A entrevista do Maxi Pereira publicada n'A Bola, hoje, tem provocado discussão. Primeiro porque deixou dúvidas sobre aquilo que o Maxi disse realmente, mas depois a meio da tarde, a Bola TV transmitiu a entrevista (via telefone creio...) na integra, e as dúvidas ficaram dissipadas.
Continuo confiante que a renovação vai ser assinada. Aliás o acordo de principio já existe desde da semana passada. Desconfio que o trafulha do empresário, tenha usado o Maxi (conscientemente, ou não...), para pressionar um pouco mais o Benfica...
Será sem dúvida o último 'grande' contrato do Maxi, e portanto é normal a vontade do jogador em obter as melhores condições possíveis. Logo pela manhã, interpretei estas palavras como uma tentativa de 'esticar a corda', tal como outros jogadores já o fizeram, e acabaram por renovar... E se no 'antigamente' estas coisas não aconteciam, era porque a legislação laboral desportiva, não permitia... porque senão alguns dos nossos ex-jogadores pré-anos 80, não tinham feito as suas carreiras inteiras no Benfica...
Dito isto, e respeitando o direito legal do jogador em procurar o melhor para si, e para a sua família, existe um argumento que discordo:
O negócio do Futebol, baseia-se na militância dos adeptos. Quem paga os ordenados aos jogadores, não são as TV's nem os proporcionadores; quem paga os ordenados são os sócios e os adeptos, que tornam proveitoso para as televisões e para os patrocinadores investirem no Futebol. Sem os adeptos, o negócio do Futebol não existe. Portanto existem deveres e obrigações que os funcionários dos Clubes devem ter, que vão muito além dos 90 minutos...
No caso do Maxi, tenho que reconhecer que nos 8 anos que veste o Manto Sagrado, o seu comportamento dentro e fora do campo tem sido exemplar. Tendo em várias ocasiões se sacrificado em nome do Clube, quando nada o obrigava...
Agora, o respeito por aqueles que lhe proporcionam uma vida de sonho (sim, ser jogador profissional num Clube como o Benfica, é um enorme privilégio), não termina quando o contrato acaba. A ligação sentimental que os jogadores (e técnicos) acabam por potenciar com os adeptos, não termina no dia em que eles deixam o Clube. Tal como nós adeptos, hoje, continuamos a a glorificar as nossas Glórias do passado, apesar dos contratos de trabalho já terem expirado há muito tempo... Os ex-jogadores, não fazem favor nenhum, se quando deixarem o Clube (sócios e adeptos incluídos, como é óbvio...), que sempre os tratou bem, continuarem a respeitar todos aqueles que os aplaudiram, os adoraram como Deuses, choraram, gritaram e comemoram com eles... Chama-se a isto, cuidar da Herança. Não é fácil contabilizar financeiramente o valor da Herança que cada jogador (ou técnico) pode deixar dentro de um Clube, mas nem é muito importante. Quem gere as carreiras dos atletas devia-se preocupar com estes pormenores, pois como em muitas outras actividades, o curto prazo, nem sempre é o mais vantajoso... Ter uma visão a longo prazo, não pode ser penalizador...
Esse contrato sentimental, tem várias vertentes, mas a mais óbvia, é um compromisso de lealdade, e isso impede as transferências para os rivais. Especialmente quando são feitas de forma directa. Ainda por cima quando o jogador tem outras ofertas idênticas de outros Clubes (ou pior ainda, do próprio Clube!!!), e portanto a tal necessidade financeira, não é um factor... Trocar, o eterno respeito de uma massa de leais seguidores, por uns trocos (a curto prazo), é absurdo. Se o Clube lhe tivesse faltado ao respeito, se os adeptos tivessem dado azo a algum sentimento de vingança ou algo parecido, ainda se poderá compreender... mas sem nenhum incidente grave pelo meio, este tipo de comportamentos é inaceitável.
Repito, acredito que o Maxi vai renovar. Acredito que estas palavras foram consequência da 'estratégia' do empresário (que ainda a semana passada, aceitou as condições do Benfica), apesar do Maxi ser maior e vacinado, e portanto já ter idade, para não ser manipulado...