Últimas indefectivações

sábado, 17 de agosto de 2024

Antevisão...

Di Maria...

Fever Pitch -- Domingo Desportivo - O Futebol Que já Ninguém Quer Ver

Compadres!


"Durante anos, nós, benfiquistas, denunciámos a promiscuidade — já evidente — entre os corruptos do FC Porto, Pinto da Costa (foto à esquerda) e Artur Soares Dias (foto à direita). No entanto, ainda assim, houve quem nos atacasse com frases como 'joguem mas é à bola' ou 'tenham vergonha'. Esses pretensos benfiquistas revelam-se, na verdade, piores inimigos do Benfica do que os próprios corruptos.
Que estas fotografias sejam o gatilho necessário para muitos abrirem finalmente os olhos, e para que as entidades competentes comecem, de uma vez por todas, a investigar o vasto património que Artur Soares Dias ostenta."

Reunião de trabalho!

Receita!

Rol...

Quase o pleno!

Irrelevâncias!

Bom/Mau !!!

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Mercado - Vitor Roque, o sonho de leões e dragões

Zero: Tema do Dia - Evanilson sai: as hipóteses para o FC Porto

O estatuto das Casas do Benfica


"Proposta única contempla mudanças significativas, mas ficou curto o passo dado relativamente a um dos temas mais sensíveis das assembleias

Quase três anos depois da eleição de Rui Costa como presidente, o Benfica parece finalmente ter uma proposta para revisão dos estatutos do clube. A complexidade do tema não justifica em pleno o tempo que foi preciso esperar por novidades, numa morosidade pouco ou nada condizente com a relevância dada ao assunto pelo atual líder encarnado em período eleitoral.
É de realçar, em todo o caso, que a proposta finalmente elaborada, e enviada à Mesa da Assembleia Geral para posterior apresentação aos sócios, resulte de um trabalho conjunto da atual direção - e da comissão de revisão de estatutos - com o movimento Servir o Benfica. «Não é uma proposta ideal, é a proposta possível», resumiu Francisco Benítez, o principal rosto do referido grupo de sócios e candidato derrotado nas eleições de outubro de 2021. Um consenso deste género implicaria necessariamente cedências de todas as partes, mas a proposta já apresenta «melhorias substanciais», como reconhece Benítez, que destaca a abolição do voto eletrónico (salvo unanimidade entre listas), a valorização dos sócios-correspondentes e a possibilidade de convocar eleições em caso de chumbo do Relatório e Contas.
Os principais destaques vão para a limitação de (três) mandatos, aplicável aos presidentes dos diferentes órgãos sociais, e a renumeração dos elementos do corpo diretivo, com um limite definido pela faturação do Grupo Benfica, e que não pode ser acumulável dentro desse universo. A proposta contempla outros passos relevantes, como aquele que aproxima o peso dos sócios mais recentes aos dos mais antigos, embora permaneça válido o debate que defende o princípio de que cada sócio deve corresponder a um voto.
A proposta também mexe com o estatuto das Casas do Benfica, cujo peso eleitoral - até aqui era de 50 votos, de forma transversal - pode passar também a ser determinado por escalões de antiguidade, como acontece com os sócios individuais. Um passo na direção certa, mas claramente insuficiente.
É contraditório que o clube mostre disponibilidade para equilibrar o peso eleitoral dos associados, mas, por outro lado, mantenha esta participação coletiva. Um sistema que não promove a transparência e que terá sempre tendência para proteger o poder instalado. As casas/núcleos/delegações desempenham um papel muito importante na ligação entre clubes e adeptos, mas não podem, de forma alguma, condicionar o cariz democrático.
A mudança, nesse capítulo, tem de ser mais profunda."

O milagre olímpico


"Portugal conseguiu, nos Jogos de Paris, o melhor pecúlio de sempre do ponto de vista competitivo: quatro medalhas e vários diplomas olímpicos que revelam resultados de excelência

A cada quatro anos, o mundo reúne-se em torno do desporto e aprecia os maiores desafios que se podem colocar a praticantes, técnicos, organizadores e até jornalistas: dezenas de modalidades e especialidades, concentradas em duas semanas e numa cidade, o céu tocado por performances inimagináveis, a superação, o talento exponencial e exponenciado, as marcas, os recordes, mas também o desalento de um falhanço, o sonho derretido por um momento de fraqueza, a desconcentração fatal que deitou a perder quatro anos de suor, de luta, de sacrifício e de empenho total.
Nesta longa frase, creio, está a fotografia do Desporto, entendido como fenómeno global, catalisador de massas, aglutinador de paixões, motivador de extremos.
Em 2024, falar de Jogos Olímpicos significa falar do evento de maior dimensão mediática planetária, mas também de um negócio estratosférico para patrocinadores, marcas envolvidas na sponsorização de atletas, prémios e abertura de novos caminhos milionários para os que tocam o olimpo e conseguem a suprema honra do lugar mais alto do pódio. Porque, de facto, nada acaba no hino nacional, e tudo aí começa para uma nova olimpíada que, em paralelo com os resultados desportivos de excelência, aporta um caminho de sucesso e desafogo financeiro aos mais competentes e resilientes.
Portugal conseguiu, nos Jogos de Paris, o melhor pecúlio de sempre do ponto de vista competitivo. Com quatro medalhas (o ouro de Iúri Leitão e Rui Oliveira, a prata do mesmo Iúri e de Pedro Pichardo e o bronze de Patrícia Sampaio), mas — e, muitas vezes, não olhamos para este detalhe com olhos de ver… — com diplomas olímpicos que revelam resultados de excelência (até ao oitavo lugar da respetiva competição). Assim sucedeu no triatlo, no tiro, na ginástica, na vela, no ciclismo, no atletismo…
Gostava que, efetivamente, este conjunto de resultados correspondesse a um amplo reconhecimento da importância determinante do Desporto como pilar do desenvolvimento de um país. Que eles fossem a cereja no topo de um bolo cozinhado de base, com investimento projetado a médio e longo prazo e assente em diversas variantes.
Com um pensamento estruturado na educação desportiva transversal e fundamentada desde as primeiras horas de escola, criando hábitos e suscitando interesses, promovendo a massificação da prática não competitiva para, depois, se passar à despistagem organizada de talentos e à consequente organização de um edifício sólido e estruturado para a competição e o sucesso.
Com capacidade para dotar as diversas modalidades de estruturas de topo. Quando isso sucede, a apetência para o sacrifício e as condições para o sucesso aumentam exponencialmente (veja-se o que sucede com o Ciclismo de Pista, com o aproveitamento do velódromo de Sangalhos).
Mas, sobretudo, com vontade política de pensar o Desporto como atividade estruturante da nossa vida quotidiana, algo impregnado nos nossos hábitos, como uma pele que nos acompanha e que nos forma enquanto cidadãos. Que nos molda o comportamento ético, que nos estimula o respeito pelo semelhante como adversário de ocasião mas como parceiro de evolução. E que, no limite, cria condições ideais para que o talento se liberte, se alie ao espírito de sacrifício e à privação de uma vida normal de que os atletas de alto rendimento se alimentam todos os dias para chegarem onde muito poucos já o fizeram.
Parece-me legítima a pergunta (que, de resto, se repete a cada quadriénio, quando se faz o balanço, tantas vezes pouco equilibrado, de uma participação olímpica): os resultados obtidos correspondem ao conceito de planeamento desportivo do país? Ao verdadeiro apoio que, ao longo de todo o processo de treino e aperfeiçoamento, (não) sentem os atletas, a não ser quando, em sede de campeonatos europeus ou mundiais, conseguem já resultados relevantes?
Num Portugal que privilegia o futebol sobre todas as restantes modalidades desportivas, em que os adeptos não entendem a competição como a decorrência natural da atividade, mas preferem enfatizar as vitórias dos seus emblemas preferidos (ainda que a todo o custo…), quatro medalhas nos Jogos de Paris, acrescidas de outros oito diplomas olímpicos, são um milagre.
O milagre que os políticos do costume aproveitarão para, com camisolas mais ou menos garridas, projetar como sucessos de um país moderno e de primeira linha. A selfie do momento ou a condecoração que certamente chegará não apaga a falta de arrojo político de 50 anos de Portugal democrático, servindo-se do Desporto mas raramente lhe proporcionando, na base, na legislação, no apoio efetivo, nas estruturas, nos meios (sobretudo quando os resultados de excelência ainda não surgiram…), as condições dignas para que o talento dispare.
De resto, um talento que, quase sempre, surge do sacrifício individual de atletas e responsáveis técnicos, do seu empenho e da sua incessante busca pela superação.
A Patrícia do judo, o Pedro do triplo salto, o Iúri e o Rui do ciclismo de pista.
E o Fernando, a Jéssica, o João, o Messias, o Diogo, a Carolina, o Vasco, a Maria, a Melanie, o Ricardo, o Gabriel, a Inês.
Que exemplo deram (ou voltaram a dar) ao país, que bem dele precisa em todas as áreas.
O exemplo de que o esforço compensa, mas, acima disso, de que o milagre olímpico afinal existe…

Cartão branco
Com a mesma descrição com que sempre pautou a sua atividade pública, José Manuel Constantino partiu para uma viagem sem termo.
O Presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) despediu-se da vida terrena com a poética justiça de deixar o legado dos Jogos com melhor rendimento para o país. E fê-lo no dia em que a chama deixou de arder em Paris.
Mais do que um dirigente desportivo de eleição, Constantino foi um pensador de exceção, e tentou transportar para a sua atividade no COP estratégia e desafio.
Foi, também, um diplomata do Desporto. Do saber estar, do saber pensar, do saber (o que) dizer, mas, essencialmente, do saber fazer. Sem alaridos ou soundbites desnecessários.
Deixa um legado para aproveitarmos em pleno.

Cartão amarelo
O empréstimo de Francisco Conceição à Juventus é um ato de gestão desportiva do FC Porto com consequências difíceis de prever.
Desde logo, no rendimento projetável do conjunto de Vítor Bruno, considerando que o jovem jogador é (era…) uma das claras mais-valias do grupo de trabalho azul e branco. Mas também na relação com os adeptos, naturalmente desconfiados da capacidade financeira para poder suprir, em tempo útil, esta perda de um recurso que poderia ser determinante para a temporada.
Francisco Conceição, depois de Amesterdão, terá em Turim um extraordinário desafio profissional. Mas deixa os seus seguidores com um sorriso amarelo…"

Chamassem A Ovelha e ele organizava uma aldeia inteira


"Roberto Telch foi um dos Carasucias do San Lorenzo de Almagro, o mais limpo de todos eles.

Héctor Rodolfo Veira jogou com ele nos Carasucias em 1964. E dizia: «La Oveja te organizaba un pueblo entero». Os Carasucias eram o San Lorenzo de Almagro e a sua linha avançada soava como um tango: Roberto Telch, Narciso Doval, Fernando Areán, Victorio Francisco Casa e Héctor Veira. Um mito perdulário. Só jogaram, na verdade, três jogos juntos. Mas ficaram para a história. Garotos que rondavam os 18 anos. O San Lorenzo nem sequer foi campeão, ficou em quinto._Mas o mito estava lá. «Carasucias, caray!». Roberto Telch era o que jogava mais atrás. A Ovelha. Para onde ia carregava a seriedade, a tranquilidade, e um vulcão de emoções escondido por debaixo. Hector Vieira, seu amigo profundo, que viria a ser acusado de violação de uma menor, gritava para os outros dentro de campo: «Corré vos que te acostás a las ocho de la noche». Hector nunca se deitava às oito da noite. Era um príncipe das madrugadas. Um mulherengo insaciável, um predador com escrúpulos. Houve muitos que nunca acreditaram na cena da violação. Como Telch. Era demasiado próximo e talvez nem quisesse saber para não acumular mais raiva por dentro. Tinha nascido no dia 6 de novembro de 1943 em San Vicente, Córdoba. Tinha pinta de craque e a sua melena enrolada era inconfundível. Estreou-se a 9 de setembro de 1962, com 18 anos, no jogo decisivo frente ao Ferrocarril para o título de campeão. Vitória por 3-2. E Telch como um jovem fidalgo pelo meio dos gritos ensurdecedores dos hinchas.
Em 1964, o carasucia já estava na seleção da Argentina. Viajou para o Brasil para jogar a Copa das Nações, um torneio que serviu para comemorar o cinquentenário da Confederação Brasileira de Desportos. No dia 3 de junho começou no banco, no Estádio do Pacaembú, Brasil-Argentina. Pelé andava a ser caçado a patadas como uma ratazana e não era homem para levar e não dar. Deu e forte em Mesiano. 27 minutos da primeira parte: Roberto entra para substituir o companheiro ferido. Zero-a-zero. Marcou dois golos e a Argentina venceu por 3-0. As páginas de El Gráfico cantaram: «El hombre de Pacaembú. La gran consagración de la noche. Cambió el partido. Transformó a Argentina. Una capacidad ofensiva extraordinaria con dos tubos de oxígeno a la espalda». Voltou como um herói e assim se manteve até 1975.
Em 1968, os Carasucias foram substituídos por Los Matadores. O futebol que o San Lorenzo praticava era como colírio para os olhos, com um gambetteo contínuo que fazia com que os adversários se sentissem num carrossel. Podia enjoar os jogadores das outras equipas mas entusiasmava e de que forma o público que enchia os estádios para verem A Ovelha pôr em ordem toda aquela movimentação diabólica que valeu a vitória invicta no Torneo Metropolitano. Hector Vieira continuava com ele na cancha. E agora outra gente como José M. Martínez, Alberto Rendo, Antonio Rosl, Juan Sconfianza, Miguel Tojo e Carlos Veglio. Todos olhavam para Roberto como o exemplo a seguir e não hesitavam em obedecer aos seus gritos quando o exagero das tabelinhas e dos dribles pareciam fazer esquecer a necessidade do golo. Em 1974 jogou o seu primeiro Campeonato do Mundo, na Alemanha Ocidental, que acabou por ser igualmente o único. Os argentinos ficaram na fase de grupos com a Itália, o Haiti e a Polónia. Perderam com os polacos, empataram com os italianos e golearam o_Haiti por 4-1. No segundo turno, caíram no grupo de Holanda, do Brasil e da Alemanha Oriental. Apenas um empate, com a RDA, e derrotas dolorosas com o Brasil (1-2) e com a Holanda (0-4). Telch veio desiludido, não jogou tanto como esperava, sentiu necessidade de mudar de vida, foi para o Unión de Santa Fe, ficou dois anos, transferiu-se para o rival Colón de Santa Fe.
«Hoy que dios me deja de soñar
A mi olvido iré por Santa Fe
Sé que en nuestra esquina vos ya estás
Toda de tristeza, hasta los pies
Abrazame fuerte que por dentro
Me oigo muertes, viejas muertes
Agrediendo lo que amé/Alma mía, vamos yendo
Llega el día, no llorés», cantava Amelita Baltar com a sua voz lavada a whiskies Balada Para Mi Muerte do inimitável Piazzola. Roberto tornara-se um desenraízado. Perdera potência física, deambulava cada vez menos por toda a largura e por todo o comprimento do campo, talvez sentisse uma pontada aguda de saudade do tempo da sua quase adolescência no meio dos Carasucias. O futebol já não o encantava e deixou os relvados. Não foi longe. Com o velho camarada Miguel Tojo formou uma dupla técnica e pegou no Racing-Tavella. Daí mudaram-se para o Arsenal de Sarandí, para a Colômbia (Deportivo Pereira e Atlético Bucaramanga), voltaram para a Argentina e para o Chaco For Ever, seguido pelo Banfield. Futebol demasiado pequeno para as ambições d’A Ovelha. Desistiu de vez. Trabalhou no balcão de uma loja. Morreu de ataque cardíaco. Logo quando já não tinha pressa."