Últimas indefectivações

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Contas Benfica SAD 2016-2017

"(...) evolução dos Activos Correntes consolidados da Benfica SAD. (...) a evolução dos Activos Não Correntes.
Que podemos retirar desta informação(...)?
Em primeiro lugar, há que fazer uma distinção entre os Activos Correntes e os Não Correntes. Essa distinção é feita sobre o carácter previsível de durabilidade de um Activo na empresa, neste caso, da empresa Benfica SAD numa perspectiva consolidada.
Em segundo lugar, a distinção de rubricas que é feita no âmbito dos Activos Correntes e muito menor que aquela que é feita no âmbito dos Activos Não Correntes. Por outras palavras, nesta última classificação, temos muitas mais rubricas.
Em terceiro lugar, os períodos de referência são as contas que respeitam aos exercícios de 2015/16 e 2016/17.
Em quarto lugar, tecer-se-ão algumas considerações sobre a distinção que é operada em termos de disponibilidade de curto prazo e disponibilidade de médio e longo prazo.
Nos Activos Correntes, temos, de forma mais imediata, os montantes de disponibilidade financeira mais disponíveis, como são os de caixa e os equivalentes de caixa. Estamos a falar de cerca de 13 milhões de disponibilidade imediata.
Mas essa disponibilidade também é quase imediata nas outras duas rubricas, de outros activos correntes, que representa cerca de 12 milhões, e na rubrica de clientes, que representa cerca de 67 milhões.
Como é sabido, uma situação é uma empresa possuir património, e outra totalmente distinta é uma empresa possuir disponibilidade financeira imediata.
Com um exemplo muito simples explica-se esta distinção.
Imaginemos que determinada pessoa tem dois imóveis e não tem dinheiro fresco. E imaginemos que os imóveis não se conseguem vender num curto espaço de tempo por falta de alguém que os compre.
Essa pessoa não deixa de ter património, o seu activo é superior ao seu passivo, mas não consegue arranjar dinheiro fresco para pagar as suas despesas correntes, como água, luz, alimentação, deslocações, escola do filho, etc.
Ora, só tem uma das soluções - ou não paga e assim entre em incumprimento com todas as consequências daí advenientes, ou, então, pede dinheiro emprestado.
O dinheiro que pode emprestado tem de pagar juros, pelo que, se continuar a não ter dinheiro fresco, acaba por não conseguir pagar esses juros e entra em incumprimento.
Ora, aqui começa a ter três soluções, - ou não paga e assim entra em incumprimento com todas as consequências daí advenientes, ou, então, pede mais dinheiro emprestado, o que o faz começar a entrar numa espiral de dividas, mas tem uma terceira hipótese - pode tentar vender um dos imóveis ao desbarato para arranjar liquidez.
Mesmo que o consiga fazer, com os atrasos e incumprimentos que teve, já perdeu muito dinheiro e ainda perderá parte do património que tinha, a diferença entre o que o imóvel valia e o valor pelo qual o teve de vender.
Geralmente esta situação, se não for compreendida pela pessoa e não for invertida, vai originar a médio prazo a insolvência por falta de liquidez.
Daí que seja importante equilibrar disponibilidade imediata e mediata, com património."

Pragal Colaço, in O Benfica

Domingo voto no Fejsa

"Domingo é dia de ir às urnas. As eleições têm sido tema central ao longo do mês. Debates; cartazes afixados pelos país; comícios; viaturas equipadas a rigor com as respectivas cores partidárias e altifalantes que intercalem apelos ao voto com cantigas populares.
No meio desta azáfama, confesso sentir-me um pouco dividido entre as carripanas que ecoam pelas ruas cantigas de Maria Leal e aquelas que entoam melodias de Saul Ricardo. Estilos distintos, mas igualmente esclarecedores relativamente às ideologias das candidaturas. De um lado facções preocupadas com o entretenimento nocturno que anunciavam uma 'Ladies Night'. Na ala oposta, outros privilegiam a gastronomia e espalham a boa nova: 'o bacalhau quer alho'. Prioridades.
Perante estes dados, imagino que o leitor esteja tão indeciso quanto eu nesta contenda. De facto, há muito matéria que pode ser questionada em Portugal: a celeridade da justiça; o serviço nacional de saúde; o fora de jogo assinalado ao Moreirense na primeira parte do jogo contra o Sporting. Todavia, não creio que haja um único cidadão desafinado com a opinião de que este método de campanha política é verdadeiramente útil.
Apesar de louvar tão empolgantes doutrinas, o meu voto será noutro sentido. Estou fascinado por um indivíduo que corresponde ao perfil ideal de político de sonho. Alguém que não corta rigorosamente nada - excepto ataques perigosos. Não aumenta os impostos - mas aumenta a liberdade de Pizzi em campo. Não esbanja dinheiro - apenas sujeita a uma despesa extra em chantagem em meados de Maio. Domingo, a minha caneta irá rubricar no boletim de voto: Ljubomir Fejsa."

Pedro Soares, in O Benfica

O pêndulo

"Época 2016-17: derrotas no Funchal à 12.ª jornada, e em Setúbal à 19.ª. O que têm estes dois resultados em comum para além de terem sido os únicos desaires do Benfica nessa temporada? É que, em 60 jogos do campeonato português, foram também essas as únicas derrotas encarnadas com Ljubomir Fejsa no relvado. Nas restantes partidas disputadas pelo internacional sérvio desde que em Agosto de 2013 chegou à Luz, a equipa somou nove empates e 58 (!) vitórias. Mais dados estatísticos: quatro vezes campeão; e onze títulos nacionais em dez anos de carreira profissional (numa temporada foi campeão na Grécia e em Portugal), o que creio ser caso único no futebol mundial. Na verdade, ele quase não sabe o que é perder.
Os números não enganam. Fejsa é craque, e é uma referência do Benfica triunfante que nos tem encantado nestes últimos anos.
Não se trata de um desequilibrador. É antes alguém que assegura os equilíbrios na parte mais recuada do terreno, fazendo-o com segurança, com autoridade e com classe. Está sempre no sítio certo. Ganha sempre no sítio certo. Ganha duelos individuais. Recupera bolas como poucos e entrega-as com critério. Com Fejsa em campo, até os colegas rendem mais. Pena que os problemas que frequentemente lhe afectam o joelho não lhe permitam jogar sempre. Mas fica também a sensação de que, não fossem eles, Fejsa já não estaria no campeonato português. Fisicamente a 100% teria lugar garantido em qualquer equipa do mundo. Aos 29 anos, ainda podemos esperar muito do médio sérvio. Desde logo que, com a nossa camisola, ainda some mais alguns títulos à sua já recheada carreira."

Luís Fialho, in O Benfica

CARnaxide

"A construção da Cidade Desportiva das Modalidades do Sport Lisboa e Benfica em Oeiras é uma notícia fantástica! Será um marco na vida do maior clube português e na história de um dos concelhos mais desenvolvidos de Portugal. Construir uma infra-estrutura com esta dimensão exige quatro valores - competência, motivação, determinação e execução. Quanto à competência, teremos de valorizar o rigor, a excelência, o talento empreendedor e a aprendizagem contínua.
Em relação à motivação, há que dinamizar as pessoas envolvidas, motivar e inspirar o êxito, promovendo o trabalho em equipa e a diversidade. Quanto à determinação, não tenho dúvidas que saberemos actuar decisivamente e com resiliência, tendo a capacidade para remover os obstáculos que surgirão. A parte mais complexa será a de execução, que exigirá a apresentação de resultados, a simplificação e redução da complexidade, estimulando sempre a melhoria continua, a gestão rigorosa do desempenho e a natural atribuição de responsabilidades. Promover o CAR do SL Benfica  é o compromisso do presidente Paulo Vistas. A Câmara Municipal de Oeiras será, seguramente, um parceiro credível. Tal como tem acontecido ao longos dos 11 anos de existência do Caixa Futebol Campus com a Câmara Municipal do Seixal, em Oeiras estaremos em casa. Quem conhece a obra da actual vereação e, sobretudo, os projectos em curso, só pode estar confiante. Paulo Vistas já provou ser um autarca muito determinado e de palavra. Não duvido que o futuro das nossas modalidades está assegurado. Saibamos todos remar para o mesmo lado. Seja na Luz, seja no Seixal, seja em Oeiras, o importante é a confiança e a visão de futuro."

Pedro Guerra, in O Benfica

O presente depende do futuro

"Há momentos da vida de alguma instituições em que o significado do futuro prevalece sobre a importância do tempo presente. Mas nem sempre é assim. A este respeito, por exemplo, o entendimento do presidente de uma corporação de bombeiros na martirizada zona do Pinhal português pode infelizmente ter muitas semelhanças com a perspectiva do responsável de uma chafarica cujo negócio pessoal e da família, assente exclusivamente em vender promessas aos iludidos clientes, há uma data de anos. Nestes casos, a opção é sempre e só a mesma e depende das circunstâncias e até dos protagonistas das decisões...
Para concretizar um pouco mais: a própria concepção de futuro que um ancião de oitenta e tal anos, coagido e apertado de todos os lados pelos fiscais das finanças e do fisco e sempre às voltas com escabrosos processos judiciais, será parecida com a de um Sundar Pichai, o actual CEO da Google, que nasceu na Índia e estudou e trabalha na América, sendo quarenta anos mais novo? E Paulo Amorim, também por exemplo: com qual dos dois campos se identificará mais a jovem presidente da maior empresa portuguesa, que é o Grupo Amorim?
Pensei nisto, faz hoje uma semana. Na passada sexta-feira, completavam-se onze anos sobre a abertura do Caixa Futebol Campus. Ora, nesse mesmo dia, o Presidente Luís Filipe Vieira, acompanhado pelos vice-presidente Domingos Almeida Lima e Fernando Tavares, anunciava in situ, na serra de Carnaxide, o lançamento do novo Centro de Alto Rendimento do Benfica para as Modalidades, isto é, cá em Casa, o presente depende do futuro."

José Nuno Martins, in O Benfica

O fim da linha?

"Terá Rui Vitória compreendido bem o que significa a noite de Basileia num clube tão grande como é o Benfica?

Compreendo até que possa soar estranho, mas deve o Benfica admitir que o pior da humilhante noite de Basileia nem foi obviamente a derrota. Jogar fora de casa na Liga dos Campeões é difícil para qualquer equipa e, portanto, seria de esperar que fosse difícil para o Benfica esta viagem ao campo do campeão suíço, sobretudo se pensarmos que o Benfica já há muito que não anda propriamente de boa saúde competitiva e mesmo tendo em conta que este Basileia faz parte da terceira divisão europeia e nem é o Basileia que, apesar de tudo, conseguiu ser aqui há quatro ou cinco anos.
Nesse sentido, claro que podiam os campeões portugueses voltar a ter, agora em Basileia, uma noite infeliz, porque pode ter. Perder, pois, custaria sempre, porque perder pela segunda vez nesta Liga dos Campeões complicaria ainda mais as contas encarnadas na prova, e porque voltar a perder seria perder ainda mais do menor ânimo que a equipa tem mostrado no campeonato.
Em todo o caso, qualquer derrota seria sempre mais aceitável, evidentemente, se os adeptos vissem a equipa jogar outro futebol. E essa é que é a questão chave: o futebol, que a equipa joga e o futebol que a equipa não parece capaz de jogar!

O pior, em Basileia, parece não ter sido, pois, a derrota. O pior foi o tão pouco que a equipa jogou. E a baixa intensidade com que joga. E a fragilidade táctica. E a falta de andamento. O parecer que joga num ritmo de treino e de um treino muito pouco exigente. O pior foram os erros tão evidentes e tão chocantes.
O pior foi ver o confrangedor da opção por Júlio César na baliza, porque a experiência do Júlio César já não compensa a falta de agilidade. Como pode um guarda-redes a este nível evitar permanentemente qualquer contacto físico com os adversários (por certo com receio de voltar a lesionar-se...) e tornar-se assim um alvo tão frágil como o foi na triste noite de Basileia? Deu Júlio Cèsar algum frango? Não, na verdade não. Mas abordou quase sempre assim tão mal os lances) Sim, na verdade sim. Mal, muito mal. Tão mal que nunca foi Júlio César capaz de desafiar corajosamente o duelo com os pés dos adversários, como, no mínimo, se exige a qualquer guarda-redes na Liga dos Campeões. Revejam as imagens e logo perceberão o que quero dizer.
O pior foi também ver a opção por Jardel em vez do promissor, jovem, fresco e mais rápido Rúben Dias, porque já tinha ficado claro que Rúben Dias está, nesta altura, muito mais apto do que Jardel a dar à equipa o que ela precisa. E o que dizer da decisão de deixar de fora Seferovic logo no jogo em que Seferovic, por todas as razões e mais uma, mais poderia dar emocionalmente ao Benfica?
E pior ainda foi ver-se, depois, o treinador trocar então Jonas por Seferovic quando a equipa já perdia por 0-3 e contava apenas com dez homens em campo.
À procura, Rui Vitória, de quê? Não pensou no risco de desastre absoluto? Não foi capaz de prever que assim sujeitaria a equipa a perder por cinco, como perdeu, ou por seis ou sete, como quase chegou ao ponto de perder?
O pior, na verdade, foi, enfim, ter-se visto a equipa completamente perdida em campo. Sem rei, sem roque, sem norte, sem alma, sem a cabeça limpa, como se viu sobretudo na expulsão de André Almeida mas também na chapada (que o árbitro, felizmente para o Benfica, não viu) que Jonas, naquele mesmo momento, deu no número 11 Steffen.
O pior, realmente, para o Benfica não foi perder.

O pior foi ter ficado a sensação que a equipa não tem nesta altura capacidade para fazer muito melhor, mesmo frente a um adversário de baixo estatuto como é o Basileia, que, diz a estatística, parece que não ganhava na Liga dos Campeões há 11 jogos, ou seja, há quase, três anos (desde Novembro de 2014) e há quase dez mil minutos de jogo!!!



Tem, aliás, a estatística servido algumas vezes ao treinador do Benfica para justificar mesmo o que não parece lá muito bem justificar dessa maneira - como Rui Vitória fez, por exemplo, ao tentar justificar a pretensa influência de Filipe Augusto no jogo da equipa. Pois desta vez diz a estatística que nos 90 e poucos minutos da humilhação de quarta-feira não fez o Benfica qualquer remate enquadrado com a baliza do Basileia. Neste caso, sim, o que diz a estatística explica muito do que se passou. E nem é preciso recorrer a mais estatística. E muito menos puxar dos galões da posse de bola porque isso só aumenta a vergonha e ainda torna a emenda bem pior do que o sonete!
Muito pior do que perder foi ver o Benfica ser goleada pelo modesto Basileia quase da mesma maneira como foi goleado pelos outro modestos suíços do Young Boys, num 1-5 só disfarçado pela pré-temporada mas que não deixou de levar então o jovem Cervi a desabafar no final um «isto não pode voltar a acontecer».


A derrota desta semana na Suíça não é apenas e segunda pior derrota de sempre do Benfica na Europa, a seguir aos 0-7 de Vigo, há quase 20 anos, sofridos apesar de tudo frente a um Celta que era incomparavelmente muito mais equipa e jogava muito mais futebol do que este Basileia. Agora, o desaire de Basileia não é, pois, o segundo pior de sempre. É, que me lembre, o mais humilhante de todos. Humilhante, creio é mesmo a palavra certa!
Se compreender isso, poderá Rui Vitória ter ainda alguma esperança de conseguir inverter esta história e eventualmente reconduzir o Benfica à linha que, apesar de todas as circunstâncias especiais (e foram muitas, a meu ver, as circunstâncias especiais, que não vêm agora ao caso...), o levou nos dois últimos anos tetra.
Mas se Rui Vitória não o compreender, então pode ser o fim da linha.
Os sinais, para já, dizem que não compreender. Porque se tivesse compreendido teria deixado uma palavra (e, porventura, um pedido de desculpas) aos adeptos e, sobretudo, aos adeptos emigrantes (que incompreensivelmente não deixou) pela vergonhosa e triste que a equipa os levou a passar, e teria dado ordem para, à chegada a Lisboa, seguir tudo para o Seixal para estágio, treino e restante trabalho, até à viagem para o Funchal, onde, já este domingo, há um jogo que o Benfica deve, obrigatoriamente, exigir a si próprio um só resultado: ganhar!
Rui Vitória não fez nem uma coisa (mensagem aos adeptos) nem outra (fechar a equipa no Seixal). Terá compreendido bem o que significa a noite de Basileia num clube tão grande como o Benfica?
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

PS: Este é um daqueles típicos artigos de ataque pessoal só porque sim!!! Desde dos bitaites tácticos (ex: o Seferovic que nos últimos jogos andava a 'pedir' banco; passou a insubstituível...); à ideia peregrina de 'prender' os jogadores no Seixal; ao estranho 'esquecimento' do momento da equipa junto dos adeptos no relvado; e principalmente da forma premeditada, como este e todos os outros jornaleiros, nos últimos dias 'esqueceram-se' da relativamente recente derrota do Benfica em Atenas, também com uma goleada: mas nessa altura o treinador era outro, o actual génio do portunhol!!!
E até a forma, como num texto tão grande, o colunista convenientemente não referiu nem uma vez as 'culpas' na construção do plantel...!!! Não fazia jeito a 'culpa' ser partilhada com terceiros, o importante era 'isolar' o treinador!!!

Causas remotas, soluções futuras...

"Luís Filipe Vieira gizou um projecto desportivo para o futebol do Benfica baseado no enquadramento de jovens talentos, provenientes quer do Seixal, quer do prospecção, feito por jogadores com créditos firmados. Esta fórmula só funciona bem se nem se forçar demasiado a nota à procura de talento transbordante onde ele é apenas residual, nem se descurar a qualidade dos demais players.
O que está acontecer no presente é que, por um lado, depois de safras excepcionais, de onde brotaram, entre outros, Ederson, Cancelo, Bernardo, Guedes, Renato, A. Gomes ou Nélson Semedo, no horizonte encarnado não se vislumbram, para já, talentos de calibre equiparável (o que não encerra nenhum pecado, porque só quem não percebe nada de futebol pode pensar que uma academia de um clube é igual a uma fábrica de alicates). Por outro, aos elementos enquadradores está a faltar a capacidade de outros tempos, nomeadamente a Júlio César e Luisão, quiça os casos mais gritantes.
Mas o que aconteceu em Basileia foi demasiado grave para ser explicado apontado erros individuais, a essa constatação deve remeter a solução do problema, para outros patamares: o do treinador, a quem deverá ser imputada a responsabilidade pela falência táctica e estratégia de uma equipa que só parece ser trabalhada para jogar de uma maneira; e o da SAD, que acautelou o equilíbrio entre a cantera e os outros.
Olhando para o curtíssimo prazo, Marítimo (fora) e Manchester United (casa), são os desafios que podem definir a profundidade da crise encarnada. Mas a questão mais global do futebol do Benfica irá permanecer na ordem do dia..."

José Manuel Delgado, in A Bola

O cartão de crédito de Vieira

"Luís Filipe Vieira conquistou um crédito quase ilimitado junto dos benfiquistas nos últimos anos, fruto dos seis títulos conquistados nos últimos dez anos e da obra feita. Manuel Vilarinho começou a obra de reconstruir o clube depois da calamidade Vale e Azevedo e Vieira prosseguiu o caminho até conquistar a glória interna. Gastou muito; o Benfica começou a ganhar dentro de campo até que chegou a hora de começar a pagar a factura financeira e reduzir a dívida.
O caminho encontrado foi o de começar a olhar com maior propriedade para a formação e, nessa altura, em 2015, já com um bicampeonato no bornal, decidiu que Jesus não era um homem indicado para este projecto e decidiu-se por Rui Vitória. As duas primeiras temporadas correram de feição e Vieira começou a capitalizar financeiramente o sucesso desportivo, vendendo os principais activos da equipa, até que chegou ao início desta temporada. Estava à vista de muitos - excepção feita os arautos da versão oficial - que o plantel tinha deficiências. Vieira usou os créditos que tem junto dos adeptos e não recorrei a novos créditos exteriores para ir buscar reforços - aqui deve ler-se na verdadeira acepção da palavra e não o ir buscar jogadores só porque sim. Para esta estratégia resultar, contou com um treinador benévolo no relacionamento com a sua estrutura, que não reclama, pelo menos em termos públicos, por melhores jogadores.
O pior nesta altura para os encarnados é terem a percepção de que a exibição e a goleada sofridas em Basileia não foi conjuntural mas estrutural e vem na sequência de uma série de erros na construção do plantel que, no curto prazo, só se resolve com dinheiro. Resta saber se Vieira vai continuar a gastar os créditos do seu cartão ou se vai manter-se inamovível no caminho. Não é fácil, porque também estará consciente que, tal como os financeiros, os créditos de simpatia também se esgotam."

Hugo Forte, in A Bola

Jogamos para quem?

"Quando se transforma um jogo de futebol num espectáculo desportivo passamos a ter mais um objectivo -satisfazer o público. Passamos a jogar também para os espectadores. Aumentamos as responsabilidades de todos os intervenientes. Não perdemos nenhum dos outros objectivos, com destaque para jogar bem e vencer o adversário, este o primeiro objectivo desde que se começa a jogar na escola primária.
O gosto pelo jogo é, pois, fundamental para que se jogue bem. O espírito competitivo deve ser incentivado na mesma proporção que o respeito pelos adversários. No futebol profissional jogamos por nós e para o público. Os espectadores são fundamentais para o sucesso de uma equipa e da competição. Formar jogadores mais completos ajuda a formar melhores espectadores futuros. Como tal, o processo de formação, num clube profissional, deve assumir frontalmente que este tem como objectivo fundamental a preparação qualitativa e quantitativa de jogadores que possam dar o seu contributo ao futebol profissional. Poucos chegarão a este patamar, contudo o entendimento do jogo será absorvido por todos. Não é um objectivo único, porque a prática do futebol e um processo de formação escolar nunca deixarão de estarem presentes. A transmissão de valores, desportivos e humanos, próprios dos jogos colectivos, complementam todo o processo.
A Federação está a dar passos seguros em matéria de certificação dos clubes formadores, compete-nos a todos perceber que também temos que jogar para o público e com público. Não para o público televisivo. Este está a ser um calcanhar de Aquiles do futebol profissional em Portugal. Importa analisar o problema de fundo, porque um jogo de uma competição profissional é para os adeptos. Sem público não ganha o jogo, nem a competição, nem a televisão. Temos de fazer tudo para levar público aos estádios. Tudo!"

José Couceiro, in A Bola

Um passo de gigante

"Depois da inauguração do Centro de Treino e Formação do Seixal há mais de uma década, o Benfica vai deixar a sua marca no domínio da criação de condições de excelência para a alta competição: a prioridade chama-se agora o Centro de Alto Rendimento em Carnaxide, onde o atletismo e o râguebi terão um espaço nobre, um modelo de fazer inveja a qualquer outra instalação desportiva em Portugal nestas duas modalidades. A intenção é dotar o clube de instalações modernas, onde possa coexistir a formação e a competição, um pouco à semelhante do que se passa no Seixal. O custo é de 17 milhões de euros.
Nos dias de hoje não há tempo a perder em criar modelos. Isso custa muito dinheiro e a política do Benfica parece ser outra. Manter equipas competitivas, mas olhar cada vez mais para a formação. No complexo da Luz ainda há espaço para a formação e competição das modalidades de pavilhão, mas existem outros desportos com tradição no clube que requerem atenção. Sem casa própria desde há muitos anos, o atletismo e o râguebi podem enfrentar daqui a alguns anos sérios desafios de forma a honrar os pergaminhos do clube.
Por outro lado, o Centro de Alto Rendimento em Carnaxide traduz-se num sinal de viragem. Há uma posta muita forte na ciência do treino, investigação, o que permite modelar quem, efectivamente, tem condições para chegar longe na elite. Estamos a falar em representações nacionais a europeus, mundiais e Jogos Olímpicos, o que significa que a curto prazo tantos os treinadores como os atletas terão as melhores condições. Depois serão as capacidades psicológicas a ditar a diferença na competição."

De Vieira a Bas Dost

"A popularidade de Luís Filipe Vieira será hoje posta à prova. Não há assembleia gerais para analisar o rendimento das equipas de futebol, mas a fase que o Benfica atravessa fará com que esse acabe por se transformar no tema da noite. É inevitável. E que fase é esta que os encarnados atravessam? Se falarmos das últimas 4 semanas, é uma fase má. Se falarmos dos últimos 2 meses, é uma fase boa, que até já inclui um título conquistado (Supertaça). Se falarmos de 2017, então passa a ser uma fase extraordinária, com 3 títulos ganhos (Liga, Taça de Portugal e Supertaça) e com vendas de 150 milhões de euros.
Dos últimos 16 troféus disputados em Portugal, o Benfica ganhou 12. O Sporting venceu 2, o Sp. Braga 1 e o Moreirense o outro. Esta é uma realidade. A outra é a de que o tetracampeão definiu o penta como próximo objectivo e que, até ver, as coisas estão a correr mal. Por quê? Talvez porque se tenham feito más opções no mercado. Se foi isso, só há um caminho a seguir: aguentar até Janeiro e corrigir aí o que houver para corrigir.
Em Alvalade, Bas Dost ficou em ponto de mira por ter passado a bola a um colega em vez de ter rematado à baliza do Barcelona. Vejam lá melhor o lance. Bas Dost iria rematar com três adversários em cima e, por isso, preferiu oferecer a Bruno Fernandes a possibilidade de disparar sem ninguém por perto. Tomou a melhor decisão."

Uma questão de grandeza

"A música dos históricos rivais do Benfica, no que diz respeito ao rendimento e aos resultados (não) alcançados pelas respectivas equipas principais do futebol profissional, tem sido a desafinação objectiva que se conhece. Se o Sporting está, não tarda, há 16 anos sem vencer um campeonato, o FC Porto jejua vai para cinco.
No domingo, dia 1 de Outubro, há clássico em Alvalade, mas leões e dragões, pelo que vão debitando de forma sistemática nos seus canais, mantêm a evidência de que apenas têm olhos para o Tetra que assumidamente quer ser Penta. O Benfica ganhou 12 dos últimos 16 troféus disputados a nível nacional, é um facto. Pouco simpático para os maiores adversários, deve admitir-se, mas é um facto. 
O Clube impôs o seu vigor, vincando e reforçando a sua grandeza a cada sucesso e, não menos relevante, nas adversidades demonstrou ser capaz de assumir e aprender com os erros para vencer e tornar a vencer.
Correr e batalhar pela revalidação do título nacional, em busca do histórico Pentacampeonato, é um propósito explícito do Benfica desde o primeiro segundo da preparação para a temporada 2017/18. A luta prossegue no domingo, na Madeira, diante do Marítimo, em jogo da 8.ª jornada da Liga NOS."

Alvorada... do Júlio

Benfiquismo (DCXI)

Sentimento...

Aquecimento... rescaldo