"Não sou daqueles que, quando as coisas não correm bem, falam 'deles'. E que quando tudo são vitórias e títulos enche a boca com 'nós'. Sou um adepto que detesta ver o Benfica a não ganhar, mas isso não me faz premeditar o fracasso e ir armado de lenço branco no bolso quando vou ao estádio. Sim, porque quem é que, nestes dias, ainda traz um lenço no bolso, com excepção dos cidadãos seniores - o meu respeito - que viram o Glorioso bicampeão europeu?
Serão os mesmos que assinam pedidos de assembleias gerais destitutivas?
Uma franja de adeptos deste clube vai encontrar uma razão de queixa de formos campeões da Europa em todas as modalidades. Vão acabar por dizer que faltou o título do chinquilho e que isso se deve a uma má política de contratações. Mais.
Serão capazes de dizer que os discos de metal não foram bem escolhidos. Estão no seu direito de criticar e de protestar. Tal como eu estou no meu direito de não concordar com eles.
É essa a beleza e a desgraça do Sport Lisboa e Benfica.
É tão grande, que entre a massa adepta encontramos de tudo: bons e mais carácteres, gente inteligente e ignorante, orgulhosos do vermelho e partidários do encarnado. É bom que cada um pense por si, claro, mas parece-me que esta é a altura de pensarmos mais no nosso Benfica do que nos nossos ódios, nas aspirações pessoais ou nas antipatias com o treinador.
E, já agora, deixem de 'emprenhar pelos ouvidos'."
Ricardo Santos, in O Benfica