"O regresso ao trabalho do Benfica está envolto numa grande incerteza. Por um lado a continuação de Jorge Jesus e da estrutura de apoio são garante da estabilidade sempre necessária para êxito (é bom lembrar, o tamanho do êxito da última época). Mas esse êxito é também um problema, pois o termo de comparação ficou muito elevado, a fasquia está alta, as ambições sempre legítimas dos adeptos são agora acrescidas do sabor recente do êxito. Êxito que na última época atingiu patamares quase inimagináveis. Por outro lado, o Benfica viu partir jogadores importantes como Siqueira ou Garay e, mais ainda, vê anúncios diários que sai equipa e meia. Não nego que a confirmação da saída de Oblak seria um tiro no coração dos adeptos. Quando se escreve Oblak no computador o corrector ortográfico corrige para Bola, é isso mesmo, até o corrector ortográfico sabe como ambos estão colados, são siameses. Oblak tem tudo para ser, apenas, o melhor guarda-redes do mundo a curtíssimo prazo. Este equilíbrio entre a boa gestão e o descalabro fica ténue na mente dos adeptos, sempre desejosos de êxitos repetidos.
Domingo temos o sorteio de um campeonato nacional (ainda me custa dizer Liga), que ambicionamos seja o 34.º título do Benfica, dizer o contrário é hipocrisia barata. Esperemos, pois, com a ansiedade do defeso, as confirmações e desmentidos de quem sai e de quem chega. Esperemos que quem ficar tenha a qualidade para as conquistas desse desígnio primeiro que é ser bicampeão, facto que não acontece há muitos anos no Benfica.
Belíssima escolha no adversário da Eusébio Cup, poucos como o Ajax têm a tradição e a glória, muito para lá do novo-riquismo dos milhões de paragens obscuras. O Ajax é parte da história do futebol europeu e mundial, e é esse prestígio que se empresta a uma homenagem (primeira póstuma) ao nosso Eusébio."
Sílvio Cervan, in A Bola