Últimas indefectivações

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ângelo-de-toda-a-parte!

"Há jogadores com nomes dourados. Há outros com nomes metafísicos. Este era o jogador do nome empírico, correndo continuadamente ao ritmo impassível do coração.

Comentava alguém, outro dia: «O Ângelo está doente...» Não sei. Mas desde logo não acreditei. O Ângelo nunca está doente. O Ângelo é o contrário de estar doente.
Vejam bem o Ângelo - cinco réis de gente, alma do tamanho do mundo! Assim mesmo, com ponto de exclamação.
A malta dizia: «Ah! O Ângelo!»
Ficava o som da expressão.
Era o Ângelo e não havia outro, acima e abaixo, dentes cerrados, uma vontade sem limites.
O Ângelo campeão da Europa do Benfica campeão da Europa.
Depois outros o conheceram, como treinador da miudagem, como detector de talentos.
Mas eu hoje, aqui, queria falar do Ângelo do corre-corre-corre-sem-nunca-parar. Parecia um boneco de pilha. Ou melhor: um cavalinho de carrossel.
Há jogadores com nomes dourados.
Há jogadores com nomes metafísicos.
O Ângelo tem um nome empírico.
Um dia contou ele, foi enganado por um dirigente do FC Porto e assinou um contrato com os azuis e brancos, ele que já tinha outro assinado com o Académico do Porto.
Irradiado! Não se fazia por menos.
O Benfica salvou-o. E ele foi o Ângelo do Benfica e à Benfica.

Nunca se negou!
Nos anos 50 ainda ecoava o som dos Cinco Violinos do Sporting.
Era um som doce, que encantava as almas.
Depois veio o Benfica da Taça Latina, e um mundo de garra e ambição e luta continua e continuada, sempre de quebrar mas nunca torcer, e os nomes novos saltaram para as páginas dos jornais, para os comentários de rua, para as conversas de café: havia o Águas, o Rogério Pipi, o Félix, o Corona, o Arsénio.
Depois começou também a haver o Ângelo.
Era o Ângelo na direita, à frente. Depois recuado. Depois à esquerda.
Ângelo-de-toda-a-parte!
Ângelo Gaspar Martins, nascido no Porto em Abril de 1930.
Ele atravessou a década, sempre no seu estilo único, no seu jeito incontrolável, na sua tocante dignidade modesta.
Era uma imagem de cada minuto durar noventa minutos. Noventa minutos vezes noventa minutos. Os jogos podiam parecer impossíveis, infinitos, irrecuperáveis. Mas essa era a teoria que a prática desmentia.
Havia sempre o encarnado suado da camisola. O peso do emblema sobre o coração. E aí o Ângelo era grande, muito mais alto do que o seu metro e setenta e cinco deixava desconfiar.
Ah! E por dentro?
Naquele lugar em que a alma se mistura com os pulmões e a batida cardíaca se eleva ao ritmo inigualável da paixão.
Não. O Ângelo não cai. O Ângelo não se verga.
Continua para toda a eternidade com o seu nome empírico de herói de pedra. Uma estátua que se move à velocidade de uma inquieta exaltação. Sem intervalos o esforço.
O Ângelo nunca se nega!"

Afonso de Melo, in O Benfica

Fábio Neto

Alvorada... com o Pedrito!

As redes sociais matam o futebol

"Mas perante tanto incitamento implícito à violência, pergunto a mim próprio o que faz o Ministério Público? Assobia para o lado, fingindo que não vê – só pode! Tanta gente conhecida a despejar verborreia nas redes sociais sempre de forma impune, talvez a coberto das regras de que no futebol tudo vale, sinceramente impressiona.

Ainda se disputaram apenas três jornadas deste campeonato e, nas redes sociais, o barulho já é ensurdecedor. O videoárbitro é elogiado ou criticado até à exaustão consoante as decisões, sempre com insultos soezes à mistura, consoante favorece ou não favorece os nossos ou os adversários. Muitos destes perfis são falsos e a coberto do anonimato truncam-se nomes, insultam-se adversários, comparam-se decisões com casos passados. Mas, a mim, o que mais me impressiona é ver antigos dirigentes, e que penso almejarem voltar ao dirigismo, copiar nos seus perfis pessoais do Facebook essas boçalidades, julgando assim defender o seu clube contra os inimigos (nunca apenas rivais), sobretudo nunca percebendo a baixeza moral dos seus comportamentos.
Sei que não vou mudar o mundo, muito menos o pretendo. Mas perante tanto incitamento implícito à violência, pergunto a mim próprio o que faz o Ministério Público? Assobia para o lado, fingindo que não vê – só pode! Tanta gente conhecida a despejar verborreia nas redes sociais sempre de forma impune, talvez a coberto das regras de que no futebol tudo vale, sinceramente impressiona. Se um destes dias agredirem árbitros ou familiares, eu pergunto se ninguém terá coragem para ir ao cerne da questão: perceber e imputar criminalmente quem contribuiu, por acção, para estes desfechos. 
Recordam-se do caso do adepto italiano da Fiorentina e do Sporting morto há meses junto ao Estádio da Luz? É ou não verdade que houve convocações nas redes sociais para os confrontos nessa noite, como foi referido até à exaustão? Se sim, que fez o Ministério Público? Ou condena-se apenas o condutor, esquecendo todos os outros que gratuitamente contribuíram para o ambiente de violência ali registado? Em Inglaterra, os hooligans foram combatidos. Em Portugal, afinal, que esperamos?"

O ardina olímpico que ganhou a lotaria e fundou o Record

"Manuel Dias chegou a estar em 2.º lugar na maratona de Berlim, mas os sapatos de ginástica trocaram-lhe as voltas.

'Rapaz simples', 'franzino' e 'bem-disposto', era assim que Manuel Dias era conhecido nas pistas onde corria e nas ruelas da cidade. De manhã, bem cedo, era comum vê-lo subir os degraus das Escadinhas do Duque, dois a dois, com o saco de jornais pendurado no ombro. O ardina tinha no atletismo a sua grande paixão.
Começou a correr aos 14 anos, em 1918, e ingressou no Benfica em 1932, onde se notabilizou como um dos mais extraordinários fundistas mundiais. Perseguiu sempre o sonho de se tornar atleta olímpico e em 1936, finalmente, concretizou-o. Venceu a Maratona Nacional e qualificou-se para os polémicos Jogos Olímpicos de Berlim, os primeiros a serem transmitidos na televisão.
O tiro de partida foi dado a 9 de Agosto sob o olhar atento de Adolf Hitler, que usou os Jogos para fazer propaganda do império que estava a desenvolver, e das 100 mil pessoas que preenchiam as bancadas do Estádio de Berlim. À frente do pelotão de 56 atletas seguia o argentino Zabala, vencedor daquela prova em 1932, e logo atrás Manuel Dias. Assim foi até aos 24 Km, altura em que o português começou a ceder, vítima do seu entusiasmo inicial e... dos sapatos.
Manuel fez a primeira parte da prova com umas sapatilhas de que tinha 'uns sapatos pesadíssimo, de sola de ferro' que, curiosamente, lhe deram asas: 'Ultrapassei muitos, talvez uns cem'. Continuou com um andamento inigualável e, mesmo com os pés em bolha, terminou num honroso 17.ª lugar, à frente de famosos campeões americanos, dinamarqueses, belgas e alemães.
Anos mais tarde, já reformado das pistas e dedicado ao negócio da venda de jornais, tentou a sorte na Lotaria Nacional e viu-se contemplado com um prémio de 40 contos! Com o dinheiro juntou as suas grandes paixões, o desporto e os jornais, e fundou um jornal desportivo. Nascia, assim, o jornal Record.
Pode saber mais sobre o percurso deste maratonista na área 3 - Orgulho ecléctico, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Furtado, in O Benfica

Benfiquismo (DLXIII)

O mago do drible,
com alguma dificuldade na barba!!!

Época... festa do golo!

As Regras dos Jogos... Túneis, TAD & SAD vs. Clube de Belém...

Lixívia 3

Tabela Anti-Lixívia
Benfica.......... 9 (0) = 9
Corruptos..... 9 (0) = 9
Sporting........ 9 (+2) = 7


Jornada relativamente calma... com alguns erros mas sem influências nos resultados!

Começo pela 'entrada' do Eliseu: não foi tão maldosa como alguns quiseram 'pintar', mas era para Vermelho (com 3-0 para o Benfica... e com pouco mais de 30 minutos para jogar). O Eliseu quis fazer uma 'parede' com as pernas, o adversário em vez de esticar-se, entrou de carrinho, e o Eliseu 'caiu' em cima dele... Importante, mesmo sem ilibar o 'vermelho' foi o facto do Eliseu ao sentir o contacto, ter 'retirado' os pés, não 'ferrou' os pitõns, como alguns fazem...!
Esta é uma daquelas jogadas, onde o VAR pode actuar... mas como nós já percebemos o VAR em Portugal só vai 'agir' em situações super-flagrantes... em questões de intensidade e intenção, o VAR vai ficar 'mudo'!!!
O facto do Eliseu 'merecer' Vermelho, não 'desculpa' o facto de mais uma vez um 'suposto' beneficio ao Benfica ter sido explorado pela 'cartilha' da Santa Aliança, quando uma situações idêntica, como a expulsão perdoada ao Filipe a semana passada, foi praticamente 'esquecida', por todos...
O resto do jogo, não teve muitos potenciais 'casos', só destaco mais uma vez, o facto de só ter sido mostrado 1 Amarelo!!! O critério nos jogos do Benfica tem sido 'minimalista', em três jogos, os nossos adversários um total de 5 Amarelos, sendo que 3 foram no jogo com o Braga...! Com este critério, o recorde dos jogos em jogar em superioridade numérica vai continuar a crescer...!!!

Em Guimarães, os Lagartos encontraram um adversário dizimado com castigos (o do Josué injusto), lesões... e uma Direcção que está à espera dos 'dispensados' dos grandes, para compor o plantel!
Houve dois lances na área do Sporting, que com o critério do Paixão até poderiam ser penalty contra os Lagartos... mas de facto não foram!

O sócio dos Corruptos, anti-benfiquismo primário Manuel Oliveira, teve uma tarde tranquila apitando a sua equipa!!!
O penalty sobre o Corona existiu... o toque na perna é visível na repetição, mas no meio daquela 'molhada' nem o Manel teve coragem de marcar... e ainda por cima os Corruptos já ganhavam por 2-0...
O VAR aqui, deveria ter actuado...
Tal como devia ter actuado, após a cotovelada do Mini... Mais um Vermelho directo perdoado a um jogador Corrupto, mais ou menos no mesmo minuto do lance do Eliseu, mas só estava 2-0...
Recordo que o Filipe devia ter sido expulso em Tondela, e assim deveria ter faltado este jogo.

Uma nota sobre o 'caso' do Setúbal-Chaves: boa decisão do Manuel Mota, com a ajuda do VAR... o parvo do Paciência fez mesmo uma falta ofensiva, completamente desnecessária, antes daquilo que seria um penalty descaradíssimo a favor do Setúbal... Vamos ver se o critério se mantém!

Anexos:
Benfica
1.ª-Braga(c), V(3-1), Xistra (Verissímo), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
2.ª-Chaves(f), V(0-1), Sousa (Tiago Martins), Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
3.ª-Belenenses(c), V(5-0), Rui Costa (Vasco Santos), Beneficiados, Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Aves(f), V(0-2), Tiago Martins (Pinheiro), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(1-0), Paixão (Hugo Miguel), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(f), V(0-5), Hugo Miguel (Sousa), Nada a assinalar

Corruptos
1.ª-Estoril(c), V(4-0), Hugo Miguel (Luís Ferreira), Nada a assinalar
2.ª-Tondela(f), V(0-1), Veríssimo (Malheiro), Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Oliveira (Tiago Martins), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado

Jornadas anteriores:
Épocas anteriores:
2016-2017
2015-2016

Benfica, FC Porto e Sporting colados, e a dar bons sinais

"Os verdadeiros testes estão para chegar, até para a classe média do futebol português.

Os três grandes não venciam em simultâneo nas três primeiras jornadas da Liga desde 1994-95. A primeira conclusão, e talvez a mais simplista, a retirar é que Benfica, FC Porto e Sporting começaram focados e dispostos a lutar até à exaustão por cada ponto em disputa, esperando um campeonato muito equilibrado até final. Acredito que em parte seja isso.
Há que acrescentar que Benfica e FC Porto disputaram dois dos três encontros em casa. O Sporting, pelo contrário, saiu por duas vezes de Alvalade. O saldo é amplamente positivo também nos golos, todos com uma diferença de oito (9-1 nos encarnados; 8-0 em dragões e leões). Nunca é de mais, no entanto, lembrar que ainda estamos em Agosto, e os verdadeiros testes ainda estarão para chegar.
É verdade que o Sporting já passou, e com nota alta, em Guimarães, mas até pelo momento que a equipa de Pedro Martins atravessa é necessário ter algumas cautelas nas análises. O mesmo se pode dizer do Benfica, quando olhada a falta de consolidação ainda do Sp. Braga quando visitou a Luz. Há, contudo, bons sinais em cada um dos candidatos e haverá jogos mais complicados, talvez até já na próxima jornada, e convém não esquecer que os jogos europeus poderão tornar-se parte importante da equação. A resposta aos momentos menos bons será, como sempre, uma das chaves do sucesso, e para já é tudo ainda muito cor de rosa.
Veja-se o calendário do FC Porto, por exemplo, que para já respira uma enorme confiança. Braga, Vila do Conde, Alvalade e Bessa são as próximas deslocações de um grupo que se apresenta a meio de uma dieta rigorosa (talvez até em excesso). O mesmo se pode dizer do Benfica – que também anda em tempo de poupança, apesar do número também excessivo de jogadores que apresenta no plantel – e vai ter pela frente Vila do Conde, onde mora um Rio Ave bem interessante – Bessa, Barreiros, Vila das Aves e Guimarães. O Sporting, mais definido em termos de equipa, embora sujeito ao mercado, enfrentará uma aparente fase de acalmia até ao clássico com os dragões, apesar da recepção a um Estoril moralizado e das viagens até à Feira e Moreira de Cónegos.
Os bons sinais são vários. Primeiro uma mudança de energia e dinâmica no Dragão, trazida por Sérgio Conceição, que tem conseguido vencer os jogos com relativa facilidade e reunir os adeptos à volta da equipa. Se o processo de transição defensiva ainda não é perfeito, sobretudo quando ultrapassada a primeira zona de pressão, bem alta e agressiva, mas ainda um pouco sôfrega, a verdade é que Casillas não sofreu golos e há muito tempo para melhorar. Registe-se ainda a inteligência acrescentada com a aposta definitiva em Óliver Torres, e um Aboubakar a reencontrar-se com os seus melhores momentos, a fazer lembrar os primeiros tempos no Dragão. Nem foi preciso recorrer a muito de Brahimi na última partida, mas o argelino também andou com problemas físicos durante a semana.
Em Alvalade, começam a vislumbrar-se melhorias na estabilidade defensiva, e sobretudo no processo de construção, com algumas ideias para combater a falta de jogo interior. Bruno Fernandes assume-se cada vez mais como claro candidato ao onze, seja na posição 8 ou na de segundo avançado, aqui sobretudo em encontros em que se espera maiores dificuldades, fora de casa ou mesmo na Liga dos Campeões. O médio é claramente um jogador acima da média. Inteligente no toque e no posicionamento, muito maduro e explosivo no remate, é candidato sério a ser uma das figuras do campeonato. Boa resposta às dúvidas sobre a condição física deu também Fábio Coentrão, com um belo jogo na Cidade-berço. E há ainda Dost, Gelson, Acuña, Adrien a poder ainda melhorar, o que faz com o que o Sporting pareça ter muito por onde crescer. 
Na Luz, sublinha-se o tridente Pizzi-Jonas-Seferovic, a começar a época a todo o gás. Os encarnados mostram, para já, o processo mais evoluído de construção, o que não significa necessariamente que acabe por ser, no fim, o mais eficaz. Para já, os nove golos marcados dão-lhe razão, mas o que desperdiçou em Chaves, e face ao natural decréscimo do número de oportunidades de golo criadas em jogos fora de casa, obrigam a revisão. Também a defesa continuará a merecer cuidados, sobretudo quando continuam a verificar-se tantas alterações de jogo para jogo – a época volta a começar com um grande número de jogadores lesionados.
Sinais positivos óbvios também para o Rio Ave, não afectado para já pela mudança de treinador, mantendo uma filosofia de posse de bola e jogo coletivo e criativo, e que promete complicar já a seguir a vida do campeão. Também o Sp. Braga parece finalmente dar sinais de crescimento, apesar de outra ou outra perda de mercado, precisamente antes da visita do FC Porto. Testes para os candidatos ao título, mas também para a atual classe média do futebol português.
Há um Marítimo a continuar forte nos Barreiros e um Estoril a entrar na época com um rendimento semelhante àquele com que terminou a última. Sinais da qualidade dos trabalhos de Daniel Ramos e Pedro Emanuel, nos últimos dois casos. Aos canarinhos também chega visita delicada, a Alvalade. 

P.S. Uma mensagem de parabéns atrasados para Inês Henriques pelo título mundial nos 50km marcha, e por mais uma medalha de Nélson Évora no triplo salto. O atletismo português continua a mostrar superação e sinais de saúde."