Últimas indefectivações

quinta-feira, 30 de abril de 2015

O abraço de Quaresma a Jesus (ou como em Portugal as homenagens são sempre contra alguém)

"O treinador do Porto foi empurrado para o túnel por gente tranquila do staff portista, gente que devia estar com uma vontade danada de lhe chamar Lopotegui ou Lotopegui ou pior ainda.

«Que coisa é um nome?»
William Shakespeare, 'Romeu e Julieta', Acto II, Cena 2

DIZ a sabedoria popular que as homenagens em Portugal são sempre contra alguém.
E são. Como ainda se viu no domingo passado.
Ou como explicar a correria de Ricardo Quaresma para os braços de Jorge Jesus depois de tudo o que se passou?
O jogo chegara ao fim com um resultado não pior do que apenas pouco satisfatório para as contas do Porto. Nada está ganho, nada está perdido.
Mas chegou o jogo ao fim com o treinador do Porto, don Julen Lopetegui Argote, de seu nome completo, observado de cabeça perdida à entrada do túnel, todo ele a crescer em bravatas para o treinador do Benfica.
Mas que ego tem o basco! Não troca o reino por um cavalo, como Ricardo III, mas já que o hipotecou quer, efusivamente, o seu nome bem pronunciado para a posteridade: Rulén Ló Pê Teggy, é assim, aprendam.
Revendo as imagens fica-se com a ideia de que Jorge Jesus demorou a entender o sentido das palavras de don Julen. Tudo se inicia em ambiente de aparente bom-tom, até de elogiável cordialidade entre rivais.
Puro engano de Jorge Jesus. E é só quando o treinador do Porto se repuxa todo num frenesim até lhe encostar a franja, que é a sua imagem de marca, que o treinador do Benfica dá conta da má disposição do colega.
Ficaram, naturalmente, as actuações dos dois protagonistas à mercê do crivo da crítica profissional e dos desmandos da opinião pública com larga vantagem para Jorge Jesus por não ter sido o causador do incidente, por não se ter encolhido e também por não se ter esticado mas, muito principalmente, por não se ter deixado arrastar no engodo de prosseguir com a conversa pelo túnel dentro.
Don Julen bem tentou.
Já internado no túnel, o basco ainda se virou mais umas quantas vezes para o treinador do Benfica a citá-lo de longe para a discussão onomástica a coberto da escuridão. Mas não teve sorte.
Imperou o bom senso e o treinador do Porto foi sendo empurrado para o urgente recato por gente tranquila do staff portista, gente que, cá para mim, devia estar com uma vontade danada de lhe chamar, no mínimo dos mínimos, Lopotegui ou Lotopegui ou pior ainda.
Foi feio? Foi.
Bonito, bonito mesmo, foi o que se passou no relvado assim que Jorge Sousa apitou para o fim. Os jogadores das duas equipas cumprimentando-se como que a provar que o futebol pode ser um lugar cortês. Os dois guarda-redes abraçando-se e trocando de camisolas como que a vincar que o futebol pode ser um lugar bem frequentado.
E, finalmente, Ricardo Quaresma que depois de abraçar Júlio César se dirigiu a Jorge Jesus com quem trocou beijos e, se calhar, até uma confidência:
- Não faça caso, mister, aquilo é só fumaça, eu também lhe chamo Tototegui e ainda aqui estou para as curvas…
Quaresma começou o jogo sentado no banco de suplentes. Entrou em campo só a meio da segunda parte. Deveria ter entrado de início? Nunca se saberá. Mas que saiu de campo em grande estilo, lá isso saiu.

FALANDO de golos. No último domingo, 2206 dias depois da última vez que ficou em branco no Estádio da Luz, o Benfica voltou a ficar em branco num jogo disputado em casa.
Falando de contas. Os adeptos não se mostraram muito desagradados porque o resultado com que o jogo terminou – 0-0 – permitiu ao Benfica manter sobre o Porto o avanço de 3 pontos que terá agora de defender nas quatro jornadas que faltam até ao fim do campeonato.
Falando do futuro. Três pontos a mais. Não é uma vantagem sobrenatural. É, muito simplesmente, um avanço vulgar, corriqueiro, uma vantagem concreta mas que não consente desleixos. E bem sabe o Benfica como, por negligência ou por delírios de optimismo, se podem perder títulos que estiveram à mão de semear.
Falando do Gil Vicente. É o próximo adversário. Ocupa os últimos lugares da tabela e luta afincadamente para não descer de divisão. No sábado, o Benfica só somará 3 pontos se for a Barcelos predisposto a lutar afincadamente para ser campeão.
Falando do nome do treinador adversário. José Mota. Não haverá enganos. José Albano Ferreira Mota. Ninguém lhe vai trocar o nome. Trata-se de um treinador português, bem conhecido, com uma honrada folha de serviço. Fez-se a si próprio sem benesses nem padrinhos.
Todos a Barcelos. Carrega, Benfica.

COM o clássico do último domingo terminou o mini-campeonato entre os três grandes que, obviamente, nada decide mas que sempre alimenta a retórica de que o país se alimenta nestes fervores.
Abundaram os empates. Mas o melhor dos três grandes nos jogos entre eles disputados foi o Benfica porque ganhou um jogo ao Porto e empatou os demais. O Porto ganhou um jogo ao Sporting, perdeu um jogo com o Benfica e empatou os restantes. Quanto ao Sporting, somou duas derrotas e dois empates.
Lá mais para o fim de Maio, e se o Benfica cometer a difícil proeza de revalidar o título, talvez os estudiosos da matéria apontem para os dois golos de Lima no Dragão como os momentos fulcrais da Liga de 2014/2015.
Permitam-me discordar. Os dois golos de Lima têm grande importância. Mas, aconteça o que acontecer nas quatro jornadas que faltam disputar, o momento mágico que permitiu ao Benfica perseguir o sonho da revalidação do título terá sido aquele do golo de Jardel ao cair do pano em Alvalade.
Jardel Nivaldo Vieira, o nosso inconfundível Jardel, um portento de oportunidade.

UM jogo sem golos não é obrigatoriamente um mau jogo de futebol. O Benfica-Porto não teve golos mas foi, em termos atléticos, o melhor jogo do campeonato em curso.
Pela intensidade posta em campo, pela altíssima rotação com que foi disputado do princípio ao fim, pela entrega de todos, pelo fair-play e também pela excelente arbitragem, o Benfica-Porto de domingo mais pareceu um jogo estrangeiro do que um jogo da nossa Liga que é bastante pindérica de tal monta são as diferenças entre os dois emblemas que disputam o título e as demais 16 equipas.
Poderão contrapor os benfiquistas dizendo que bom jogo do Benfica foi o dos 6-0 ao Estoril. Mas como se não houve Estoril? Poderão também ripostar os portistas clamando que bom jogo do Porto foi o dos 3-0 ao Sporting. Mas como se não houve Sporting?
No domingo, houve Benfica e houve Porto. Anularam-se, é certo, porque são equipas do mesmo campeonato. Não houve golos, é verdade. Mas o combate foi formidável.
Em função das circunstâncias da classificação e do resultado do jogo da primeira volta entre ambos, este Benfica-Porto teve muito mais características de uma eliminatória a duas mãos de uma prova internacional, de uma Liga Europa (também não chegou aos calcanhares de uma Liga dos Campeões…) do que de um jogo do nosso campeonato de trazer por casa.
E é caso para dizer que o Benfica, jogando manco do lado direito na ausência de Eduardo António Salvio, defendeu muitíssimo melhor (e a coxear) a sua posição de privilégio e o seu bom resultado no Dragão do que o Porto fez, objectivamente, para o reverter em seu favor na Luz.

E agora, don Julen Lopetegui Argote?
Em Setúbal, joga o Helton da Silva Arruda ou joga o Fabiano Ribeiro de Freitas? O Helton deve estar muito mal visto pelos filósofos do trogloditismo porque foi abraçar o Júlio César no fim do jogo. Bem chamou a atenção para este pormenor Jaime Pacheco, em rescaldo televisivo, garantindo que estas gentilezas não têm cabimento no histórico da casa. E Pacheco sabe do que está a falar.
Jogue Helton ou jogue Fabiano, na verdade, tanto faz. São dois bons guarda-redes.
É pena é não haver um émulo do portero que foi don Julen Lopetegui entre os guarda-redes do Porto.
- Um Lopetegui para a baliza, já! Mas não, não há. Também era pedir muito."

Leonor Pinhão, in A Bola

Domingo à tarde

"O título desta crónica bem poderia sugerir um dos mais conhecidos romances de Fernando Namora ou do filme homónimo dos anos sessenta de António de Macedo. No entanto, é das tardes de domingo de futebol que escrevo.
No domingo à tarde, a Luz tem mais luz. No domingo à tarde, o vermelho é mais encarnado. No domingo à tarde, a águia não fica encadeada pelas luzes de não ser domingo à tarde. No domingo à tarde, o cheiro da relva é mais vegetal. No domingo à tarde, há lá mais famílias e gerações. No domingo à tarde, as papoilas são mais saltitantes. No domingo à tarde, os rostos são mais abertos. No domingo à tarde, o fim-de-semana ainda o é e tem hífens. No domingo à tarde, ainda não mergulhámos na antecâmara de segunda-feira. No domingo à tarde, não há a medida do cronómetro, ainda que no relvado e cronómetro conte. No domingo à tarde, há sol e há sombra lá em baixo para os artistas escolherem. No domingo à tarde, a chuva parece mais acolhedora e o vento mais harmonioso, ainda que iguais aos da noite. No domingo à tarde, o suor do esforço dos atletas pressente-se mais. No domingo à tarde, joga-se a bola como que fosse mais ao ar livre. No domingo à tarde, a 'chama imensa que nos conquista' é mais intensa. No domingo à tarde, o futebol é competição, mas também desporto. No domingo à tarde, vemos não apenas olhando e escutamos, não apenas ouvindo. No domingo à tarde, há ainda domingo depois. No domingo à tarde, o jantar é a horas.
Por isso tudo, gosto de ver o meu Benfica jogar na Luz no domingo à tarde. O futebol é mais conforme a sua natureza e o Benfica ainda acontece mais em mim."

Bagão Félix, in A Bola

O pragmatismo de Jorge Jesus

"A semana tem sido fértil em comentários desprimorosos sobre a exibição do Benfica no último jogo com o FC Porto. Dizem alguns comentadores e, inclusive, alguns benfiquistas que Jorge Jesus foi demasiado pragmático ao desvalorizar o espectáculo, procurando apenas olhar para o resultado conveniente.
Percebe-se o fundamento das críticas. O nome e a tradição histórica do Benfica deveria implicar responsabilidade, não apenas no domínio do resultado, mas da combinação ideal entre o resultado e a exibição.
A questão de fundo é que Jorge Jesus terá consideração incompatível essa relação e impossível essa combinação. Para o treinador do Benfica, havia apenas que escolher entre o resultado e a exibição. Decidiu-se pelo resultado. Sem hesitações, sem constrangimento e sem ambiguidades.
Curiosamente - ou talvez não - o mesmo têm dito e escrito alguns analistas ingleses sobre o Chelsea e José Mourinho. Dizem que o português só se interessa, mesmo, por ganhar mais um título em Inglaterra.
O problema é que esse só, não é tudo, mas quase tudo. O desporto de alta competição é, essencialmente, resultado e só depois exibição ou, como diria Jorge Jesus, nota artística.
Claro que há o exemplo do Barcelona ou do Bayern, onde, para felicidade dos seus adeptos, a qualidade das equipas admite o ideal: grandes resultados e grandes exibições.
Não é essa, como se deve reconhecer, a situação do Benfica que nem sequer terá a melhor equipa do futebol português e muito menos o melhor plantel. Daí a razão do pragmatismo de Jesus. Alguém o poderá levar a mal?"

Vítor Serpa, in A Bola

Jogar para o Ó-Ó

" «Atacámos como tínhamos de atacar. Infelizmente não marcámos nas oportunidades que criámos, algumas muito claras».
Lopetegui, treinador do FC Porto, a seguir ao 0-0 na Luz

Marca-se um golo a cada quatro oportunidades no futebol. É uma conta subjectiva, porque não há objectividade na definição do que é uma oportunidade de golo ou um remate perigoso, mas parece-me ter correspondência na realidade do futebol português, até nas provas europeias, onde a qualidade dos jogadores poderia, admita-se, aumentar o aproveitamento de 25 por cento para uns 30 ou 35...
Seja como for, tenho esse número como bom. Diria que um jogo com sete ou oito oportunidades de golo para uma equipa a três ou quatro para a outra tem uma forte possibilidade de acabar 2-0 ou 2-1. Qualquer jogo em que ambas as equipas andem perto do golo menos que quatro vezes pode bem acabar 0-0 (ou no caso do Benfica-FC Porto de domingo, Ó-Ó).
Foi, claro, o que aconteceu na Luz. E não importa quem teve mais oportunidades (eu só via duas, curiosamente quase iguais, por Jackson e Fejsa). Ter duas ocasiões de golo contra uma é ter o dobro das oportunidades mas a probabilidade disso se traduzir no resultado é bem diferente de quando se tem oito contra quatro. A história não difere muito do Sporting-Benfica desta segunda volta da Liga - Marco Silva, como Lopetegui agora, achou erradamente que o Sporting fez muito mais que os encarnados. Por acaso o jogo acabou 1-1, mas com o que se jogou devia ter acabado 0-0 (Ó-Ó).
O Benfica pôde, pela vantagem acumulada, jogar para o 0-0 (Ó-Ó) perante os dois grandes rivais. Na Luz acertou em cheio. Em Alvalade falhou nos números mas foi exemplar no sono que provocou."

Hugo Vasconcelos, in A Bola

A importância de ter Jonas

"Demorou a chegar mas é hoje um dos reforços que ninguém questiona. Aliás, se era visto com desconfiança ao início, dado o estatuto pouco querido em Valência, os golos silenciaram rapidamente todas as dúvidas. Jonas tem sido um às de trunfo para Jesus, vital na corrida a um título cada vez mais próximo e senhor de um queda para o golo que nem o próprio esperava. É a todos os títulos brilhante o que o avançado do Benfica fez desde que chegou a Portugal. Não é qualquer um que luta com Jackson pela conquista da Bota de Ouro. O colombiano continua a ser o melhor e mais completo ponta-de-lança a jogar em Portugal, mas o brasileiro tem números impressionantes e tornou-se tão importante nas águias como Cha Cha Cha nos dragões. Poucos podem dizer o mesmo.
São devidos parabéns a Vieira e Jesus pela contratação de Jonas. Um por se ter batido pelo jogador até ao fim, o outro por ter dado a concordância ao negócio. São pormenores como este que fazem toda a diferença na corrida às conquistas. Sem os golos que chegaram de Espanha dificilmente o Benfica estaria onde está hoje. Derley tinha mostrado algumas qualidades no Marítimo mas parecia curto para brilhar na Luz, como se viu esta época. Recorrer aos serviços de Jonas minorou o erro.
Para tê-lo o Benfica tem de pagar um bom ordenado, pois o brasileiro estava em final de contrato. Uma solução interessante para os encarnados, caso queiram reduzir os investimentos no mercado. Salários altos são custos fixos, mas outra forma de chegar aos craques. Uma espécie de compra a prestações que pode ajudar muito a equipa no futuro.
Depois há o perfume do futebol de Jonas É um dos que vale a pena ir ver aos estádios. E também por isso o dinheiro é bem gasto."

O diálogo entre Jorge Jesus e Lopetegui...



Sem comentários...!


quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ainda o clássico

"O clássico de domingo foi um jogo de tensão, mas sem intenção. De emoções, mas sem ocasiões. De temores, mas sem tremores. De tácticas, mas com matemáticas. Um clássico sem classe. Com luz ao fim do túnel, mas sem túneis. Irrepreensivelmente precedido de (bons) silêncios dos dirigentes dos dois clubes e sem remoques sobre o árbitro. Para o Benfica, fica um resultado razoável (0,5-0), ainda que se pudesse esperar mais. Para o Porto, um resultado medíocre face ao que lhe seria necessário. O jogo em Barcelos será agora o decisivo.
Mas, perante um jogo de xadrez sem xeque-mate, eis que, no fim, o técnico do Porto estava exaltadíssimo. Já sabemos que não sabe perder. A culpa é sempre dos árbitros, a sua equipa joga sempre melhor, os jornalistas querem que o FCP perca, ou, agora em versão geométrica, 'não acertámos na baliza'. Desta vez, porém, a querela foi onomástica! É que depois de, no início do jogo, ter abraçado Jesus em jeito de união ibérica, no fim berrou-lhe aos ouvidos para não se voltar a enganar ao pronunciar o seu tão comum apelido: LO-PE-TE-GUI.
Jorge Jesus deve ter ficado preocupado. Não no momento, porque a situação foi controlada, mas com alguns jogadores nesta fase crucial. Fejsa, por exemplo que, por vezes, é o Fesja. Ou Ola John promovido a Ola Jonas. E os Manéis que reacção poderão ter? Nada de gritar aos ouvidos do treinador, ok?
O tão exigente Julen Lopetegui Argote, do seu nome completo, também já poderia arranhar melhoro português. Mas como o Real Madrid o espera ansiosamente...
Saliento, pela positiva, o abraço de são desportivismo de Júlio César e Helton, grandes profissionais."

Bagão Félix, in A Bola

Lopetegui esku hutsik?* (*do basco: Lopetegui de mãos vazias?)

"O basco de sangue quente pode tornar-se o primeiro treinador portista em 25 épocas a falhar e todas as frentes (eram quatro). FCP arrisca 'zerotitoli' o os jogos em Lisboa voltam a ser 'tabu'...

Julen Lopetegui perdeu um bocadinho as estribeiras no final do chatíssimo Benfica-FC Porto, mas Jesus desvalorizou a picardia. Compreender-se. O treinador do Benfica sabe muito bem o que é (estar na iminência de) perder tudo, que é precisamente o risco que correr o treinador basco que Pinto da Costa escolheu e quer «ver muitos anos» no Dragão. Pouco importa o motivo que levou Lopetegui a embirrar com Jesus no final da aborrecidíssimo Benfica-FC Porto. O que fica para a posteridade é que o Basco se comportou de acordo com o velho guião portista que manda ter más maneiras e fazer cara feia em Lisboa, sobretudo no Estádio da Luz. Nesse particular, Lopetegui parecia mesmo um portista da velha guarda. Logo após o arrufo com Jesus, as câmaras televisivas ainda o apanharam à entrada do túnel numa pose desafiante, provocadora, peito feito para Jorge e para a multidão encarnada - quantos são?, quantos são? Ainda com as imagens de Helton abraçado a Júlio César e Quaresma abraçado a Jesus (que sacrilégio!) a passarem nos ecrãs, todos ouvimos Julen dizer que o FCP teve «várias ocasiões» (?!?) e que foi a única equipa que jogou para ganhar. Um discurso à Porto de um treinador com lábia, desplante e nervo; e a quem só falta começar a ganhar títulos para poder ser levado a sério pelos próprios adeptos.
O problema é que Lopetegui dificilmente conseguirá ganhar qualquer coisa nesta época, uma vez que as hipóteses do FCP no campeonato passavam muito pela vitória na Luz. Assim, só um milagre - ou uma grande trapalhice do Benfica - impedirá Julen Lopetegui Argote de terminar a campanha de mãos a abanar. Não é detalhe de somenos se nos lembrarmos que o FC Porto é a única equipa europeia que ganha títulos há 25 épocas consecutivas (última campanha em branco: 1988-89, com Quinito de início e Artur Jorge a fechar), um registo absolutamente fabuloso cuja muito provável interrupção vai certamente penalizar Lopetegui aos olhos dos adeptos. Que tem uma mania lá muito deles: não gostam de perder - e gostam ainda menos de perder tudo. Não será Julen o único penalizado, caso o FCP termine de mãos vazias. Também o homem que o escolheu, Jorge Nuno Pinto da Costa, responde pelos resultados... quer esteja para aí virado ou não. Foi o presidente ad eternum da nação portista quem apostou forte no inexperiente Basco nascido em Asteasu, província de Guipúzcoa, para conduzir uma equipa recheada de reforços - excelentes e dispendiosos reforços! - e impedir o Benfica de alcançar o primeiro bicampeonato em 30 anos. Estava Pinto da Costa longe de imaginar o desfecho que se avizinha... ele que terminou vitorioso (quer dizer: com algum título) 30 das 32 épocas do brilhante consulado. Prepara-se então o quase octogenário líder portista para um terceiro exercício de jejum e penitência depois das brancas de 1982-83 (com José Maria Pedroto) e 1988-89 (Quinito e Artur Jorge). Acontece a todos. Tem acontecido imenso aos presidentes do Sporting. E aconteceu muitas vezes ao presidente Luís Filipe Vieira... nomeadamente há dois anos, de forma particularmente dolorosa (Campeonato, Liga Europa e Taça de Portugal, tudo para o galheiro no espaço de 15 dias!). Lembre-se a resposta de LVF aos que lhe exigiam - e foram muitos - a cabeça de Jorge Jesus numa bandeja. O resultado dessa teimosia está à vista.
Pinto da Costa vai reforçar a confiança no treinador - o contrário seria ilógico. Mas o treinador tem de perceber de uma vez por todas que só há um grande na equação FCP-Lopetegui: o clube. Não sei se Julen Lopetegui Argote tem consciência disso, mas a tirada mais célebre do grande poeta romano Virgílio aplica-se-lhe na perfeição - «Felix qui potuit rerum cognoscere causas» (felizes aqueles que conhecem a causa das coisas). É uma frase bonita e faz um vistão numa conferência de Imprensa. Como convém a um treinador portista com trejeitos da velha guarda, menos naquele aspecto acima citado.

Volta a 'bruxa' lisboeta
Nulo na Luz com sabor a desaire, décimo jogo consecutivo do FC Porto sem ganhar em Lisboa (seis empates, quatro derrotas). Contas feitas, o FCP não ganha na capital desde 2 de Março de 1012 (3-2 na Luz com o tal golo decisivo de Maicon em fora-de-jogo), e ainda tem uma visita para fazer: ao Restelo, onde empatou na época passada (1-1). Eu sou do tempo em que o FCP perdia a maior parte dos jogos em Lisboa, mas também sou do tempo - este - em que o FCP ganhar frequentemente na capital, especialmente no Estádio da Luz. Não sei se a descaracterização progressiva do plantel portista e a falta de jogadores-referência com forte ideário anti-capital têm alguma coisa a ver com isto; se calhar, sim. A verdade é que este FC Porto estrangeirado, de valores amolecidos, deixou de vir à capital com espírito de cruzada. E logo reapareceu a malvada bruxa que começava a atacar logo à saída da ponte D. Luís.

(...)"

André Pipa, in A Bola

Todos os nomes

"Quem seguiu a transmissão do Benfica-FC Porto sabe bem duas coisas: que a equipa de arbitragem foi a melhor em campo e que o incidente entre Jesus e Lopetegui o mais excitante da tarde.
Há ali de tudo: humor nonsense - Jesus recebe o espanhol de braços abertos e a rir-se, como se esperasse que o adversário partilhasse a sua alegria; paralelismo bíblico - em vez dos beijos com que Judas entrega a Jesus (o verdadeiro) aos romanos, o espanhol abraça (o benfiquista) duas vezes - uma antes do jogo, outra no final - encenando afecto que na verdade é inexistente; drama - Jesus percebe que afinal não vive conto de fadas, e, macho, rechaça a ideia de um puñetazo do espanhol; apoteose - os dois são separados por uma multidão que tudo faz para evitar a briga.
Educação à parte, há duas questões que me saltam à vista. Antes de mais, Lopetegui deu ares de ser homem sem capacidade para treinar uma grande equipa. Não por saber pouco de futebol; nada disso, que ele sabe, mas porque foi fraco psicologicamente e quem é fraco está sempre mais perto de perder que de ganhar.
Se o espanhol não percebeu que Jesus troca os nomes a toda a gente (Ola John é, para ele, Alan Jonas) devido a alguma não diagnosticada dislexia, então não deu importância devida ao estudo do adversário. Se, percebendo ou não as limitações de comunicação do rival, deixou que estas o afectassem, então foi mais líder: colocou-se acima do grupo e centrou no seu pelos vistos enorme ego um jogo que poderia decidir a época.
Parece mais ou menos pacífico que com o plantel do FC Porto e com a evolução no modelo de jogo do dragão, o próximo ano tem tudo para ser de ouro. Assim saiba Lopetegui arrepiar caminho e resistir à ideia de esmurrar todos os que - até adeptos do seu clube - injustamente o baptizaram nas redes sociais como Flopetegui."

Nuno Perestrelo, in A Bola

Falhar duas vezes no mesmo clássico

"Bem sei que no final de um jogo de tamanha importância, como no de domingo, não é fácil conseguir que depois fale mais a razão do que o coração, mas Julen Lopetegui poderia, e deveria, ter evitado aquele episódio com Jesus à entrada do túnel do Estádio da Luz. Este clássico aconteceu, todo ele, num clima de respeito e tranquilidade que não é frequente observamos nos jogos entre Benfica e FC Porto, principalmente nestes mais próximos do final da época e decisivos para a conquista de títulos ou troféus. Os dirigentes não se atacaram antes do jogo, mas conferências os treinadores também se esforçaram por contornar temas polémicos, no campo os jogadores foram agressivos mas leais, e acabaram, muitos deles, abraçados no final do desafio e a trocar camisolas; nem sequer surgiram os incontornáveis casos de arbitragem a estragar o ambiente saudável entre dois grandes clubes e duas grandes equipas.
Surgiu, sim, um Lopetegui a tentar conter a fúria de não ter conseguido vencer o Benfica e provavelmente ter perdido ali o campeonato, com um sorriso amarelo, a fazer das tripas coração para não ser ainda mais deselegante do que foi com Jorge Jesus. E olhem que se há treinador que no saber estar não pode servir de modelo é mesmo o de Benfica, que, por exemplo, já empurrou um polícia em campo num jogo em Guimarães, que em Londres provocou tanto o treinador do Tottenham que por pouco não houve estalada.
Mas, no domingo, Jesus foi provocado e o provocador foi mesmo o mesmo basco que em Munique, depois de esmagado pelo Bayern, colocou em causa os profissionais presentes na conferência de imprensa, insinuando que muitos deles desejavam que o FC Porto não se levantasse. A meu ver o FC Porto abana mas não cai, porque tem qualidade e uma alma tremenda. E que ainda não vi em Lopetegui."

Nélson Feiteirona, in A Bola

Tensão máxima

"No fim do clássico, Jesus disse que o jogo tivera uma intensidade só ao alcance das grandes equipas e Lopetegui elogiou os seus jogadores. Os comentadores riram-se: o jogo fora uma chatice! Julgo que não perceberam o que se passou.
Para Lopetegui, perder aquele jogo seria o fim da linha - e, talvez, o fim da carreira no Porto; para Jesus, seria voltar a morrer ingloriamente na praia. Para os dois treinadores, raros jogos tinham tido uma importância tão grande.
Depois dos 6-1 de Munique, o Porto só podia fazer uma coisa: estancar a esperada avalancha encarnada e depois tentar marcar. A estratégia só não resultou porque Jackson falhou estrondosamente um golo fácil. Quanto a Jesus, tinha de evitar a todo o custo sofrer golos, que podiam deitar a perder o trabalho de um ano inteiro.
Com isto na cabeça, as duas equipas disputaram a relva palmo a palmo - donde resultou um jogo chato mas sempre no fio da navalha. Cada movimento de uma equipa tinha de ter resposta por parte da outra. As substituições, pensadas ao pormenor, implicaram sempre alterações tácticas.
Os treinadores estudaram-se, espremeram os miolos, esgotaram-se - e no fim sentiam-se de consciência tranquila. O Porto conseguiu não deixar o Benfica fazer golos na Luz, ao fim de 92 jogos sempre a facturar, e só faltou marcar para tudo ser perfeito. O Benfica conseguiu não perder, num jogo só, o trabalho de uma época, como sucedera em duas ocasiões recentes.
A tensão máxima com que viveram o clássico explica as declarações dos treinadores no fim. E também a carga explosiva contida num abraço que parecia amistoso e acabou quase à estalada."

Campeonato de muitos medos

"Façamos uma pausa no incidente provocado por Lopetegui no final do clássico e entreguemo-nos à análise mais fria de um campeonato feito de muitos receios. Desde o arranque da época que se projectou esta Liga como essencial no percurso de Benfica e FC Porto. Para o clube da Luz, o título significa o dobrar da esquina que supostamente lhe pode abrir o caminho para a hegemonia do futebol português. O bicampeonato, algo inédito para o Benfica nos últimos 30 anos, cimentará o poder do clube e encerrará um longo capítulo pintado de azul e branco. Para o FC Porto, voltar a cortar à nascença um eventual ciclo virtuoso das águias não apenas simbolizaria um golpe duro nas ilusões dos rivais mas também renovaria a própria convicção interna de 'quem manda ainda somos nós'.
Nos pratos da balança havia que pesar também o menor investimento do Benfica face a um FC Porto que, ao contrário da época anterior, voltou em força ao mercado. Em aquisições e altos salários, abriu os cordões à bolsa. Jesus ficou com menos qualidade mas pela frente teve o 'novato' Lopetegui a liderar um conjunto de grandes jogadores sem identificação com o nosso futebol. Por tudo isto, Benfica e FC Porto partiram com um sentimento de enorme pavor à perda do qual resultou, na maior parte do tempo, em campanhas que em poucos momentos galvanizaram adeptos e conquistaram críticos.
O clássico de domingo foi o espelho desta marcação cerrada e, no caso de quem ficou mais longe do objectivo, foi também imagem da tensão acumulada. A verdade é que até ao fim, o campeonato vai jogar-se assim. A curta vantagem continuará a ser gerida com pinças. Ganhe quem ganhar, a liga ficará na história por todas as razões menos pelo deslumbrante futebol do campeão."

Chulos...

O protesto que o Benfica apresentou na EHF, requerendo a repetição do jogo, na sequência do inacreditável erro que ocorreu na 2.ª mão das Meias-finais da Taça Challenge, no jogo disputado na Luz, contra os Romenos do Oderhei, acabou por ser negado... como já era expectável.
Não interessa qual a modalidade, as Federações (nacionais ou internacionais), servem essencialmente para atribuir .'tachos'. A defesa da modalidade, ou da verdade desportiva, é completamente irrelevante para esta gente.
A justificação da EHF, para a não repetição da partida é ridícula. Reconhecem o erro. Um erro com claro impacto no resultado final do jogo e da eliminatória. Mas acham que os árbitros só seguiram as indicações da Mesa, e na altura não havia condições para a Mesa ou os árbitros terem acesso a mais elementos!!!!!

Basicamente, confundiram os dois jogadores de ascendência Africana do Benfica, diga-se uma atitude um bocadinho racista!!! Além disso, parece que só sabem contar até 5...!!! O Benfica tinha um jogador excluído, portanto só podia ter 6 jogadores em campo, o Benfica fez exactamente isso, mas a Mesa e os árbitros acharam que o Benfica tinha um jogador a mais...!!! Portanto, além de racistas, não têm conhecimentos básicos de matemática... Com tudo isto provado, com imagens esclarecedoras, a EHF, para não atrapalhar os seus calendários, resolveu não repetir o jogo.
Premiando uma equipa, o Oderhei, que por acaso contribuiu para toda esta confusão, com os jogadores e treinadores, a 'ajudarem' ao engano da Mesa, com protestos visíveis e audíveis!!!

PS: Já agora, no meio de toda esta confusão, não ouvi, nem li, qualquer posição oficial ou oficiosa da FPA (Federação Portuguesa de Andebol). Tenho a impressão, se uma situação idêntica tivesse acontecido a outro clube português, o comportamento teria sido diferente... mas é só uma impressão!!!

Zezefe

Parabéns a quem no Benfica, acabou por dar seguimento a esta 'ideia' que surgiu através das redes sociais. Nos dias de hoje, não se pode desprezar este tipo de iniciativas, são coisas simples, mas têm impacto, e fazem jus aos propósitos dos nossos fundadores...

Tudo normal...

Fernando Mendes Ex Futebolista Confessa Ter Recebido Dinheiro Para Ganhar ao Benfica from Luisao Capitao on Vimeo.

Adrenalina... e Bingo !!!


A verdadeira conversa entre JJ e Lotopegui por bitaites-a-la-benfica

terça-feira, 28 de abril de 2015

O ponta-de-lança da infância sem ternura

"A propósito de uma música de Vitorino (letra de José Jorge Letria) e das lembranças de uma conversa no cemitério de Setúbal pouco tempo da sua morte, escrevo sobre Vítor Baptista e sobre o seu golo ao Sporting - o «golo do brinco», o último marcado com a camisola do Benfica.

No Benfica, o seu último golo foi o do brinco. 12 de Fevereiro de 1978: ao Sporting, a passe de Cavungi - matou a bola no peito em frente de Inácio e disparou. Inácio terá visto bem o golo (é perguntar-lhe...), Botelho nem por isso.
Depois Vítor Baptista mergulhou na relva e na busca impossível: o brilhante perdido para sempre.
O seu brilho de 'encarnado' também desapareceu.
No final dessa época regressaria a Setúbal recusando um ordenado de 550 contos (exigia 650) e passando a ganhar apenas 100.
Ele era assim.
Na canção de Vitorino com letra de José Jorge Letria:
«Eras a festa do jogo
Com o resultado incerto
Entre a água e o fogo
- Adeus Vítor, até logo
Que a vitória andou perto.»
Encontrei-o uma vez no Cemitério da Paz e era cantoneiro. Acabara de ser preso por molestar umas meninas de escola. Em seguida soltaram-no. Reduzira a sua vida ao mínimo denominador comum da miséria. Queria dinheiro para dar entrevistas. Depois contentava-se com um almoço. Perguntei-lhe:
- Lembras-te Vítor de quando era O Maior?
E ele respondia encolhendo os ombros:
- Tive tudo e perdi tudo. Não me arrependo de nada.
E ficávamos horas à conversa, na companhia do João Lúcio. Tão distante já do brinco que caiu na relva da Luz para nunca mais ser encontrado.
«Eras o brinco perdido
Na parcela do relvado
Onde em sonhos tinhas lido
As promessas sem sentido
De um contrato renovado».
- Melhor do que eu só o Eusébio. Esse era um monstro! Impressionante! A seguir a ele fui o melhor jogador português de sempre.
Falava sem vaidade porque deixara de a ter. Era um escombro. Escanzelado, barba esparsa, olhos encovados, lábios secos.
Sobrava-lhe um pingo de orgulho. Ser reconhecido. Falarem-lhe do passado.
18 de Outubro de 1948 / 1 de Janeiro de 1999.
Também como Eusébio, foi Janeiro que o levou.
Sete épocas de Benfica. Chegou em 1971. Preço astronómico! 3000 contos para o Vitória de Setúbal e ainda José Torres, Matine e Praia.
Ah! Mas o Vítor Baptista prometia tudo: espectáculos, golos, visões únicas do Futebol e da vida. Foi-se perdendo na vontade de se encontrar. De ser O Maior.
Perdido como o brinco...
«Eras o rapaz do brinco
Eras o herói da tarde
Driblador cheio de afinco
Médio seguro ou trinco
De alegria dessa idade».
«Meu Deus! Por que me fizeste tão belo?»
No dia 12 de Fevereiro de 1978, o Benfica já não tinha aquela quantidade impressionante de avançados que marcara a chegada de Vítor Baptista à Luz: além dele, Eusébio, Simões, Artur Jorge, Nené, Jordão...
Algo de absolutamente único!
Mas, o Vítor Baptista nunca foi propriamente modesto. Olhava-se ao espelho e suspirava: «Meu Deus! Por que me fizeste tão belo?»
E a malta gostava do Vítor porque ele era mesmo assim: por inteiro.
No dia 12 de Fevereiro de 1978, depois de ter menorizado Inácio e Botelho e de ter assinado o seu golo mais famoso e igualmente belíssimo, queixou-se:
- O prémio da vitória frente ao Sporting foi de oito contos. O brinco custou-me mais de dez. Enfim. Hoje perdi dinheiro a trabalhar.
Depois entrou no seu Jaguar e guiou até um restaurante chique da Linha. Pediu Lagosta e vinho. Farto do olhar curioso dos outros clientes, bebeu o vinho e foi-se embora sem comer.
Nessa altura já não tinha o chofer dos primeiros tempos que o trazia de Setúbal a Lisboa.
Conduzia para o fim. Para a tristeza infinita no meio da qual morreu. Cada vez mais longe dos golos acrobáticos, dos lances indefiníveis de só seus.
«Eras o ponta-de-lança
Da infância sem ternura
O campeão que foi esperança
E essa eterna criança
Sempre às portas da loucura».
Ouvi-o desfiar lembranças por entre o marulhar das folhas dos ciprestes e o piar dos melros. Havia uma espécie de paz, daquela paz inquietante dos cemitérios.
Depois ele queria beber numa aflição de álcool. E também de drogas que o levou até a prostituir-se.
A vida a bater no fundo.
Mostrei-lhe a fotografia do Nuno Ferrari: frente ao Estádio da Luz, encostado ao seu carro moderno, tempo de ter tudo o que desejava. E ele repetiu:
- Não me arrependo. Vivi como quis. Foi bom.
E depois pediu-me boleia para Lisboa, para o Estádio. Talvez encontrasse o Toni ou o Shéu: davam-lhe bilhetes para os jogos, de quando em vez um fato de treino do Benfica. E ele regressava de camioneta para Setúbal, exibindo  emblema, recuperando um bocadinho de dignidade até ao momento de vender tudo na voragem dos vícios.
«Foste a sombra do que eras
A carreia interrompida
Gazela no meio das feras
A ruína das quimeras
Destroço de um fim de vida».
Hoje, ao sentar-me cara a cara com o computador, lembrei-me do Vítor Baptista. E dessas conversas em Setúbal. Já não muitas, como poderiam ter sido, porque a sua memória se esboroava e lhe faltava a paciência para reviver os dias que lá vão. Descreveu golos e jogadas, mas sem o entusiasmo das saudades. Mecanicamente. Um Vítor que deixara de ser ele. E deixara, numa outra vida distante, de ser O Maior.
«Foste esse brinco perdido
Em grande tarde de glória
E podias ter vencido
Mesmo vergado e rendido
Pelas traições da memória».
Não haveria mais cães amarrados a um poste de uma baliza da Luz. Nem roupas excêntricas e brincos na orelha antes do tempo de serem moda. Nem treinos dados no Montijo, sentado na garupa de um cavalo, acompanhando a corrida dos jogadores em redor do campo.
Meu Deus! Por que o fizeste tão diferente?
Vítor Baptista foi O Maior! Na sua convicção segura. Na sua certeza que não admitia contradita. Foi aquilo que quis. Sem arrependimento na derrocada.
E o Vitorino canta:
«Foste o brinco jóia rara
Desse tempo de conquista
A loucura sai tão cara
E se a grandeza é tão rara
Que viva o Vítor Baptista!»"

Afonso de Melo, in O Benfica

Um nome: soberba

"«O que há num simples nome?», questionava-se Julieta, no drama de Shakespeare. A pergunta é-nos devolvida todos os dias e regressou em força na ressaca do Benfica-Porto. Custa a crer, mas, de acordo com os relatos, é mesmo verdade: a altercação entre Jesus e, vamos lá ter cuidado a grafar, Lo-pe-te-gui não se deveu ao calor da luta, mas ao basco ter ficado enxofrado com as constantes trocas do seu apelido pelo treinador do Benfica.
A coisa parece ter contornos de drama de shakespeariano, e pode bem ter. Diria que estamos perante o derradeiro sinal da soberba com que o técnico do Porto encarou a sua passagem por Portugal, e que o faz acumular falhanços atrás de falhanços, aproximando-se da queda.
Podia encher esta coluna com 'variações Jesus' de nomes e apelidos. A tarefa era fácil. Das últimas semanas e fazendo um exercício de memória, recordo-me do 'Wiliams' do 'Ola Jonas', do Jonathan rebaptizado de 'Xavier' e, claro está, do magnífico 'Lotopegui' (a coisa é de tal forma, que hoje tenho dificuldade em acertar com o nome do basco).
Jorge Jesus pode ter muitos defeitos, mas qualquer pessoas com um módico de sensatez percebe que as trocas de nomes, se nos dizem alguma coisa sobre o técnico do Benfica, é que estamos perante alguém autêntico, que não procura ser quem não é. Não por acaso, numa atitude tão pouco comum em Portugal, Jesus não perde uma oportunidade de nos recordar as suas origens e fá-lo com honra. Só lhe fica bem.
Que Lopetegui não tenha percebido isso e tenha tomado por gozo o que está, aliás, mais próximo da auto-ironia, é um sintoma da mesma atitude que o levou a ficar convencido que teria uma tarefa fácil no Porto e a desvalorizar o nosso campeonato, as competências tácticas dos treinadores portugueses e a organização defensiva a que se agarram os clubes pequenos. Os resultados da soberba estão à vista."

O sinal da Luz

"Meu caro Julen Lopetegui:
Tenho um amigo, o Gonçalo, que é genial a descobrir metáforas para a vida - e mal terminou o jogo na Luz sabe o que ele me escreveu? Que o Dragão fora o Montmorency, o cão do Jerome K. Jerome, no sublime diálogo com o gato de aspecto medonho que o fazia sentir-se como uma raposa apanhada por um galinha. Só não concordei num ponto - onde ele pôs «dragão» deveria ter posto «Lopetegui». (já lhe explico...)
Acho perfeitamente natural (e esperto...) que Jorge Jesus tivesse ido a jogo com a ideia fechada de tentar ganhá-lo por 0-0 (pelas razões que nós sabemos...) - o que não consigo entender é você ter lançado a equipa que lançou, deixando Herrera e sobretudo Quaresma no banco. No futebol, transmitir uma emoção é, quase sempre, mais eficiente do que explanar uma ideia - e o que fez, fazendo o que fez, não foi desafiar a história e a angústia que trazia de Munique, foi desvirtuar a história, a história dessa alma com que o FC Porto começou a criar a sua história vai para 40 anos...
Dir-me-à: fui pragmático. Dir-lhe-ei: não foi. Também o sabe, bem melhor do que eu: no futebol, o pessimismo pode não perder jogos, mas um sinal de medo raramente os ganha - e o sinal que você, lançando contra o Benfica a equipa que lançou (sem um único extremo, veja bem...) foi esse. Dir-me-à ainda: o futebol é complexo de mais para se querer ter razão - ou para não a ter. Dir-lhe-ei, então: OK, mas, apesar disso, você fez o que não devia: em vez de procurar devolver protagonismo aos jogadores que trouxera atormentados dos 6-1, agitar-lhes o coração, fez o contrário - como que a dizer-lhes naquele sinal esquivo que o melhor talvez fosse eles tirarem os olhos da baliza, a ideia do paraíso.
Deu no que deu. E vou repetir-lho: só deu no que deu porque se há algo de heróico uma equipa modesta que procura ganhar um jogo jogando bem, há sempre algo de cobarde numa equipa grande que precisa de ganhar um jogo e alguém a põe a jogar pior do que podia..."

António Simões, in A Bola

Abraço mortal

"Partindo-se do princípio de que o contrato de Lpetegui será para cumprir, é o que ouço dizer, a porta de saída abriu-se a Ricardo Quaresma...

Quando o FC Porto resolveu avançar para a contratação de Julen Lo-pe-te-gui (separo as sílabas de modo a evitar algum lapso motivado por pronúncia incorrecta) não sei o que viu nele de especial, nem o que lhe pediu em relação a metas a ultrapassar, assim como é do meu total desconhecimento, obviamente, o que lhe terá contado acerca do futebol português, sobretudo no que se refere aos seus aspectos mais particulares...
Não está em causa o volume de conhecimento que carrega, muito menos a sua competência para o exercício da função, mas depois da precipitação com Paulo Fonseca, como se fosse a descoberta de um tesouro onde os restantes só enxergavam calhaus, optar pelo treinador espanhol parece-me ter sido outra aposta mal calculada, na medida em que era deficitária a experiência em clubes de Primeira Divisão, não obstante os excelentes desempenhos nas selecções de formação de Espanha, com o registo de dois títulos europeus, sub-19 e sub-21.
Talvez seja uma réplica de Carlos Queiroz, mais vocacionado para trabalhar junto de federações, em quadros de menor complexidade, e pouco afeito à elevada exigência quotidiana de clubes de topo. Não sei se assim será, mas, pelo que se obervou até agora, desconfio que sim. Lopetegui talvez acuse impreparação para enfrentar uma realidade cruel e brutal na pressão que exerce sobre os actores. É evidente a sua dificuldade quando enfrenta situações que lhe são desfavoráveis. Nem sequer trago à colação o bate boca com Jesus no final do clássico, mas considero ter-se tratado de mais um exemplo em que emergiu a fragilidade emocional do treinador espanhol em cenários de crise. O que explicará, afinal, o seu exagero no verbo e a tendência para distribuir responsabilidades por terceiros em face das decisões que toma.

Foi a sua repetida teimosia nas rotatividades, aliás, que o conduziu à construção de uma equipa que não foi peixe nem carne na Luz, carecida de alma para atacar um jogo que sabia estar obrigada a vencer. Lopetegui falhou, outra vez. No entanto, nem uma frase, uma palavra, sequer, se assunção do erro. Fez tudo bem, como teima em proclamar, quer ganhe, quer perca. Basta uma visita breve às declarações por ele produzidas a propósito do Benfica-FC Porto. Quem fizer o favor de dar-se a esse trabalho, testemunha que em circunstância nenhuma admitiu o engano, apesar daquele abraço de Ricardo Quaresma a Jorge Jesus, espécie de golpe mortal na prosápia lopeteguiana e demonstração que a prendada organização portista de infalível revela cada vez menos... De toda a maneira, é minha convicção de que depois do referido abraço alguma coisa irá acontecer. Partindo-se do princípio que o contrato de Lopetegui será para cumprir, é o que se ouve dizer, a porta de saída abriu-se a Quaresma...

Palavras sábias de Luís Filipe Vieira ao cortar pela raiz entusiasmos que não se recomendam numa altura em que o título ficou apenas mais próximo. Em rigor, faltam disputar quatro jornadas e discutir doze pontos até à concretização do objectivo: o bicampeonato. Proeza que o emblema da águia não alcança há mais de 30 anos.
O presidente benfiquista sabe do que fala por conhecer como ninguém todos os cantos do problema, desde o investimento deito no enriquecimento da estrutura do futebol e da melhoria nas condições de trabalho, até modéstia na contrapartida que era razoável esperar em termos de títulos e do preenchimento do lugar que lhe cabe ocupar na elite mundial, por força do seu prestígio e da sua história. Os dois falhanços na confrontação directa com o FC Porto durante o consulado de Vítor Pereira corresponderam a dois campeonatos desperdiçados por causa de comprometedores excessos de confiança e de euforias disparatadas em consequência de nada. É isso que Vieira  que evitar. É por isso que Vieira, com o recato que tanto preza, continua a representar a garantia de estabilidade em todos os momentos, zelando para que mais imprevistos não voltem a perturbar o normal desenvolvimento do grandioso projecto que idealizou para o Benfica."

Fernando Guerra, in A Bola

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Lixívia XXX

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica............... 75 ( 0) = 75
Corruptos........ 72 (+13) = 59
Sporting.......... 66 (+10) = 56
Braga................ 54 (+1) = 53


As arbitragens nas últimas épocas, estão um pouco melhores, ainda existem alguns 'restos' dos Douradinhos, mas com a saída do Desdentado, fica mais difícil ao Sistema condicionar os 'grandes' jogos. Neste momento, temos o Olegário (em pré-reforma...), o Marco Ferreira, e o Soares Dias como cabeças do 'monstro'!!! São aqueles ladrões, com estatuto suficiente, para apitar os 'grandes' jogos...
Não coloco  Jorge Sousa, neste grupo restrito, porque a melhoria é notória. Não me esqueço do arraial de porrada no Estádio do Algarve numa final da Taça da Liga, com os Corruptos; não me esqueço de uma eliminação da Taça de Portugal, com o Guimarães, na Luz; não me esqueço de uma Meia-final da Taça de Portugal em Alvalade, com o Chalana no banco... entre outros. Mas reconheço num determinado momento, um ponto de viragem nas arbitragens do Jorge Sousa, nos jogos com o Benfica: num famoso Leiria-Benfica, onde teve a coragem de marcar um penalty claríssimo nos minutos finais, por falta sobre o Aimar (mesmo que no resto do jogo, tenha sido uma miséria!!!!). Depois deste jogo, ainda teve duas recaídas: um Marítimo-Benfica na 1.ª jornada do Campeonato; e a Final da Taça de Portugal no Jamor com o Guimarães.
Este ano apitou 3 dos 4 jogos Grandes do Benfica, e sem estar perfeito, não teve nenhum erro de grandes dimensões. Onde continua a errar, é no critério disciplinar. E o jogo de ontem, é prova disso.

Durante a 1.ª parte, resolveu (estrategicamente?!!!) não mostrar nenhum amarelo aos Corruptos. E isso condicionou todo o jogo. Evandro, Alex Sandro, Maicon, Óliver, Casemiro... todos eles mereciam ter levado amarelo. A estratégia defensiva dos Corruptos passava por efectuar faltas, para parar sistematicamente as saídas de bola do Benfica. E isso foi feito durante os 90 minutos, sem qualquer receio... Nenhum jogador Corrupto, foi obrigado a refrear os ímpetos com medo de um 2.º amarelo, algo normal, nos jogos de muito contacto...
Dou um exemplo concreto: no lance que acaba, com o remate rasteiro do Talisca (o 1.º remate de jeito do Benfica à baliza!!!), o Lima, quando faz a tabela com o Baiano, sofre uma entrada por trás do Maicon. Falta, claríssima para amarelo... Aceita-se a lei da vantagem, mas o cartão tinha que ser mostrado, mais tarde. Esta impunidade, foi constante durante todo o jogo...; outro bom exemplo, foi o lance do amarelo ao Gaitán, que começa com uma entrada bastante perigosa, do Óliver sobre o Talisca, onde nem sequer foi assinalada falta...; e ainda houve outra falta sobre o Maxi não assinalada, que não deu jogada de perigo, por incompetência Corrupta!!!
Em sentido contrário, com os cartões ao Eliseu e ao Nico, os jogadores do Benfica ficaram logo a saber, que seriam castigados severamente ao mínimo descuido. E talvez por isso, o Benfica acabou por fazer menos faltas, praticamente metade... E nem estou a contar com as muitas faltas não assinaladas aos Corruptos.
Apesar de toda esta impunidade, a 'critica' no final do jogo, esqueceu-se disto tudo. Para a 'critica independente' o único cartão que ficou por mostrar, foi ao Fejsa!!! Muito sinceramente, a pisadela do Fejsa, para mim, é completamente involuntária... Agora, o pontapé do Jackson não foi. A leitura se o Benfica ou os Corruptos estavam a 'queimar' tempo, é indiferente. O jogador desrespeitou ('armado' em xico-esperto...), as indicações do árbitro, chutou a bola, quando o Benfica estava a bater um livre, atrasou a reposição da bola, devia ter levado o amarelo, neste caso o 2.º. Por muito muito menos, o Emerson foi expulso pelo Proença na roubalheira de 2012, e nessa altura, até muitos Benfiquistas aceitaram a justiça do 2.º amarelo...!!!

Também é verdade que Jorge Sousa, teve alguma 'sorte', já que no maior erro da partida: um duplo fora-de-jogo num ataque Corrupto (responsabilidade do Fiscal...), os Corruptos não conseguiram marcar. Tanto Óliver - descaradíssimo -, como Jackson, estavam em fora-de-jogo!!!

Os habituais aziados, 'descobriram' outros supostos erros, todos 'contra' o Benfica!!! O suposto penalty de Eliseu sobre Jackson (numa jogada, onde a falta é do Jackson sobre o Eliseu), é tão hilariante, que só o Mestre Coroado, é capaz de inventar tal anedota!!! No lance entre o Luisão e o Jackson, sou obrigado a recordar a única oportunidade de jeito que os Corruptos tiveram, com o remate do Jackson por cima da barra: após o cruzamento do Danilo, o Jackson apoia-se nas costas do Luisão. Pois bem, se neste lance, ninguém discute a legalidade da forma como o Jackson ganhou a bola ao Luisão, porque razão, discute-se o contacto entre o Luisão e o Jackson, na jogada onde os Corruptos pedem penalty?!!! Sabendo ainda, que independentemente dos méritos, é muito mais fácil, marcar as faltas dos atacantes, do que as faltas dos defesas, principalmente dentro da área...!!!

Não vi qualquer outro dos jogos. Em Braga afinal do Pedreiro também critica os árbitros!!! Deve estar a preparar a Final da Taça!!! Os jornaleiros afirmam que os dois jogadores do Braga foram bem expulsos... o único erro terá sido um fora-de-jogo ao Zé Luís.
Em Moreira de Cónegos, num jogo sem 'malas', os Lagartos venceram. Marcaram o 1.º golo em fora-de-jogo; e foi mal anulado um golo ao Moreirense, que daria na altura o 1-3 (que devia ser o 1-2)!!! É muito difícil, ou mesmo impossível, determinar o impacto deste tipo de erros, num jogo com um resultado destes (1-4)...
Como não assisti ao jogo, se for alertado para outros erros, farei uma adenda.

Anexos:
Benfica
1.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Cosme, Prejudicados, Sem influência no resultado
2.ª-Boavista(f), V(1-0), Marco Ferreira, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
3.ª-Sporting(c), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Setúbal(f), V(0-5), Capela, Nada a assinalar
5.ª-Moreirense(c), V(3-1), Luís Ferreira, Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
6.ª-Estoril(f), V(2-3), Vasco Santos, Nada a assinalar
7.ª-Arouca(c), V(4-0), Hugo Miguel, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Braga(f), D(2-1), Marco Ferreira, Prejudicados, (2-3), (-3 pontos)
9.ª-Rio Ave(c), V(1-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
10.ª-Nacional(f), V(1-2), Bruno Paixão, Prejudicados, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
11.ª-Académica(f), V(0-2), Jorge Ferreira, Beneficiados, (0-1), Sem influência no resultado
12.ª-Belenenses(c), V(3-0), Manuel Oliveira, Nada a assinalar
13.ª-Corruptos(f), V(0-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
14.ª-Gil Vicente(c), V(1-0), Capela, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
15.ª-Penafiel(f), V(0-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
16.ª-Guimarães(c), V(3-0), Rui Costa, Nada a assinalar
17.ª-Marítimo(f), V(0-4), Xistra, Nada a assinalar
18.ª-Paços de Ferreira(f), D(1-0), Paixão, Nada a assinalar
19.ª-Boavista(c), V(3-0), Hugo Miguel, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
20.ª-Sporting(f), E(1-1), Sousa, Nada a assinalar
21.ª-Setúbal(c), V(3-0), Manuel Oliveira, Prejudicados, Sem influência no resultado
22.ª-Moreirense(f), V(1-3), Jorge Ferreira, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
23.ª-Estoril(c), V(6-0), Capela, Nada a assinalar
24.ª-Arouca(f), V(1-3), Vasco Santos, Prejudicados, (1-5), Sem influência no resultado
25.ª-Braga(c), V(2-0), Soares Dias, Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado
26.ª-Rio Ave(f), D(2-1), Marco Ferreira, Prejudicados, (1-1), (-1 ponto)
27.ª-Nacional(c), V(3-1), Xistra, Nada a assinalar
28.ª-Académica(c), V(5-1), Luís Ferreira, Nada a assinalar
29.ª-Belenenses(f), V(0-2), Rui Costa, Nada a assinalar
30.ª-Corruptos(c), E(0-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Académica(f), E(1-1), Soares Dias, Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
2.ª-Arouca(c), V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, (2-0), Sem influência resultado
3.ª-Benfica(f), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Belenenses(c), E(1-1), Cosme Machado, Nada a assinalar
5.ª-Gil Vicente(f), V(0-4), Xistra, Beneficiados, (1-4), Sem influência no resultado
6.ª-Corruptos(c), E(1-1), Benquerença, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
7.ª-Penafiel(f), V(0-4), Rui Costa, Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Marítimo(c), V(4-2), Manuel Oliveira, Beneficiados, (4-3), Sem influência no resultado
9.ª-Guimarães(f), D(3-0), Hugo Miguel, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
10.ª-Paços de Ferreira(c), E(1-1), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-2), (+1 ponto)
11.ª-Setúbal(c), V(3-0), Soares Dias, Beneficiados, Impossível contabilizar
12.ª-Boavista(f), V(1-3), Jorge Sousa, Nada a assinalar
13.ª-Moreirense(c), E(1-1), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
14.ª-Nacional(f), V(0-1), Duarte Gomes, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
15.ª-Estoril(c), V(3-0), Soares Dias, Nada a assinalar
16.ª-Braga(f), V(0-1), Hugo Miguel, Nada a assinalar
17.ª-Rio Ave(c), V(4-2), Nuno Almeida, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
18.ª-Académica(c), V(1-0), Rui Costa, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
19.ª-Arouca(f), V(1-3), Jorge Ferreira, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
20.ª-Benfica(c), E(1-1), Sousa, Nada a assinalar
21.ª-Belenenses(f), E(1-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
22.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Jorge Tavares, Nada a assinalar
23.ª-Corruptos(f), D(3-0), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
24.ª-Penafiel(c), V(3-2), Bruno Esteves, Beneficiados, Impossível contabilizar
25.ª-Marítimo(f), V(0-1), Rui Costa, Nada a assinalar
26.ª-Guimarães(c), V(4-1), Jorge Sousa, Beneficiados, (3-1), Sem influência no resultado
27.ª-Paços de Ferreira(f), E(1-1), Cosme Machado, Nada a assinalar
28.ª-Setúbal(f), V(1-2), Benquerença, Prejudicados, Sem influência no resultado
29.ª-Boavista(c), V(2-1), Luís Ferreira, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
30.ª-Moreirense(f), V(1-4), Vasco Santos, Beneficiados, (2-3), Impossível contabilizar

Corruptos
1.ª-Marítimo(c), V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
2.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-0), Mota, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
4.ª-Guimarães(f), E(1-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
5.ª-Boavista(c), E(0-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
6.ª-Sporting(f), E(1-1), Benquerença, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Braga(c), V(2-1), Proença, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
8.ª-Arouca(f), V(0-5), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, (1-6), Sem influência no resultado
9.ª-Nacional(c), V(2-0), Nuno Almeida, Nada a assinalar
10.ª-Estoril(f), E(2-2), Soares Dias, Beneficiados, (3-2), (+1 ponto)
11.ª-Rio Ave(c), V(5-0), Benquerença, Beneficiados, (1-2), (+3 pontos)
12.ª-Académica(f), V(0-3), Manuel Mota, Nada a assinalar
13.ª-Benfica(c), D(0-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
14.ª-Setúbal(f), V(4-0), Manuel Oliveira, Beneficiados, (2-0), Sem influência no resultado
15.ª-Gil Vicente(f), V(1-5), Nuno Almeida, Nada a assinalar
16.ª-Belenenses(c), V(3-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
17.ª-Penafiel(f), V(1-3), Soares Dias, Beneficiados, (1-0), (+3 pontos)
18.ª-Marítimo(f), D(1-0), Capela, Nada a assinalar
19.ª-Paços de Ferreira(c), V(5-0), Marco Ferreira, Beneficiados, Impossível contabilizar
20.ª-Moreirense(f), V(0-2), Xistra, Nada a assinalar
21.ª-Guimarães(c), V(1-0), Nuno Almeida, Nada a assinalar
22.ª-Boavista(f), V(0-2), Hugo Miguel, PrejudicadosBeneficiados, Impossível contabilizar
23.ª-Sporting(c), V(3-0), Soares Dias, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
24.ª-Braga(f), V(0-1), Jorge Sousa, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
25.ª-Arouca(c), V(1-0), Jorge Tavares, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
26.ª-Nacional(f), E(1-1), Manuel Oliveira, Nada a assinalar
27.ª-Estoril(c), V(5-0), Bruno Esteves, Beneficiados, (3-0), Sem influência no resultado
28.ª-Rio Ave(f), V(1-3), Vasco Santos, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
29.ª-Académica(c), V(1-0), Duarte Gomes, Nada a assinalar
30.ª-Benfica(f), E(0-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar

Braga
1.ª-Boavista(c), V(3-0), Vasco Santos, Beneficiados, (1-0)?!, Impossível contabilizar
2.ª-Moreirense(f), E(0-0), Paixão, Prejudicados, (1-0), (-2 pontos)
3.ª-Estoril(c), V(2-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (3-1), Sem influência no resultado
4.ª-Arouca(f), D(1-0), Proença, Nada a assinalar
5.ª-Nacional(f) E(1-1), Jorge Tavares, Prejudicados, Impossível contabilizar
6.ª-Rio Ave(c), V(3-0), Bruno Esteves, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Corruptos(f), D(2-1), Proença, Prejudicados, (2-2), (-1 ponto)
8.ª-Benfica(c), V(2-1), Marco Ferreira, Beneficiados, (2-3), (+3 pontos)
9.ª-Académica(f) E(1-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
10.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Manuel Oliveira, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
11.ª-Penafiel(f), V(1-6), Hugo Miguel, Nada a assinalar
12.ª-Guimarães(c), E(0-0), Xistra, Nada a assinalar
13.ª-Belenenses(f), V(0-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
14.ª-Paços de Ferreira(c), V(3-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
15.ª-Marítimo(f), D(2-1), Jorge Sousa, Nada assinalar
16.ª-Sporting(c), D(0-1), Hugo Miguel, Nada a assinalar
17.ª-Setúbal(f), V(1-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
18.ª-Boavista(f), D(0-1), Duarte Gomes, Beneficiados, Sem influência no resultado
19.ª-Moreirense(c), V(1-0), Soares Dias, Nada a assinalar
20.ª-Estoril(f), V(0-2), Manuel Oliveira, Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
21.ª-Arouca(c), V(2-0), Tiago Martins, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
22.ª-Nacional(c), V(3-1), Bruno Esteves, Beneficiados, Sem influência no resultado
23.ª-Rio Ave(f), V(0-2), Xistra, Nada a assinalar
24.ª-Corruptos(c), D(0-1), Jorge Sousa, Prejudicados, (1-1), (-1 pontos)
25.ª-Benfica(f), D(2-0), Soares Dias, Beneficiados, (3-0), Sem influência no resultado
26.ª-Académica(c), E(0-0), Paixão, Prejudicados, (1-0), (-2 pontos)
27.ª-Gil Vicente(f), V(0-2), Capela, Nada a assinalar
28.ª-Penafiel(c), V(4-0), Marco Ferreira, Nada a assinalar
29.ª-Guimarães(f), D(1-0), Xistra, Nada a assinalar
30.ª-Belenenses(c), E(1-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar

Vem aí o sprint final

"«É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma». Mesmo que muito glosado, este velho adágio, que o escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa atribuiu a Don Fabrizio, príncipe de Salina, não perdeu acuidade. Perante os ventos da mudança, a inteligência do 'Leopardo' permitia-lhe focar-se no essencial, preservando a sua forma de vida.
Talvez seja também esta a melhor metáfora para o Benfica-FC Porto de ontem: foi necessário que alguma coisa mudasse (mais uma jornada de campeonato, com o Benfica a manter uma distância de segurança face ao FC Porto), para que tudo ficasse na mesma (o título será decidido num sprint final, após uma longa maratona). Já o Benfica teve a inteligência de focar-se no essencial - não perder pontos para o rival.
De resto, o jogo foi um reflexo das debilidades e das forças das duas melhores equipas portuguesas. Enquanto o FC Porto tem um óptimo plantel, com muitas soluções, mas um jogo colectivo com fragilidades e perturbado pelas alterações sistemáticas no onze titular, o Benfica vive de uma ideia de jogo consolidada ao longo de 6 temporadas com Jorge Jesus, em que a organização colectiva, em particular nos momentos defensivos, torna possível que até o 'Manel' brilhe (por exemplo, foi notável a exibição de Jardel, transformado num verdadeiro Garay).
Como acontece em muitos jogos decisivos, o que a partida teve em intensidade, faltou-lhe em qualidade nos momentos ofensivos. Nem Júlio César, nem Helton fizeram defesas dignas de nota e quer Benfica, quer FC Porto estiveram bem melhor a defender do que a atacar.
Numa altura em que o campeonato se aproxima da recta da meta, o Benfica leva vantagem no confronto, parece estar melhor fisicamente e reforçou a sua confiança anímica. Com o embalo que leva, só um enorme percalço permitirá que o Benfica se deixe ultrapassar no sprint final."

'Operação Marquês' ficou em 'stand-by'

"Confesso que gosto de jogos fechados, com muita táctica à mistura. São mais difíceis de apreciar mas valem mais do que aparentem.

O Benfica-FC Porto esteve longe de ser espectacular. Com boa vontade vislumbraram-se duas oportunidades, uma para cada lado (Jackson, primeiro, e Fejsa, depois) e houve uma preocupação constante por parte das equipas de não se desposicionarem, defendendo sempre em superioridade numérica. Os treinadores (compreendendo-se melhor Jesus do que Lopetegui) estiveram longe de enviar estímulos atacantes aos seus jogadores e estes foram sempre escrupulosos nas marcações. O jogo foi tão fechado que pôs fim a 92 jogos dos encarnados sempre a marcar na Luz. E para quem possa ter dúvidas da prudência de Julen Lopetegui, o facto é que Quaresma só jogou a segunda parte e Aboubakar nem do banco saiu.
É fácil dizer que não se veem jogos assim no futebol inglês. Mas isso não corresponde a toda a verdade. De facto, a Premier League é um fantástico espaço de espectáculo, mas quem seguiu as incidências, por exemplo, do Arsenal-Chelsea de ontem - o jogo do título em Inglaterra - sabe que Mourinho conteve a equipa adversária com uma teia de seis médios, todos eles em regime de disciplina táctica espartana. E que dizer do último Real Madrid-Atl. Madrid da Champions? Dificilmente se encontrará um jogo mais italianizado que esse...
Ontem, na Luz, na cabeça de Jorge Jesus esteve a certeza de que o empate não era um mau resultado. Sem Salvio, chamou Talisca mas o brasileiro foi o elo mais fraco a defender, perdendo vários duelos com Alex Sandro. Com Pizzi, esse flanco ficou mais protegido, mas onde o pragmatismo falou mais alto foi na entrada de Fejsa, para, com Samaris, compor um duplo-pivot de respeito. A esta medida pragmática, que não contribuiu para maior espectacularidade do jogo mas deu mais consistência defensiva ao Benfica, respondeu Lopetegui com... pouco. Onde o FC Porto precisava de mais presença, se de facto queria ganhar o jogo, era na área contrária e Jackson Martinez andou sempre só, marcado à vez por Jardel e Luisão. Faltou coragem a Lopetegui para colocar Aboubakar ao lado do capitão, apostando num 4x4x2 que lhe permitisse incomodar verdadeiramente o Benfica.
Uma vitória encarnada colocaria a Operação Marquês em movimento. Assim teve de ficar em stand-by. Domingo há mais."

José Manuel Delgado, in A Bola

Desta vez, o 'inventor' foi outro

"Jesus jogou pelo seguro, sem dúvida, mas tudo o que fez foi bem feito, principalmente ao não abdicar da sua equipa-base.

Os treinadores querem fazer-nos crer que nunca se enganam, que tudo quanto decidem é cientificamente testado e imune a reparos. Se perdem, a responsabilidade será de algum jogador que não captou a mensagem ou do árbitro de qualidade duvidosa. Se ganham, nem é preciso aprofundar o assunto: mérito único e absoluto de quem teve a complexa empreitada de escolher a equipa e indicar-lhe o caminho do sucesso. É o que pensam, se não todos, seguramente a maioria, como escudo de protecção, talvez, tentando tornar difícil a compreensão de um jogo que fascina precisamente pela sua simplicidade.
Neste particular, Jorge Jesus tem fama e pouco proveito, na medida em que, revela-nos a experiência, da sua incontrolável tendência para interferir no que está bem ressaltam mais pecados do que virtudes. No entanto, como nunca é tarde para aprender, verdade, verdadinha que no clássico de ontem, palco convidativo a surpresa, o inventor foi outro, e pagou elevada factura por isso. Jesus jogou pelo seguro, sem dúvida, mas tudo o que fez foi bem feito, principalmente ao não abdicar da sua equipa-base, o que só por si foi sinal de inequívoca prova de confiança e de firme manifestação de força, com inevitáveis reflexos no estado de espírito do adversário.
Pode argumentar-se que Jesus não arriscou o suficiente para ganhar. Nem precisava. Assim como não alinhou em aventuras que lhe prometiam mais prejuízos do que benefícios. Quem tinha de provar alguma coisa, por ser segundo na classificação e, sobretudo, a seguir à goleada de Munique, era Lopetegui, mas, sabe-se lá por que desígnios, continuou a chapinhar no mar de equívocos em que se gaba de navegar desde que chegou a Portugal.
Inventou mais uma equipa. Liquidou o guarda-redes Fabiano, baralhou a linha de médios, retirou Óliver Torres do seu território natural e abdicou de Herrera, dos elementos mais utilizados do plantel, e de Ricardo Quaresma, o indisfarçável mal-amado. Na Alemanha foi porque teve que ser, ontem foi porque assim decidiu, e mal. Lá está, o treinador espanhol é daqueles que, ao não assumirem os fracassos, julgam que nunca se enganam..."

Fernando Guerra, in A Bola

PS: Mesmo sendo de forma enviesada - e com alguma bicadas pelo meio... -, não posso deixar de assinalar, finalmente, uma crónica do Fernando Guerra, onde indirectamente, elogia, o seu maior ódio de estimação: Jorge Jesus!!!

Grécia contra o Mundo

"A FIFA e a UEFA preparam-se para abrir mais uma frente de batalha na guerra contra as intromissões das leis estaduais na autonomia reguladora e poder coercivo das federações. Agora será com a Grécia (envolvida em várias frentes na luta contra o 'exterior'...). Mais uma vez, aliás, depois do conflito que sucedeu em 2006. A ameaça é a 'bomba atómica' do costume: suspensão da federação e consequencial exclusão das selecções e clubes gregos das competições internacionais. A causa é um projecto legislativo do governo grego que, depois dos incidentes verificados no campeonato principal (com interrupção da prova entre Fevereiro e Março), visa instituir um programa de combate à violência nos espectáculos desportivos e à corrupção no desporto. Os pretextos são as sanções e providências desse projecto - multas muito pesadas, inibição de participação nas provas internacionais, adiamento ou cancelamento de jogos, prevenção de comportamentos violentos, mudanças no procedimento de nomeação e no registo patrimonial de bens e rendimentos dos árbitros, etc. - e a possibilidade de ser o executado governamental a fiscalizar e a aplicar as penas. De Atenas do Syriza vêm ecos de que, em nome da ordem constitucional grega e da soberania do povo, não se aceitam ultimatos. E de que não se pretende abdicar da supervisão sobre o desporto que utiliza dinheiros públicos. No fim, a velha história: mandam mais as confederações sediadas na Suíça ou os governos eleitos em cada um dos países?
Confesso que continuo sem perceber os critérios a que a FIFA e a UEFA recorrem para salvaguardar as autonomias das federações nacionais e, numa outra vertente, o (alegadamente inviolável) respeito pelas cláusulas estatutárias que fecham o futebol no seio das organizações desportivas (e entidades reconhecidas, como o Tribunal Arbitral de Lausane). Fica sempre uma certa ideia de que a discricionariedade da FIFA e da UEFA é total e os cálculos políticos se sobrepõem nos casos em concreto - por exemplo, no controlo e punição do recurso a tribunais comuns dos Estados, activados nuns casos e esquecidos noutros (mesmo para casos semelhantes ou análogos no mesmo país, como no caso português), ou no respeito e execução dos 'casos julgados desportivos' das federações. Como também fica a convicção de que as federações nacionais (a nossa é disso ilustração) não têm denominador comum no cumprimento das obrigações e proibições da FIFA e da UEFA e respectiva comunicação. À Grécia resta testar novamente o braço com essa autocracia sem medida."

domingo, 26 de abril de 2015

Depois do jogo de hoje só me lembrei disto...


Até porque, como todos vimos, o gajo picou o Jorge Jesus no fim do jogo. Pois, estava todo cagado de ter jogado na Catedral, e com mau perder!

Juntos, estamos mais perto...

Benfica 0 - 0 Corruptos

Mais um passo na direcção certa. Foi um passo curto, mas foi um passo seguro. Acabámos por conquistar 1 ponto do confronto directo. A ladainha do 'só dependemos de nós', agora, só pode ser usada pelo Benfica.
Não deixa de ser curioso, que estamos mais perto do 34.º título nacional, logo numa época, onde o Jesus, tantas vezes criticado por ser demasiado ofensivo, nos dois jogos com os Corruptos, usou estratégias conservadoras!!!
O jogo não foi bonito. Um jogo sem oportunidades de golo, dificilmente será bonito. Apesar do jogo ser na Luz, eram os Corruptos que tinham menos 3 pontos, e portanto, eram eles que tinham que arriscar mais... Apesar de toda a bazófia no final do jogo, o onze titular dos Corruptos, foi construído para não deixar o Benfica jogar. A troca do Herrera e do Oliver, pelo Neves e o Evandro, foi para reforçar as marcações... e conseguiram...
O Benfica manco do Salvio, optou pelo Talisca (que como eu previ, não se adaptou à posição), mas de resto jogámos com a mesma estratégia...
Após o intervalo, com as substituições nos Corruptos (colocou em campo os habituais titulares), as marcações no meio-campo ficaram mais 'leves', e o Benfica melhorou, bastante. Não tivemos muitas oportunidades, mas pelo menos chegámos várias vezes à baliza do adversário...
No final da partida, a estatística dá muita posse de bola para os Corruptos, mas a maior parte dessa posse de bola, foi 'desperdiçada' em trocas de bola entre os defesas Corruptos, em zona recuada. Territorialmente, o jogo foi quase sempre jogado a meio-campo...
Sendo que a única verdadeira oportunidade de golo dos Corruptos, nasce de um erro 'individual' do Benfica, quando 3 jogadores nossos, foram 'marcar' o Brahimi e deixaram o Danilo sozinho para fazer o cruzamento (e depois parece-me que o Jackson faz falta sobre o Luisão). A outra suposta oportunidade na 2.ª parte, o Eliseu e o Júlio César resolveram bem a situação (parece-me que o Jackson estava fora-de-jogo).
Não vale a pena fazer analises individuais. Houve muita entre-ajuda, nem sempre as decisões foram as correctas, principalmente na saída para o contra-ataque... A adaptação do Talisca não foi feliz, o Pizzi esteve escondido... o Fejsa entrou bem (foi pena o golo desperdiçado)... O Maxi é sempre um dos melhores, o Luisão e o Jardel voltaram a estar muito bem. O Samaris já é dono da posição 6... O Lima e o Jonas acabaram por ter pouco apoio, já que o Benfica durante a maior parte do jogo, não conseguiu 'acampar' perto da área do adversário como costuma fazer... Até o Eliseu depois do Amarelo, se portou razoavelmente!!!
O Jesus no fim, concluiu que a entrada do Fejsa deu consistência ao meio-campo do Benfica. Espero que o Jesus não se esqueça desta evidência. Um dos problemas nos jogos fora do Benfica, é a dificuldade em controlar o meio-campo... É perfeitamente possível jogarem Samaris/Fejsa, inclusive com o Sérvio a fazer de '8'. A equipa não perde capacidade ofensiva. Bem pelo contrário, porque sem bola não podemos atacar... Em Barcelos jogava com os dois.
A arbitragem vai ser elogiada, é verdade que já assisti a muito pior... inclusive do próprio Jorge Sousa. Mas aquele critério disciplinar, que dá Amarelo ao Eliseu e ao Nico no 1.º tempo, e permite ao Alex Sandro e ao Casemiro chegar ao final do jogo sem qualquer cartão, é absurdo... além do 2.º amarelo para o Jackson!!! Uma referência também para o lance do cartão ao Gaitán, que nasce de uma falta descarada, para amarelo sobre o Talisca, que não foi assinalada... aliás, logo a seguir, outra falta não assinalada sobre o Maxi, ia dando outro lance de perigo...
Esta semana, assistimos a uma das mais vergonhosas campanhas de apoio a um Clube, contra o outro, em toda a (des)comunicação social desportiva. A forma como foi branqueada, a humilhante derrota por 6-1 em Munique, dos Corruptos, foi vergonhosa. Todos os profissionais, ditos independentes, deviam corar de vergonha, pela maneira como contribuíram para a motivação Corrupta, para o jogo da Luz... E agora, no final da partida, parece que vai começar outra lenga-lenga: "o Benfica não jogou nada, o Benfica não quis ganhar, os Corruptos é que jogaram para ganhar"!!! É assim em Portugal que se constroem mitos... Flopetegui, com um investimento brutal, arrisca-se a chegar ao fim da época, sem um único título... Talvez por isso, o nervosismo no final do jogo, era grande... E o Benfica, desinvestindo, arrisca-se a ser Bicampeão!!!
Nada está decidido. Só dependemos de nós. Podemos perder um jogo, nestas últimas 4 jornadas. Mas a melhor gestão, é vencer todas as partidas, a começar por Barcelos. Não podemos arriscar ir a Guimarães na penúltima jornada, a precisar dos 3 pontos. Não podemos voltar a dar esperança aos Corruptos.
Não temos jogadores castigados para a próxima jornada. Espero que o Salvio recupere, será muito importante... Apesar da posição do Gil Vicente na tabela, o jogo irá ser complicadíssimo... ainda nesta jornada o Soares Dias, resolver dar uma nova vida ao Gil (coincidência ter sido na véspera do jogo com o Benfica!!!), assinalando dois penalty's a favor do Gil, na vitória por 1-2 em Coimbra!!! Além dos obstáculos normais, não podemos desvalorizar o efeito: 'homem da mala'!!! O Gil está na luta pela permanência nem deve precisar de muitos incentivos (além disso, o Gil é dos clubes que paga 'bem'), agora em Guimarães...
Hoje foi um jogo de marcas especiais: o Jesus como treinador com mais jogos no campeonato; o Luisão, isolado no número de jogos como Capitão; o fim da série sempre a marcar na Luz... Mas no final, a única coisa que conta verdadeiramente, será o título de Campeão!!!
PS1: Morreu hoje, José António Martinez, ex-Presidente da Assembleia Geral do Benfica, os meus pêsames à família.
PS2: Os nossos Campeões do Hóquei em Patins estiveram hoje no relvado, onde receberam uma justa ovação. Mas ainda falta a Taça, para a época ser excelente...
PS3: Em boa hora o Presidente, deixou uma mensagem. Aos adeptos e aos jogadores!!! Aqui fica:
"Ainda não ganhámos nada
Primeiro que tudo, quero agradecer a todos os sócios e adeptos que hoje estiveram no Estádio da Luz a galvanizar a equipa, fazendo-me lembrar dos meus tempos de menino e moço. Um ambiente fantástico e fascinante!
As condições estão criadas para continuarmos juntos, mas há que ter sempre presente que o jogo mais importante é o próximo. Ainda não ganhámos nada, há que respeitar todos adversários como sempre e hoje estiveram em campo três grandes equipas. Não vamos entrar em euforias desmedidas, bem pelo contrário No sábado temos mais um jogo, e vamos encará-lo treino a treino, com seriedade. Acreditem que vamos dar tudo para conseguir mais uma vitória. Estejam lá!
Até ser matematicamente possível, ou já impossível, temos de encarar todos os jogos assim! Estarmos com os pés bem assentes no chão, com humildade, e sempre juntos! Não vai ser fácil. Faltam conquistar nove pontos para sermos Campeões. O próximo jogo, com o Gil Vicente, vai ser mais difícil que este. Obrigado mais uma vez pela forma como apoiaram a equipa."