"O treinador do Benfica aceita que lhe apontem erros. Ele, de resto, aponta alguns. Garante, porém, ter a consciência tranquila relativamente às opções tomadas e caminhos percorridos. E diz-se, hoje, tão motivado para trabalhar no clube como em Junho de 2009, quando chegou. Diz que, quando sair, sairá por cima.
- Três anos à frente do Benfica representam um longo caminho. Sente-se com condições para enfrentar a próxima época, quer do ponto de vista pessoal, quer do apoio dos adeptos, atendendo a alguns sinais exteriores de contestação que têm sido perceptíveis desde a derrota em Alvalade?
- Quando se perde, o grau de desânimo é sempre grande, principalmente num clube como o Benfica e, portanto, esses sinais são naturais em momentos como este. Tenho de os considerar e compreender, porque eu próprio sinto essa frustração, mas posso garantir-lhe que tenho, hoje, a mesma ambição e a mesma vontade que tinha quando cá cheguei no primeiro dia. Podem acusar-me de muita coisa, mas há uma garantidamente de que não podem, de falta de dedicação e de não ter dado sempre tudo pelo Benfica.
- Sente um clima diferente, para pior, à sua volta, no universo dos sócios e adeptos, ou entende que os assobios vêm apenas de uma pequena franja mais radical, responsável pelas paredes pintadas na Luz e em Vila do Conde?
- Repito o que disse atrás, manifestações de frustração são naturais, principalmente quando tínhamos uma perspectiva bem diferente daquela que temos hoje. Como acham que vivi alguns dos dias que se seguiram a alguns jogos em que perdemos pontos? Mas alguém pode acreditar que não demos tudo para chegarmos ao fim em primeiro? Portanto, eu partilho dessa frustração e repito que temos de compreender a desilusão dos adeptos. Mas já não posso compreender, como também já disse no passado, as pinturas feitas, não se sabe por quem, e que colocam em causa a pessoa responsável por hoje existir o Benfica tal como o conhecemos.
- Está a referir-se ao presidente?
- Naturalmente. Alguém acha possível que o clube tenha o prestígio que hoje lhe reconhecem, ou tão simplesmente a existência do Benfica como clube se não fosse o seu trabalho? Nessa perspectiva acho perfeitamente injusto e aí sim acredito que essas iniciativas, que não são assumidas, não representam a massa associativa do Benfica.
- Para que não haja equívocos, e de forma muito frontal, por si continua no Benfica?
- Quando cá cheguei em Junho de 2009 vinha com uma ideia do que era o Benfica e com a ambição de ganhar. Efectivamente, estava longe de imaginar exactamente qual era a dimensão do Benfica e é evidente que gostaria de ter ganho mais títulos daqueles que ganhei, mas sinceramente sei que dei tudo e deixei o melhor de mim em cada dia de trabalho. Tenho a consciência tranquila em relação ao que fiz. A resposta é sim. Sim, vou continuar com a mesma vontade, com a mesma determinação. Continuo empenhado em fazer do Benfica aquilo que os sócios e adeptos esperam. É evidente que a emoção conta sempre em momentos como este, mas se forem fazer uma análise seria do trabalho que foi desenvolvido três anos acho que mereço pelo menos o benefício de provar que continuo a ser útil ao Benfica.
IDA PARA O FC PORTO VISTA COMO DISPARATE
-Teve, ou alguém teve por si, algum contacto com o FC Porto ou com outro clube, visando a próxima época?
-Estou farto dessa insinuação que é repetidamente feita com a única intenção desgaste. Estou no Benfica de corpo e alma e não estou interessado em qualquer outro projecto. Quando se chega ao maior clube português alguém pode querer andar para trás? Isso é um completo disparate. Já agora, também lhe devo dizer que estou farto de ouvir e ler que a questão de eu continuar ou não se deve simplesmente ao dinheiro. Totalmente falso. Não é pelo dinheiro que estou no Benfica. Se fosse por uma questão financeira teria saído do Benfica em Janeiro para o estrangeiro e o presidente sabe disso porque acompanhou a abordagem que me foi feita por um clube de outro país. Quero continuar no Benfica porque me sinto útil e porque as pessoas acreditam no meu trabalho.
- E como viu as palavras do professor Manuel Sérgio?
- Se quer que lhe diga, com muita surpresa. Tenho toda a estima pessoal por ele, mas o que ele disse é um disparate e tenho pena porque tinha obrigação de me conhecer melhor e ao Benfica também. É uma boa pessoa que teve um momento infeliz e que, tal como garantiu ao Benfica, também me garantiu que não tinha dito nada daquilo. É apenas um episódio triste e absurdo, nada mais do que isso.
- Portanto, a questão FC Porto é um assunto encerrado?
- Esse é que é o problema, é que nunca foi assunto. A única coisa que quero do FC Porto é ganhar-lhes. Repito: quem alcança o topo não pode ambicionar a descer. Alguém dizia aqui há alguns meses que treinar determinado clube era a sua ‘cadeira de sonho’. Eu não estou na minha cadeira de sonho, estou na cadeira que qualquer treinador do Mundo ambicionava ter. Acha possível eu querer trocar de cadeira? O que eu quero é continuar nesta cadeira por muitos anos…
- Como tem acompanhado estes nomes que têm surgido na imprensa e aparentemente apontados ao seu lugar?
- Com a mesma naturalidade que vejo todos os dias seis ou mais jogadores serem apontados ao Benfica. É o preço de estar num clube como o Benfica, temos de estar habituados. Mas já agora também é bom dizer o seguinte: há muitos colegas seus que não fazem bem o seu trabalho. Ainda hoje (ontem) li alguns jornais que a equipa sentiu em Vila do Conde a falta do presidente e do Rui Costa. Isto é um atentado à seriedade. O Rui estava de luto, o presidente a trabalhar num processo que está pendente. Falar dos jogadores para justificar esta notícia não é sério. Portanto, voltando ao início, seguramente ainda vão aparecer mais nomes.
- Que sinais tem recebido do presidente, especialmente a partir do momento em que a vantagem no Campeonato se esfumou?
- O presidente é das pessoas que mais sofrem com tudo aquilo que tem acontecido nas últimas semanas e era a primeira pessoa a merecer ganhar este título. Já estamos a trabalhar na próxima época, a ver onde é que podíamos ter feito melhor, em que sectores é que temos de melhorar, é isso que temos vindo a fazer há algum tempo. Não é uma pessoa de baixar os braços...
- Disse, há umas semanas, que faria tudo igual e que manteria as mesmas opções que tomou, mas acaba de dizer que estão a analisar onde é que poderiam ter melhorado, portanto há coisas que faria de forma diferente?
- Quando respondi a essa questão, referia-me a opções técnicas e é evidente que na sua grande maioria as manteria. Se errei? É normal, só não erra quem não tem responsabilidades e já agora é muito fácil jogar ao Euromilhões ao sábado. Mas é evidente que mudaria algumas coisas nomeadamente algumas apostas que fiz em termos de Champions.
- Ou seja, o plantel do Benfica não era suficientemente forte para aguentar duas frentes de batalha? Teria colocado menos ovos no cesto da Champions, salvaguardando a Liga?
- Teria efectivamente colocado, usando a sua expressão, menos ovos na Champions, mas não por não termos um plantel suficientemente forte, mas porque a nossa vantagem na Liga não era suficientemente confortável para fazer o que fizemos.
- Apostou de mais na Champions?
- Quando se joga a esse nível é evidente que temos de aspirar a chegar o mais longe que pudermos, até porque a questão financeira é fundamental para o clube e tudo isso pesa. A partir do momento em que ultrapassamos a fase de grupos, quando se colocou em causa a calendarização dos jogos, hoje possivelmente assumiria opções diferentes, mas lá está, há sempre o reverso da medalha: há jogadores que se valorizaram como não teriam valorizado se não chegássemos onde chegámos, houve muito dinheiro a entrar no clube e tudo isso pesa nas opções que assumimos no momento. E já agora, não é para nos desculparmos, até porque seguramente errei em alguns momentos, mas houve a partir de determinado momento um vento contra que soprou muito forte.
- Está a referir-se às arbitragens?
- Efetivamente estou, mas não me peça para dizer o que penso de algumas porque senão não começo a próxima época no banco.
- Houve algumas arbitragens polémicas, nomeadamente com V. Guimarães, Académica, FC Porto e Rio Ave. Que influência teve esta circunstância no rendimento da equipa e como a explica?
- Se fizer as contas e a relação aos pontos perdidos nesses jogos, com os erros cometidos, faz toda a diferença. São erros que valem o campeonato. Mas por que razão os critérios para a marcação de penalties são uns para o Benfica e outros para outro clube? Há alguma razão? Porque é que uma mão na nossa área é sempre motivo para a marcação de um penalty e na área adversária nunca é? Porque se transforma um penalty em falta atacante na área adversária e noutras sucede-se o contrário? Levo três anos no Benfica e uma das coisas que mais sinto é que para ganharmos um campeonato aqui temos de jogar não apenas contra a equipa adversária, temos de fazer sempre muito mais, porque fazer o suficiente não chega.
- Portanto, do seu ponto de vista, sem casos destes jogos o Benfica teria sido campeão?
- Sem os casos desses jogos e de outros, não tenho dúvidas de que o Benfica teria sido campeão, mas não quero dizer mais nada, caso contrário, como já disse, posso não começar a próxima época no banco! Mas digo-lhe mais isto, os erros de arbitragem afectam desde logo a motivação dos jogadores nos jogos seguintes e, em consequência, o rendimento daqueles. A revolta e indignação na maioria dos casos retira tranquilidade e provoca um desgaste anímico muito grande. E em alta competição então nem se fala...
- O último treinador do Benfica a começar uma quarta época foi Jimmy Hagan em 1973/74 e era tricampeão; não teme que a forma como perdeu este campeonato lhe reduza bastante a margem de manobra junto dos adeptos, no início da temporada, deixando-o vulnerável aos resultados iniciais?
- Sinceramente não. Acho que temos uma equipa muito madura, muito boa do ponto de vista do talento, da entrega, até do ponto de vista humano. É um grupo muito unido e que dá garantias em relação ao futuro. É evidente que o facto de não ganhar o campeonato deixa sempre marcas e temos de estar preparados para elas, mas os tempos de hoje e os tempos de Jimmy Hagan são completamente diferentes, e a nossa missão é exactamente voltar a fazer com que o Benfica volte a viver no presente os tempos de Jimmy Hagan.
- Como explica ter o Benfica perdido uma vantagem de cinco pontos sobre o FC Porto, baixando bastante de produção no derradeiro terço da temporada?
- Já apontámos atrás para algumas explicações. É evidente que empatar na Luz com o FC Porto deixava-nos na frente com igualdade pontual, perder com um golo em fora-de-jogo deixou-nos atrás. Empatar em Coimbra com dois penalties que ficaram por assinalar retirou-nos dois pontos e assim por diante... E como disse, a dado passo há um desgaste e um cansaço psicológico que é difícil contrariar. Quando os jogadores interiorizam que estão a ser prejudicados e que não conseguem sair daquela situação, como é que isso se resolve? Também é verdade que em alguns jogos falhámos demasiadas oportunidades de golo e isso tem o seu custo, mas voltando ainda um pouco atrás como é que se explica a um jogador que vai ficar de fora dois jogos por uma entrada dura mas leal, enquanto os restantes jogadores que foram expulsos durante a época apanharam apenas um jogo, que um jogador que agrediu outro a soco levou apenas um jogo. Tudo isto pesa, não tenho dúvidas.
- Portanto, a todos os jogos anteriores ainda acrescenta o jogo de Olhão?
- Acrescento apenas pela questão do Pablo que não lembra a ninguém, um perfeito disparate. Mas também é verdade que em Olhão falhámos, foi um dos jogos em que claramente não estivemos ao nosso nível. Nos outros fizeram-nos falhar.
- A forma exuberante como o Benfica procura jogar, sempre de prego a fundo e como se não houver amanhã, não é incompatível com uma época que tem a exigência de cerca de 50 jogos oficiais? O modelo de jogo não deve ser repensado?
- Não penso que seja por aí. As grandes equipas europeias têm as mesmas exigências que nós e, se queremos estar a esse nível, e queremos, temos de jogar sempre com essa entrega e essa intensidade. Ao longo da época fomos a equipa que melhor praticou em Portugal, muitos jornalistas europeus elogiaram a forma de jogar do Benfica, foi essa intensidade e essa qualidade que fez os sócios voltar ao estádio.
- E no entanto, o Benfica não foi campeão?
- Sabe, podemos trabalhar bem, podemos fazer as melhores opções, mas há coisas que não se controlam, pelo menos no Benfica, o que é um bom sinal. Sinal da seriedade do clube.
- Considera que o plantel do Benfica é equilibrado? A estrutura que apoia a equipa sénior é sólida?
- A equipa é equilibrada, mas é evidente que há margem para crescer e melhorar. Quando termina uma época há sempre espaço para algumas mudanças. Há que reflectir onde é que se falhou, onde é que se pode melhorar quer no plantel, quer na estrutura, e isso também vai acontecer no Benfica. Seguramente que haverá áreas em que chegaremos à conclusão de que poderíamos ter feito de forma diferente ou que faltou alguma coisa, mas esse é o trabalho que iremos fazer mal o campeonato termine. Mas há uma coisa de que não me posso queixar que é o grau de profissionalismo de toda a estrutura que me rodeia, o António Carraça veio acrescentar valor ao grupo e isso é importante de destacar.
- Em 2012/13, com a previsível entrada directa na Champions, vai poder preparar a época com mais calma. Em termos de plantel prevê muitas mexidas, sente da parte dos responsáveis vontade de reforçar a equipa ou, ao invés, os sinais que lhe chegam apontam para a necessidade de vender os melhores jogadores?
- Já falámos sobre isso e é evidente que a situação económica que vivemos actualmente vai condicionar de alguma forma a preparação da próxima época, mas vai condicionar todos os clubes, não apenas o Benfica, portanto, é normal que havendo boas propostas alguns jogadores venham a sair e, nessa medida, outros irão entrar. Se olharmos para o Chelsea e para o Real Madrid, estão lá quatro jogadores que passaram pelo Benfica nos últimos dois anos e é assim que vamos ter de continuar: comprar bem, formar bem e vender melhor! Não há outro caminho. Quando cheguei ao Benfica, em 2009, o clube era a 23.ª melhor equipa da Europa, hoje somos a 9.ª melhor equipa, este é o melhor sinal daquilo que conseguimos crescer em três anos. Continuamos a vender para as equipas mais fortes do ponto de vista económico, e, ao mesmo tempo, continuamos a competir com elas, pelo menos chegamos onde algumas delas chegam. Nós formamos, eles compram feito e mesmo assim continuarmos a ser competitivos, isto também deve ser valorizado.
- Acusam-no de ser um treinador intenso, que desgasta muito rapidamente a relação com os jogadores. É justa esta crítica?
- Sou efectivamente um treinador exigente, mas todos eles sabem que trabalho de forma séria e que sou o primeiro a defendê-los. Que quando grito ou chamo a atenção é para o bem da equipa, mas admito que é um ponto em que posso melhorar. A verdade é que hoje sou mais paciente e mais tolerante do que era quando aqui cheguei. Os jogadores já sabem quando não fazem aquilo que eu espero deles. Já há cumplicidade, mas admito que sou exigente.
- Em três anos venceu um campeonato, três Taças da Liga, qualificou o Benfica três vezes para a Champions, foi a uma meia-final da Liga Europa e aos quartos-de-final da Liga Europa e da Champions. Estes resultados satisfazem-no ou sabem-lhe a pouco?
- Sinceramente, quando olho para trás sabem-me a pouco. Esta lista poderia ter no mínimo mais dois ou três troféus. Mas não vou ficar agarrado a olhar para trás, o que vou fazer é trabalhar para que no próximo ano alguns desses troféus que nos têm escapado possam estar nesta lista. Quando cheguei a minha ambição era ganhar dois campeonatos nos primeiros três anos. Não consegui, mas posso garantir-lhe que vou sair do Benfica com o Benfica por cima e que esse titulo terá de ser ganho no próximo ano. Há uma coisa que devo dizer, devo muito ao Benfica, o Benfica valorizou-me enquanto treinador. Sei que hoje, enquanto treinador, tenho o reconhecimento que não teria se aqui não estivesse, e é por isso que me dedico de corpo e alma, para poder retribuir tudo o que me deu.
- Na próxima época haverá o FC Porto do costume (este ano, sem deslumbrar, sagrou-se campeão), um Sporting mais forte e um SC Braga que se habituou aos lugares cimeiros. E que Benfica se deve esperar?
- Um Benfica que quer ser campeão, ganhar a Taça de Portugal e a Taça da Liga e chegar o mais longe que for possível na Champions.
- Que mensagem quer deixar aos adeptos? O que podem eles esperar de si na próxima época?
- Pedir-lhes que continuem a apoiar-nos. Sei a desilusão que estão a viver, mas também quero que saibam que essa desilusão não é maior que a minha, a dos jogadores, a do presidente. Fizemos um caminho difícil, por isso é fundamental estarmos unidos, porque só assim vamos conseguir alcançar os nossos objectivos.
CHAMPIONS E DEPOIS CARDOZO
Treinador fala ainda de Matic, Saviola, Emerson, Capdevila, Nélson Oliveira e Rodrigo
- O que quis com a troca, em Vila do Conde, de Matic por Saviola? Foi apenas uma substituição que correu mal?
-Quando faço a substituição estávamos a ganhar 2-1 e o Matic tinha um amarelo, a ideia era fazer o terceiro golo para depois voltar a mexer. A verdade é que sofremos o empate, mas o Saviola criou várias oportunidades de golo, entrou bem no jogo e acabou por sofrer um penalty, mais um não assinalado. Joguei para marcar o terceiro, porque essa deve ser a imagem do Benfica, jogar sempre para marcar, para ganhar. É isso que os adeptos exigem e foi isso que quis com essa substituição.
- Arrependeu-se da ousadia o FC Porto na Luz quando estava a ganhar por 2-1 e não resguardou o meio-campo?
- Já viu a contradição? Em cima acusam-me de ser um treinador demasiado ofensivo, aqui perguntam-me se não devia ter sido mais defensivo. Repito o que lhe disse atrás, é fácil fazer o Euromilhões ao sábado. A verdade é que podíamos ter feito o terceiro golo, mas acabámos, mais uma vez, a jogar com dez jogadores, e sofremos um golo em claro fora-de-jogo. Portanto, o futebol é isto. Se tivéssemos feito o terceiro golo ou se o fora-de-jogo tivesse sido assinalado, talvez hoje não se colocasse esta pergunta.
- Não se arrepende de ter apostado tanto em Emerson e tão pouco em Capdevila?
- Por uma questão de respeito para com os jogadores não vou justificar em público essas opções. São dois bons jogadores, excelentes profissionais e apenas posso assumir a responsabilidade pelas opções que tomei. Sempre o fiz na minha vida e assim continuarei. Acho que um treinador, qualquer que ele seja, não deve ser julgado pelas opções A ou B que toma, mas sim pelo seu trabalho, por tudo o que faz durante a semana. Os jogadores que se equipam no fim de semana são a parte mais visível do nosso trabalho é certo, mas é apenas uma parte daquilo que fazemos.
- Não foi um erro emprestar Rúben Amorim ao SC Braga?
- O Rúben foi uma questão disciplinar. Não se tratou de uma opção técnica, é bom que isso fique bem claro, mas é evidente que quando num determinado grupo se toleram alguns comportamentos isso prejudica toda a organização. E o comportamento que o Rúben assumiu teve consequências, só isso.
- Nélson Oliveira e Rodrigo podem ser titulares num futuro próximo?
- Têm características diferentes, mas são já hoje jogadores em quem podemos confiar. Vão ser seguramente titulares do Benfica no futuro e o Nélson, seguramente, vai mostrar todas as suas qualidades na nossa Selecção.
- Ajudar Óscar Cardozo a ganhar a Bola de Prata das parte da agenda da equipa nos dois jogos que faltam disputar?
- Primeiro estão os objectivos da equipa. Como tal, devemos concentrar-nos em ganhar o próximo jogo que nos dará matematicamente acesso directo à Liga dos Campeões. Depois, logo se vê. Agora, tenho a certeza de que o Cardozo tudo fará para ajudar a equipa e esta tudo fará para o ajudar a consagrar-se como o melhor marcador da Liga, prémio que bem merece. Muitas vezes é um jogador incompreendido, mas a verdade é que é um absurdo que algumas pessoas continuem sem reconhecer todo o potencial de um jogador que marcou 127 golos desde que chegou ao Benfica."
Jorge Jesus, entrevistado por Nuno Paralvas, in A Bola