" "Success is never final, failure is never fatal."
- John Wooden
John Wooden foi um caso paradigmático de sucesso no desporto de alta competição (basquetebol profissional, nos EUA), tendo conduzido as suas equipas à vitória em 10 campeonatos, em 12 anos possíveis - sete dos quais de seguida.
Naturalmente, será praticamente impossível discriminar todos os factores que se encontram associados ao sucesso repetido de uma equipa.
De uma forma exaustiva, deveriam ser evidenciados todos os agentes ou intervenientes que, de uma forma ou de outra, contribuem para o bem-estar e, consequentemente, foco na superação e performance de um conjunto de atletas.
Na realidade, e a título de exemplo, raramente é destacado o papel das equipas que actuam por trás das equipas (de atletas). Refiro-me, por exemplo, à forma como um departamento médico (com os seus médicos, fisiologistas, fisioterapeutas, massagistas, entre outros), funcionando ele próprio como "uma equipa", pode alavancar os índices de performance de um conjunto de atletas... Ou até como todos os responsáveis pela manutenção de equipamentos e estruturas de treino podem interferir na qualidade do mesmo, através da sua própria performance (com zelo que dedicam a, por exemplo, cuidar dos equipamentos dos atletas, a cuidar do setting de treino, entre outros).
Curiosamente, em 2004, quando a atitude de Scolari - assumir que dividiria o prémio resultante da participação no Euro, de igual forma entre todos os intervenientes (do técnico de equipamentos ao próprio atleta) - causou alguma estranheza em território nacional, a sua intenção mais não era do que assinalar de forma vincada, como o contributo de todos (ás vezes, dos mais "invisíveis"), seria determinante para o sucesso da equipa.
Na realidade, por detrás do sucesso de uma grande equipa, encontra-se quase sempre um grande gestor - entenda-se, um grande treinador ou, por outras palavras, e de uma forma mais "técnica", alguém que, compreendendo todas as variáveis que num dado contexto podem interferir no sucesso desportivo, opta por interferir sobre as mesmas (mesmo quando se trata "daqueles" elementos, aparentemente, "invisíveis").
Treinadores de excelência, para além de terem um profundo conhecimento acerca dos seus próprios indicadores de performance (como devem actuar para optimizar o seu processo de influência no grupo - de atletas, do departamento médico, etc) - seja porque foram aprendendo por "tentativa e erro", seja porque escolheram trabalhar com especialistas na optimização da performance humana (ex: da área da Psicologia da Performance) - dominam também, em termos do que poderíamos chamar de "engenharia ambiental", ou seja, recriarem em processo de treino, os cenários que poderão surgir em contexto competitivo. Em simultâneo, e porque possuem um conhecimento específico acerca dos seus atletas, gerem de forma eficaz os processos motivacionais do indivíduo e do grupo, numa missão comum.
Não estamos a falar de super-homens ou super-mulheres... estamos sim, a falar de pessoas que, acreditam na metodologia que desenvolveram para fundamentar o seu estilo de liderança.
Wooden defendia alguns princípios básicos, como seja o facto de devermos centrar a nossa atenção sobre aquilo que controlamos, sob pena de, não o fazendo, nos dispersarmos do nosso próprio propósito e, consequentemente, nem sequer naquilo que podemos controlar, conseguirmos evoluir.
De igual forma, era acérrimo defensor de "planear, preparar, praticar e... actuar (performance)".
A sua filosofia assentou, indubitavelmente, num imenso foco no processo.
Por outras palavras, viveu o sucesso alcançado apenas como um degrau para o que desejava alcançar no futuro e o erro como algo natural e passível aprendizagem.
O seu foco era desenvolver o potencial dos seus atletas ao máximo e, como ferramenta, desenvolver o seu próprio processo de liderança, para que o mesmo servisse de catapulta para o crescimento do outro.
O seu exemplo, intemporal, é acima de tudo o de alguém que acredita na sua própria capacidade de metamorfose, que aposta em aproveitar cada dia como uma possibilidade de superação e, consequentemente, e por compreender todo este processo "por dentro" (e em profundidade), alguém que acredita na capacidade de mudança do "outro" e no seu próprio "dom" de conduzi-lo nesse caminho de superação.
Treinadores de excelência, como Wooden, conduzem equipas de excelência.
Exigem de si e dos outros.
Assentam a sua acção numa estratégia concertada de crescimento e fundamentam a sua posição em dados objectivos, arrastando consigo o compromisso individual de cada atleta e de cada elemento da sua equipa técnica.
São, por isto mesmo, e como costumo referir, envolvidos e envolventes, contaminando o meio à sua volta com uma imensa onda de confiança e vontade de superação, assumindo o seu próprio exemplo como um exemplo de mudança... Sendo, indubitavelmente, este o denominador comum do seu sucesso."