"Há 13 anos, velho camarada de armas revoltou-se com a sedução que José Mourinho provocava entre adeptos e jornalistas. Onde uns viam genialidade, inovação e história ele valorizava fanfarronice, narcisismo e sorte. Um dia, no fim de Abril de 2003, em desespero de causa levou a divergência ao extremo, assumindo por fim a pergunta com a qual pretendia alicerçar a razão e ganhar a conversa: "Mas o que venceu ele até agora?" A resposta ("nada") era-lhe favorável mas a efemeridade da vitória derrotou-o: em poucas semanas, o FC Porto ganhou o campeonato, a Taça UEFA e a Taça de Portugal, preparando caminho para, na época seguinte, voltar a ser campeão e conquistar a Champions.
Renato Sanches tem um motor oleado de orgulho, entusiasmo e paixão que não se coaduna com os regimes opressores da liberdade que tanto preza. Na Selecção melhora a equipa sempre que entra, no Benfica juntou os cacos de uma equipa a desfazer-se e fez dela campeã. Os seus limites, aos 18 anos, antes de ingressar no colosso mundial que é o Bayern Munique, foram definidos por César Luis Menotti: "O parâmetro mais importante no futebol não é a dinâmica mas o conhecimento do jogo." Essa é, para já, a sua maior dificuldade. O tempo corre a favor da sua construção como extraordinário futebolista. RS tem a velocidade dos deuses (a mental) só que ainda não a administra com precisão. Lá chegará. Entretanto, a luta continua. Se antes do Euro a maioria não lhe concedia sequer lugar nos 23, agora sobram as vozes que reclamam lugar no onze. Ontem, nem do banco saiu. Não vai ficar lá para sempre."