"Na noite de terça-feira lembrei-me do «para cá vai dando» de Jesus, vendo na Champions um ou dois jogadores do FC Porto. E pensei com os meus botões: calha a todos.
JORGE JESUS, no fim do jogo em Cinfães para a Taça de Portugal, empurrou um jogador do Benfica! Vieram-me aborrecer com esta história - mais uma do género - alguns amigos de clubes rivais.
É verdade que empurrou. Não consegui descortinar quem foi o empurrado desta vez embora, pelas imagens, se perceba a intenção do treinador, aparentemente inocente ainda que à má-fila.
Com uma exibição sofrível, uma equipa maioritariamente composto por reservistas e jovens da equipa B conseguiu vencer o Cinfães por 1-0 e Jorge Jesus, terminado o desafio, mandou o pessoal todo agradecer apoio prestado pela bancada pejada de benfiquistas.
Nada de anormal, até aqui. O empurrão ao dito jogador do Benfica também não foi assim tão grande anormalidade, para quem conhece as maneiras pouco diplomáticas do nosso treinador.
É apenas caso para se dizer que, fiel a si próprio, Jorge Jesus lá deu mais um encosto num dos seus pupilos. Até hoje, o empurrado não se queixou.
O árbitro do jogo foi Rui Costa, da Associação de Futebol do Porto. E este, sim, esteve muito infiel a si próprio, ao contrário do treinador do Benfica.
E porquê?
Porque o mesmo Rui Costa que validou o golo de Jackson Martínez que permitiu ao FC Porto trazer 3 pontos da viagem a Paços de Ferreira, invalidou o golo com que Steven Vitória teria aberto o marcador em Cinfães. A decisão de Cinfães seria sempre difícil de aceitar porque, na verdade, o jogador do Benfica fez um salto limpo e cabeceou com maior limpeza ainda para a baliza cinfanense.
Mas ainda mais difícil se torna de aceitar a invalidação do golo de Steven Vitória quando se recorda o golo de Jackson Martínez ao Paços de Ferreira. O colombiano empurrou descaradamente um adversário pelas costas, atirou-o ao chão e nem teve de saltar para, de cabeça, mandar com a bola para dentro da baliza pacense.
Na verdade, esteve das duas vezes mal o árbitro do Porto. Portanto, talvez seja incorrecto dizer que não foi fiel a si próprio.
Lá que foi fiel, foi. Há empurrados e empurrados, essa é que é essa.
GOSTO do Simeone e não gosto do Spaletti. Na verdade, não gosto nem desgosto de nenhum porque não os conheço. Referia-me, como compreendem, ao jogo-jogado das suas respectivas equipas. Gosto do jogo do Atlético de Madrid e no que diz respeito ao do Zenit, por muito que tente, já não posso dizer a mesma coisa. Não gosto, nunca gostei.
Na noite de terça-feira no Porto, o Zenit, que é da Rússia, parecia uma equipa italiana das mais rasteiras a defender o precioso empate - sim, porque o empate também era precioso -, contra um adversário com menos um jogador em campo durante, praticamente, 90 minutos do jogo. O sul-americano Herrera foi expulso aos 6 minutos mas como o árbitro deu 6 minutos de tempo de compensação, fica ela por ela.
Spaletti sabia, como todos nós, que, perante a campanha avassaladora do Atlético de Madrid no mesmo grupo, o empate era um excelente resultado para o Zenit. Empatando anteontem no Dragão, a 6 de Novembro os russos disporiam da oportunidade de, em São Petersburgo, trocar de posição com os campeões portugueses, caso lhes ganhassem. Encantadora perspectiva para quem ao cabo das suas primeiras jornadas só levava um solitário pontinho.
E foi esse o jogo que o Zenit fez na terça-feira. Imagine-se, se possível, a carrada de nervos com que os adeptos do Zenit ficaram a ver a sua equipa a jogar descaradamente para o 0-0 perante um adversário em inferioridade numérica. Spaletti só pode ter ficado com as orelhas a arder.
Mas, pronto, acabou por ter sorte e ganhou o jogo ao Porto à beira do fim, tal como Simeone tinha feito no mesmo palco e à beira do fim com o seu Atlético de Madrid, ainda que com grande brilho.
Somada a segunda derrota em casa, fica o FC Porto, apesar de ter jogado muito bem, atrás do Zenit na tabela do grupo e vê-se obrigado a ir ganhar a São Petersburgo, isto se não contar com as ajudas dos madrilenos e dos declaradamente inaptos do Áustria de Viena.
«Para cá vão dando...», lembram-se? Foi uma frase, chocante, pois claro, com que Jorge Jesus, na temporada passada, definiu a utilidade de alguns jogadores do plantel do Benfica. Mas Jorge Jesus, impiedoso, tinha razão.
Na noite de terça-feira lembrei-me do «para cá vai dando» de Jorge Jesus vendo em acção, num jogo da Liga dos Campeões, um ou dois jogadores do actual plantel do FC Porto. E pensei com os meus botões: calha a todos.
CALHOU-NOS a Suécia. Preferia a França, por uma questão estatística. Já foram tantas as vezes que os franceses nos deram cabo da vida em Europeus e em Mundiais que, para fazer funcionar a estatística, estava na altura de os surpreendermos com uma vingança ao nosso melhor estilo. Isto é, com um final feliz para as nossas cores contra todas as apostas, incluindo as nossas.
Com a Suécia, passa-se exactamente o contrário. Em confrontos directos, temos sido nós, os portugueses, os sistematicamente felizes no historial com os suecos. E rezam as estatísticas que, por essa mesma razão, está na altura de acontecer o inverso, o que não dava jeito nenhum.
No final de Maio, parti para a final da Taça de Portugal com o Vitória de Guimarães exactamente neste estado de espírito estatístico. Precisamente por ter lido num jornal na manhã do jogo que o Vitória de Guimarães nunca tinha conquistado o troféu e que, por meia dúzia de vezes, tinha sido o finalista vencido da Taça de Portugal.
Está na altura, pensei eu. E estava mesmo.
Conclusão: todos os cuidados são poucos nos dois jogos com os suecos.
Nos seus últimos com compromissos a Selecção Nacional não esteve nada bem. Não é, propriamente, num ambiente de euforia que a equipa de Paulo Bento vai partir para este tudo ou nada. Convém que seja assim e não é por causa da maldita estatística. É por uma questão intrinsecamente nossa, mais do tipo fadista.
Explico-me melhor. Os rapazes precisam de ser espicaçados no brio ou nada feito. Em termos de brio foi zero a nossa Selecção nestes últimos jogos do torneio de qualificação para o Mundial.
O único remédio para a questão sueca é desatarmos todos a dizer mal da Selecção. Muito mal mesmo. Do treinador, dos jogadores, dos dirigentes, enfim, de todos. A ver se acordam. Eu acredito que vai ser assim que vamos eliminar a Suécia. E que estaremos presentes no Mundial do Brasil. «Contra tudo e contra todos», como dirá Paulo Bento no momento oportuno.
1-1 com o Olympiakos e muitos assobios no fim do jogo para a equipa do Benfica que, ontem, só começou a correr quando Cardozo, sempre ele, aproveitou uma má saída de Roberto, sempre ele, para empatar. Resumindo, foi um jogo sem qualquer espécie de novidade. O paraguaio marcou um golo e o espanhol ofereceu outro golo. Onde é que já vimos isto? Cardozo viria à flash interview dizer que o resultado foi positivo atendendo às circunstâncias. Concordo inteiramente. Com o empate de ontem o Benfica pode ter ficado mais longe da Liga dos Campeões mas ficou mais perto da Liga Europa, prova para a qual, atendendo às circunstâncias, estamos mais calhados. E sem drama."
Leonor Pinhão, in A Bola
PS: Hoje discordo da Leonor em alguns pontos:
- A estatística de Portugal com a Suécia, é extremamente negativa para Portugal, é uma ilusão pensar que quando jogamos com os altos, louros e toscos vencemos facilmente!!!
- Ontem, o Benfica não começou a correr com o golo do Cardozo... foi evidente que durante toda a 2.ª parte, a equipa, com pouca cabeça é verdade, deu tudo o que tinha... Aliás, acho mesmo que após o golo do Cardozo, não voltámos a criar tanto perigo... mais por falta de frieza, do que de vontade.
- Houve assobios no fim, é verdade... mas a nota de maior destaque, foi o apoio incondicional principalmente durante a 2.ª parte, de todo o público Benfiquista presente.
- A Leonor também não evitou, infelizmente, uma graça, com o Roberto. Este post do Antitripa, explica bem o como, e o porquê, da existência destas campanhas...