"No último sábado aconteceu uma série ininterrupta de acontecimentos paradoxais. Não vale a pena culpar o árbitro, mesmo que haja, e houve, erros em prejuízo do Benfica, pela derrota em Vila do Conde.
Estávamos a ganhar 1-0 e a jogar de uma forma em que quase todos prevíamos o pior.
A falta de Gaitán justifica, mas não explica tudo. O mérito do Rio Ave não pode servir para esconder alguns erros próprios. O Benfica não jogou bem, não soube sair de uma pressão alta, e nunca teve um fio de jogo como habitualmente tem.
Ainda mal refeitos da derrota, e com as contas do campeonato a complicar, o Porto depois de estar a vencer na Madeira mostrava ser sempre capaz de tranquilizar o rival e levar os seus próprios adeptos ao desespero.
Feitas as contas, estavam pior os adeptos portistas depois de empatar, que os adeptos benfiquistas depois de perder. Mesmo sem estar bem, o Benfica pareceu estar melhor ou menos mal que o seu opositor.
De facto foi uma derrota que colocou o Benfica mais perto do título. Agora faltam oito jogos, seis em Lisboa, cinco dos quais na Luz. Temos um calendário que terá de ser vencido com competência.
Já não há margem para mais deslizes, nem se pode contar com mais ofertas do nosso rival. Temos de voltar à qualidade que os permite chegar a mais um título, ao bicampeonato que os adeptos anseiam e merecem pelo apoio que nunca falta.
O Benfica ganhará se voltar a jogar bem. Não faltará o colinho dos adeptos nesta caminhada.
O castigo do seleccionador foi reduzido de forma substancial e há justiça na decisão. Se há consenso no futebol sobre Fernando Santos, é acerca do seu irrepreensível comportamento, e da sua ética e fair play. Esta decisão é mais equilibrada, sensata e justa."
Sílvio Cervan, in A Bola