"O Benfica já perdeu 4 pontos na Luz com os recém-promovidos. Com todo o respeito pelo Belenenses e pelo Arouca, estas baldas não são admissíveis porque custam títulos
MAIS de quatro anos passados sobre do túnel chegou, por fim, a decisão dos tribunais civis. Os atletas do FC Porto - que não se deram como culpados - saíram na qualidade de provados e comprovados agressores dos stewards de serviço na ocasião e foram condenados a indemnizar os agredidos num valor perto dos 60 mil euros.
O tribunal decidiu que os ditos stewards não foram alegadamente agredidos mas verdadeiramente agredidos. É toda uma diferença.
A propósito da conclusão deste caso que tanta tinta fez correr ouvi a vários apaniguados de vários emblemas, incluindo o nosso, comparações a meu ver absurdas com o episódio bem mais recente ocorrido em Guimarães quando, no final do jogo e após uma vitória transpirada, o azougado treinador do Benfica correu para um steward de serviço que agarrara pelos colarinhos um não menos azougado adepto do Benfica decidido a festejar os 3 pontos com uma invasão do relvado.
Também o caso de Jorge Jesus foi dirimido num tribunal e terminou, é verdade, com a condenação do treinador do Benfica - que se deu como culpado - ao pagamento de 25 mil euros a duas instituições de solidariedade social.
Longe de mim a triste ideia de contestar a pena aplicada ao treinador do Benfica. O próprio se confessou quase feliz por poder ajudar quem precisa em paga de um acto semi-tresloucado em que ninguém verdadeiramente se magoou tendo, por exemplo, de recorrer a uma qualquer urgência ou mesmo enfermaria.
Por estas razões me parecem insensatas as comparações entre o episódio indoor do túnel e o episódio outdoor do relvado.
Hulk, Sapunaru, Helton, Fucile e Cristian Rodriguez - caramba, a brincar, a brincar ainda é mais de meia equipa! - foram, tal como Jorge Jesus, condenados em tribunal mas a nenhum deles, do referido quinteto, ouvi queixar-se que lhe tinham roubado o relógio na confusão.
Já o treinador do Benfica não poderá vangloriar-se do mesmo.
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol condenou o presidente do Benfica a 60 dias de suspensão por ter dito que «os árbitros agora já não falam ao telemóvel mas encontram-se em hotéis». Com franqueza, não vejo dolo algum nestas alegada constatação. Vivemos ou não num país livre em que podemos todos falar ao telemóvel e encontrarmos-nos em hotéis?
Mas assim não entendeu o CD da FPF e Luís Filipe Vieira vai pagar por isso em dias de suspensão e não em dinheiro. É verdade que Vieira escolheu para proferir essa frase inócua o momento em que o Benfica acabava de empatar o seu jogo em casa com o Belenenses, tendo o Belenenses conseguido empatar o jogo através de um golo considerado irregular pela generalidade da crítica.
Posto isto, só pode ser acusado de mau timing o presidente do Benfica. Vá lá que se escapou ao pagamento de indemnização às vítimas ou de doação a uma qualquer instituição de solidariedade social que, bem vistas as coisas, até poderia ser ao próprio Conselho de Disciplina da FPF.
Haverá maior solidariedade social do que aquela que encontramos na justiça? A justiça é como o Sol que quando nasce, nasce para todos. Não há fortes, nem fracos, nem pequenos, nem grandes abaixo do Sol e à luz da justiça.
QUEM tem, certamente opinião completamente diferente sobre estas noções elementares de vida em sociedade é o pessoal do Recreio de Águeda, honrada agremiação do Distrito de Aveiro, fundada em 1924 salvo opinião em contrário.
O Recreio de Águeda pagou bem caro o atraso de 6 minutos com que se apresentou em capo para disputar o jogo da última jornada do campeonato da Série C da III Divisão na época de 2004/2005.
O adversário era o Social de Lamas, o Águeda venceu por 1-0, o que lhe permitiria escapar à despromoção, mas não foi nada disso que acabou por acontecer. E por que carga de água?
Ora, porque o árbitro ao escrever no seu relatório que o jogo tinha começado atrasado - quando era suposto, precisamente por ser a última jornada, todos os jogos começaram à mesma hora - abriu um procedimento disciplinar que terminaria para o Águeda com uma derrota na secretaria, a perda dos 3 pontos conquistados e a consequente despromoção para os campeonatos distritais.
Das notícias na imprensa sobre o caso, retiro este pormenor: «Dos sete membros que compõem o CD da FPF, seis votaram a favor da derrota e apenas Ferreira Lino defendeu a posição do Águeda», para que conste a força da evidência do dolo apurado.
Esta decisão da justiça desportiva beneficiou o Tocha que se vira relegado no campo e foi salvo na secretaria.
Meus amigos, não é Tocha quem quer, é Tocha quem pode! - dizem, constristados, os descrentes da equidade.
Não é o meu caso.
A Benfica TV ultrapassou os 300 mil assinantes, número brutal até para os mais optimistas.
O facto de o Benfica andar a lutar pelo título com denodo muito contribuirá para esse sucesso de assinantes, certamente.
A transmissão dos jogos do campeonato inglês também ajuda, com certeza. O futebol inglês é espectacular e tem em carteira uma mão-cheia de clubes de top mundial, como os dois Manchesters, o Chelsea, o Arsenal, O Liverpool. Pode vê-los em acção todos os fins de semana é atractivo para quem gosta destas coisas.
A Benfica TV também transmite jogos dos campeonatos brasileiros, o que agrada à vastíssima comunidade brasileira que reside no nosso país, e ainda transmite os jogos da equipa B do clube, o que agrada a todos os benfiquistas interessados em acompanhar os progressos da formação.
Serve isto para afirmar que, como cliente, considero-me satisfeita. No entanto, atrevo-me a sugerir à Benfica TV um esforço financeiro suplementar - e não será, certamente, nenhuma fortuna - para a compra de todos os jogos do Tractor no campeonato iraniano.
É da mais elementar justiça audiovisual. Merece o Toni que o acompanhemos, merece o Tractor a nossa estima, merecemos nós o privilégio e merece a Benfica TV a distinção de oferecer uma programação de luxo aos seus assistentes.
No sábado passado, Toni levou o Tractor à conquista da Taça do Irão e, por cá, não vi ninguém que não tivesse ficado contente. Saúde e sorte, Toni!
O Benfica joga hoje na Grécia com o PAOK para a Liga Europa.
Este jogo internacional tem uma importância diminuta em comparação com a importância do próximo jogo para o campeonato com o Vitória de Guimarães, no Estádio da Luz.
Poderá haver, naturalmente, quem pense de maneira diferente. Respeito todas as opiniões. Mas será muito difícil, praticamente impossível, convencerem-me do contrário.
Nas últimas três temporadas, em que viu continuadamente o rival nortenho a festejar o título, o Benfica tem conseguido a tristíssima proeza de perder os campeonatos nos jogos que disputa na Luz com equipas que não lutam pelo primeiro lugar. Nem pelo segundo, nem pelo terceiro lugar.
Na corrente edição da prova, o Benfica já perdeu 4 pontos na Luz com os dois recém-primodivisionários. E nem foi preciso o Cardozo falhar nenhum penalty. Com todo o respeito pelo Belenenses e pelo Arouca, estas baldas não são admissíveis porque custam títulos.
Na última jornada, em Paços de Ferreira, o Benfica só apareceu na segunda parte. Seria excelente que, na próxima segunda-feira, o Benfica aparecesse logo na primeira parte. E depois na segunda.
Rúben Amorim, impecável.
E é tudo sobre o assunto.
EXCEPÇÃO feita à meia-final da Taça da Liga entre o Rio Ave e o Sporting de Braga, marcado de forma espampanate pelo regresso de Olegário Benquerença ao galarim que lhe pertence, é caso para se dizer que nas últimas semanas desapareceram os chamados casos de arbitragem nos jogos que envolvem os três candidatos ao título.
Se a coisa pudesse seguir assim até À 30.ª jornada prestava-se um grande serviço ao país."
Leonor Pinhão, in A Bola