"1. Uma dúvida triste paira sobre o pescoço dos adeptos do Benfica como a espada do velho Dâmocles. Nas suas épocas acreditaram demais e receberam de menos. Agora sentem-se firmes na sua ideia de não voltar a investir emocionalmente numa equipa que, no seu entendimento, os deixou ficar mal. E assim, negam-lhe o seu apoio, ficam em casa, deixam o Estádio da Luz a um inacreditável abandono. «A derrota é uma doença que só a vitória cura», dizia Mário Filho. Talvez só as vitórias sucessivas possam tirar os adeptos do Benfica deste ser medo de novas frustrações. Mas os garotos de cócoras não parecem estar pelos ajustes. E eles é que decidem sob a benção do Madaleno.
2. O Azeiteiro-da-cabeça-d'unto abana a cauda alegremente: ele é o verdadeiro animal de estimação do Sistema.
3. As entrevistas encomendadas do presidente do Porto são quase tão hilariantes como as ordinarices cheias de erros de sintaxe do Copiador-de-livros-alheios. Com que então vai escrever um livro sobre o «Apito Dourado»? Vamos ficar a saber o quê? O câmbio das prostitutas no Calor da Noite? Quantos árbitros foram sempre em frente até à sinistra casa que ficava perto de uma agência funerária? Quem foi o bufo que permitiu uma conveniente fuga para a Corunha?
Esperamos ansiosamente por tão brilhante obra. Mas alguém de bom senso reveja-lhe o português.
4. «Quem vier a seguir a mim só tem que não estragar»: que frase extraordinária. E não estragar o quê? A fruta? Também a espada da honestidade paira sobre o pescoço de tal delfim.
5. Um rapazito excitado e meio histérico que se rebola de gozo por dar uns chutos na bola com profissionais que não têm outro remédio senão aturá-lo embora seja, pelas costas, motivo de chacota, disse do alto da sua inexistência: «Rui Costa? Não conheço.» Cópia barata do Madaleno, não surpreende pela ignorância. Também não sabe quem é o Manuel Fernandes."
Afonso de Melo, in O Benfica