vezes, a última das quais marquei o golo da vitória que deu origem ao despedimento do Toni do Bordéus.
Agora só falta ajustar contas com o Benfica… Estou a brincar, não tenho nada de pessoal contra o Toni ou o Benfica, que é um dos maiores clubes do mundo.»
Deu no que deu, todos sabemos. Dos sete, marcou um e assistiu.. três."