Últimas indefectivações

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Talvez 'burnout' nunca 'brunout'

"Ao fim da manhã de ontem, o plantel do Sporting ainda discutia o que considerava ser uma angustiante persistência do seu presidente, que continuava a impor a reiterada do famoso post de reposta dos jogadores e exigia um pedido formal de desculpas.
Julgavam, os jogadores, leoninos, que tinham sido em vão as intervenções de diversas figuras públicas afectas ao Sporting e, sobretudo, as intervenções pacificadoras do treinador e do team manager do clube. Porém, ao fim da tarde, surgia uma novidade inesperada. Uma comunicado oficial dava conta de que tinham sido levantados os famigerados processos disciplinares aos jogadores, sem mais exigências.
O próprio comunicado admitia que se tratava de um recuo significativo e explicava que essa mudança do presidente e de toda a comissão executiva assentava na ideia de que, apesar de entenderem a resposta dos jogadores como uma atitude incorrecta, davam agora um passo atrás para que os jogadores, em campo, pudessem dar vários passos à frente.
Explicando: a comissão executiva e o presidente passavam aos jogadores a batata quente para, em caso de alguma coisa de mal acontecer, que fossem eles a queimar as mãos e os pés. Esta terá sido, aliás, a forma inquieta como os jogadores leram o comunicado. E terão ficado com uma certeza: Mesmo que o presidente sofra de burnout, pela inevitável fadiga psicológica de um stress permanente em que se tem envolvido, a consequência nunca será a de um brunout. Pelo menos, por iniciativa própria. Bruno de Carvalho só sairá da presidência do Sporting se for mesmo obrigado a sair."

Vítor Serpa, in A Bola

Luz decide 'estofo'...

"Título nas mãos se houver vencedor... BdC: «Miúdos mimados». Graúdo destrambelhado

Jogo do titulo? Fico-me por talvez... Se-lo-á, quase de certeza, se houver vencedor. Não se empatarem - o que, como é óbvio, nadinha tem de impossível... Dia de definir estofo de campeão.
Benfica vitorioso: 4 pontos de vantagem (5 em eventual caso de desempate), a 4 passadas da meta. Ou seja: folga para até poder ser derrotado em Alvalade... se, antes, na outra deslocação que lhe falta (Estoril), não iniciar suicídio tendo o título nas mãos.
FC Porto triunfante: avanço de 2 pontos (3 para desempate) e... fortíssimo tónico anímico! Terá de ir a casa do Marítimo e à do V. Guimarães (alguém, estando à frente, perde campeonato no último dia?!), mas um Benfica psicologicamente devastado por desaire na Luz muito dificilmente resistiria em Alvalade a Sporting dando o litro para atingir o 2.º lugar. FC Porto vitorioso na Luz, mais de dois terços da ponta final para ser campeão.
Empate: absoluta indefinição. Diferença mantida num pontinho, enormíssimo peso sobre Marítimo-FC Porto e, muito provavelmente, sobretudo, sobre o Sporting-Benfica.
Vai ser jogão! Cartas na mesa...

Trunfos do Benfica
- Estádio da Luz, 60 mil galvanizando a sua equipa para decisivo êxito. Equipa e adeptos vendo o tão ambicionado penta ali ao virar de hora e meia! Subitamente, no fecho de temporada que esteve tão marcada por sucessivos fiascos (Europa e Taças nacionais) e na qual, por isso, o máximo objectivo chegou a parecer... impossível.
- Velocidade atacante pelos flancos, amiúde, nos dias sim, com estupendas triangulações rasgando defesas.
- Jonas podendo confirmar-se, em dia D, como o mais decisivo jogador do campeonato...

Trunfos do FC Porto
. Num confronto decerto faiscante, e talvez com relvado pesado, muito superior capacidade atlética (estatura, peso, poder de choque). De Felipe, Marcado e Alex a Soares e Aboubakar (também o ultra possante e veloz Marega já disponível?), passando por Herrera e Sérgio Oliveira, musculada/intensa energia e fortíssima nas bolas por alto, ao qual o Benfica, a esse nível, poderá contrapor apenas parte da zona defensiva: André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Fejsa (defesas centrais e médio deles mais próximo atingiram limite de cartões amarelos; e só com imensa sorte não o ultrapassaram em Setúbal... - ou as muito prováveis consequências para visita ao Estoril...).
- Categoria, com enormíssima experiência de Casillas - até adquiriu hábito de muito brilhar na Luz.

Bruno de Carvalho: alucinante sprint para autodestruição. Surpresa não é... Mas é mesmo obra a sua escolha dos momentos exactamente mais inadequados para braços de ferro que colocaram o Sporting em convulsão, primeiro, e, agora, à beirinha do caos! Aberrante! A meia centena de sócios, muitos deles prestigiadíssimos, que apontou como vis sportingados!; e as imediatas AG's como prova de força (que despropósito, desde logo no tempo de as fazer!; não poderia esperar pelo final da época de futebol?; não, pois sempre coloca máxima importância no eu... - nem teve pejo em, então, chamar incompetentes ao presidente da AG!).
Agora, fim da picada! Mais criticas públicas a jogadores, responsabilizando 6 por derrota em Madrid, incluindo requinte de pormenores técnicos... (quem é o treinador?!); reacção do plantel decerto porque copo transbordou...; e imediata/fulgurante decisão: todos suspensos (BdC é todo o comando directivo da SAD e do seu futebol!?; sim, para quem entende que eu sou o Sporting - vide, não só mas também, gala adiada por casamento presidencial...; e futura paternidade vibrantemente anunciada num jogo em Alvalade. Depois queixa-se de sofrimentos sem fim atingido a sua vida privada). O rol de desconchavos aproxima-se de... infinito. Os últimos (?): o longo discurso na AR, atacando todos os presentes - Federação, Liga, Sindicato de Jogadores, deputados... (estes pensarão: e foi para isto que fizemos esta reunião!); e o discurso pós vitória sobre P. Ferreira: destratando sócios e jornalistas, pura e simplesmente patético, sempre no eu vítima do mundo!
Sporting metido num berbicacho monumental, nunca antes visto! Exclusiva culpa do egocêntrico BdC (perdão, também dos sócios que lhe reforçaram o ego amplamente aprovando novos Estatutos, com órgão presidente, e Regulamento Disciplinar contra sócios discordantes).
«Miúdos mimados», atirou aos jogadores um (cá para mim) graúdo destrambelhado.
Que o Sporting ganhe ao Atlético de Madrid. E, de seguida, ponha ordem na sua casa."

Santos Neves, in A Bola

Efeitos da crise

"1. É quase impossível por estes dias distinguir o que é verdade e o que é contra-informação para perceber o que esteve na origem do comportamento suicida de Bruno de Carvalho no espaço de apenas alguns dias. Mas se porventura foi o de forçar a saída de Jorge Jesus, o tiro saiu pela culatra: mesmo que seja eliminado da Liga Europa (como acredito que irá acontecer hoje), da Taça de Portugal (aí já tenho dúvidas porque o 0-1 do Dragão é perfeitamente ultrapassável) e mais uma vez não ganhe o campeonato (com a agravante de o terceiro lugar, que o Sporting ocupa actualmente, não valer uma entrada na Champions, o treinador ganhou duas coisas nesta crise: legitimidade para cumprir o ano de contrato que lhe falta e uma enorme desculpa: foi a instabilidade criada por Bruno de Carvalho que não permitiu aos leões irem mais além. Mesmo que não seja bem assim, é essa a narrativa que será construída.
2. Do atentado de BdC, o pior terá sido aquele que foi feito a Fábio Coentrão, com implicações para a Selecção Nacional, caso o divórcio venha a confirmar-se (a revogação dos processos disciplinares é hoje uma realidade, mas nunca se sabe o dia de amanhã...): mesmo que o episódio da saída forçada dos eleitos de Fernando Santos nos jogos com o Egipto e Holanda não tenha caído bem na Federação, o esquerdino cedido pelo Real Madrid arriscava-se a ser titular devido à lesão de Raphael Guerreiro e à (estranha) acusação do Dortmund de pouco profissionalismo do luso-francês. Do nada, o campeão da Europa corre o risco de não ter dois laterais-esquerdos de elite. É grave.
3. A obra da Roma (como a do Mónaco na época passada) em chegar às meias-finais deve levar a equipas portugueses a seguir o sonho de voltar a chegar longe na Champions. É muito difícil, mas não impossível. Eusébio Di Francesco é o nosso Leonardo Jardim. Com a simpatia de se chamar assim em homenagem do pai dele ao pantera negra."

Fernando Urbano, in A Bola

Os senhores idiotas, os senhores imbecis e o gordinho

"Senhores idiotas e senhores imbecis: Estão a estragar crianças, futuros homens e, à vossa escala, um bocadinho do Mundo.

meia dúzia de semanas, num jogo de futebol juvenil, ouvi um rapazola de 13 anos desabafar, entre dentes e com voz de quem tinha uma goma ursinho entalada na garganta: “Agora já nem uma finta posso tentar? Para isso, vou para casa”. Isto foi imediatamente depois de este mini-jogador ter tentado fazer uma finta mais complexa: uma mistura de “letra” com “elástico”. E aqui entre nós: se ele tem conseguido fazer aquilo, seria um nó dos diabos!
De pulmões feitos, o treinador – que a partir daqui podemos passar a chamar “senhor idiota” – mostrou que não gostou daquela perda de bola e mandou o rapaz para o banco. Na bancada, gostaram menos ainda. Foi o próprio pai – que podemos passar a chamar “senhor imbecil” – do rapaz quem gritou: “Mas isto aqui é o giroflé? Passa ao teu colega e deixa-te de paneleirices com a bola”. 
Desculpem? Percebi bem? As obrigações tácticas e resultadistas estão à frente da importância que tem, para aquele mini-jogador, tentar reproduzir a finta que viu, na televisão ou no Youtube, o seu ídolo fazer no último jogo? Infelizmente, estão.
Até porque aqueles senhores imbecis consideram ter lá em casa, a viver no quarto ao lado, vestindo um pijama às riscas, um potencial Ronaldo que lhes valerá uma vida descansada. A premissa “Pai, sou feliz a jogar, apesar de não ter jeito nenhum para isto” não lhes chega. E esta, sim, deveria ser a prioridade de qualquer pai que não queira ser um senhor imbecil.

Vá, chama lá o gordinho, que o jogo já está perdido
Outra história: há poucos dias, num jogo de iniciados, um rapaz roliço e com peso a mais para poder jogar melhor do que os outros, entrou em campo. Faltavam menos de três minutos para terminar o jogo. Em que Mundo estamos? Não sei se quero viver num Mundo em que o mais gordinho da equipa só entra a dois minutos do fim, porque, entrando mais cedo, pode prejudicar a possibilidade de ganhar o jogo. Mas ele lá foi, contente, tocar duas vezes na bola. E, no fim, sorridente, ainda disse para um colega: “Desta vez, pelo menos, ainda pude entrar”.
Os treinad... perdão, os senhores idiotas tentam, cada vez mais cedo, incutir naqueles jovens a maturidade competitiva e táctica que pode fazê-los chegar longe e que pode, naquele jogo em concreto, valer uma vitória. Mas que porra vale uma vitória naqueles jogos??? É importante fomentar o espírito competitivo e a vontade de ganhar? Claro! Mas isso é mais importante do que pôr o mais gordinho a jogar? É mais importante do que dar aos rapazes liberdade para tentarem fintas e golos impossíveis? Nunca! Se for, algo está muito mal no futebol e no crescimento destas crianças. E o problema é que está mesmo.
Aqueles rapazes, seguindo os senhores idiotas que deixam o gordinho de fora, já veem o futebol com o objectivo de ganhar e não com a intenção de passarem 60, 70 ou 80 minutos de pura diversão e alegria. Isto está patente também nas manhas que já quase todos usam. É triste ver um daqueles rapazes perder tempo, quando a equipa deles está a ganhar. Oh puto, isto é para jogar, caramba! Não é suposto aproveitares cada minuto? É que amanhã de manhã já é segunda-feira e vais outra vez para a escola aturar a chata da professora de Matemática e, aí, vais desejar estar neste relvado. Mas, quando cá estiveste, andaste, propositadamente, a queimar tempo de jogo.
E não sejamos injustos: é claro que eles reproduzem o antijogo e as manhas que veem os ídolos fazerem na televisão. Isso é natural. O que não é natural é ver os senhores idiotas e os senhores imbecis não só a não porem travão a isso como a serem, eles próprios, os primeiros a dizer aos atletas mais honestos: “Epá, não vás buscar a bola a correr! Queres ir longe a ser anjinho?” ou “Se não te atiras para o chão, como é que queres ganhar faltas?”.

O chavalo aos gritos
É bizarro – e revoltante, também – ver um chavalo de 1,40m a gritar, com o ar mais ameaçador que a sua carinha imberbe permite, com um árbitro que não marcou uma falta. Aqui, entra também a sensibilidade do árbitro, algo que nem sempre existe:
- Opção 1: gerir a situação, com diálogo, mesmo que isso implique perder dois minutos de jogo numa conversa. Se resultar, óptimo. Se não resultar, aconselhar o treinador a tirá-lo do jogo e rezar para que o treinador seja um homem e não um senhor idiota.
- Opção 2: tratar aquela criança como um jogador sénior que ela ainda não é e espetar-lhe com um cartão vermelho nas ventas. Sem direito a conversa. Vá, comece a andar para o banhinho, rapazola, que os seus amigos já vão lá ter.
O mais grave é que não é injusto dizer que estes jovens são incitados pelos próprios pais – ups, já tínhamos combinado chamar-lhes “senhores imbecis” – a insultar e provocar os adversários (para estes senhores imbecis, o conceito de adversário engloba também a equipa de arbitragem). São muitas as situações em que os senhores imbecis, para além dos insultos em nome próprio, gritam para o relvado coisas como: “O gajo deu-te uma paulada, dá-lhe também!” ou “Manda o árbitro p’ó car****, que ele só faz mer**”.
Senhores idiotas e senhores imbecis: estão a estragar o futebol. Estão a estragar crianças. Estão a estragar futuros homens. Estão a estragar, à vossa escala, um bocadinho do Mundo.

Nota: Não deveria ser preciso incluir esta nota, mas, nestes tempos de "ofendidismo", todo o cuidado é pouco. Os “senhores idiotas” e “senhores imbecis” estão caricaturados como treinadores e pais com os comportamentos reprováveis acima descritos. Felizmente, treinadores e pais existem que olham para aquelas manhãs de domingo como o momento de alegria na semana dos seus mini-jogadores e como, para eles próprios, uma manhã divertida em que fazem algo pelas crianças. Transportam até ao campo, apoiam, gritam por ele e, no fim, abraçam. Com um suminho e uma bucha prestes a serem sacados da mochila."

Penáltis são com as águias... mas o Dragão não os sofre

"O Benfica manteve a liderança após a jornada 29, depois de ter ganho em Setúbal (2-1), em cima do final, fruto de um penálti devidamente cobrado por Jiménez. Num momento de enorme importância, o mexicano não tremeu, atirou com confiança e ofereceu a vitória à sua equipa. Assim, mercê deste desfecho, as águias garantiram que, após o duelo caseiro com o FC Porto – no próximo domingo –, só não manterão o comando da classificação em caso de derrota.
O aproveitamento dos penáltis pode, de facto, ser uma grande ajuda quando se fazem as contas a uma época longa e equilibrada. E os encarnados, até à data, têm razões para sorrir neste particular: são o conjunto que beneficiou de mais castigos (10) dentro da grande contrária; desperdiçaram apenas dois (um, no Restelo, teve impacto negativo, pois a equipa não foi além do empate) e apenas viram os árbitros assinalar um contra si (que o vimaranense Tallo desperdiçou).
O Benfica beneficiou de 12,5% dos 80 penáltis assinalados na Liga. Chaves e V. Guimarães, no segundo lugar da lista, contam com sete a favor, sendo que FC Porto e Sporting contabilizam somente cinco, metade das águias. Bem pior, contudo, está o Marítimo, já que os insulares ainda não tiveram um único! Mas, beneficiar de penáltis e não os aproveitar... não serve de nada. O Benfica, por Jonas, deitou fora 20% das oportunidades, mas o Boavista ao errar cinco em seis (83,33%) está a ameaçar tornar-se um caso de estudo. Aliás, na última jornada, o falhanço de David Simão custou a derrota em Moreira de Cónegos.
O V. Guimarães é o emblema mais castigado com penáltis (8), enquanto no polo contrário segue o FC Porto, a única equipa que não sabe o que é um castigo máximo contra.

Sabia que...
- O Aves está a viver a pior fase na temporada?
O conjunto nortenho perdeu os derradeiros quatro jogos.
- O Benfica é a única equipa que tem uma sequência de vitórias activa?
O conjunto da Luz ganhou os últimos nove duelos, apontando sempre um mínimo de dois golos. De resto, não há mais nenhum emblema que tenha ganho, no mínimo, as duas derradeiras jornadas.
- Não houve expulsões na ronda 29?
Foi a segunda vez que tal se verificou esta temporada, a primeira ocorreu na jornada 21.
- Uma partida entre equipas ‘alérgicas’ a empates acabou... 2-2?
Com efeito, o Feirense-Sp. Braga teve o desfecho mais improvável. É que antes de entrarem em campo, os locais só tinham tido dois empates e os minhotos... um!
- Feirense e Moreirense ainda não tiveram uma ronda sem cartões?
Restam cinco jornadas para ver se interrompem esta série... ‘amarelada’."

Os “desempenhos globalmente positivos” dos árbitros na 29ª jornada da Liga, (...)

"Depois de uma pausa sabática, regressamos hoje ao ópio do povo, que é como quem diz... analisamos de seguida algumas das decisões dos árbitros nos jogos dos três eternos candidatos ao título.
Apesar do campeonato profissional contar com nove jogos por jornada, esta crónica jamais sobreviveria se apenas se referisse às arbitragens das seis partidas onde não estiveram Porto, Sporting e Benfica.
Não deixa de ser curioso que aqueles que tanto criticam o protagonismo dado pela imprensa aos três grandes sejam exactamente os mesmos que lhes dão audiências em permanência, consumindo avidamente tudo o que lhes diga respeito (e ignorando tudo o resto). Afinal a culpa é de quem? De quem vende o produto... ou de quem o compra?
Mas como o povo é quem mais ordena, façamos-lhe a vontade e olhemos então para as arbitragens dos jogos do Bonfim, Dragão e Alvalade.
Luis Godinho, Nuno Almeida e Bruno Esteves - por essa ordem - tiveram desempenhos globalmente positivos. Os três primeiros classificados da Liga venceram as suas partidas e quando assim é, o ruído exterior não atinge mínimos preocupantes para a imagem da competição.
As arbitragens foram na mesma linha: decisões técnicas quase sempre corretas, personalidade forte, boa presença física e demasiada permissividade disciplinar.
Em Setúbal, Luis Godinho - árbitro em crescendo e com enorme potencial - dirigiu jogo com várias certezas e uma enorme dúvida. Mas vamos por partes.
Capítulo disciplinar: Fejsa, Wallyson e Arnold tiveram abordagens negligentes e escaparam ao amarelo. Pior apenas esteve Rúben Dias, que conseguiu terminar o jogo sem ser expulso. Depois de ter sido advertido com justiça, o central encarnado teve duas entradas sucessivas (aos 74' e 76') sobre André Pereira, sendo que no mínimo a segunda justificava nova cartolina amarela.
Tecnicamente: Rúben Dias sofreu carga de André Pereira antes de agarrar a camisola daquele (falta atacante antes de ser penálti); Salvio foi mesmo puxado, no ombro, pela mão direita de Luis Filipe. A dramatização da queda "a duas velocidades" não omitiu a sua causa primeira, que foi a infracção do defesa vitoriano; e apenas não ficou claro - porque o operador entendeu não dar qualquer repetição do lance - uma jogada muito rápida na área encarnada (22' da 1ª parte) em que Semedo caiu após disputa de bola com Zivkovic. Apesar de só termos percepcionado uma imagem corrida e horas depois do apito final, ficámos com dúvidas sobre a legalidade da intervenção do extremo encarnado.
No Dragão, Nuno Almeida, árbitro experiente e com qualidade, esteve bem tecnicamente mas generoso disciplinarmente: o penálti de Tissone sobre Ricardo Pereira foi indiscutível e não houve mão deliberada de Diego Galo, após cabeceamento do lateral azul e branco.
De resto, Herrera devia ter sido advertido pelo mesmo motivo que Rodrigo acabou por ser mais tarde (falta profissional, a travar saída para contra-ataque); Soares empurrou ostensivamente um adversário quando a bola estava muito longe de ser disputada (antes o avançado brasileiro já tinha pisado, com negligência, o calcanhar de Ponck); Braga viu bem o amarelo por entrada duríssima sobre Sérgio Oliveira; Nildo devia ter sido advertido após derrubar Hernâni em lance promissor; e Derley carregou Filipe, pontapeou a bola para longe, protestou com o árbitro algarvio... e escapou à advertência.
Ter a autoridade colocada em causa é uma das poucas situações de jogo em que um árbitro não pode gerir nem facilitar.
Em Alvalade, actuação algo intermitente de um árbitro experiente e habitualmente seguríssimo. 
Acuna cortou jogada prometedora e escapou ao amarelo (falta sobre Xavier); Bas Dost marcou nas alturas num lance em que colocou a mão no ombro de Filipe Ferreira: percebe-se e aceita-se a amplitude da interpretação de Bruno Esteves; Assis e Coates entraram em contacto mútuo (na área do Paços), em lance bem analisado pelo juiz de Setúbal; Miguel Vieira escapou a amarelo obrigatório após entrada duríssima sobre Battaglia; Bruno Fernandes deixou-se cair após sentir o contacto legal de Assis; golo invalidado a Bas Dost com dezenas de pontos de interrogação: a enorme dificuldade de interpretação daquele instantâneo justifica que se aceite como boa a decisão do árbitro assistente, sendo certo que em lance de dúvida (como foi aquele)... a indicação é para não punir; por último, Assis terá tocado, com o joelho direito, na perna esquerda de Palhinha e terá sido isso que levou o jovem do Sporting a tropeçar em si próprio. Visto à lupa, pareceu mesmo penálti. 
E pronto. É isto.
Fica o escrutínio escrito, minucioso, quase maldoso, calibrado pelo que se viu e reviu (exaustivamente) nas várias imagens e repetições televisivas. Tal como o povo gosta porque é assim que o povo percepciona os jogos.
Dentro dessa caixa mágica que teoriza um jogo que na realidade é bem diferente, com intensidades distintas, dinâmicas aceitáveis e choques compreensíveis.
Só sabe disso quem já pisou um relvado."


PS: O cronista continua a saga: eu sou do Benfica, mas a minha opinião é independente!!!
Então se o Rúben devia ter sido expulso, porque é que o cronista tem medo de afirmar que o Soares devia ter sido expulso?! Refere um empurrão sem bola, e uma pisadela negligente, mas omite a conclusão óbvia: duplo Amarelo!
É este tipo de canalhices intelectuais que me irrita profundamente...!!!

Um mal nunca vem só

"Nenhum investidor gosta de incerteza. Vender 30 milhões de euros em dívida de um clube sem rei nem roque é uma tarefa se não impossível, pelo menos muito mais onerosa. O comunicado da SAD do Sporting ao mercado a informar sobre o adiamento da emissão prevista para o próximo mês, divulgado ontem, revela um bom senso que tem faltado a Bruno de Carvalho. Terá sido uma iniciativa dos próprios bancos que iriam assessorar a operação?
Não se realizando a oferta, não haverá dinheiro para reembolsar uma outra emissão feita em Maio de 2015. Há, por isso, outro ponto do comunicado onde se avisa que a SAD irá propor o adiamento do reembolso de 30 milhões de euros de maio para Novembro, ou até mais tarde. Ou seja, a SAD não será capaz de pagar a horas. Para que este adiamento se materialize será necessário que uma maioria dos investidores que compraram aquelas obrigações aceitem, numa assembleia convocada para o efeito, receber mais tarde. Não havendo fundos alternativos para o pagamento, é o que acontecerá. 
Ainda que existindo estas circunstâncias objectivas, o resto do comunicado da SAD é essencialmente um exercício de chantagem e pressão. Numa linha, o sumário do texto podia ser: a convocatória de uma assembleia geral em desafio à actual liderança prejudicará de forma grave a situação financeira do Sporting. Por isso, opositores, abstenham-se de o fazer.
O recado tem entre os destinatários o maior accionista da SAD, Álvaro Sobrinho, que através da Holdimo emitiu um comunicado a defender a realização de uma assembleia geral, mostrando preocupação com o "prejuízo para os activos da sociedade". Bruno Carvalho devolve a acusação: quem quer prejudicar o clube é quem pede a reunião magna.
A verdade é que até ao momento, e pese embora a enxurrada de declarações nesse sentido, não está oficialmente convocada qualquer assembleia geral de accionistas.
Sendo verdade que a instabilidade prejudica a emissão de dívida, querer fazer-nos acreditar que ela se deve não às acções do próprio presidente mas a "tomadas de posição públicas por terceiros" é um acto de propaganda estéril. Ninguém tem dúvidas sobre o epicentro do terramoto que abala Alvalade.
O que os sportinguistas descobriram é que Bruno de Carvalho, que conseguiu até lucros recorde e uma expressiva redução da dívida, não só fragilizou a capacidade competitiva de uma equipa ainda com títulos para disputar como expôs o clube e a SAD a uma incerteza financeira desnecessária. Dois males, e dos grandes, de uma assentada."


PS1: Como é que é?! Lucros recorde?! Expressiva redução da divida?! A sério?!

PS2: Só mesmo o Rascord, para colocar um crónica online, sem referir o autor da mesma!!!

As noticias da morte de BdC são manifestamente exageradas

"Bruno de Carvalho, a fazer fé nos vários boletins clínicos emitidos por especialistas de natureza distinta, está doente – parece que até muito doente – e há quem anuncie já a sua morte. No cargo, claro.
Ora, eu não sou cego nem acrítico perante o que se tem passado e torna-se evidente que o presidente do Sporting cometeu uma série de erros, muitos deles desnecessários, mesmo patéticos, e é ele o responsável principal pela difícil situação em que se encontra. Não sei se Bruno de Carvalho tem consciência plena desse facto – é muito importante que tenha – para ser parte da solução e não do problema.
O Sporting, instituição com mais de 100 anos,sobreviverá, com toda a certeza, sem a liderança actual e talvez no lamentável jogo de bailado nos em bicos de pés dos últimos dias surja mesmo uma alternativa sólida e credível. Se surgir deverá ser o próprio BdC a saber sair de cena e abrir espaço para a afirmação de um novo chefe. Mas não por decreto, procedimento administrativo ou pressão nas e das tv’s. O que se tem visto até agora é um desfile de notáveis – uns bafientos, outros cristão novos – que estão mais interessados em servir-se do Sporting do que em servir o Sporting. E, noutro plano, o accionista de "referência" da SAD já o estará a fazer.
Mas não há homens providenciais. Se quer continuar como presidente e legitimar mesmo a seu caminho, Bruno de Carvalho não precisa de ir a eleições mas tem que mudar sem perder a matriz. Tem que ter a humildade e a inteligência de mudar. Não sairá diminuído com isso. Nunca sairia e no tempo presente, de memória tão curta, ainda menos.
Olhando para o quadro uma semana depois, ele ainda é a melhor solução. Não a menos má. Este processo pode ser uma lição. Será capaz de a aprender? As dúvidas são legítimas, mas cabe-lhe responder inequivocamente. No imediato necessita de paz (verdadeira e não podre) com a equipa de futebol – e deu um passo sensato – necessita de desenhar e anunciar um novo projecto para esta área chave do clube – com Jorge Jesus – e em termos gerais redefinir o modelo da gestão do Sporting de modo a torná-lo mais profissional e menos presidencial. Não é apenas deixar o Facebook.
O próximo passo é um pedido de desculpas aos sócios. Sem ressentimentos. Se analisarmos o percurso de cinco anos como presidente do Sporting, e admitindo que possa estar ao mesmo tempo a viver uma situação emocional complexa – é difícil imaginar BdC a praticar um exercício de mea culpa. E há respeitados analistas que não acreditam que ele seja capaz de o fazer. É a natureza dele, insistem.
Pois, sejamos pragmáticos: ou o faz e tem futuro ou se mantém no seu labirinto e ficará na história como alguém que, após ter recuperado o clube, deitou tudo a perder. É simples.

A Champions precisa do VAR
A maior competição de clubes do Mundo não pode estar de costas voltadas para as novas tecnologias. Dois erros grosseiros, em Manchester e Madrid, não foram por si só as razões para a eliminação do City e da Juventus, mas ensombram desnecessariamente a carreira do Liverpool e do Real Madrid. De resto, dois anos e 500 milhões de euros depois, Pep Guardiola voltou a cair com estrondo e a eliminação mostra que o City ainda não é "uma equipa para a história", como insistentemente anunciaram analistas em todas as latitudes. Falta-lhe consistência e experiência. Pep volta a fracassar em Manchester depois de lhe ter acontecido o mesmo em Munique. Pior do que esta derrota, apesar de tudo entre iguais, foi a trágica eliminação do Barcelona em Roma. Campeão anunciado e favorito na Taça do Rei, o Barça precisava de voltar a ganhar na Europa. O desastre em Itália, com uma equipa anémica e Messi cansado pronunciaram a queda. O principal objectivo dos culés é agora que o rival Real Madrid não ganhe a Champions. Foi por um fio.

Jonas
A capacidade do Benfica para superar todos os obstáculos (já ninguém fala de Krovinovic) é uma das marcas de Rui Vitória, mas uma eventual ausência de Jonas seria, não só um problema para o campeão, como uma tristeza para quem gosta de futebol. O brasileiro, mais um caso de longevidade num avançado, tem sido letal, remetendo para o papel de auxiliar um jogador com o talento de Raúl Jiménez. Jonas adora o Benfica e sente-se reconhecido. Essa é uma parte do seu êxito.

Marega
A queda do FC Porto na Liga coincidiu com a saída de cena de Marega, pelo que o seu regresso tem, em termos simbólicos e efectivos, muita importância. Marega passou de patinho feio, dispensado ao V. Guimarães, a cisne, sendo um dos jogadores que melhor encarna o tipo de jogo – sempre em pressão e com a baliza nos olhos – de Sérgio Conceição. Será titular na Luz ou sairá do banco? Com ele o FC Porto é melhor e mais perigoso."


PS: São Lagartos destes que nós precisamos: BdC Forever !!!

Empréstimos de jogadores

"Desde que vejo futebol (há umas boas décadas) que me lembro de haver empréstimos de jogadores entre clubes de futebol.
Recordo situações que aconteceram nos anos 50, quando o Sporting fez digressões ao estrangeiro, em que se reforçou, apenas para elas, com internacionais de outros clubes, concretamente Ben David (ponta de lança do Atlético) e Hernâni (do FC Porto).
Mais recentemente foi muito badalado o empréstimo de Pepe (então a despontar no Marítimo), que jogou seis meses no Sporting, visando eventual negócio que não chegou a concretizar-se.
Os empréstimos aconteciam mediante acordo entre os clubes incluindo (tal como agora) cláusulas relativas ao pagamento dos honorários dos jogadores, mas sem restrições quanto à utilização contra o cedente. O sistema começou a ser furado por simples "acordos de cavalheiros", quer explícitos, quer sob a capa de lesões, indisposições ou outras ocorrências, em regra "súbitas", que os impediam de jogar.
As regras estão agora bem definidas: permitem empréstimos a clubes do mesmo escalão, mas não a sua utilização contra o detentor do passe; e impõem limites ao número de cedências entre clubes e ao número de emprestados que cada um pode receber.
A situação é clara, embora se nos afigure pouco justa: os jogadores cedidos vão, normalmente, reforçar equipas menos apetrechadas, contribuindo para criar dificuldades aos concorrentes do empregador, frequentemente roubando-lhes pontos (2 por empate, por exemplo), enquanto amealham o pontinho que tanto jeito faz na fuga à despromoção.
É claro que tudo acaba por ser mais ou menos equitativo na distribuição dos benefícios/prejuízos entre os interessados…
Em nosso entender, a forma mais justa de regular os empréstimos seria a de só serem autorizados entre clubes de divisões diferentes, pelo que a questão só iria pôr-se em jogos das Taças; e aí não haveria impedimentos, quer à utilização, quer a acordos que a limitassem. E seriam mais frequentes para o estrangeiro, onde os jogadores se valorizariam mais rapidamente.
Mas como não se pode fazer tudo de uma vez, já seria bastante bom se passasse a ser autorizado apenas um empréstimo entre dois clubes e os receptores não pudessem ter mais de 3 jogadores cedidos por clubes do mesmo escalão."

Ronaldo ovacionado

"Pasme-se! Raramente Ronaldo é ovacionado em casa por todos os adeptos, foi em Turim pelo estádio todo, pelo seu golo espectacular de pontapé de bicicleta.
Este domingo marcou mais um excelente golo ao Atlético de Madrid e alcançou o seu golo 40, esta temporada, em 37 jogos.
Apesar de ter um início de época titubeante e falhando vários jogos pelo castigo imposto, pode-se dizer que está, de novo, a fazer uma época espectacular.
Foi para ele uma semana inesquecível, para não dizer mágica. Ronaldo, quando foi substituído, para gerir o seu esforço e estar em forma aquando da visita da Juventus, teve nova ovação.
Ronaldo é um exemplo de perseverança. A rivalidade que tem com Messi faz recordar a rivalidade, na NBA, entre Magic Johnson dos Los Angeles Lakers e Larry Bird dos Boston Celtics. Actualmente, a rivalidade Federer e Nadal no ténis. Por vezes os grandes jogadores não têm rival , o caso de Pelé ou no basquetebol Michael Jordan.
Esta rivalidade no futebol provavelmente não se repetirá, o duelo Messi vs. Ronaldo eleva o futebol a lendário com duas lendas, que querem títulos e um superar o outro.
O golo de Ronaldo é um momento único no futebol, evidentemente, que houve outros golos de pontapé-de-bicicleta semelhantes, mas este é marcante. O golo marcado na Liga dos Campeões na baliza do eterno Buffon, contra a Juventus. O gesto técnico pela sua elegância, beleza, elevação, acerto, impulsão e plasticidade é memorável.
Depois pela reacção dos adeptos da Juventus baterem palmas de pé a aplaudir. O habitual é os adeptos das equipas adversárias de Ronaldo só apuparem e procurarem enervar Ronaldo, nunca batem palmas. Agradeço estar vivo e ter assistido a tão enorme momento que nunca esquecerei.
Este golo de Ronaldo tem-no procurado ao longo da sua carreira, mas nunca esmoreceu de o conseguir. Ronaldo, por vezes, tem comportamentos incompreensíveis e desajustados, ninguém é perfeito, todavia no computo geral é um exemplo para todos nós e um orgulho para os portugueses. 
Ronaldo pelo que fez já era imortal, mas agora subiu ao Céu. Procura superar-se sempre, não é um produto de laboratório como muitos apregoam, pois, tem muito talento, o resto é trabalho e confiança para alcançar o êxito.
Zidane conseguiu convencer Ronaldo que doseando o esforço pode manter-se ao mais alto nível por mais alguns anos.
E, nós aplaudimos, uma vez que queremos ver sempre fazer coisas que à primeira vista não parecem possíveis.
Esta quarta-feira a Juventus pregou um enorme susto ao Real Madrid, pelo que fez chegando ao 3-0 no Santiago Bernabéu não merecia ser eliminada. Ronaldo voltou a ser decisivo convertendo o penálti, mas não marcou a Buffon que foi expulso, e também ovacionado, por não concordar com a falta.
Ronaldo é assim, aparece sempre que o Real Madrid precisa, esperemos que aconteça o mesmo no Mundial para gáudio dos portugueses.
Ronaldo é sinónimo de golos, beleza, ambição e resultados."

Instalações desportivas

"1 - O que é afinal um recinto desportivo, uma instalação desportiva?
A forma como está colocada esta questão é propositada, pois o que poderia parecer não ser um problema no final da segunda década do Século XXI, ainda o é: o aparecimento de novas modalidades desportivas e novos modos de praticar exercício físico (seja individualmente, seja em equipa), tem feito surgir por vezes dúvidas sobre onde se joga ou compete. De quem é a responsabilidade de manutenção em segurança dos locais disponíveis para jogarmos, competirmos ou fazermos exercício físico, sozinhos ou acompanhados? Faz diferença nos deveres legais a cumprir, se pagarmos ou se simplesmente utilizarmos as instalações (ou espaços abertos) gratuitamente? É sempre obrigatório o registo de entrada nos locais? Estas e outras dúvidas assolam muitos dos utilizadores e até mesmo alguns proprietários. O curioso nesta análise é que podemos recuar mais de 20 anos, a 1997, e encontrar um Decreto-Lei que procurou regular o funcionamento das instalações desportivas de uso público, independentemente de a sua titularidade ser pública ou privada e visar ou não fins lucrativos. Com o detalhe de claramente distinguir três hipóteses (ou melhor, quatro…):
a) Instalações desportivas de base, que constituem o nível básico da rede para o desporto, agrupando-se em recreativas e formativas;
b) Instalações desportivas especializadas ou monodisciplinares; c) Instalações especiais para o espectáculo desportivo.

2- As preocupações com as leis a respeitar são as mesmas se praticar desporto num Ginásio, num Pavilhão, ou num Jardim Público?
Não. Para contextos diferentes, soluções diferentes, ainda que em alguns pontos comuns. A complexidade da matéria ficou desde então expressa, no preâmbulo do diploma legal em causa neste texto: à importância social do fenómeno acresce a diversificação e o incremento dos níveis de prática, factores que têm contribuído para a transformação dos serviços oferecidos pelos espaços desportivos, com o consequente aparecimento de maiores dificuldades para a actuação dos responsáveis pela condução das instalações."

Total - Cristiano Ronaldo

"A 31 de Maio de 2008, o jogador português mais conhecido do mundo, Cristiano Ronaldo, era a capa do Suplemento do maior jornal de desporto em França, o jornal L’Équipe. Seria esse o ano Ronaldo, era a questão, depois da Premier League, da Liga dos Campeões, a presença do jogador na Selecção Nacional, após as circunstâncias vividas quatro anos antes, sugeria a possibilidade da vingança após a derrota contra a Grécia, na final do Euro 2004, em Portugal, país organizador. Dez anos depois, Ronaldo continua a fazer as primeiras páginas dos jornais do desporto em todo o mundo, o seu talento e a sua forma a imporem-se perante todos. Como é possível? Como se explica semelhante fenómeno? Naturalmente, a impulsão, bem como a força, a resistência, o equilíbrio, a coordenação, não explicam tudo. De facto, não explicam nada. Tudo isso têm hoje todos os outros grandes jogadores.
Conhece-se a história. Nascido a 5 de Fevereiro de 1985, no Funchal, a origem do menino de génio, com génio e, por vezes, de mau génio, encontra-se na classe trabalhadora mais pobre. Do pai recolhe o modelo inicial, o gosto pela bola, da mãe recebe o apoio incondicional, a força e a determinação, do irmão a expressão viva dos perigos que rondam a adolescência à deriva. Nesse lugar de onde vem, o carácter é construído na dureza, nas margens da sociedade bem estabelecida, da afluência artificial do turismo. Se o seu lugar social é marcado pela periferia e a desvantagem, a rua é o centro da sua existência, o seu espaço de liberdade, o espaço onde a sua paixão pela bola não conhece limites. Na adversidade, forja o seu carácter: rebelde, desafiante, rufia. E, aí também, o seu destino – a saída.
A bola, que não larga, representa o mundo. Um mundo que tenta escapar ao seu controlo e que o menino se obstina em querer dominar. Nesse exercício, na relação com a bola, no confronto com os outros miúdos, desenvolve a capacidade de ensaiar tudo quanto lhe é sugerido, pelo movimento da bola, quantos vezes preciso, quantas vezes inesperado, persegue o seu domínio, insiste e depara com a descoberta constante das suas orientações, das suas manhas, das suas derivas e nisso reside parte do fascínio que a bola lhe desperta, que o prende, a satisfação que o seu controlo lhe proporciona. É que, enquanto se dedica ao jogo com a bola, vai conhecendo os caprichos, desenham-se geometrias e forças, os lances, arriscam-se toques e jogadas, dribles e fintas, apoios e contactos, a bola sempre debaixo de olho, sempre junto ao corpo, o mundo de onde não quer ficar excluído a ser dominado aos poucos. Ao mesmo tempo, vai descobrindo-se a si mesmo, o que quer, o que procura, o que pode. A bola com a qual começa a ter uma relação particular, especial, única, esse elemento essencial de jogo, representa tudo o que existe, tudo o que é, o que depende dele, da sua acção, do seu jogo, sozinho ou acompanhado, esse é o mundo, um mundo em movimento a todas as velocidades, em todos os níveis, sinal de todos os desafios e que ele, aos poucos, determinado, aprende a conhecer e a controlar. Esse é um mundo que não espera, se desloca, apressado, o mundo afastado, do outro lado, escorregadio, evasivo, raso, picado, que ele persiste em conhecer em cada um dos seus efeitos, o mundo redondo que ele quer e irá dominar.
Controlar a bola. Nas horas que passa entretido, obstinado, a descarregar sobre ela as suas frustrações, todas as suas frustrações, a zanga dentro de si, o sentido vincado da discriminação, difícil de dizer, incompreensível mas sensível, nessa violência interior descobre a multiplicidade de meios técnicos a recorrer e submete essa forma redonda, circular, cósmica, à sua vontade imperiosa. Entre a bola e o menino, nessa relação poderosa, quem manda não será a bola. Entre chutos e pontapés, parado e em movimento, aprende que o que visa é difícil, e essa dificuldade atiça a vontade de fazer mais e melhor, espicaça-o a fazer e a refazer jogadas, a inventar ângulos, tangentes e velocidades, usar diferentes planos, ritmos e segmentos corporais, a driblar os oponentes, a conjungar tudo, dos pés à cabeça – numa interminável geometria fluída construída em pleno movimento. Como se a bola e ele fossem apenas um. Aos poucos, vai conhecendo-a, firmando o jogo, acentuando a experiência com esse alvo instável, susceptível, porém, de certa forma, controlável. Um processo que se esboça e inscreve de dentro para fora. De fora, a bola oferece o campo de descoberta. A provocar e a desafiar a dinâmica, a sugerir o jogo.
À sua volta, a família, sempre, envolve o pequeno. Em seguida, o clube, no Funchal, reforça a comunidade em que se encontra inserido. O corpo esguio, seco, ossudo. O rosto fechado, como quem tem contas a ajustar com alguém, contra alguma coisa. Envolvido pela família, é o mais novo de quatro irmãos, levado pelo pai aos treinos do clube do bairro, o Clube Desportivo das Andorinhas, relvado onde é fotografado, aos 8 anos - enquadrado de um lado pelo pai Dinis, ex-jogador e, do outro, talvez o treinador - e parte da equipa dos miúdos iniciados, equipamento azul claro, tamanhos grandes demais para a sua idade, aspecto particular a acentuar a idade dos jogadores. Dois anos depois, com o equipamento preto e branco do Clube Desportivo do Nacional da Madeira, rosto tenso e angustiado, expressão séria, sapatilha numa mão, meia e caneleira na outra, descalço do pé direito, cabelo quase rapado, parece ter terminado o jogo com algum problema. Em cada uma das fotografias do pequeno jogador, a expressão é sempre fechada, séria, a revolta contida. Família, clube, comunidade, rodeiam o miúdo de afecto, sentimento tornado a pouco e pouco admiração e respeito. Focado, longe da família e da ilha, no Sporting Clube de Portugal, em Lisboa, permanece trabalhador, disciplinado, determinado, impõe o reconhecimento.
Personalidade forte, reage com brusquidão inquieta ao riso dos colegas quando, no primeiro dia na escola do Sporting, é tratado por ‘Número 5’ e ele atira, com o sotaque da ilha, ‘Cristiano Ronaldo’!. No jogo, conquista o respeito e o reconhecimento dos seus pares. Pobre, insular, com sotaque, isolado da família, Ronaldo parece ter integrado profundamente em si, desde sempre, a moral do trabalho que caracterizava as classes mais desfavorecidas, o mundo operário, orgulhoso do seu corpo moldado pelo trabalho manual, braçal, suado, brilhante, talhado pelo esforço árduo, pela força, como estivadores, como cavadores, os rurais e os urbanos, das trincheiras e da construção, harmonia de músculos a cheirarem a trabalho, uma forma comum exibida nas mangas conservadas enroladas até ao limite, nas camisolas de mangas cavadas, as camisolas brancas de algodão, interiores usadas (antes das Tshirts serem produzidas e usadas no ocidente, em geral, no âmbito da fashion, hoje propostas na marca Armani, Versage, Hugo Boss ou afins) a desconfiança, a solidariedade e a cumplicidade criada no trabalho de grupo, o valor do mérito, da vitória, da recompensa em dinheiro, bem como nos festejos populares, entre os seus e não em cerimónias protocolares.
A magia da bola não deixa de ser exercida e rodeia, por sua vez, o menino: fortalece-lhe o carácter, desenvolve atitudes e movimentos, capacidade e técnicas, expande eixos e articulações, solta o corpo e os seus movimentos, rasga limites e regista possibilidades, inscreve marcas, memórias do corpo próprio, as estruturas do sensível às quais irão ajustar-se aos poucos as estruturas do perceptível. Entre as maneiras de fazer, as convencionais e as outras, as que ainda não foram descobertas, que não se conhecem e, por isso, não participam do grupo de possibilidades a aprender de fora para dentro. E de fora para dentro haveria, ainda, de vir a impôr-se mais tarde, o penoso trabalho de ginásio, específico, sistemático, submetido às máquinas (a maquinaria!), a intensidade, a regularidade, o esforço, o controlo e o afastamento dos limites impostos pela inércia, pela natureza. Depois dos treinos, irá permanecer no campo, concentrado, impõe o seu próprio tempo e a sua qualidade de treino. A bola toma conta da sua vida, domina tudo.
Os estudos históricos e sociais, psico-sociais, continuam a ser indispensáveis, pois contribuem para o reconhecimento, a identificação dos factos que, manifestos e personificados por grupos ou por indivíduos, como acontece com Ronaldo, com uma origem e uma história, que é sempre, sem dúvida, pessoal, e é também biológica e, acima de tudo, é parte de um colectivo, de um social, de um contexto onde todos os dados se cruzam, se sobrepõem e parecem confundir-se, podem ajudar à compreensão de algo, de alguém, encarado e sentido como excepcional. A estatística, a medida, a representação em 3D, por mais fascinantes que sejam, estão longe de poder contribuir e para explicar os factos do universo próprio do humano e do social que, aliás, servem. É para isso, também, e aliás, que o desporto, em especial o futebol pela sua popularidade, serve. Para nos arrancar da vulgaridade, do mesquinho, do que é desprezível, terreno, limitado, da paranóia da vida. É por isso que se paga o acesso ao espectáculo, um espectáculo que se exibe no campo, não fora dele. Por tudo isto, humano e extraordinário, Ronaldo, Cristiano Ronaldo, não será apenas o melhor do mundo. Nesse mundo redondo, que a bola simboliza em qualquer cultura, que atrai crianças e adultos, ele atinge o domínio cósmico, revela-se galáctico. Insatisfeito por natureza e por condição, isso não lhe chegará. A lenda há anos que é tecida pelo que o acompanhamos, de longe, no interesse e na expectativa. O futebol nunca mais será o mesmo. A técnica ‘de bicicleta’ exibida por Ronaldo no jogo da Juventus contra o Real Madrid, disputado a 3 de Abril deste ano, em Turin, não destaca apenas o corpo, a forma, a execução, a performance (a representação), de um jogador excepcional. Suspende, a 2.20 m do solo, tudo aquilo que o desporto é – um fenómeno que integra o psíquico, o fisiológico, o bio-mecânico, o psico-social. Que o desporto é, pode ser e foi, na ocasião.
Não se pode explicar qualquer fenómeno apenas por um encadeamento de forças e eixos, uma causa única, uma razão exclusiva. Ronaldo, através do que ele é e do que fez e faz, o salto e o remate em causa, personifica o símbolo. No momento em que executa a ‘técnica’, surpreendente pela elevação revelada, esse jogador em particular expõe a profunda complexidade do desporto, fenómeno animado, saturado do humano e social. Um nível de complexidade tal que podemos avançar apenas lentamente – que com pressa não se pensa, nem há tempo para reunir as informações, (no universo dos jornais e dos mídia, em geral, que o digam os bons jornalistas), nem se levantam os dados significativos necessários, nem a indispensável relação de dados, ordenando-os, interpretando-os, propondo uma explicação (sempre temporária). Nesse processo, haverá que considerar também, o movimento na sua análise psicológica, as motivações sentidas, as emoções vividas, os actos psíquicos e mentais, os factos sociais e psico-sociais, as institucionalizações, os aspectos morfológicos, as organizações e os modelos que as sustentam, os papéis sociais, as socializações. E ainda as atitudes, as condutas e os comportamentos, as práticas, as representações e os ritos, os princípios, as normas e os valores de toda a ordem, económicos, financeiros, éticos, religiosos, estéticos, políticos, a expressão de tudo, o cruzamento pelo qual se chega ali – ao céu. E se cai na terra. Nesse entrelaçado, nessa mousse do humano, que é sempre social, do social que nunca pode deixar de ser humano (ainda que possa revelar-se deshumano pois o humano desenvolve-se e reforça-se no social, na cultura, na história), nessa ´técnica’ concretizada a mais de dois metros do solo, aquele jogador é total: conjuga, integra, revela, expõe o desporto moderno, a sociedade actual em que vivemos. O lugar onde a tecnologia (domínio da natureza), o conjunto das regras (a regulação de todos), a auto-disciplina (o eu) convergem. Tudo concretizado na tomada de decisão em breves segundos. Esse homem não é deste mundo, claro – por breves momentos extraordinários. Isso sossega-nos. Melhor ainda, distrai-nos, diverte-nos – que é também para isso que o desporto serve. O problema, porém, é que ele é bem deste mundo, também. Ele não faz parte da história apenas, a história do tempo colectivo em que a sua vida participa. Ele próprio tem uma história. A ilha, os clubes de futebol madeirenses, o Sporting Clube de Portugal, o enorme Manchester United, e o excepcional Alex Ferguson, o Real Madrid, e José Mourinho, o Number One, e, finalmente, Zinedine Zidane, discreto, amigo, semelhante.
A força de carácter de Ronaldo, orgulhoso, arrogante, capaz, porém da maior humildade, capaz de não esconder as lágrimas, capaz de enorme generosidade, para com os seus e para com quer quer que seja que ele saiba necessitar de auxílio, protector e assumidamente o provider (no seio da família e no seio da equipa onde se torna, justamente, o capitão, o chefe, o líder – alto, atlético, bem parecido (good looking), vaidoso, multimilionário, sugeria ter conquistado já tudo. Ser o melhor do mundo. Melhor do que todos os ídolos do passado, que já é. Oriundo da periferia, marcado por uma situação que raia a discriminação, a exclusão social, a pobreza, conquista a pulso, o seu lugar – o melhor do mundo, o centro de tudo. De palavra presa, voz mal colocada, unhas roídas, pés de bailarino, atirados para fora, deformados pelo trabalho persistente, como Rudolf Nureyiev, consegue, entre a força e a fragilidade, algo que hoje em dia apenas o desporto e, talvez o futebol, consegue: a unidade. Unidade entre adeptos, entre adversários, uma unidade supra-clubística e supra-nacional. Num lance de génio, treinado vezes sem conta, que a arte dá muito trabalho, Ronaldo desfaz as diferenças, todas as distinções. Através do impossível, do extraordinário, acima daquilo que na repetição quotidiana compõe o conjunto das expectativas correntes, - Ronaldo liga os mais desprovidos, os under-dogs e os outros, torna-nos comuns, iguais, desfaz as barreiras, vinga todas as injustiças e, por breves momentos de carácter único, atinge – permite-nos tocar – o sagrado. Para nos largar, em seguida, pois o jogo continua e a sua busca não acabou. Ao Ronaldo, aqui envio o meu abraço. You’re doing well lad!"

Alvorada... do José Nuno

Benfiquismo (DCCCV)

Vontade...

Lanças... Vamos a eles!

Generais da grande batalha

"O clássico é muito mais do que um jogo; é uma orgia de sensações que preenche o homem da cabeça aos pés e atravessa-o de um lado ao outro. O Benfica-FC Porto é daquelas raras ocasiões em que, ao mesmo tempo, as massas populares são impulsionadas por amor, ódio, vergonha, orgulho, medo, paixão, sadismo, tudo em nome das memórias de infância, da eterna busca de uma identidade, do desejo de vingança e até da catarse social. A abordagem pode parecer exagerada, porque o futebol é apenas a mais importante das coisas irrelevantes da vida; o problema é que tudo quanto afecta felicidade e frustração; alegria e tristeza; esperança e resignação; euforia e depressão assume relevância extraordinária para qualquer ser humano. O clássico não atribuirá o título mas pode encaminhá-lo, outorgando a um dos exércitos o estatuto de favorito.
Rui Vitória e Sérgio Conceição correspondem aos parâmetros ideológicos dos clubes que representam: os de sempre (uma estética centenária difícil de alterar) e os mais imediatos (mais formação para a águia, mais Porto para o dragão). RV tem esmagado pela elegância do discurso aqueles que se entretêm a desempenhar o papel de carrascos fracassados dos seus méritos; tem respondido às críticas, a maior parte das quais sem substância, com resultados, trabalho e criação de riqueza. Quando o direito de opinar se transforma em bullying, o melhor é seguir o raciocínio de César Luis Menotti. O mestre argentino, acossado pela "ignorância presunçosa" dos seus detractores, afirmou que cinco minutos à mesa de um café bastariam para os desmascarar. RV assumiu o comando benfiquista em tempos de desinvestimento mas foi certeiro na coordenação dos elementos técnicos, tácticos e emocionais do grupo; criou harmonia, defendeu a cultura do clube e conquistou a confiança do exército pela via de saber, diálogo, bom senso e educação.
Na escola construída a partir de conflito e espírito de conquista que forjou carácter, definiu um perfil futebolístico e validou um manual de comportamento, SC começou por ser o lídimo representante da sensibilidade portista, que o tempo depurou como forma de estar na vida. Desde Julen Lopetegui que o FC Porto procurava um treinador cuja força incidisse, de imediato, na defesa do código genético do clube, que o pulsar dos adeptos guarda como um mandamento sagrado. Ao contrário de quase todos os líderes nos últimos 30 anos, que dirigiram a nau segundo a lógica da manutenção do sucesso, SC entrou para recuperar o que foge há quatro anos, com a agravante de fazê-lo sem recurso ao mercado. O primeiro impacto foi tremendo mas desfocou os verdadeiros fundamentos da empreitada. O seu trabalho excede em larga escala o papel de aglutinador da alma azul e branca. Não é pelo discurso certeiro ou pelo sentido de representação da pátria que merece os elogios pelo grande trabalho. O mérito maior está na qualidade do treino, no modo como aceitou impor os conhecimentos ao serviço de um grande clube e operacionalizar uma proposta ousada, sim, mas na qual todos acreditaram desde o primeiro minuto.
RV tem o penta para conquistar, SC um império para reerguer; um está às portas da história, consolidando a hegemonia encarnada, o outro assume com coragem o desígnio de fazer prova de vida que ressuscite a esperança e estimule o orgulho. Ambos são fruto do saber, do estudo, do treino, do carácter, da boa comunicação e do incrível talento a propagar as ideias pelos seus futebolistas. RV parte com duas vantagens: tem 1 ponto a mais e joga em casa. Nada que SC não possa reverter a seu favor. O clássico vai parar o país e o futebol confirmará toda a grandeza como negócio, espectáculo, expressão cultural e fenómeno social. Muito do êxito dependerá dos generais que comandam a grande batalha. Sendo RV e SC não temos com que nos preocupar: estamos em boas mãos.

A boa resposta de Bryan Ruiz
O Sporting deu-lhe o Mundial; ele deu ao Sporting soluções que não tinha
Bryan Ruiz foi afastado do grupo e readmitido já em plena época. O modo como recuperou a confiança plena de Jorge Jesus suscita um mar de dúvidas para as quais nunca foram dadas respostas válidas. O costa-riquenho tem sido, por norma, um dos melhores e mais influentes jogadores do Sporting, confirmando o talento superior que o caracteriza. Em Madrid e com o P. Ferreira assumiu-se como o patrão da equipa.

André Horta é grande projecto
Os Estados Unidos não parecem a melhor opção para um jovem com 20 anos
André Horta retomou em Braga o fio à meada de uma carreira muitíssimo promissora. Quando surgiu como titular do Benfica e pareceu eternizar-se no onze de Rui Vitória (início de 2015/16), tudo indicava que o futebol português conquistara um médio de zona central de qualidade superior. Desapareceu de circulação e foi emprestado ao Sp. Braga, onde Abel Ferreira reconstruiu o projecto e redimensionou-o.

A boa pinta de Jhonatan
O Moreirense está em posição mais confortável. E o guarda-redes tem ajudado
Jhonatan está a fazer temporada notável, mais ainda por partir de duas situações delicadas: aos 26 anos, está a fazer a primeira temporada na Europa e representa uma equipa que tem vivido em permanente dificuldade desde o início da temporada. Está por definir com total precisão se o perfil de adapta a outras realidades mas, no Moreirense, é perfeito no modo como interpreta as necessidades da equipa. Tem pinta."

‘Lo gitano de un cantar’

"Silverio Pérez ficou conhecido pela alcunha de El Faraón de Texcoco. Uma das maiores lendas da época dourada do toureio mexicano. E ficou como o cortador do primeiro rabo da história da Plaza Mexico, a Monumental da Cidade do México, onde cabem mais de 40 mil aficionados. O touro, ao tempo em que ainda tinha rabo, era o Barba Azul, de Torrecilla. No dia 5 de Fevereiro de 1946, Pérez teve um mano a mano com o inesquecível Manuel Rodriguez, o Manolete. Quem sofreu foi o Barba Azul. E Agustín Lara cantou no seu pasodoble: «Mirando torear a Silverio me ha salido de muy dentro lo gitano de un cantar».
Quando via jogar Hugo Sanchez, também senti muitas vezes por dentro o cigano de um cantar. Talvez porque desafiava a verdade do futebol. Foi tudo aquilo que eu gostaria de ter sido como jogador de brincadeira. Saltar no trampolim da relva como um trapezista adoidado, aplicando pontapés inventados e mortais com fliques-flaques à retaguarda e um tambor ao fundo anunciando o número arriscadíssimo para nervosismo de um público embasbacado - «Con la garganta sequita, muy sequita/La garganta seca de tanto gritar».
Hugo era um tipo atrevido. Um dia chegou aos treinos do Real Madrid e anunciou aos jornalistas que o esperavam: «A partir de hoje vou treinar um novo golo - o golo-escorpião». Pouco depois passou à prática: surgia voando em direção à bola, passava por debaixo dela no momento da intersecção dos movimentos e puxava os joelhos para cima acertando-lhe com os calcanhares.
E era uma tourada.
Rabos e orelhas mesmo sem touro, sem Manolete, sem Silverio Pérez e sem Barba Azul.
E se Manolete teve as manoletinas, Hugo Sanchez teve as huguinas.
As huguinas, ainda assim, eram mais autênticas. Porque, na verdade, aquele passe de muleta que se efectua de frente passando a muleta por detrás das costas não foi invenção de Manuel Rodriguez. Foi obra Rafael Dutrús Zamora, o Llapisera, criador do toureio cómico, o bufão das arenas, a tragicomédia homem-touro na pele dos personagens Carmelo Tusquellas, El Bombero Torero e Laurelito.
Havia arrepios de medo pelo meio das gargalhadas. E talvez um eco da voz de Agustín: «Diamante del redondel/Tormento de las mujeres/Haber quien puede con él...».
Na época de 1989-90, Hugo Sanchez marcou 38 golos pelo Real Madrid. Em 35 jogos. Diz-se que fizera uma aposta: marcaria sempre os seus golos com apenas um toque na bola. O toque final, irremediável. O golpe em pleno Olho das Agulhas.
Desses 38 golos, todos foram concluídos na Sorte de Matar. E houve um sobre os outros. A bola vinda da esquerda e o mexicano de costas para a baliza. Uma bola alta, indomável, à altura da sua cabeça. Foi então que Hugo se lançou no ar e, de ombros paralelos ao relvado, pedalou com violência a bola para um golo sem igual. Uma bicicleta espectral de fazer inveja a Leônidas ou a Unzaga Asla, o inventor da chilena.
O adversário era o Logroñes. O golo tomou-lhe o nome de trás para a frente: Señor Gol.
A irmã de Hugo Sanchez, Herlinda, era ginasta. Bem como o irmão Horacio. O pai de Hugo gostava da letra agá que, na sua versão maiúscula até dá ares de um trapézio, ou talvez antes de uma baliza de râguebi o que, para o caso, não é chamado.
Havia Hilda, a mais velha. E depois Hector, Horacio, Haidée, Herlinda e Hugo.
Foi Hugo que ficou com o maior dos agás. Mas Herlinda e Horacio estiveram nos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal. E Hugo aprendeu com eles a arte de pinchar. Desafiava a lei que diz que matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias. Pobre Newton...
Marcava golos e comemorava com um salto mortal. «Estrella el príncipe milagro de la fiesta más bella/Carmelo que está en el cielo, se asoma verte torear».
Toureiro do futebol: verónicas, molinetes e chicuelinas.
A bola no alto e ele voando com ela até àquele ponto onde as rectas paralelas se encontram: o infinito.
Depois foi simplesmente dentista, como se fizesse parte do mundo comum das profissões e não o avançado-centro de Vásquez Montalbán: «Os avançados-centro têm a cabeça de pedra e o corpo de coral rosa e por isso se desfazem quando se atiram contra os rochedos. À sua sombra crescem os inválidos que jamais posarão para um retrato épico e sobre o seu cadáver renascem as estruturas dos vencidos da biologia».
A seu lado, muitos avançados pareciam inválidos, vencidos da biologia.
E ele, no ar, voando como um quetzal-de-cabeça-dourada.
«Monarca del trincherazo, torero torerazo, azteca y español/Cuando toreas no cambio por un trono, mi barrera de sol».
Jogador-toureiro.
«Lo gitano de un cantar»."

Sobre várias vésperas

"O certo é que, no fim de contas, os jogadores são os melhores quando comparados com certos dirigentes, responsáveis e (inter)comunicadores

1. Estaremos a poucos dias, muito provavelmente, de saber quem será o campeão nacional. O jogo da Luz entre Benfica e Porto só não será absolutamente determinante se houver um empate. Se o Benfica vencer, fica com uma margem de 4 pontos que, em tese, será suficiente. Se o Porto ganhar, ficará com a possibilidade de poder empatar um jogo, a quatro jornadas do fim. Nestes dias ouvir-se-ão todas as análises, teorias e doutrinas sobre a partida de domingo. Tenho cá para mim que neste tipo de jogos há sempre factores que não são possíveis de programar como se de um computador se tratasse. Creio que, num encontro destes e no relvado, o risco do erro é superior ao ganho de inspiração. Ir à frente pode ser também uma vantagem, ainda que diminuta. Jogar em casa constitui, em tese, uma posição mais favorável. Neste aspecto, a Luz tem sido um verdadeiro suporte das conquistas encarnadas neste últimos campeonatos.
O Benfica foi feliz no Bonfim, há que reconhecê-lo. O empate seria o resultado mais ajustado ao que se passou perante um Vitória capacitado e sem fazer qualquer anti-jogo. Mas os campeões também se moldam nos jogos menos conseguidos com um querer inabalável de conquista e uma insuperável coesão e solidariedade entre todos os intervenientes desde a direcção, à equipa técnica, aos jogadores titulares e aos que se convencionou chamar reforços e que estão ou podem estar no banco. Realço aqui dois aspectos de grande simbologia para nós, benfiquistas: o primeiro tem a ver com Raúl Jiménez que, desta vez titular, fez de Jonas mexicano, jogando com um profissionalismo e uma capacidade de luta insuperáveis. É o nosso 'suplente insubstituível' que no Bonfim foi o nosso 'titular-clone'. O segundo ponto relaciona-se com o modo tão genuíno, como de puro benfiquismo, como Jonas exaltou com o golo vitorioso do seu colega. Assim se viu a saúde que respira o colectivo e o verdadeiro sentido de união que faz os campeões também terem direito à sorte.
No fim do jogo veio-me à memória um outro penálti no Bonfim, com o resultado empatado. Foi Cardozo que, dessa vez, não foi capaz de o converter. Sei quão dramático é perder pontos depois dos 90 minutos, como é fascinante ganhar nessas mesmas circunstâncias. Desta vez, foi muito bom, o que só ainda havia acontecido na segunda jornada quando, em Chaves, o então titular Seferovic fez o 1-0 aos 93 minutos.

2. Neste imbróglio todo que se respira no nosso futebol, eis que, nas últimas semanas em movimento uniformemente acelerado se vem assistindo a mais uma triste expressão mediática. Refiro-me, sobretudo, aos insidiosos e perversos processos de intenção com que, em função da cor clubista, as agências internas de comunicação dos clubes, algumas das quais são verdadeiros centros da mais despudorada contra-informação, estão a tentar enlamear alguns profissionais de futebol.
Ele é o feirense Tiago Silva que, por ter jogado no Benfica, se deixou expulsar para facilitar a vida à equipa de Rui Vitória. Ele é Vagner, guarda-redes do Boavista que passou a bola ao Herrera para que o FCP pudesse ficar tranquilo no jogo contra os axadrezados. Ele é todo o Belenenses que iria facilitar no jogo em que derrotou os portistas. Ele é Fábio Pacheco do Marítimo que foi o 'principal responsável' pela derrota por 5-0 na Luz. Ele é um tal Luís Felipe (que, confesso, nunca tinha ouvido falar) que entrou com o propósito de cometer uma grande penalidade a favor do Benfica. Eles são todos os árbitros, aqui em função do resultado dos jogos e de acordo com as pressões e conveniências que se querem fazer. Etc., etc.
Só faltou dizer que o ex-candidato a presidente do SCP e excelente e honrado treinador do Vitória de Setúbal, José Couceiro quis ajudar o Benfica com a entrada do defesa Luís Felipe. Ou que, no jogo Porto - Aves, um defesa do Aves 'passou' a bola a Octávio para acabar com o jogo no Dragão.
Uma prova vergonha de profissionais da mentira e da boataria que continuam, impávidos e serenos, a debitar postas e posts à velocidade da luz (com um 1 minúsculo, evidentemente) para agitar e multiplicar o ódio e tornar ainda mais poluído este nosso futebol doméstico.
O certo é que, no fim de contas, os jogadores são os melhores quando comparados com certos dirigentes, responsáveis e (inter)comunicadores. A sua revolta é justificada e merecem ser considerados, independentemente da cor clubista e dos erros que cometem (ou será que as excelências do ódio e da intriga não comentem erros).

3. O último e assinalável sinal de dignidade foi dado pelos jogadores do Sporting Clube de Portugal no jogo contra o Paços de Ferreira, também com a ponderação e a razoabilidade de Jorge Jesus. Deram uma grande lição ao presidente do clube, souberam honrar a camisola que envergam. Bem se poderia dizer que o resultado do jogo foi Sporting 2, Bruno de Carvalho 0.
Entretanto, no fim-de-semana passado, houve mais dois acontecimentos que, em nome de um são desportivismo, elegância e urbanidade com que no desporto se deve estar, aqui registo. Curiosamente, um completamente desastroso para o meu Benfica e outro vitorioso. Refiro-me, em primeiro lugar, à copiosa derrota em hóquei em patins na fase de apuramento da Liga Europeia em que, depois de ter ganho por um golo na Luz, os encarnados perderem por 9-2. E o que vi no fim do jogo? Correcção inexcedível de todos os atletas, sem alardes patetas dos vencedores e com os perdedores a aceitarem a supremacia contrária perante colegas do mesmo ofício. E, ainda, o desportivismo dos dois técnicos. No caso do Benfica, Pedro Nunes é um exemplo notável de saber estar e de respeito mútuo.
Em segundo lugar, a final da Taça de Portugal em voleibol. Venceu mais uma vez o Benfica perante um Castêlo da Maia que nunca se deu por vencido. No final, um companheirismo contagiante entre vencidos e ganhadores. Foi lindo de ver, como foi significativo ver o treinador do Benfica José Jardim a comever-se na entrevista que deu e nas pessoas que citou no momento da sua 9.ª Taça de Portugal ao serviço do SLB.
Assim, sim, vale a pena. Ninguém mais do que eu quer que o meu clube ganhe sempre. Mas nos desportos colectivos não se joga sozinho, disputam-se competições contra ouras equipas que têm igual direito de querer ganhar. É só isto e mais nada. É este modo de ver o desporto que gostaria que estivesse sempre presente, em particular no desporto-rei que é, para o bem ou para o mal, o futebol.

Contraluz
- Inesquecível: o golo de bicicleta de Cristiano Ronaldo...
... no jogo em Turim. Já tudo foi dito e escrito sobre o momento glorioso do jogador madrilista. Aqui salientaria três 'detalhes': a beleza dos aplausos dos tiffosi da Juve, rendidos à magia de CR7, o modo como este agradeceu essa bênção e, por fim, o cumprimento de um senhor do futebol mundial em fim de carreira que, quis o acaso, fosse Gianluigi Buffon, o guardião que encaixou o remate de Ronaldo.
- Positivo: a enorme diminuição do passivo bancário da Benfica SAD...
... num total de 97 milhões de euros. Bem sei que em boa parte, esse valor é compensado por dívida de outra natureza e há o que resulta também da consignação de receitas futuras dos direitos televisivos. O certo é que contém três aspectos muito positivos: a muito menos dependência da banca, a redução do serviço da dívida e o não desbaratar receitas estruturais para contingências ou devaneios conjunturais.
- Mudança: do horário dos jogos da Champions a partir da próxima época.
Os jogos passam para as 20 horas e haverá alguns às 18 horas (portuguesas). Ouvi críticas e esta mudança por causa deste último horário. Por mim, acho bem. É preciso não olvidar que só Portugal, Inglaterra, Escócia, Irlanda e Islândia têm estas horas. Ao invés, os países do leste europeu verão os jogos a começar às 22 ou 23 horas (!), pelo que as 6 da tarde acabam por ser o seu melhor horário (isto é, às 20 ou 21h)."

Bagão Félix, in A Bola

Vitória em Barcelos...

Barcelos 1 - 3 Benfica

Depois da derrota e eliminação Europeia com os Corruptos, a vitória era obrigatória hoje! Na deslocação mais difícil - excepto o jogo no antro da Corrupção... - deste final de temporada, estivemos bem esta noite... e nem a catadupa de penalty's contra (quase todos defendidos pelo Pedrão), nos retirou os 3 pontos...

Vitória em Estarreja...

Avanca 20 - 33 Benfica
(11-18)

Recordo que o Avanca na 2.ª fase, empatou com os Corruptos, e perdeu por um golo com o ABC em Braga!!!
Excelente vitória...