"Partindo-se do princípio de que o contrato de Lpetegui será para cumprir, é o que ouço dizer, a porta de saída abriu-se a Ricardo Quaresma...
Quando o FC Porto resolveu avançar para a contratação de Julen Lo-pe-te-gui (separo as sílabas de modo a evitar algum lapso motivado por pronúncia incorrecta) não sei o que viu nele de especial, nem o que lhe pediu em relação a metas a ultrapassar, assim como é do meu total desconhecimento, obviamente, o que lhe terá contado acerca do futebol português, sobretudo no que se refere aos seus aspectos mais particulares...
Não está em causa o volume de conhecimento que carrega, muito menos a sua competência para o exercício da função, mas depois da precipitação com Paulo Fonseca, como se fosse a descoberta de um tesouro onde os restantes só enxergavam calhaus, optar pelo treinador espanhol parece-me ter sido outra aposta mal calculada, na medida em que era deficitária a experiência em clubes de Primeira Divisão, não obstante os excelentes desempenhos nas selecções de formação de Espanha, com o registo de dois títulos europeus, sub-19 e sub-21.
Talvez seja uma réplica de Carlos Queiroz, mais vocacionado para trabalhar junto de federações, em quadros de menor complexidade, e pouco afeito à elevada exigência quotidiana de clubes de topo. Não sei se assim será, mas, pelo que se obervou até agora, desconfio que sim. Lopetegui talvez acuse impreparação para enfrentar uma realidade cruel e brutal na pressão que exerce sobre os actores. É evidente a sua dificuldade quando enfrenta situações que lhe são desfavoráveis. Nem sequer trago à colação o bate boca com Jesus no final do clássico, mas considero ter-se tratado de mais um exemplo em que emergiu a fragilidade emocional do treinador espanhol em cenários de crise. O que explicará, afinal, o seu exagero no verbo e a tendência para distribuir responsabilidades por terceiros em face das decisões que toma.
Foi a sua repetida teimosia nas rotatividades, aliás, que o conduziu à construção de uma equipa que não foi peixe nem carne na Luz, carecida de alma para atacar um jogo que sabia estar obrigada a vencer. Lopetegui falhou, outra vez. No entanto, nem uma frase, uma palavra, sequer, se assunção do erro. Fez tudo bem, como teima em proclamar, quer ganhe, quer perca. Basta uma visita breve às declarações por ele produzidas a propósito do Benfica-FC Porto. Quem fizer o favor de dar-se a esse trabalho, testemunha que em circunstância nenhuma admitiu o engano, apesar daquele abraço de Ricardo Quaresma a Jorge Jesus, espécie de golpe mortal na prosápia lopeteguiana e demonstração que a prendada organização portista de infalível revela cada vez menos... De toda a maneira, é minha convicção de que depois do referido abraço alguma coisa irá acontecer. Partindo-se do princípio que o contrato de Lopetegui será para cumprir, é o que se ouve dizer, a porta de saída abriu-se a Quaresma...
Palavras sábias de Luís Filipe Vieira ao cortar pela raiz entusiasmos que não se recomendam numa altura em que o título ficou apenas mais próximo. Em rigor, faltam disputar quatro jornadas e discutir doze pontos até à concretização do objectivo: o bicampeonato. Proeza que o emblema da águia não alcança há mais de 30 anos.
O presidente benfiquista sabe do que fala por conhecer como ninguém todos os cantos do problema, desde o investimento deito no enriquecimento da estrutura do futebol e da melhoria nas condições de trabalho, até modéstia na contrapartida que era razoável esperar em termos de títulos e do preenchimento do lugar que lhe cabe ocupar na elite mundial, por força do seu prestígio e da sua história. Os dois falhanços na confrontação directa com o FC Porto durante o consulado de Vítor Pereira corresponderam a dois campeonatos desperdiçados por causa de comprometedores excessos de confiança e de euforias disparatadas em consequência de nada. É isso que Vieira que evitar. É por isso que Vieira, com o recato que tanto preza, continua a representar a garantia de estabilidade em todos os momentos, zelando para que mais imprevistos não voltem a perturbar o normal desenvolvimento do grandioso projecto que idealizou para o Benfica."
Fernando Guerra, in A Bola
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