"Mais uma vez, a ordeira e hospitaleira gente do Porto assombrou o País (e até o estrangeiro) com a sua arte de bem receber. Não importa a modalidade, não importam os intervenientes: calorosos, dedicam ameaças a quem os visita; esforçados, procuram agredir quem, por infelicidade dos calendários das provas desportivas, é obrigado a visitá-los.
Não escolhem idades: tanto se insulta um provecto senhor de 90 anos que deseje comprar um bilhete para o Hóquei em Patins como se pontapeia um jovem de 16 que tenha tomado a hedionda decisão de se dedicar ao Futebol em defesa de um emblema que não aquele que há mais de 30 anos se dedica impunemente a estas porcarias. A autoridade, do alto da sua intocável autoridade, autoriza.
Há um lugar em Portugal onde vale tudo! Mas tudo! As leis da República não se aplicam. Os ditames da civilização são desconhecidos. Regras básicas da educação e da urbanidade não fazem qualquer sentido.
Medrosos, aqueles que no seu íntimo vituperam estes comportamentos, calam-se, ignoram, viram a cara para o lado. Tudo em nome da boa vizinhança, com certeza.
Se o resto do País aponta, acusa, exige medidas, erguem-se na sua pastosa imbecilidade os anti-magrebinos, copiadores de livros, enxundiosos infectos, baladeiros cretinos, exigindo o direito à liberdade de insultar e agredir e à qual chamam princípios básicos do regionalismo.
Até quando continuaremos a aceitar passivamente esta nação sem lei que põe em causa todo um Estado de Direito? Até quando aguentaremos o nojo sem resistir ao vómito? Respondam vocês que eu já não sei."
Afonso de Melo, in O Benfica