Últimas indefectivações
terça-feira, 2 de abril de 2013
Do Jesus Clough
"Em Inglaterra houve um José Mourinho antes de José Mourinho? Houve: Brian Clough, que fez de uma equipa de província bicampeã da Europa, o Nottingham Forest. Pois, mas o que eu acho é que há também esse Brian Clough em Jorge Jesus, não nos seus traços excêntricos e polémicos, mas nos outros, nos imprevisíveis e instintivos. Viu-se, sábado, naquele golo de Melgarejo ao Rio Ave (mas não só...), lembrando-me de Martin O'Neill, que fora treinado por ele, ter contado que, certa vez, um dos seus rapazes lhe foi perguntar, muito tímido, o que poderia fazer para o tornar melhor lateral. Fechado no seu rosto luminoso, Clough respondeu-lhe que não sabia, o pupilo murmurou-lhe:
- Se não sabe isso, como é que pode continuar a treinar-me?
e recebeu em contra-ataque:
- Aprende então: não sou eu que tenho de te ensinar a seres melhor jogador, tens de ser tu. Eu só tenho de estar demasiado ocupado a ganhar jogos.
Sim, este ano mais do que em qualquer outro, Jorge Jesus descobriu a quadratura deste círculo, o segredo de estar apenas demasiado ocupado a ganhar jogos - e com isso conseguiu tudo o resto: ensinar um lateral a ser o que não se imaginava que pudesse ser, o Melgarejo - produção sua como já fora Coentrão; inventar um novo Enzo Pérez; ou fazer de Matic, Ola John, Lima, Gaitán jogadores bem melhores do que eram...
Foi por acaso? Não, não foi. Nem foi só. No futebol, inventar uma ideia é tão eficaz como transmitir uma emoção - e, mesmo que, às vezes, fosse pelos caminhos trocados das palavras, Jesus fez, como Clough fazia, o que precisava de ser feito: ter o sonho no infinito, o impossível no possível. Com esse poder de convicção, que chegou a parecer quase delírio, ganhou jogos - e deixou o Benfica no ponto em que está. E, continuando a jogar como jogou contra o Rio Ave, vai acabar por ser o que eu suspeito que será: campeão.
(O que a acontecer terá o mérito maior que pode haver: o ganho ser por mérito dele, do Jesus - e não por demérito doutro, do Vítor Pereira...)"
António Simões, in A Bola
A recta final...
"1. Vamos entrar na recta final da época. Dois meses decisivos em Portugal e na Europa. Nos próximos 13 dias teremos já quatro jogos importantíssimos, a começar já amanhã, com o sempre complicado Rio Ave, mesmo em casa. Agora, não pode haver distracções. Na Liga, é ganhar jogo a jogo, de forma a chegar ao Dragão já com o título praticamente garantido. Teoricamente, temos um calendário mais favorável.
Mas um simples percalço, qualquer empate inesperado, pode virar tudo ao contrário. A equipa lá dentro e nós todos cá fora, teremos que ser muito fortes. Vem-me sempre à memória a caminhada triunfal para o título de há quatro anos. A onda vermelha que nas últimas jornadas ajudou a equipa a chegar aos triunfos. Vamos a isto!
2. O Sporting inaugurou nas eleições que realizou no sábado passado um sistema electrónico de votação. Mas apenas centralizado em lisboa, o que deu origem aos votos por correspondência... e uma (mais uma...) grande confusão na sua contagem, que se prolongou noite dentro. Gostaria de recordar que o Benfica já realizou duas votações (2009 e 2012) com meios electrónicos, em Lisboa e em vários ponto do País, e com a possibilidade de os sócios no estrangeiro votarem através da internet, mediante um código. As urnas fecharam então às 22.00 horas e, pouco depois, sabiam-se os resultados da votação. Foram quase 24 mil os votantes, contra os 15 mil do Sporting, numa eleição bem mais decisiva e renhida...
3. A demissionária Direcção do Sporting vendeu o seu avançado, Wolfswinkel, ao Norwich, clube britânico de segundo plano. O problema é do clube. O que me leva a salientar o facto é a profusão de notícias quase diárias que davam o referido jogador como pretendido por todos os grandes clubes europeus, por verbas que, claro, nada têm a ver com aquilo por que foi vendido na realidade (cerca de 10 milhões de euros). Chegaram a ser ridículas as notícias dando conta do interesse dos Manchesters, dos Bayerns e de outros grandes da Europa por um jogador que, claro, só interessava a clubes de segunda linha.
4. O Record começou a contar 31 histórias a propósito dos 31 anos de Pinto da Costa como presidente do FC Porto. Espero bem que as conte todas...
5. Lamentavelmente, a nossa claque No Name Boys continua a somar multas... pagas pelo Clube. Na 23.ª jornada, em Guimarães, bateram mais um (infeliz) recorde: 12.750 euros, o equivalente às quotas mensais de 1062 sócios. Contas feitas às 23 jornadas decorridas até agora, já vai em 102.078 euros, ou seja, as quotas de 8506 sócios. Sem falar naquilo que nos espera da UEFA... Até quando?"
Arons de Carvalho, in O Benfica
Falta de vergonha é o que está a dar
"Perdoem-me a crueza das palavras mas o controlo dos salários levado a cabo pela Liga de Clubes é uma verdadeira palhaçada...
O futebol profissional em Portugal não passa de uma brincadeira de mau gosto. Por culpa dos clubes e do laxismo do Governo.
Culpa dos clubes porque não estão preocupados com a viabilidade da competição; laxismo do Governo porque faz vista grossa a uma área que devia tutelar.
Alegadamente, os clubes não devem nada aos jogadores, a certificação entregue e aceite pela liga assim o diz. Enganem-me que eu deixo, é a mensagem que chega aos emblemas do futebol profissional, numa conivência com várias tonalidades, cada uma com justificação própria, mas todas a colocarem pregos no caixão da viabilidade da competição.
O esquema usado por muitos clubes é simples mas eficaz, tanto mais que ninguém está interessado em confirmar a veracidade das declarações entregues.
Periodicamente, os futebolistas, amiúde sob coação dos clubes, assinam documentos dizendo que têm os salários em dia. Tenham ou não, os jogadores - que são o elo mais fraco - sem alternativa laboral a meio da época, preferem acreditar no Pai Natal dos clubes, contribuindo para faz de conta que também conhece o beneplácito do seu Sindicato.
Ou seja, é uma teia de cumplicidades - liga, Clubes e jogadores - que perpetua a mentira e leva a situações aberrantes como a que é vivida atualmente no Olhanense. E parece que ninguém se importa realmente com o caso...
Na próxima jornada, o Olhanense recebe o Benfica, numa partida importantíssima para o título e para a manutenção. Não se sabe se os algarvios vão usar os jogadores profissionais ou se recorrerão aos juniores porque, entretanto, os profissionais entregaram um pré-aviso de greve por falta de pagamento dos salários, algo que entra em contradição com as declarações depositadas na liga.
Uma mentira, uma vergonha, um despautério. O rei vai nu.
A I liga, com 16 equipas, é uma mentira e estar a falar em passar para 18 concorrentes (se o Boavista vier a ser reintegrado...) é o cúmulo do disparate.
Meus senhores, acordem! Portugal, já com muita boa vontade, não tem capacidade para sustentar uma Liga profissional com mais de 12 clubes.
E se esses 12 clubes disputarem duas fases, uma entre todos e outra para os seis melhores e seis piores (o que perfará 32 jogos) talvez se encontrem meios para sustentar uma competição a sério, verdadeira e, ao contrário do que hoje acontece, honesta.
Porque a mentira chegou ao auge. Na Liga portuguesa há clubes que não pagam aos jogadores e estão bem classificados e outros que têm tudo em dia e arriscam-se a descer de divisão.
Pior não pode ser e anda tudo a assobiar para o lado como se não fosse nada.
A pergunta de um milhão de dólares é a seguinte: Há alguém interessado em colocar tudo isto no são ou é mesmo para continuarmos no reino da pouca vergonha?
SETE semanas depois, onde para a Polícia?
«O computador portátil de Vítor Pereira, presidência do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, também foi furtado no assalto à sede do organismo»
A BOLA, 14 de Fevereiro de 2013
RECAPITULEMOS: há mais de SETE semanas a sede da FPF foi assaltada, pensava-se que só tinham sido roubados dois computadores, do oitavo andar, mas o portátil do presidente dos árbitros, no sexto andar, também desapareceu. O ladrão, de cara destapada, foi caçado pela videovigilância. Deixou um rasto de sangue e impressões digitais. E nada?
(...)"
José Manuel Delgado, in A Bola
Objectivamente (Selecções, Sporting e AFP)
"Esta semana fica marcada pela Selecção Nacional, pelas eleições no Sporting e pelo regresso à competição interna com os habitantes testes no desgaste dos jogadores entregues às respectivas federações há 10 dias atrás.
Esta é, aliás, uma polémica que vai durar muito até se resolver, uma vez que os clubes reclamam muito sempre que os jogadores têm de ir às selecções mas também é bom saber que o retorno não é mau. Quer como valorização do 'activo', como agora lhe chamam, quer pelo retorno financeiro que as federações são obrigadas a entregar aos clubes por cada um dos seleccionados.
O Benfica teve um grande contratempo com o seu goleador-mor, Cardozo, quando este teve de regressar mais cedo depois de uma lesão frente ao Uruguai de Maxi Pereira. Mas ao mesmo tempo ficou salvaguardado da hipótese de agravar a situação no jogo seguinte com o Equador e talvez a recuperação se faça mais rápida... para além de evitar mais desgaste em longas viagens, etc.
Quanto a Maxi, castigado, regressou a casa mais cedo e poderá assim recuperar mais rápido para os confrontos que se seguem no seu Clube. Quer isto dizer que há compensações para tudo na vida.
Do Sporting, depois de um conturbado período eleitoral, eis que finalmente Bruno Carvalho assume a presidência. Os nossos rivais esperam recuperar o clube da moléstia mas, já agora, a ver se curam também a língua de tanto dizerem mal de quem os tem ignorado.
Gostaria também de destacar a gala da Associação de Futebol do Porto de Lourenço Pinto, essa figura turbulenta do dirigismo que aproveita para distinguir e homenagear clubes e pessoas que se distinguiram na AFP. Leixões, FCP, Boavista, Salgueiros e Progresso serão distinguidos, bem como Pinto da Costa, Valentim Loureiro, Luís Filipe Meneses e outros que tanto deram ao Futebol do distrito.
Que o digam Boavista, Salgueiros e Progresso que quase desapareceram..."
João Diogo, in O Benfica
Protecções
"Há duas semanas, neste mesmo espaço, recordei que o FC Porto, nas temporadas de 39/40 e de 41/42 deveria ter disputado o Campeonato da II Divisão, não fosse a generosidade da Federação Portuguesa de Futebol, que procedeu a dois cirúrgicos alargamentos apenas com o intuito de beneficiar o clube do Norte.
Ainda assim, é daquela latitude que mais se ouvem recorrentes acusações ao Benfica, sobretudo no período que antecedeu o 25 de abril, só possível em mentes perversas e demagógicas, já que a vida demonstrou à saciedade quão falaciosas são as acusações portistas.
Outro exemplo? No dia imediato ao da conquista da primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus, ganha ao Barcelona, foi a equipa de reservas que se viu obrigada a disputar, em Setúbal, os quartos-de-final da Taça de Portugal, após inacreditável sentença do mais importante órgão institucional do Futebol português.
O Benfica, que havia ganho 3-1, na Luz, foi batido, por 4-1, em Setúbal, com a inevitável eliminação da prova.
Foi o segundo jogo oficial de Eusébio, que marcou o golo e desperdiçou um penálti, defendido pelo guardião Mourinho (pai do técnico do Real Madrid).
Quem mais jogou? Ramalho, Sidónio, Pinto, Maximiano, Amândio, Humberto Fernandes, Nartanga, Jorge, Espírito Santo e Inácio.
Enquanto isso, entre outros, Costa Pereira, Germano, Coluna, José Augusto, Santana, Águas e Cavém viajavam de Berna.
Essa edição da Taça de Portugal só teve um pormenor pitoresco. Disputada nas Antas (na Luz nunca na história se realizou nenhuma), permitiu ver o Leixões conquistar o troféu no covil dos dragões-que-nessa-altura-ainda-não-eram-dragões.
Como aconteceria, vinte anos mais tarde, quando um golo de Carlos Manuel deixou o anfiteatro portista em silêncio e concedeu ao Benfica o direito de exibir mais uma Taça de Portugal nos seus ricos escaparates."
João Malheiro, in O Benfica
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