Últimas indefectivações
quinta-feira, 3 de julho de 2025
Maratona cumprida
"Época finalmente encerrada, com o mais longo dos jogos, na mais longa das épocas da história do Benfica. Veremos agora o que o futuro nos traz. Maior sensatez ou ainda mais jogos?
A equipa escolhida para o que seria o confronto final incluía o regressado Florentino e o perdoado Kokçu. De pior, confirmava a ausência de Renato Sanches, que tão importante tinha sido no jogo anterior. Já Carreras, uma das figuras principais da época, não era eleito, talvez impedido pelas negociações contratuais em curso.
Assistimos a um jogo estranho, atípico e fortemente afetado pelas longas pausas. Ainda nos queixamos da Choupana... A supremacia do Chelsea foi clara até à interrupção protocolar provocada pelo tempo. Surpreendentemente, a longa paragem trouxe um Benfica melhor, mesmo com o pouco tempo disponível, ainda a tempo de forçar o prolongamento.
O futebol tem disto frequentemente: Trubin a passar de herói imortal a quase vilão, em apenas quatro dias. Há expressões que, por serem certas, perduram no tempo, tal como os provérbios ou ditos populares. No caso particular do futebol, e na posição específica de guarda-redes, defende-se que a obrigação base do keeper nas bolas paradas é defender o lado que a barreira não tapa. Mas também defender o primeiro poste, relativamente ao lado de onde vem o remate ou cruzamento.
Neste caso, acabou por ser um cruzamento/remate que surpreendeu Trubin. A questão é não tentar adivinhar, resistindo à tendência do movimento, mas sim preparar-se para defender o canto pelo qual se é mais responsável. Mérito e grande perícia de Reece James, mas indesmentível responsabilidade de Trubin.
É verdade que o Benfica viria a empatar, mas os ingleses chegariam à vantagem, já no prolongamento, beneficiando de nova infelicidade de Trubin, mas no seguimento de vários erros desequilibradores no meio-campo. O Benfica tinha chegado ao tempo extra revigorado pelo empate do qual já duvidava, mas veio a tal expulsão, típica de quem entra com mais vontade que discernimento. Inesperadamente, porém, foi na fase imediatamente a seguir que o Benfica mais perigo criou, estando perto da vantagem até ao segundo golo do Chelsea, que, aí sim, resolveu o jogo.
A verdade é que, convém lembrar, foi Trubin o jogador determinante para o Benfica chegar aos oitavos de final, meta considerada à partida positiva para esta primeira participação no Mundial de Clubes.
Histórias de vida
O recente episódio entre Lage e Kokçu, embora bem diferente, recordou-me uma experiência que vivi como treinador. Enquanto selecionador de Cabo Verde, já há algum tempo, decidi convocar um jogador que era suplente num clube grande português. Talentoso e irreverente, entendeu que deveria ser titular, mesmo sem o ser no seu clube de então.
Nunca achei que tal fosse lógico, nem justo para os colegas que jogam regularmente. Durante a preparação desse jogo, que marcava a minha estreia como selecionador, o tal convocado, quando percebeu que não seria primeira escolha, fez questão de mostrar a sua discordância, com um par de atitudes inconvenientes durante uma das sessões preparatórias.
No rescaldo, embora viajasse connosco, decidi deixá-lo fora dos convocados para esse importante e difícil primeiro confronto. No seguimento, promovi uma reunião com toda a equipa, onde ele teria de se retratar, para entrar nas contas para o jogo seguinte, já em Cabo Verde. O procedimento das desculpas foi cumprido, algo que sendo obrigatório, nem sempre é sentido, por isso, faltava uma conversa mais privada, para confirmar se realmente reentrava no mesmo barco do treinador.
Correu bem e ele, orgulhoso, mas inteligente, acabou por ser um bom exemplo para os colegas e um atleta bem influente, dentro e fora de campo, no trajeto feliz que nos apurou para a sempre desejada CAN. Percebi, durante esse meu trajeto, que esse primeiro acontecimento serviu de base útil para a solidez pretendida entre quem dirige e quem joga.
Campeões
Boavista e Belenenses. Respeito pela antiguidade, história e por pertencerem ao grupo restrito de cinco clubes campeões nacionais da nossa Liga. Estive com orgulho no Boavista, como assistente técnico de Jesualdo Ferreira, numa época em que foi possível a desejada manutenção. A ligação ao Belenenses é diferente e bem mais antiga. Na minha infância era o parceiro do meu pai, no ritual dos domingos à tarde de futebol (que saudades...). Quando o Benfica jogava fora, íamos ao Restelo ver o Belém e as suas boas equipas, que então competiam pelos lugares de honra da nossa Liga.
Muito se passou entretanto e estes históricos são hoje uma miragem do passado. Quem reduziu clubes de referência a organizações (?) caóticas. Como é que clubes cuja dimensão corresponde à força dos seus adeptos se deixam cair assim? Quais são os nomes de quem o fez? O Boavista, o mais antigo clube português, repete um triste retrocesso, novamente por motivos extracampo. Pelo contrário, o Belenenses, vai felizmente reacendendo a chama e recuperando a honra.
Abel Ferreira
Veremos onde chega o Palmeiras neste Mundial, mas Abel Ferreira é um treinador que resulta. No discurso e nas competições. A sinceridade e a inteligência convencem e distinguem. O valor da metodologia utilizada importa, mas também, e muito, aquilo que o mister transmite aos jogadores. Igualmente importante é a forma como se comunica com a imprensa, que, mal ou bem, representa o adepto que critica. Só um fenómeno consegue permanecer no Brasil e no mesmo clube durante tanto tempo."
Assinou de livre vontade
"SAIR SÓ PELA CLÁUSULA!
1. Álvaro Carreras chegou ao Benfica sem ter mais onde cair. Não vingou no Manchester United que se viu na necessidade de o emprestar aos espanhóis do Granada. Mas também não se impôs nesta modesta equipa do sul de Espanha - era suplente.
2. Alguém no Benfica - felicito-o por isso! - viu nele potencial e veio em janeiro de 2024 para colmatar o fiasco da contratação do Jurasek - um dos grandes barretes, talvez o maior, dos últimos anos. Acontece que Schmidt nunca lhe deu a titularidade e ele nas ocasiões em que jogou também não mostrou nada por aí além. Finda a época 2023-24, se o Benfica não tivesse exercido a cláusula de compra do jogador a ninguém isso teria espantado.
3. Schmidt acreditava tanto em Carreras que pediu a contratação de Beste, a quem entregou de mão beijada a titularidade no início da época 2024-25. Com Bruno Lage, porém, tudo mudou - parabéns mister pelo trabalho realizado - e Carreras tornou-se a grande revelação da época, o melhor defesa lateral a atuar em Portugal, um dos melhores e mais regulares jogadores do Benfica, exibições de encher o olho cá dentro e na Champions, a ponto de ter despertado o interesse dos colossos Atlético de Madrid e Real Madrid.
4. Não gostei nada de ver a exibição de Carreras em Braga, já a poupar-se perante a enorme possibilidade de se transferir, na final da Taça também não deslumbrou, no Mundial de Clubes viu aquele incrível amarelo contra o Auckland, mais parecendo não estar interessado em jogar contra o Bayern. Já não era o Carreras do resto da época.
5. O Benfica tem as contas boas, no lucro, para o exercício de 2024-25, pelo que adivinho que não sejam questões de tesouraria a empurrar agora para a venda. Pode ter necessidade para o fecho do exercício de 2025-26, mas para isso tem até 30 de junho de 2026 para o vender, isto é, no fim da época. De modo que por mais que Carreras se mostre desagradado, por mais que mostre vontade de sair, no lugar de Rui Costa só o vendia pelo valor da cláusula paga a pronto. E como é o jogador que quer sair e não o Benfica que o quer vender, teria que ser ele a pagar as comissões, suponho que de 5M€, ao empresário que intermediar o negócio com o Real Madrid.
6. Tudo bem - ou tudo mal! - que os clubes portugueses precisam de vender jogadores para com as mais valias dessas vendas equilibrarem as contas. Mas está na hora, ou pelo menos está na hora do Benfica mostrar intransigência em negociações de jogadores que não quer vender e que mande à fava o facto de ficarem contrariados, isso passa-lhes com o tempo."
Villas-Boas gosta de jogar à roleta
"André Villas-Boas parece estar fixado num único tipo de perfil de treinador. Apostar em Farioli, que carrega uma imagem de derrota, é uma decisão demasiadamente arrojada. E arriscada
Um dos traços mais marcantes da presidência de Pinto da Costa foi indiscutivelmente o sentido apurado na escolha de treinadores. Nos nomes, nos momentos certos das respetivas carreiras e uma durabilidade no cargo que correspondia a um padrão: dois anos em média e depois algumas exceções, a última delas personificada em Sérgio Conceição. Antigamente chamava-se faro a esta capacidade que tem muito a ver com a intuição, algo que não se aprende; nasce-se, logo, é uma singularidade ao alcance de poucos.
Foi assim, aliás, na escolha de André Villas-Boas para a «cadeira de sonho»: um jovem e promissor treinador que aprendera com Mourinho e no pouco tempo em que esteve na Académica mostrou tudo o que era preciso para outros voos. Assim foi: em 2010/11 o FC Porto foi arrasador em todos os sentidos, de tal modo que no ano AVB faria o mesmo trajeto que o seu mentor fizera sete anos antes, ao trocar o Dragão por Stamford Bridge.
Percebe-se que o Villas-Boas presidente tenta seguir os mesmos passos do antecessor: escolhas arrojadas, mas entendíveis: o adjunto que conhecia a casa e reuniria condições para se emancipar (Vítor Bruno, tal como aconteceu a Vítor Pereira, ex-adjunto de… Villas-Boas); um argentino com pinta de marcar a diferença e produto da melhor escola de treinadores da América do Sul (Martín Anselmi) e agora um daqueles técnicos da moda, que nem o rótulo de derrota estampado na testa põe em causa as esperanças de um novo despertar (Francesco Farioli).
A questão é que Villas-Boas parece estar fixado num único perfil de treinador, quando a história do FC Porto mostra que a cada experimentalismo (que os houve, geralmente com sucesso) seguiu-se sempre uma opção mais conservadora, fosse na personalidade ou mesmo na idade. Até nos momentos de maior glória, Pinto da Costa procurou a diferença nos estilos e na forma de comandar no que toca à substituição de treinadores, sabendo como funcionam os balneários e a necessidade de abanar as dinâmicas de grupo: o estouvado Tomislav Ivic a seguir ao cirúrgico Artur Jorge; o pedagogo Jesualdo Ferreira depois do conflituoso Co Adriaanse e por aí fora — falhou redondamente, no entanto, na tentativa de mudar o paradigma após a saída de José Mourinho, ao trazer o italiano Luigi Delneri que nem bom dia sabia dizer em português.
Villas-Boas correria um risco fosse quem fosse o sucessor de Martín Anselmi, mas ao colocar as fichas novamente num jovem estrangeiro que pouco conhece o futebol luso é gostar de jogar à roleta. Porque além das vicissitudes próprias do nossa liga há a memória recente de um campeonato perdido pelo Ajax para o PSV cujo dramatismo é dez vezes superior ao que aconteceu a Sérgio Conceição ou Bruno Lage quando perderam o primeiro lugar depois de vantagens confortáveis.
Não tenhamos dúvidas: ao mínimo deslize, as lágrimas de Farioli naquele último jogo em Amesterdão vão ser aproveitadas até à exaustão pelos rivais do FC Porto, num processo de desgaste de imagem do qual o italiano não tem qualquer culpa.
Dirão os mais otimistas que os bons resultados fazem esquecer as más memórias e esta aura de fragilidade, mas para que as vitórias em série apareçam é preciso haver condições circunstanciais e estruturais que o favoreçam. E todos sabemos que isso hoje está bem longe de acontecer."
Quando cinco foram mais que onze
"Com destino ao Mundial de Clubes, o Benfica encolheu-se e sentou-se em turística, que é onde se senta quem viaja para fazer turismo. E perdeu contra um Chelsea de terceira categoria, a jogar como equipa pequena. Mas depois, no domingo e na adrenalina do pavilhão, venceu o título de futsal em casa do Sporting. Fez o salão ser maior que um campo aberto
Pronto. Acabou. Já se pode escrever sobre futebol. Não acabou per se, eu sei. Continuam por lá, aqueles conjuntos envergando cores histriónicas, europeus a bocejar de cansaço, sul-americanos inflamados de uma coragem confrangedora, a chutar bolas como quem chuta a fortuna com éfe maiúsculo. Partidas infinitas como se fosse cricket. Sob o calor, a falta de público e de noção. Uma atmosfera de delírio sem glória. Mas acabou para nós, pobres-diabos que torcemos pelo Benfica. Acabou para nós, os crentes na bola preta e branca que hoje já não se reconhece. Acabou e é como se nunca tivesse começado: o Campeonato Mundial de Clubes, que em crianças nos tomava a imaginação, nunca foi nada disto.
O que quer que tenha sucedido nesses Estados Unidos das Coisas Impossíveis — e fosse o que fosse, ao que parece, pagava bem — o Benfica saiu derrotado. Veio embora. Apanhou o avião como quem foge à ventura. Encolheu-se e sentou-se em turística, que é onde se senta quem viaja para fazer turismo. Perdeu contra um Chelsea de terceira categoria, a jogar como equipa pequena. “Os mínimos”, proclamaram os desportivos. “O Benfica cumpriu os mínimos.” E Lage, com aquele ar de quem está sempre a ruminar a própria sombra, fez o que sabe: deixou no banco quem devia estar em campo, queimou quem ainda ardia, trocou tudo. Terá sido esse o famoso “plano para o Prestianni”? Uma criança de 19 anos que fez, imagine-se, o que faria um rapaz daquela idade. E lá estavam os adivinhos de estúdio a fustigar o miúdo, quando deviam 'bater' no Lage, no Rui Costa, no Kökçü, que depois da triste figura que fez nunca deveria ter voltado a pisar a relva.
Torna-se fastidioso, eu sei, enumerar as misérias do costume. E, no entanto, cá estamos nós. “É uma questão de respeito por todos os sócios”, disse o Presidente. Eis a frase que repete como um credo vazio. “É minha função, é minha obrigação, respeitar todos os sócios”, acrescentou, num tom de quem cita o próprio obituário. “Não estou aqui com joguinhos nem com rodriguinhos”, serpenteou no vazio. “O que assumi com os sócios foi que antes de começar a próxima época iria anunciar se era candidato ou não. É uma forma de estar na vida e o [meu] foco neste momento é terminar a época da melhor maneira possível.”
Já está. A época terminou. E agora? Irá dar início àquela farsa chamada “reflexão profunda”? Tomara fosse como António Vitorino, assim não se recandidatava. Mas o que está à vista de todos é este adiamento patológico. Esta morrinha em desencalhar. Esta lerdeza de alma. Esperando Outubro.
Um adepto também se cansa. Cansa-se de presidentes e treinadores. Cansa-se de sofrer na relva. E então procura consolo nas modalidades. No Futebol de Salão; permitam-me a heresia sentimental de continuar a chamar-lhe assim: é um nome tão mais nobre, tão mais brilhante, tão mais bem-acabado do que esse “futsal” competente e sem alma. (Sim, eu sei que “Futsal” e “Futebol de Salão” não são tecnicamente a mesma coisa, mas o leitor sabe que nem sempre a rigidez dos nomes transmite com rigor a poesia das coisas.) Foi um baptismo inventado para apequenar o antigo jogo dos ginásios, das salas com palco, espelhos e espaldares, onde se dançava e se discutia, onde se fazia assembleias gerais, récitas, Karaté e concursos de bandas de música moderna.
Isto do futebol é, às vezes, um romance com acção a decorrer em universos paralelos. Quando parece desaparecer do relvado que o viu nascer, vai parar ao taco polido dos salões. Mais precisamente, ao Pavilhão João Rocha, ali à esquerda, antes de chegar ao Estádio de Alvalade, quem vem da António Stromp, mesmo em frente à bomba da BP. É lá que o Sporting põe em cena as suas modalidades e a sua pose triunfante. Mas há certos Domingos em que a soberba verde contrai. Porque quando ganha o Benfica há qualquer coisa de apolíneo. Qualquer coisa que participa da permanência dos elementos.
Como no Domingo passado: um embate que trespassou o tempo comum. Uma disputa selada com a força de um mito, gravada no mármore da memória.
Mas antes deixem-me situar. O último campeonato do Benfica remonta ao Neolítico: 2019. O Sporting tem empilhado canecos numa catadupa que já vai para seis anos. O Benfica perde; e a derrota tornou-se o seu estado natural. Em jargão filosófico chamemos-lhe “ontologia do fiasco”.
Voltemos a Domingo. Era o Jogo 5. “O” jogo. O Benfica sempre atrás no marcador: 1-0, 2-0, 2-1, 2-2, 3-2. Até que Diego Nunes faz o 3-3. E depois, a reviravolta! Um estoiro do meio-campo, do guarda-redes Gugiél; Afonso Jesus, um dos heróis daquela tarde, desvia ao ângulo — instante de suspensão — a bola entra. Uma coisa de Hóquei em Patins. Só à décima repetição se percebe.
E ainda não tinha acabado. O futebol de salão é prodigioso nessa arte de fingir que terminou. E recomeçar. E roçar o abismo. É a adrenalina do pavilhão que, em termos médicos, se traduz numa correlação entre o que ali se joga e a taxa de ataques cardíacos a dar entrada em São José. O Sporting ainda arranjou tempo para três ou quatro lances de empate. Inacreditável. Só visto. Gugiél defendeu um golo certo, mandou uma bola à trave e, até ao último segundo, ainda pairou a hipótese de tragédia. Foi notável. Foi atroz.
O futebol, como as cartas de São Paulo e os ensaios de Chesterton, é rico em paradoxos. Que é quando somos pequenos que somos grandes, já sabíamos — a paráfrase de Saint-Exupéry que está em todos os murais de todos os liceus. Mas que é quando somos menos que somos mais, isso é inédito. Ora foi isso que aconteceu. Cinco foram mais que onze. E um salão maior que um campo aberto."
Todos gritam, mas ninguém dá soluções
"A sobrecarga dos calendários competitivos é um facto. Mas ao contrário do que diz o senso comum, pode haver argumentos contra factos. Falta é discutir o tema a sério
Contra factos não há argumentos? Claro que há, nem que sejam outros factos que nos levem a relativizar os que levávamos primeiro para qualquer discussão. O segredo está — e por isso existe a indispensável política — em reunir e interpretar os factos, as opiniões e as convicções e tentar dar-lhes forma que seja socialmente aceitável e exequível.
Facto: existe uma sobrecarga de jogos no futebol de alta competição, que pode prejudicar o rendimento regular dos jogadores e aumenta o risco de lesões. Provam-no estudos científicos publicados numa escala já relativamente larga.
Facto: no verão de 2025 a FIFA implementou um Mundial de Clubes que obrigou os participantes a prolongar a época anterior e atrasar o início da que já começou ontem.
Facto: de dois em dois anos disputam-se, à vez, o Mundial e o Europeu, nas mesmas datas do atual Mundial de Clubes, um bocadinho mais para a esquerda ou mais para a direita.
Facto: as provas de seleções não impedem os clubes de iniciar as suas pré-épocas na altura certa, embora sabendo que os jogadores internacionais se juntarão mais tarde, enquanto o Mundial de Clubes obriga a reajuste de todo um plantel.
A partir daqui escorrem opiniões. Entre jogadores, treinadores, dirigentes e comentadores uns falam a favor e outros contra. Já se assistiu, mesmo, a dirigentes que exercendo um cargo estão contra e chegando a outro se revelam a favor. Trocam-se acusações que incluem alegados milhões de euros ganhos ou perdidos. Empresários e jogadores que querem, alegadamente, ganhar mais ou o mesmo dinheiro jogando menos vezes. Instituições que gerem o negócio e querem ter cada vez mais jogos para vender a outras instituições que os transmitem e monetizam pelo mundo inteiro. Ou pelo mundo virtual inteiro. Isto tudo alegadamente.
O mal, permitam-me, tem sido esse: alegar-se muito e discutir-se pouco onde os temas têm de ser discutidos. Sou jornalista, ainda por cima com responsabilidades neste jornal, e a minha área de negócio, alegadamente, tem muito a ganhar se a discussão das questões sérias for sendo feita, à vez, em soundbytes que correm o Mundo no espaço máximo de uma hora, em latitude e longitude.
Importante, para o futebol, era que todos os agentes se sentassem à mesa, ou em várias mesas, para perceber onde vai isto parar. O que não vai acontecer."
Ambição sempre, rumo a novos mares!
"Portugal estreia-se amanhã no Europeu feminino da Suíça frente à campeã mundial, Espanha, num grupo exigente que inclui também a Itália e a Bélgica, seleções que estão à nossa frente no ranking. Apesar dos últimos resultados menos positivos, há razões para acreditar. O estágio mais longo permitiu ao selecionador trabalhar com outra qualidade e profundidade assim como, possivelmente, recuperar jogadoras importantes que estiveram indisponíveis nos últimos jogos, como a Lúcia Alves, a Diana Gomes, a Joana Marchão e a Kika.
Portugal chega com mérito e ambição. A presença em grandes competições já não é exceção — é sinal de crescimento sustentado. O grupo é competitivo, mas não impossível de ultrapassar para chegar à fase seguinte. Esta Seleção já provou que consegue enfrentar qualquer adversário com coragem e qualidade.
Todos nós, portugueses, acreditamos nas nossas jogadoras, na sua determinação, resiliência e talento. E sei que não há ninguém mais motivado do que elas para estarem ao mais alto nível e demonstrarem, uma vez mais, que Portugal sabe competir com as melhores.
Força e boa sorte às nossas Navegadoras!"
Assembleia Geral
"De acordo com o artigo 32.º do regime jurídico das federações desportivas (RJFD), as federações desportivas devem contemplar na sua estrutura orgânica, pelo menos, os seguintes órgãos, mesmo que com outras denominações: a) Assembleia Geral; b) Presidente; c) Direção; d) Conselho Fiscal; e) Conselho de Disciplina; f) Conselho de Justiça; g) Conselho de Arbitragem.
Também nos termos do RJFD — concretamente do artigo 34.º — a assembleia geral é o órgão deliberativo da federação desportiva, cabendo-lhe, designadamente:
a) A eleição ou destituição da Mesa da Assembleia Geral;
b) A eleição e a destituição dos titulares de alguns dos órgãos federativos;
c) A aprovação do relatório, do balanço, do orçamento e dos documentos de prestação de contas;
d) A aprovação e alteração dos estatutos;
e) A ratificação dos regulamentos disciplinar e de arbitragem das ligas profissionais;
f) A aprovação da proposta de extinção da federação;
g) Quaisquer outras que não caibam na competência específica dos demais órgãos federativos.
Ora, precisamente na Federação Portuguesa de Futebol foram aprovados no passado sábado, em assembleia geral extraordinária, alterações significativas aos seus estatutos — cuja maioria necessária era de três quartos dos delegados presentes, mas foi atingida a unanimidade — onde, entre outras, surge a criação, prevista por esta Direção, de três novos órgãos consultivos, a saber: o Comité de Ética, Conselho Superior e Conselho Estratégico.
Estes novos órgãos visam traduzir uma nova visão quanto à forma de organização e governação da própria instituição, ganhando dignidade acrescida pela sua inserção na carta magna da entidade; relembramos que os estatutos de uma associação constituem o conjunto de regras que definem a sua organização, funcionamento e objetivos. Estabelecem igualmente direitos, deveres e a estrutura dos órgãos internos."
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