Últimas indefectivações

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Branqueamento total...

O descaramento realmente não tem limite, como é que é possível alguém com o mínimo juízo na cabeça, elogiar o 'sucesso' da operação Rojo?!!! Como é que é possível, ninguém criticar as decisões do Presidente do Sporting?!!! Como é que é possível, ainda ninguém ter convidado um 'camião' de juristas, para analisar as prováveis consequências deste caso?!!!
Se os Fundos devem ou não existir, isso é outra questão completamente diferente, discutir isso neste momento só serve para desviar a atenção do essencial... Anunciar a contratação durante um treino aberto ao público, ir buscar o jogador ao Aeroporto, anunciar que o dinheiro (roubado) será usado para pagar um Pavilhão, é digno de um qualquer trafulha de esquina... Mas se calhar, os Lagartos merecem ter um Pavilhão pago, com dinheiro, 'ganho' desta forma, é um bom exemplo da sua verdadeira natureza!!!
(Já agora, não tinha sido criada uma campanha de solidariedade para arranjar dinheiro para construir o dito Pavilhão?!!! Parece que ninguém contribuiu...!!! Porque será?!!!)

Se alguém tivesse dúvidas, ficou provado, sem margem para dúvidas, a falta de princípios da actual Direcção Lagarta. Já foram utilizadas várias imagens para descrever esta estória, a da Rifa é das melhores:
- Alguém vendeu 1000 rifas a €1, com a promessa do vencedor ganhar um carro. Faz-se o sorteio, o vencedor reclama o prémio, mas não existe carro!!! O organizador das Rifas, que encaixou €1000, resolve devolver o €1 ao proprietário da rifa vencedora... e nem precisa de agradecer!!!
A sociedade do Euromilhões:
- Fazer parte do grupo de amigos que semanalmente aposta no Euromilhões, mas quando finalmente ganham o prémio máximo, o sócio, que por acaso até contribuiu menos para a sociedade, fica com o prémio!!! E para descarga de consciência, devolve aos outros sócios, o valor que eles tinham apostado ao longo das semanas...!!! E não digam que ele não foi simpático!!!
Também gosto da história da Mosca:
- O Bruno Paspalho, mata uma mosca em casa, mete-a no bolso, vai para um restaurante, come e bebe como não houvesse amanhã, conta umas anedotas, e quando é a altura de pagar a conta, tira a mosca do bolso, meta-a no prato, chama o gerente, e diz que não paga a conta!!! E ainda avisa o dono do restaurante, que vai-lhe interpor uma acção em tribunal contra o Restaurante...!!!

O problema é que isto não é nada de novo, já o ano passado, quando quis rescindir contratos com vários jogadores que não interessavam, como o Bojinov, o Jeffren, o Labyad, o Onyewu, entre outros... usou estratégias criminosas... sendo que em relação ao Búlgaro, depois de ele sair, empurrado ao pontapé, ainda tiveram coragem de pedir uma indemnização ao clube para onde ele foi jogar...!!!

O pior disto, é que nos Tribunais Portugueses, ainda podem ter a 'sorte' de lhes sair um daqueles Juízes amigos, como no caso Pereira Cristóvão, ou melhor ainda, um daqueles que à alguns anos, consideraram uma notícia publicada num jornal verdadeira, mas mesmo sendo verdade, prejudicava a imagem da instituição, e portanto o jornal foi condenado a pagar uma indemnização ao Sporting!!!

Bancos (I)

"No futebol também há bancos. Não os que financiam e condicionam os clubes, mas os que acolhem os jogadores.
Vejamos, por exemplo, o que se passa no Benfica 2014/2015. A holding de bancos do clube tem a seu cargo um banco bom, um banco mau, um banco de investimento, um banco de retalho e um banco virtual. Hoje limito-me a uma breve passagem pelos dois primeiros. Amanhã tratarei dos restantes.
O BANCO BOM, teoricamente menos bom do que na época passada, continua a ter activos valiosos, ainda que alguns em parceria com fundos de investimento e tenta manter o rating. Os rápidos obrigatórios de liquidez obrigaram o banco bom a desalavancar o balanço, com bom retorno financeiro. Activos, como Djuricic, foram cedidos com possibilidade de recompra no mercado internacional interbancos. Outros como Luís Filipe (de que A BOLA fazia capa como «o lateral que encantou Jesus», 28/6) e Vítor Andrade foram hipotecados.
O BANCO MAU recebe os activos que rapidamente se transformam em passivos. Mas os custos operacionais são sempre suportados pelo banco bom. Esta época, o banco mau tem feito inovadoras operações de swap. Djavan e Candeias entraram no banco bom, tendo em atenção o pleno conhecimento destes activos na praça nacional. Mas logo saíram e nem sequer entraram no balanço. Um, de nome Fariña, nem passou pela contabilidade, numa ordem directa das Arábias para a Galiza contando tão-só como elemento extrapatrimonial. Há também movimentos inversos, como são os casos de Jara e de Ola John. E uma terceira categoria de activos tóxicos que sempre geram imparidades no banco. É por exemplo, o caso de Sidnei."

Bagão Félix, in A Bola

Em defesa da memória de Jorge Brito

«A história do Benfica faz-se do presente, das vitórias, dos títulos, dos troféus e das medalhas, mas nos alicerces do presente está o testemunho, o esforço e o empenho dos que no passado serviram o Clube de forma dedicada e que sem o seu contributo o Clube seria, hoje, diferente, seguramente para pior. Vem isto a propósito de um artigo que a revista Sábado publicou na sua última edição e em que a memória de Jorge Brito, Águia de Ouro e Presidente do SL Benfica entre 1992 e 1994, foi denegrida de forma gratuita e grosseira. Seremos tanto maiores quanto melhor soubermos defender a memória e a honra daqueles que nos serviram, por isso o Clube associa-se à indignação da família de Jorge de Brito publicando o direito de resposta que o seu filho João de Brito enviou para publicação na próxima edição da revista Sábado.
"Sob o título “Descubra as Diferenças”, a revista Sábado dedicou 6 páginas ao que consta do subtítulo: “Escândalos: Como o caso do BES quase repete o que aconteceu há 40 anos com o Banco de Jorge de Brito”.
Este artigo é totalmente opinativo, tendo por único objectivo denegrir a imagem do Sr. Jorge de Brito, falecido há 8 anos. São acontecimentos de há 40 anos, em pleno PREC, no auge do designado Gonçalvismo, um dos momentos de maior anarquia que Portugal conheceu no século XX.
O Banco Intercontinental Português (BIP) era um banco de investimentos, que financiava investimentos que tinham um ciclo próprio de retorno. O BIP financiava-se, como qualquer outro banco, no mercado externo. O principal banco externo que financiava o BIP era um banco nórdico que, perante o radicalismo das alterações políticas, económicas e sociais verificadas em Portugal, exigiu ao BIP o reembolso imediato e antecipado do financiamento em curso. O BIP teve de reembolsar esse financiamento. É esta a operação de pagamento ao exterior que o BIP realiza e que é um facto público. É totalmente falso que o BIP ou o Sr. Jorge de Brito tenham, como é invocado no artigo, realizado exportação ilícita de capitais, acusação com base na qual o artigo constrói a ideia de que milhões foram roubados e ilicitamente desviados.
Este reembolso que o BIP se viu forçado a ter de realizar ao seu banco financiador, o banco nórdico, correspondia a um montante muito elevado, o que teve de ser feito de forma totalmente imprevisível e imediata, num contexto totalmente anárquico e revolucionário que impossibilitou o BIP de se refinanciar, pois, por razões óbvias, os mercados fecharam-se. É, pois, totalmente falso que a falta de liquidez do BPI se tenha ficado a dever a acção fraudulenta.
O artigo refere vagamente que o Sr. Jorge de Brito estaria a ganhar parte dos processos de falência decretados unilateralmente pelo Estado português a 23 sociedades por ele controladas. Ora, este facto é falso. O Sr. Jorge de Brito ganhou não parte mas todos os 23 processos de pedido de falência que foram requeridos pelo Estado. Os tribunais portugueses dessa época, insuspeitos de favorecer o capital, recusaram decretar as falências pedidas pelo Estado, tendo concluído que os activos superavam em muito os respectivos passivos.
O artigo apresenta o BIP como um banco falido por causa dos “esquemas” do Sr. Jorge de Brito. Omite-se no artigo que o BIP foi, tardiamente, é certo, objeto de uma avaliação amplamente positiva para efeitos de indemnização a pagar no quadro da sua nacionalização, facto que confirma e evidencia que o BIP era um banco com valor.
Uma análise isenta, que não foi a apresentada no artigo, concluiria, pois, que o Estado português - após a derrota total nos processos judiciais que intentou, e encontrando-se em fase de conclusão a avaliação do BIP no quadro da nacionalização que também lhe era desfavorável - teve, naquela conjuntura, de negociar um acordo com o Sr. Jorge de Brito.
Em 1995 aquele acordo foi dado como totalmente executado e concluído, com a última partilha patrimonial entre a Finangeste, em representação do Estado, e o Sr. Jorge de Brito. Foram integralmente saldadas todas as dívidas pessoais e societárias. Facto que mais uma vez prova a razão do Sr. Jorge de Brito e que o artigo omite deliberadamente.
O Sr. Jorge de Brito ficou, desde o início da execução deste acordo, na posse dos seus bens pessoais. Após a total liquidação da integralidade dos passivos, o Sr. Jorge de Brito e as sociedades ainda mantiveram património próprio, tendo ainda recuperado outros activos que tinham sido dados em garantia.
O Sr. Jorge de Brito foi indemnizado da carteira de títulos de empresas nacionalizadas com um juro anual de 2,5%, quando os passivos que amortizou venciam juros a taxas de 14% ou 15%.
É conhecido o trauma antigo que o Dr. Silva Lopes tem para com o Sr. Jorge de Brito, que lhe motiva uma incansável e repetitiva tarefa de denegrimento público, assim como são sabidas, por muitos, as verdadeiras causas que o motivam a isso, o que, face à gravidade do que consta do artigo, não deixará de ter tratamento na sede adequada. O que é inadmissível é publicar um artigo com este teor, em que se denigre e humilha um falecido, com base numa total falta de rigor e com uma grosseira descontextualização. De forma propositada, o artigo sustenta-se em episódios que nunca levaram, em qualquer foro, a qualquer tipo de condenação do Sr. Jorge de Brito, omitindo tudo isso para deturpar totalmente a realidade.
Os herdeiros do Sr. Jorge de Brito, que, como filho e cabeça de casal, aqui represento, reservam-se na faculdade de avançar com o procedimento judicial adequado para vos imputar a responsabilidade decorrente da publicação daquele artigo."»

Tantos homens perseguiram Chumbaca...

"A propósito da Supertaça ficamos a saber que o nome de Cândido de Oliveira vai fazendo cada vez mais parte do esquecimento colectivo. É importante recordar a sua figura de democrata, de torturado, de vítima do campo de concentração do Tarrafal.

Amigo leitor: confesso-me desiludido por ter percebido, através daqueles questionários de rua nos quais as nossas televisões são férteis, que pouca gente (sobretudo jovens) sabe hoje em dia quem foi Cândido de Oliveira. É bisonho. Soletram-se os nomes de peralvilhos alarvajados, autênticos machudos que transformaram nas últimas décadas o futebol em Portugal num regabofe de prostitutas e corrupção, e de Mestre Cândido nada de sabe.
Vou falar dele. Não da sua vida de jogador do Benfica e do Casa Pia, primeiro «capitão» da Selecção Nacional, treinador dos famosos «Cinco Violinos» do Sporting; nem da sua carreira de seleccionar e de jornalista desportivo terminada abruptamente com a sua morte durante o Campeonato do Mundo de 1958, na Suécia. Vou socorrer-me das pesquisas que fiz para o livro «Cinco Escudos Azuis», História da Selecção de Portugal, e trazer de novo à superfície a outra face de Cândido.
Para isso vamos até ao início da II Grande Guerra. Em Portugal, é tempo dos racionamentos, da censura-prévia aos meios de comunicação, dos aumentos de preços, da escassez de bens essenciais, do enriquecimento dos especuladores, da total ausência de liberdade sindical, da mobilização em larga escala das forças policiais. Por tudo isto, um surto grevista assola o país. Considerados como «agitadores profissionais a soldo de Moscovo», os cabecilhas são presos e a perseguição dos dirigentes comunistas que coordenam clandestinamente estes movimentos de luta é assanhada.
Cândido Fernandes Plácido de Oliveira, alcunhado por muitos dos seus amigos mais íntimos de «Chumbaca», graças à sua figura física corpulenta e atarracada, seleccionador nacional de futebol, é um indefectível apoiante dos movimentos de insurreição que se espalham pelo território. Democrata convicto toma dessassombradas posições públicas contra os regimes de Hitler, de Mussolini e de Franco e não perdoa a Salazar a sua colagem a tais ideias fascistas. A sua coragem intelectual só tem paralelo na sua coragem física. O sem-número de prisões levadas a cabo pela PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado) não deixam o seu nome passar em claro. É brutalmente torturado e espancado a ponto de lhe terem partido todos os dentes. No verão de 1942 é enviado para o Tarrafal.

«O Pântano da Morte»
Criada pelo decreto n.º 28539 de 23 de Abril de 1936, a Colónia Penal do Tarrafal estava destinada a receber os presos condenados a pena de desterro pela prática de crimes políticos. Situado na lha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde, o campo do Tarrafal ficava instalado numa zona pantanosa onde não havia água potável nem comunicações para o interior da ilha. Era o local de mais intenso paludismo em Cabo Verde, o que fez com que grande parte dos deportados fosse dizimada pela doença e com que os que regressaram à metrópole viessem subjugados pela variante crónica da enfermidade. Foi neste lugar que Cândido de Oliveira passou os seguintes dezoito meses da sua vida. Ali se encontrou com muitas outras grandes figuras do anti-fascismo, como Bento Gonçalves (que lá morreu), Edmundo Pedro ou Júlio Fogaça. Sobre ele escreveu um livro chamado «Tarrafal - O Pântano da Morte», publicado a título póstumo, após o 25 de Abril de 1974, e que é um testemunho marcante do arremedo de vida que levavam os prisioneiros daquele que foi o campo de concentração do fascismo português. «Dentro do Campo não se vive! Aguarda-se a morte! É a morte lenta, mas certa. Apenas uma questão de tempo... A pobreza de alimentação, a devastação operada pelo clima, a falta de assistência médica e farmacêutica, o estiolamento com base no trabalho forçado sob a canícula tropical, as duras sanções, a falta de higiene, o isolamento, o ascetismo compulsivo, tudo somado causa, fatalmente, a ruína física, o desarranjo fisiológico e apressa a morte. É evidente. Até agora morreram 30 deportados, na sua quase totalidade abatidos pelo golpe brutal e final da biliosa. Mas esse número não diz tudo. Procuremos conhecer o quadro sanitário do Campo; os casos de paludismo crónica, por falta de tratamento e pelas sucessivas infecções; e os tuberculosos e outras doenças pulmonares, com origem na miséria alimentar e no clima; e os de anemia palustre e de doenças hepáticas herdadas do paludismo; e os de desarranjo psíquico com base no duro isolamento e na castidade forçada; todos os casos, enfim, de doença ou de carência operados pelo pântano do Tarrafal e pelo duro regime prisional, e só então poderemos avaliar em toda a sua grandeza a obra do Governo do Dr. Salazar como meio de exterminar o anti-fascismo em Portugal!».

Luta contra a corrupção
Em Março de 1945 já não há dúvidas quanto ao destino da guerra: Dresden, a «Florença da Alemanha», não passa de um monte amorfo de ruínas; os americanos atravessam o Reno e dirigem-se para Colónia e Coblença. Abril traz consigo a ironia da morte de Roosevelt, do assassínio de Mussolini e do suicídio de Hitler no espaço de poucos dias. Em Maio, os aliados entram em Berlim e a Alemanha rende-se incondicionalmente. Não são boas notícias para António de Oliveira Salazar. E a prová-lo está a decisão do seu Governo de declarar três dias de luto oficial pelo desaparecimento do chefe do Partido nacional-Socialista e do III Reich Alemão. Só que não lhe é possível abafar o regozijo popular. As manifestações espontâneas de alegria pela vitória aliada rebentam um pouco por todo o país. Com elas, aparecem novas exigências: liberdade política e sindical; eleições livres; libertação dos presos políticos; encerramento do campo de concentração do Tarrafal.
A tentativa de golpe militar dirigida pelo general republicano Norton de Matos fracassa e o Estado Novo ganha fôlego com o apoio público e explícito do Reino Unido e dos EUA. Cândido de Oliveira está de regresso a Lisboa. Demitido dos CTT, onde trabalhara longos anos e atingira a elevada função de Inspector de Exploração, funda com Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo o jornal «A Bola». Ainda dirige a equipa de Portugal contra a Espanha (2-2), mas é substituído por Tavares da Silva, também ele jornalista, no «Diário de Lisboa», que já fora seleccionador. Infelizmente, o Portugal do futebol parece ignorar ou deixar cair no esquecimento uma das suas figuras mais extraordinárias. A Assembleia Constituinte, cada vez mais prostituinte, e os seus caudilhos, verga a espinha a sórdidos degenerados. Foi também contra isto que Cândido de Oliveira lutou. Pelos vistos, em vão.
Atribuíram-lhe o nome da Supertaça. Infelizmente para ele, um troféu que fica marcado pelo vilipêndio de um árbitro cobarde perseguido campo fora por meia-dúzia de despudorados àvidos de mazorca - imagem que nenhum de nós esquecerá por mais que os anos passem. Não merecia isso. Foi um exemplo de valentia e de verticalidade. Enquanto a uns o futebol português pode agradecer a queda na vergonha, no chasco, na trapaça e no aleive, a Cândido de Oliveira deve progresso e princípios ferozes de respeito pelos adversários e pela verdade desportiva.
Cabe-nos tirá-lo do olvido. E continuar a não perdoar a quem o tem ofendido."

Afonso de Melo, in O Benfica