"É óbvio que fiquei desiludido com a derrota em Vila do Conde. Sou adepto e não gosto de ver a minha equipa a vacilar. É perfeitamente normal que tenha atirado alguns impropérios para o ar, que tenha amaldiçoado um pontapé mal dado, uma perda de bola ou uma desatenção na defesa. Irritei-me com as decisões de arbitragem, apeteceu-me abanar a multidão que ficou em silêncio depois do golo do empate e não quis ver resumos do jogo durante o fim de semana. Tudo isto é normal quando se gosta tanto de um Clube.
Nos dias em que não ganhamos - e são cada vez em menos número - há daquela sensação de vazio, de um falhanço que é pessoal, apesar de saber que, mesmo com esta barriguinha, também eu não conseguiria marcar golo. Provavelmente todos nós teríamos metido mão à bola ou agarrado o adversário que corria para a baliza, mas isso só se sente algumas horas depois do sucedido. Naquele momento as reacções são como as repetições da Sport TV: não passam.
Faz parte do Desporto esta coisa do ganhar e perder, mas ninguém me venha dizer que não custa. É claro que o mal-estar é atenuado quando os outros - os que fazem a festa com a desgraça alheia, pelo menos desde a final de 1988 da Taça dos Campeões Europeus - também não conseguem os seus objectivos. Nesse caso, a desfeita é relativa, é matemática, apenas um grão na engrenagem. Os danos colaterais acabaram por ser mínimos: continuamos à frente, temos o maior número de golos e de vitórias e jogamos as próximas duas jornadas em casa, com paragem no campeonato antes disso. Sim, perdemos em Vila do Conde e então? Quem dera a todos os outros terem três pontos de avanço a oito jogos do fim."
Ricardo Santos, in O Benfica
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