Últimas indefectivações

domingo, 20 de maio de 2018

Iniciados - 7.ª jornada - Fase Final


Benfica 7 - 0 Braga

Ribeiro; Ferreira, Afonso, Abrantes, Montóia; Mendonça, Soares, Neto; Tomé, Pio; Santos

Goleada, para ganhar confiança para aquilo que falta...
Na próxima jornada, jogo muito importante no Olival...

PS: O Fernando Pimenta, voltou a conquistar duas medalhas hoje, na etapa da Taça do Mundo na Hungria, em Szeged... depois do Ouro de ontem, no K1 1000m. Hoje, começou por 'sacar' a Prata no K1 500m, e mais tarde voltou a conquistar o Ouro no K1 5000m!!!
Excelente fim-de-semana, com as medalhas do Fernando (três), e o Bronze das 'meninas' (Teresa e Joana)!!!

Sport Lisboa e Benfica felicita Desportivo das Aves

"O Sport Lisboa e Benfica felicita o Desportivo das Aves pelo feito histórico da conquista da sua primeira Taça de Portugal, e em particular os nossos jogadores emprestados, Ponck e Arango, por esta vitória nas suas carreiras."

A Taça é uma festa

"Ao longo da semana pouco se falou desta final. De quão bonito é aquele espaço. Falou-se, tão só, da dúvida acerca da sua realização.

1. Hoje disputa-se mais uma final da Taça de Portugal. De um Taça de todos. É que a Taça é uma festa. E é, também, uma competição inclusiva. Mesmo que não tenha havido antevisão desta final. De uma Taça que acolhe, no Jamor, e pela primeira vez, o Desportivo das Aves e que recebe, uma vez mais, o Sporting Clube de Portugal. Mas é uma edição singular. Onde alguma diplomacia de última hora permitirá, acredito, a presença institucional mais relevante de Portugal. Ao longo da semana pouco se falou desta final. De quão bonito é aquele espaço. Falou-se, tão só, da dúvida acerca da sua realização. Os seus patrocinadores só terão algum efectivo retorno ao longo deste domingo. E com a secreta esperança que não haja nenhuma distracção que perturbe, ainda mais, esta festa do futebol. O Desportivo das Aves bem merece uma saudação especial. Foi silenciado e quase que ignorado. A agenda mediática foi absorvida pelo Sporting, pelo seu Presidente, pelos incidentes de Alcochete e pelas diferentes presenças judiciais. Vimos conferências de imprensa bem longas, directos dos tribunais, múltiplas intervenções de apaixonados e delicadas e dedicados sportinguistas. Portugal quase que congelou todas as outras notícias, mesmo outras desportivas, e ferveu com suspeições e indícios, comentários e análises, ponderações e provocações, lágrimas e lembranças, críticas e excessos, fanatismo e maledicência, originalidades e novidades. Estas bem subjectivas e com ajustes de contas que arrepiam e perturbam. Mas em que, assumo-o, e em certos casos, há estórias que mereceram vir à luz do dia. É que há viscondes e condes, de todas as cores, que só no futebol é que são virgens. Mas, acima de tudo, com a Vila das Aves e o seu clube de referência a serem ignorados como se não tivessem o direito - sim o direito-dever - de serem lembrados e referenciados, reconhecidos e respeitados. O que ocorreu fica, como registo único, na história do futebol português. Como esta semana bem especial, surpreendente, sofrida, muito triste. Em que o referenciado talento português do faz de conta tomou conta de tudo e de todos. De todos mesmo.

2. Peço desculpa mas não é necessária nenhuma Autoridade para a Violência. Conheço demasiado bem o sistema existente para o proclamar. Bem seu que há personalidades que a desejam para que a respectiva instituição tenha, em tese, mais atribuições e competências. Gostam de inchar. Por tudo e para nada. E há outras que não podem esquecer que o que falta, de verdade, é uma resposta integrada para a prevenção da violência e que esta, hoje em dia, não se circunscreve apenas aos estádios. E que deve abarcar as ditas academias ou os novos centros de treino. O que falta, entre nós, é a aplicação efectiva das leis existentes e uma efectiva cooperação entre todos os actores desportivos e, logo, a responsabilização de cada um deles. O que importa eliminar, com efectiva visibilidade, é a percepção da impunidade perante actos e factos já previstos na legislação existente. Seja interna seja, mesmo, e por recepção, da internacionalmente relevante. O que falta é o compromisso dos diferentes dirigentes dos clubes - sim dos clubes! - para a aplicação, no seu seio, das normais em vigor. O que falta é uma fiscalização rigorosa dos mecanismos empresariais que as claques suscitam e multiplicaram. O que falta é que a Entidade da Comunicação avalie, em tempo, se o direito à informação se compatibiliza, nos momentos actuais, com a preservação dos «direitos de liberdade, segurança e justiça». O que falta é que o conjunto das entidades reguladoras portuguesas funcionem a tempo, com indiscutível celeridade, e com mecanismos sancionatórios que doam e que não entendidos, apenas, como pequenos ou meros beliscões. O que não falta é, aqui, animar a malta. E sabendo nós todos que aqueles que não berram, não injuriam ou não ofendem são afastados, com motivações bem especificas e justificações que o tempo esclarece. É que o tempo vai a passo mas nunca adormece. Sabendo nós desde Julien Green que «tudo o que é excessivo é insignificante»! E também já Aristóteles nos ensinava, há séculos, que «o tempo consome as coisas, e tudo envelhece com o tempo». Tudo mesmo!

3. O Benfica conquistou ontem o título nacional de juniores em futebol. Venceu categoricamente o Leixões e a equipa de João Tralhão - parabéns, meu caro! - volta a erguer um troféu que evidencia a qualidade das formações da Academia do Seixal. Onde admiramos, entre outros, David Tavares, Gedson Fernandes, João Filipe ou Florentino Luís. Mas esta imensa qualidade centra-se, hoje, permitam-me a ousadia, em dois jogadores. Um que vai integrar, com todo o mérito, o conjunto dos escolhidos de Fernando Santos: Rúben Dias. O outro que vai ser uma das grandes revelações, acredito, da próxima época desportiva: João Félix. E olhando, com um misto de saudade e de orgulho, e por exemplo, para Bernardo Silva, Manuel Fernandes e Gonçalo Guedes e desejando-lhes um Mundial pleno de êxitos pessoais e desportivos! Como a toda a equipa, a toda a estrutura, da Federação. Da directiva à técnica. Com Fernando Gomes, Fernando Santos e Cristiano Ronaldo como referências cimeiras.

4. Ontem, a festa da Taça de Inglaterra foi bonita. Estádio cheio. Ambiente com cor e com múltiplos sons. Emoção até ao fim. O Chelsea ganhou ao Manchester de José Mourinho. Acredito que a nossa Federação hoje no Estádio Nacional tudo fará para que a nossa Taça seja igualmente uma bonita festa. Com cor e sons. Uma festa fora e dentro daquele Estádio que é a expressão do futebol de todos. A Taça tem de ser uma Festa. E quem a perturbar deve ser sancionado.

5. Um cumprimento bem especial à GNR e à PSP. Com um trabalho, nos últimos dias, que merece ser vivamente reconhecido. Como também à Polícia Judiciária nas pessoas do seu ainda Director e do seu futuro Director. Com a consciência que este último sabe bem, desde sempre, e com Sófocles, que «o êxito depende do esforço»!

6. A Taça de Portugal é uma Festa. Uma festa do futebol e uma festa com Amigo e Amigas. Com paixões diferentes mas com verdadeiro amor ao futebol."

Fernando Seara, in A Bola

A Constituição e o combate à violência no desporto

"A prevenção e combate à violência associada ao desporto é algo que tem convocado a atenção dos Estados e das organizações desportivas, em particular desde a década 80 do século passado. Foi, aliás, na revisão de 1989 que ao n.º 2 do artigo 19.º da Constituição foi aditada a expressão «bem como prevenir a violência no desporto».
É um dever fundamental do Estado mas também de outros operadores, previsto desde logo no artigo 79.º da Constituição, que dispõe da seguinte forma:
«1. Todos têm direito à cultura física e ao desporto.
2. Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e colectividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto».
Como há muito é pacificamente aceite, esta referência - bem como naturalmente todas as outras estabelecidas como incumbências nesse n.º 2 - se se dirige primariamente ao Estado, é, simultaneamente, tarefa das associações e colectividades desportivas. A acção destas entidades revela-se essencial para a prossecução das finalidades aí previstas e, ademais, assenta num principio da colaboração.
No plano da legislação desportiva nacional assumem ainda um papel central as normas constantes da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho (na sua actual redacção consolidada em anexo à Lei n.º 52/2013, de 25 de Julho, que procedeu à sua segunda alteração), que estabelece o regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos, de forma a possibilitar a realização dos mesmos com segurança e que se encontra, actualmente, em revisão."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Do Sporting

"De uma party garden na quinta do Visconde de Alvalade saiu o Campo Grande SC em divisão de espírito: com uma hoste achando que havia no clube «glamour» a mais e «sport» a menos (e outra não) - e foi do que se tratou na AG que se fechou em sururu.
- Daqui por seis meses estamos nós aí e há de ser como nós quisermos...
ouviu-se num rumor em alvoroço - a que José Gavazzo replicou, mordaz:
- Sim, estarão na direcção se nela houver um limpa-retretes ou um varredor...
Alguém pegou numa cadeira para lhe atirar à cabeça. José Alvalade impediu-o - lançou, amofinado, declaração (que a história havia de tornar famosa):
- Acabou! Vou ter com o meu avô, ele me dará dinheiro para fazer outro clube.
Fez o Sporting CP - e no artigo 1.º dos estatutos deixou expresso que só poderiam pertencer-lhe «indivíduos de boa sociedade e conduta irrepreensível». Pelo que, nos que lhe seguiram a fio, para se ser seu sócio era preciso ter-se cadastro limpo. Assim se chegou a 1932. Apesar de Filipe dos Santos ter sido campeão de Lisboa, puseram no seu lugar Arthur John. Tendo o Belenenses batido o Sporting por 6-0 e 9-0 para o Campeonato de Portugal, Filipe dos Santos envolveu-se em escaramuça com o director que o despedira - e suspenderam-no de sócio por um ano. Vendo-o, no Café Martinho, de humor amachucado, um amigo de clube rival, lamuriou-se por ele:
- Esses bandidos do Sporting... os malandros... os pulhas... não merecem consideração nenhuma, e tu não merecias o que o Sporting te fez...
Num acre impulso, Filipe dos Santos deu-lhe duas bofetadas e retorqui-lhe:
- Os directores do Sporting podem ser bandidos, malandros, pulhas - mas só eu ou sportinguista como eu tem direito de dizer isso deles. E contra o Sporting, então, não admito nada de ninguém.

PS: Pode não parecer mas sim: a lembrança das histórias tem a ver com os lenhos na cabeça do Bas Dost, a lágrima no olho a correr por ele (que é de todos nós) - e sobretudo com o resto..."

António Simões, in A Bola

A final histórica do PREC leonino

"A final da Taça de Portugal é sempre um acontecimento especial e, muitas e muitas vezes, ao longo das suas 77 edições e do democrático número de doze vencedores, teve características raras.
Durante toda a sua interessante histórica, já tivemos muitas finais clássicas, um número interessante de finais inéditas e muitas vencedores improváveis, já tivemos finais politicamente emblemáticas, como aquela em que os estudantes de Coimbra se manifestaram a favor da liberdade no tempo da ditadura, e já tivemos finais que se jogaram fora do estádio nacional.
Uma final como a de hoje, é que nunca tínhamos tido. Não apenas por ser um inédito encontro dos finalistas, mas, principalmente, porque ficará na história como a final do PREC leonino.
O Sporting já está a viver, como é constatável, em período revolucionário em curso, o que explica a anunciada ausência de Bruno de Carvalho, o presidente das (agora) pequenas forças sitiadas. Independentemente do vencedor, é desde há certo que ficará na História da competição mais curiosa e mais imprevisível do futebol nacional."

Vítor Serpa, in A Bola

Violência e populismo no futebol? Que choque. Ninguém diria

"Qual é o espanto? Que sintomas é que não percebemos? E o que é que foi feito, de facto, para atalhar caminho e começar a recuperar o esgoto a céu aberto em que se transformou o futebol? 

Acordámos sobressaltados num final de tarde e descobrimos que uma tragédia aconteceu no futebol. 
Acordámos, sim. Porque só andando a dormir ou demasiado distraídos é que não percebemos, nos últimos longos anos, que a tragédia já estava bem instalada e ia acontecendo em doses suaves. 
Manifestou-se agora de novo, de forma inédita, quando um grupo de criminosos assaltou um balneário e agrediu jogadores e técnicos, no meio de uma crise de um clube que é dirigido por alguém que parece um louco e age como um louco.
Mas qual é, verdadeiramente, o espanto? Que sintomas é que não percebemos de todos os que se manifestaram nos últimos anos e décadas? E o que é que foi feito, de facto, para atalhar caminho e começar a recuperar o esgoto a céu aberto em que se transformou o futebol, onde reina a mais completa impunidade, onde falta regulação, onde não entra a mais básica ordem de um Estado de Direito?
Um dia destes também vamos espantar-nos se nos disserem que há sexo num bordel?
Já houve suspeitas para todos os gostos, investigações, Apito Dourado, “fruta para dormir”, um presidente de clube que só foi detido e condenado depois de deixar de o ser, polícias e meios judiciais aparentemente capturados pelo maior clube da cidade, claques que são há muito gangues de criminosos assumidos e identificados pelas polícias, interesses cruzados com seguranças privadas, negócios obscuros com transferências de jogadores, clubes que vão à falência mas que deixam prósperos os que o geriram.
Tudo na mais completa impunidade, num mundo onde a lei não entra e a Justiça não tem chegado. 
Assistimos, semanalmente, à destruição de estações de serviço nas estradas por onde passam claques e ao espectáculo degradante destas terem que ser assumidamente tratadas como sendo compostas por animais nas entradas e saídas dos estádios. Isto é transmitido em directo pelas televisões e a única coisa que o Estado tem feito é colocar a polícia a fechar avenidas inteiras para que possam passar sem transtorno e sem causar tumultos pelo caminho. Achamos isto normal? Se aquela gente não pode andar na rua sem ser fortemente escoltada devia estar presa ou, no mínimo, impedida de entrar num estádio de futebol.
A isto tudo assistimos com a maior naturalidade. Como assistimos às mortes que vão ocorrendo, a espaços. Encolhemos os ombros e achamos que “é mesmo assim o mundo do futebol”. 
Querem rir-se?
Em Portugal há 21 adeptos impedidos de entrar em estádios pela polícia. Sim, 21. Vinte-e-um.
E, também segundo dados da PSP, entre 2010 e 2018 essa proibição abrangeu 198 adeptos.
Não é por falta de problemas e de candidatos a tal distinção, como se vê todas as semanas.
É por flagrante demissão do Estado, dos poderes públicos e das suas mais básicas obrigações.
O pior que pode acontecer neste momento é pensar que a questão se resume ao Sporting, a Bruno de Carvalho e aos que praticaram as patifarias. E que, varrido o louco do clube e feita justiça aos actos criminosos, a questão está resolvida, podendo nós regressar à nossa doce normalidade.
Porque isso significa que nada de fundo foi resolvido e que os Brunos de Carvalho, os Pintos da Costa ou os Filipes Vieiras – só para citar os que estão agora de turno nos três “grandes” – vão continuar com as suas tropas de elite, a gozar de toda a impunidade, alimentando e sendo alimentados pelo “sistema”.
O sobressalto que agora se está a viver no futebol não é diferente de outros que ocorrem regularmente no país e que têm origem no nosso peculiar caldo de cultura.
Os ingredientes de que este é feito são nossos velhos conhecidos.
Lá estão o desleixo e a incapacidade de tomar decisões que previnam a tragédia mesmo quando ela tem enorme probabilidade de acontecer. Lá aparece também o populismo, paralisante de acções que possam incomodar este ou aquele sector ou grupo de interesse e por em causa a popularidade de governos ou partidos.
E, claro, tudo tem como pano de fundo a cumplicidade entre poderes públicos e agentes privados, que muitas vezes leva à captura do Estado por interesses parcelares.
Foi assim com os incêndios florestais, por exemplo, depois de décadas de “deixa andar”, de medidas e leis que nunca saíram do papel e da captura do Estado pelos interesses de corporações de bombeiros ou de negócios de meios de combate.
O colapso das contas do Estado e a crise de financiamento da economia também se desenvolveram no mesmo ecossistema, com o interesse público capturado por algumas corporações e grupos empresariais e financeiros privados, tudo associado a políticas facilitistas porque o horror a medidas duras, embora necessárias, é muito grande.
Num como noutro caso, os alertas, os avisos e os diagnósticos dos problemas foram olimpicamente ignorados. Até que aconteceu e aí já era demasiado tarde.
Estamos a viver o mesmo, à escala respectiva, com o mundo do futebol. Só não via quem não queria. A promiscuidade ente a política e a bola é a que se sabe. A “porta giratória” entre estas não é diferente da que existe nos outros negócios.
Os políticos adoram frequentar os camarotes dos estádios e tomar emprestada a popularidade de dirigentes. Os negócios imobiliários entre clubes e municípios são frequentes e raramente transparentes. Muitos confundem-se no seu duplo papel de comentadores políticos e futebolísticos E o Parlamento é palco frequente da institucionalização dos senhores da bola, para sessões formais ou jantares informais promovidos pelos deputados do clube.
Tudo isto poderia até ser isento de qualquer problema se as práticas do sector não tresandassem à distância e se o país e a sociedade tivessem uma relação normal com o futebol. Mas não têm, como sabemos. Para o confirmar basta ligar as nossas televisões.
E se assim é, não se pode tratar com normalidade aquilo que é anormal.
A impunidade é reinante e isso, mais tarde ou mais cedo, paga-se. É o que agora começa a acontecer, sem que deva merecer qualquer espanto.
E Bruno de Carvalho? Mas então não foi eleito e confirmado há pouco tempo com votações albanesas em assembleias gerais do clube? Os sportinguistas escolheram-no? Agora aturem-no. Não ponham é os contribuintes a pagar estas facturas. Sejam um bocadinho mais racionais e não se deixem levar pelo populismo."

O país refém de Bruno de Carvalho

"O presidente do Sporting tornou-se a vedeta de um caso em que Portugal se revê como num espelho.

Hoje, a partir das cinco da tarde, todo o país vai estar de olhos postos no Jamor, não exactamente para ver a final da Taça de Portugal entre o Sporting e o Aves mas para assistir a um novo episódio do folhetim que capturou as atenções gerais e foi tema quase único dos noticiários jornalísticos da semana. Que vai acontecer dentro e fora do relvado? Como vão reagir os jogadores do Sporting, depois dos ataques selváticos de que foram vítimas às mãos de um bando de energúmenos em Alcochete? Qual será o comportamento da assistência, nomeadamente das claques sportinguistas, e como irão actuar as forças de segurança? Qual irá ser a postura do Presidente da República e do primeiro-ministro (sabendo-se que o presidente da Assembleia da República não estará presente)? De qualquer modo, para arrefecer os ânimos, soube-se ontem que o presidente do Sporting desistiu de comparecer, depois de notícias em contrário.
Estas questões não seriam normais num país normal, não tivesse sido ele literalmente capturado por essa personagem improvável chamada Bruno de Carvalho – a que ninguém escapou nos últimos dias, designadamente os comentadores menos versados em matéria futebolística (entre os quais me incluo, apesar da paixão que me persegue desde a infância, nesses anos longínquos em que o futebol não passava de uma actividade de amadores e seria inconcebível a sua transformação numa indústria de milhões, suscitando os comportamentos mais aberrantes). Ora, ao sequestrar todo um país, depois do sequestro da equipa de futebol em Alcochete – do qual é o indiscutível autor moral, por ter criado as condições emocionais e psicológicas para que acontecesse –, Bruno de Carvalho tornou-se a vedeta de um caso em que Portugal, através dos media e das conversas quotidianas, se revê como num espelho.
Aconteça o que acontecer, venha a ser ou não destituído nos próximos dias, o ainda presidente do Sporting pode vangloriar-se de um feito verdadeiramente invulgar e que justificará amplamente a sua megalomania ou, como confessou ao Expresso, a sua estratégia de fazer-se passar por maluco: ele foi (ainda é) o centro das atenções e perplexidades nacionais, esse espelho em que o país foi obrigado a rever-se e questionar-se, incomodado e incrédulo, sobre como foi possível chegar ao ponto a que se chegou. Que uma personagem tão boçal, grotesca e quase inverosímil tenha sido durante tanto tempo adulada, entronizada e legitimada por tanta gente – nomeadamente por pessoas com qualificações muito diversas, desde as áreas económicas até, pasme-se!, à psiquiatria – é um fenómeno que ultrapassa o campo das meras paixões futebolísticas, para se inscrever no universo das dependências ou submissões mais inconfessáveis e da irracionalidade pura e simples. Finalmente, que tenha sido preciso acontecer o que aconteceu em Alcochete para alguma dessa gente acordar subitamente e retirar o apoio a uma personagem a que se atribuíam dons prodigiosos constitui um indicador muito sintomático da cegueira, do sono e da cobardia a que se acomodam as consciências, fugindo a sete pés do desastre anunciado e que elas foram incapazes de prevenir.
Se o futebol se tornou um reflexo das derivas do funcionamento das sociedades, enquanto domínio imune, tantas vezes, à própria legalidade, o caso Bruno de Carvalho fez-nos confrontar, em Portugal, com um fenómeno corrosivo que desejaríamos iludir: o populismo. A partir do momento em que um país ficou refém de tal caso e tal personagem, importa extrair rapidamente as conclusões desse sequestro que, pela sua amplitude mediática e social, ultrapassou claramente as fronteiras futebolísticas. Não podemos continuar a dormir se não queremos que os Brunos de Carvalho se reproduzam noutras espécies – sociais e políticas – e os bandos de arruaceiros das claques antecipem as brigadas fascistas e nazis de sinistra memória."

Bruno de Carvalho e o Casamento Real

"O casamento real só perdeu protagonismo para a conferência de imprensa de Bruno de Carvalho. Não sei qual dos dois foi mais secante e que menos valor trouxe para a sociedade.

Este fim de semana, o mundo parou para dois acontecimentos: para o solo de comédia de Bruno de Carvalho, também conhecido por conferência de imprensa, e para o casamento real. Do primeiro, não tenho muito a dizer, acho que um humorista não deve criticar o trabalho de outro humorista, na praça pública. Vou apenas dizer que me ri bastante, embora tenha achado muito longo. Pareceu-me que o público estava muito frio e senti falta de um opening act, talvez do Saraiva, para aquecer o público. Pedia-se mais de um solo, parecia que estava a testar material e muito focado no improviso, pensei que a qualquer momento iria pedir uma letra ou uma profissão aos jornalistas.
Do casamento real, também não tenho muito a dizer. Acho curioso que se chame “real” quando parece tudo menos isso dado todo o alarido com requintes de fantasia e com honras de transmissão em directo em todos os canais de televisão de Portugal e do mundo. Os casamentos já são, por norma, uma forma de ostentar e esfregar a felicidade na cara dos outros, especialmente das amigas encalhadas e, para mim, quanto maior a festa, menos felizes são os noivos, tal como os casais que mais trocam mensagens públicas de afecto no Facebook, são, por norma, os que menos se amam. 
Estava a ver aquilo, enquanto esperava que o Bruno de Carvalho desse início ao seu espectáculo e comecei a pensar no seguinte: até que ponto uma mulher casar com um príncipe não poderá ser considerado assédio? As mulheres são condicionadas logo desde pequenas a achar que as histórias de amor são sempre entre uma plebeia e um príncipe. São ensinadas que os homens, desde que bonitos e ricos, até as podem beijar durante o sono sem o seu consentimento. Da mesma forma que um patrão seduzir uma empregada é considerado assédio, até que ponto um príncipe seduzir uma mulher “normal” não o é, dado que também está a usar o seu poder, dinheiro e estatuto para seduzir? Com a agravante de todas as regras e protocolo que castram a mulher e, neste caso, a proíbem de continuar a trabalhar e de, por exemplo, ter redes sociais. Alguém que alerte as Capazes, se faz favor.
A família real serve o mesmo propósito que as polémicas do futebol: entreter as massas. Um povo que se manifesta e revolta mais pelo seu clube de futebol do que pela corrupção de governantes, não merece ter coisas boas. Um povo que se mobiliza mais para ver os noivos que não conhecem, só porque são príncipes e princesas, do que para coisas mais sérias, merece continuar a ter um sistema de poder baseado em castas do que em meritocracia. Tal como no futebol, também as famílias reais estão repletas de escândalos de corrupção e tráfico de influências. No caso do Sporting, se a alegada corrupção for verdadeira, espero que os responsáveis sejam punidos exemplarmente: como sportinguista não admito pessoas que não apresentam resultados no meu clube. Uma coisa é roubar e ganhar, outra é roubar e estar há 16 anos em jejum. Isso é que é admissível.
(...)"

Futebol, o espelho do mundo que temos construído

"O futebol dos escalões jovens imita todos os males que o futebol sénior e profissional incorpora. É urgente debater e legislar melhor a formação no desporto.

A rua ainda era em terra batida. O bairro era de gente pobre. Ao fim do dia, juntávamo-nos todos na rua larga. Jogávamos à bola. Quatro pedras eram os postes das balizas. O resto era suor e lágrimas para conseguir o melhor remate ou a melhor defesa. O resto era pó. O resto era amizade. E foi assim que me tornei adepto do Sporting. Gostava do Damas. Coleccionava os cromos do Yazalde, do Dinis, do Manaca e do Marinho. Não sonhava ser como eles. Eram uns heróis. Estavam nas estrelas, fora do meu alcance. Sonhava, sim, em ir ver um jogo de futebol num estádio. Daqueles grandes com muita gente. Era esse o meu sonho que nunca se concretizou. Lisboa era demasiado longe para um miúdo de um bairro pobre.
A vida foi melhorando. O alcatrão chegou. A rua larga ficou estreita com os carros novos dos vizinhos. Deixámos de jogar à bola. Comecei a ir ao velho estádio Mário Duarte ver o Beira-Mar. Gritava. Pulava. Fazia sol ou chuva e eu estava sempre lá. Ao domingo. Os velhos de cerveja na mão a mandar cascas de tremoço para a bancada. Os pequenos rádios colados ao ouvido. E os golos. Aquela felicidade. Aquele prazer. Os heróis saíam do campo esgotados. Beijavam a camisola. Aplaudíamos. Não existiam claques. Existiam pessoas que gostavam de futebol. Eu era um deles. 
Com o tempo fui desligando. Deixei de ir aos estádios. Mas o Sporting ficou sempre no coração. Hoje, o futebol é uma megaempresa gerida por negociantes. Não é desporto. Não se rege por valores humanos mas por objectivos estranhos. Mesmo assim, não consigo deixar de roer as unhas ou gritar com um golo verde e branco. Ficar triste com a derrota, alegre com a vitória. Como se isso fosse importante para a minha vida. Não é nada importante. Mas comi muito pó a defender numa baliza imaginada, com o Damas na minha cabeça. Sem luvas. E isso ficou. Fui feliz e sonhei.
Quando o meu filho João fez três anos, fui ao antigo estádio José Alvalade. Comprei-lhe um equipamento a rigor. Ele gostava de o vestir e gritar Benfica. Um verdadeiro diplomata da 2.ª Circular. Mas o tempo encarregou-se de o fazer um sportinguista. Pensei, mais um para sofrer. Mas não sofre. Inteligente como é, virou as costas ao futebol mercantil.
O futebol mudou de genes. Agora é lucro. É milhões. É offshores. É alienação. É corrupção. É violência. É sectarismo. É mediatismo obsceno. Sabemos todos que é tudo isso. Mas também é prazer. Muitas vezes viciante. E não vem mal nenhum ao mundo gostar de ver 22 jogadores ao pontapé a uma bola. Com cada perna paga a peso de ouro, só se pode exigir espectáculo. Mas existe o outro futebol. O pobre. O que está fora da estratosfera milionária. Aquele que sobrevive com o subsídio do município ou com o patrocínio do benfeitor. Apesar de o “espectáculo” passar mais por partir pernas, os adeptos conseguem encontrar na rivalidade o prazer viciante.
E depois existe o futebol de que ninguém fala: o chamado futebol de formação, que de formação pedagógica, cívica e social quase nada tem. Crianças correm atrás de uma bola. Nas laterais do campo, pais babados, sonham em silêncio com um CR7. E as crianças aprendem “a ir ao homem”, “se passa a bola, não passa o jogador”, “a ser o maior”. E os pais chamam nomes ao bandeirinha. Ofendem os jovens jogadores. Pagam uma bifana ao árbitro. Andam à porrada se for necessário. Os treinadores gritam. Eles querem ganhar. Os olheiros estão a ver o jogo. Um dos grandes anda atrás do puto. Hoje não jogas, ficas a aquecer o banco. O outro joga mais tempo. Aquele é afilhado do treinador. O clube mandou-o embora. Não presta. E depois chega a hora em que as lágrimas são mais fortes do que as pernas. Rebenta a pressão. Os pais acordam no meio do pesadelo. Não há Ronaldo. Tudo foi ilusão.
Existem treinadores competentes. Que são um estímulo. Uma boa referência. Existem clubes inclusivos que muitas vezes são o porto de abrigo de muitos jovens. Mas quando o futebol deixa de ser lúdico e passa a ser competição, a gestão torna-se difícil, quase sempre injusta em benefício do melhor em detrimento do pior. O futebol dos escalões jovens imita todos os males que o futebol sénior e profissional incorpora. É urgente debater e legislar melhor a formação no desporto. O caminho é esse. Começar a construir a casa pelos alicerces.
Não é de admirar o que aconteceu em Alcochete. Terroristas, que vêem no futebol terreno fértil para as suas ideias e práticas hediondas. Na mesma semana em que outros mataram e feriram centenas de palestinianos. A mesma desumanidade no seu estado puro. A brutalidade. Será urgente começar a escolher outros caminhos. Em muitas frentes.
Podemos formar craques. Mas será muito mais importante formar seres humanos de excelência. Mesmo que depois joguem à bola."

Depois de Eder...

"E foi um grito que veio da alma. Da bancada. Do sofá. De todo o lado. De um país inteiro. Um "chuta", acompanhado pelo vernáculo que se exige. Em português... perdão, em bom português. Porque tal como já tínhamos ouvido antes, "se perdermos que se f...". Mas, naquele instante, naquele momento, ele acreditou que não iria perder. E todos nós fomos com ele. Atrás do "chuta", do "remata", da fé que nunca lhe depositámos antes. Da nossa fé. Por um momento brilhante de alguém que poucas vezes tinha brilhado com aquela camisola. A nossa camisola.
Foi Eder. O inesperado. Com aquele golo. O golo que nunca poderíamos inventar, fantasiar ou imaginar. Mas que sempre desejámos sem saber como iria acontecer ou de quem poderia vir. E foi ele. No Euro das profecias. De Fernando Santos e dele próprio. Do seleccionador que, após dois empates, e perante a desconfiança de uma nação inteira, disse já ter avisado a família que só voltaria para casa no fim da competição para ser recebido em festa. Do avançado, suplente, que chegou a afirmar, com um sorriso de sonho, marcar o golo da final. Daqueles em quem não acreditámos e que depois nos fizeram sonhar acordados. Daqueles que nos tornaram campeões da Europa.
Eder não vai à Rússia. O mesmo Eder que assinou o momento mais bonito da história futebolística de Portugal. A conclusão maravilhosa de um conto de fadas que nunca pensámos viver. Mas depois de Eder deve permanecer essa capacidade de transcendência. Que vive nele e para lá dele. E que desejamos ver e voltar a sentir em cada um destes 23 eleitos que vão ao Mundial. Depois de Eder, que voltemos a ter um grito como aquele."

Porquê três pontos? (!!)

"Dois interessantes comentários recebidos fazem-nos voltar ao tema.
"Zero pontos para empates sem golos (…) deixaríamos de ver ferrolhos desde o 1.º minuto" – escreve Tomanas; "só pontuava quem marcasse golos, em vez de termos equipas a defender um ponto antes de terem feito alguma coisa para o merecer".
É uma boa análise da situação e, porventura, uma boa ideia para a resolver; mas seria difícil evitar que, por acordo tácito, as equipas menos apetrechadas iniciassem os jogos a ritmo lento, até fazerem o 1-1; garantido o ponto, só então iriam discutir outro resultado, parecendo-nos não haver forma de evitar aquele tipo de anti-jogo.
Já Scp = Somos Capachos comenta: "Julgo que sem o incentivo dos 3 pontos por vitória voltaríamos a uma enorme quantidade de empates 0-0, completamente desinteressantes entre equipas do meio até ao fundo da tabela".
Como se diz aberto à discussão, foi com prazer que nos fomos documentar: analisámos os quatro últimos campeonatos em que a vitória valia 2 pontos (1991/92 até 1994/95) e os quatro primeiros em que passou a valer 3 pontos (1995/96 até 1998/99); e também os quatro mais recentes da I Liga (2014/15 a 2017/18), todos disputados por 18 equipas.
A primeira constatação diz respeito ao número de golos, sempre crescente: de 1991 a 1995, entre 715 e 750 golos, média 732 por campeonato; de 1995 a 1999, entre 717 e 810, média 764; e de 2014 a 2018, entre 728 e 831 golos, média 787.
Em relação aos empates, no tempo dos 2 pontos, houve sucessivamente 89, 82,79 e 77 (total 327, média 82 por campeonato); no início dos 3 pontos, exactamente o mesmo total e média, com 73, 79, 81 e 94 empates.
Logo, sem qualquer efeito a bonificação, uma vez que a média de vitórias foi também idêntica (224), oscilando entre 229 (em 1994/95) e 212 (curiosamente em 1998/99). Já nos últimos campeonatos da Liga o número de empates baixou (302, média 75,5), sendo de assinalar os valores de 2017/18, com apenas 61 empates e, consequentemente, o máximo de vitórias, 245.
Para quem gosta de estatísticas aqui ficam as médias relativas aos 12 campeonatos estudados (3.672 desafios): em cada campeonato, as 18 equipas não marcaram 192 vezes, isto é, ficaram em branco 31% dos jogos; registaram-se 28 empates 0-0 e 63 resultados de 1-0; ou seja, em praticamente 30% dos jogos marcou-se, o máximo, um golo!
PS – Meu caro SCP: não largo a antiga ortografia, porque tenho muito orgulho na língua que aprendi e que continuo "a ler como se escreve e assim se fala"; ao contrário do AO90 que, entre outros defeitos, não tem unificação ortográfica, não foi sujeito a discussão pública e escondeu os pareceres contrários à sua aplicação (25 em 27, incluindo o do Ministério da Educação); foi posto em execução antes da aprovação de todos os países da CPLP, como era suposto e sobrevive como facto consumado através de legislação ilegal (passe o contra senso). Se quiser mais, procure o meu contacto que terei muito gosto em lhe enviar a opinião negativa de vários dos maiores escritores brasileiros contemporâneos."

As dietas 'especiais' - as dietas de sangue

"As dietas determinadas em função do tipo de sangue já têm popularidade há mais de uma década. É fácil mobilizar as pessoas para os segredos da saúde e nutrição e por isso aparecem, com frequência, soluções miraculosas para a doença e excesso de peso. Até agora, de mais de 1000 artigos publicados sobre o assunto, somente 4 corresponderam a estudos experimentais ou observacionais, e só um respeitou os critérios de validação científica. Muitos artigos são relatos anedóticos que afirmam as vantagens desse tipo de dieta. Fundamentação científica robusta não existe. Nenhum estudo procurou evidenciar os efeitos na saúde da dieta específica em função do tipo de sangue comparativamente a uma dieta normal e com os sujeitos agrupados em função do seu tipo sanguíneo. No único estudo que evidenciou a redução do colesterol acoplado às LDL em função da dieta de sangue, os próprios autores evidenciam que outros factores podem intervir nesse processo, já que está sobejamente provada a relação entre alguns genes e o metabolismo lipídico. Por isso, de momento, a teoria que defende um tipo de dieta em função do tipo sanguíneo não tem suporte científico e muitos estudos, incluindo múltiplos factores que podem interferir no metabolismo humano, devem ser levados a efeito antes de assumirmos essa proclamação nutricional que entra mais no campo da crendice que no domínio da ciência. O senhor que inventou as dietas condicionadas ao tipo de sangue, D’Adamo de seu nome, já vendeu mais de 7 milhões de cópias do seu livro traduzido em mais de 60 idiomas. Para o senhor D’Adamo a dieta de sangue tem-lhe feito muito bem à saúde, pelo menos financeira.
Numa das suas proclamações sem qualquer fundamento científico, os divulgadores da dieta de sangue afirmam que para os resultados serem bons alguns alimentos devem ser evitados – leite, cebola, tomate, laranja, batata e carne vermelha. Ou seja, alguns dos alimentos mais importantes da dieta humana omnívora são excluídos porque os divulgadores deste tipo de dieta, sem qualquer fundamentação científica, afirmam que podem interferir no metabolismo específico para cada tipo de dieta. Vejamos uma das asserções marcantes e diferenciadoras: enquanto os portadores de sangue tipo O, por causa da sua elevada produção de suco gástrico, necessitam de comer proteínas animais diariamente, os portadores de sangue tipo A devem evitar este tipo de alimentos. Bases científicas? Nenhuma, simples fé. Não há nenhum dado científico que permita relacionar as necessidades nutricionais de um indivíduo com o seu tipo de sangue.
O sangue humano pode ser classificado de acordo com a presença de certos antigénios na superfície dos eritrócitos. Estes antigénios são controlados por loci genéticos específicos. São cerca de trinta os loci genéticos que determinam os tipos sanguíneos; desses, interessam analisar o sistema ABO (cujos antigénios mais importantes são o A, B e H) localizado no cromossoma 9 e o sistema MNS (os mais importantes antigénios são o M, N, S, s e U) no cromossoma 4 (International Society of Blood Transfusion. Table of blood group systems. Version current 2012).
Estudos epidemiológicos evidenciam algumas relações entre o sistema ABO e uma série de características fisiológicas e patológicas. Alguns estudos suportam um certo número de associações entre o tipo sanguíneo ABO e certas doenças, incluindo o cancro pancreático, tromboembolismo venoso, enfarte do miocárdio na presença de aterosclerose coronária (Yamamoto et al., 2102; Transfus Med Ver, 26:103-118). Parece que existe a possibilidade de o grupo sanguíneo ABO induzir uma certa susceptibilidade individual para um certo número de doenças. Se a ciência comprova esta relação já não justifica o estabelecimento de dietas em função do tipo sanguíneo. Por isso, o livro de D’Adamo Eat Right 4 Your Type, publicado em 1996, no qual proclama que uma dieta baseada no grupo sanguíneo é um meio eficaz para melhorar a saúde, o bem-estar e a energia evitando a doença, deve ser considerado como uma tentativa frustrada de conectar alguns dados científicos com a acientificidade de dietas miraculosas.
Num estudo de revisão feito por Cusak et al. (2013; Am J Clin Nutr, 98:99-104), após consulta de três importantes bases de dados (Cochrane Library, MEDLINE e Embase) foram seleccionados 1415 artigos relacionados com as dietas de sangue. Após terem passado pelo crivo dos critérios de inclusão/exclusão, somente 1 artigo respeitava todos os critérios de inclusão e exclusão atestando a correção dos procedimentos experimentais segundo os ditames da investigação científica corroborada por pares. Esse estudo (Birley et al., 1997; Clin Gent, 51:291-295) verificou os efeitos de uma dieta de reduzido conteúdo em gordura na concentração de colesterol acoplado às lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c), em participantes agrupados segundo o tipo sanguíneo MNS, já que nenhum dos estudos evidenciou a associação entre a dieta dos sujeitos do grupo sanguíneo ABO e qualquer resultado relativo à saúde. No grupo MNS alguns dados apontam para diferenças estatisticamente significativas entre o grupo experimental e o grupo controlo em relação aos efeitos da intervenção nutricional (redução de 25% da ingestão de gordura e suplementação de 25 g de farelo de trigo por dia) na redução da taxa plasmática de LDL-c. Contudo, a disparidade de resultados não permite conclusões inquestionáveis. Assim, enquanto parte do grupo intervencionado (genótipo MN) aumentou ligeiramente a sua taxa de LDL-c o grupo não-intervencionado com o mesmo genótipo viu a sua taxa de LDL-c claramente reduzida. Isto significa a dificuldade em relacionar o tipo sanguíneo com os efeitos da dieta.
Um artigo recente de Wang et al., (2018; J Nutr, 148(8):518-525) estudou os efeitos dos 4 tipos de dieta preconizados por D’Adamo em alguns biomarcadores relacionados com doenças cardiometabólicas em indivíduos com excesso de peso. Os resultados obtidos esclarecem que o genótipo ABO não modificava qualquer associação entre as várias dietas baseadas no tipo de sangue e os biomarcadores estudados.
Todos os resultados científicos apontam para a invalidação da teoria que sustenta as dietas de sangue, apesar de o livro Eat Right 4 Your Type ter vendido mais de 7 milhões de cópias e ter sido traduzido em mais de 60 idiomas.
No que concerne à alimentação e nutrição humana a regra fundamental é o bom senso e o respeito pelas práticas ancestrais sintetizadas nas dietas saudáveis, e.g. mediterrânea e várias asiáticas, que respeitam a fisiologia humana e as condições ecológicas de cada lugar do mundo.
A pandemia de obesidade que grassa no mundo, resultado de dietas energeticamente muito ricas e nutricionalmente muito pobres, não pode ser corrigida por proclamações dietéticas fantasiosas que mais não visam que a exploração da crendice e falta de informação alheia."

Benfiquismo (DCCCXXXIII)

Pois era...

Circus Lagartus - VI episódio

Juniores - 12.ª jornada - Fase Final - Campeões

Benfica 3 - 1 Leixões


Que dizer?! Campeões, com toda a justiça e não tivesse sido aquela 'esquisita' série de empates, até tínhamos sido Campeões mais cedo...!!!
Grande geração... e não é só Félix: Gedson, Umaro, Jota, Florentino... até o David Tavares se tornou num excelente jogador... a adaptação do Nóbrega a Central resultou... e com muito talento no banco e alguns nem sequer 'cabiam' no banco...!!!

Acredito que o Félix e o Gedson vão ter oportunidade de fazer a pré-época no plantel principal (se não houver selecções pelo meio...!!!), mas no próximo ano, com equipa B e sub-23 todos estes jogadores, inclusive alguns dos menos utilizados vão ter as suas oportunidades.... E temos muita gente com qualidade...

Era essencial, ser Campeão este ano, pois assim garantimos o acesso à UEFA Youth League... Nas últimas épocas, com a aposta na equipa B, temos desprezado os Juniores, mas este ano foi mesmo para ganhar...!!!

Yuri Ribeiro

Um regresso após empréstimo, com 'tratamento' de contratação 'estrangeira'!!! Gostei, o Yuri merece...

Fez uma excelente época no Rio Ave, um jogador fisicamente disponível, e com qualidade ofensiva... Recordo que o Yuri, já fez alguns minutos na equipa principal, quando estava na equipa B. Nessa altura, acabou por optar por exibições 'cuidadosas', sem se aventurar muito... Mas, agora, com mais confiança, acredito que seja uma opção válida...

Com a provável venda do Grimaldo, e com a saída do Eliseu, vamos precisar de dois defesas-esquerdos, com o Yuri 'tapamos' um dos lugares!

Estamos vivos !!!

Corruptos 7 - 7 Benfica

Dependemos exclusivamente de nós para sermos Campeões, e esse foi o maior triunfo desta tarde!!! Mas recordo que o ano passado, também dependíamos de nós, e depois foi o que se sabe!!!

Foi um jogo emotivo, mas sofremos golos inacreditáveis, entre alguns erros e várias chouriçadas... parecia que o destino não queria nada connosco, mas o João acabou por recolocar justiça no marcador, mesmo a terminar...

Voltámos a assistir a decisões dos apitadeitos inaceitáveis. Nem sequer disfarçam... Corruptos todos os dias, do parto ao enterro!

A recepção aos Lagartos vai ser decisiva... Independentemente dos 'erros' que a equipa continua a cometer, os jogadores estão com vontade de contrariar o 'fado'...
Acredito...!!!

PS: Parabéns ao Fernando Pimenta pela vitória no K1 1000m na prova inaugural da Taça do Mundo de Velocidade, disputada hoje na Hungria, em Szeged.
No K2 500m feminino, a Teresa Portela e a Joana Vasconcelos conseguiram a medalha de Bronze... na prova que provavelmente vão apostar até aos Jogos. Bom sinal...