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sexta-feira, 22 de março de 2024
Entender o ‘caso’ Kokçu
"Kokçu pensa no Benfica como um entreposto e que após um ano sairia com contrato milionário
O caso da entrevista de Kokçu é de simples compreensão. Alguém convenceu o jogador turco, durante a abordagem negocial para a sua contratação no verão passado, que o Benfica não seria uma regressão ao Feyenoord, mas ótimo clube, com condições de trabalho ímpares, infraestruturas e meios tecnológicos ao nível das dos melhores do Mundo, que Portugal é um país lindo para se viver com muito dinheiro e, acima de tudo, que o Benfica competiria este ano na Champions e que tem garantido rápida projeção de jovens jogadores para os clubes ricos e bem pagantes das principais ligas europeias.
Ou seja, que não iria ficar muito tempo num campeonato pobre, pouco competitivo e a ganhar cinco a dez vezes menos do que pretende e crê que merece pelo talento a si reconhece e que outros (talvez) também.
Não se sabe se o médio, então com 22 anos (23 completados em dezembro), lá nos Países Baixos, onde fizera toda a carreira, terá ficado satisfeito, mas bastava-lhe uma breve investigação às transferências do Benfica nos anos mais recentes. No caso de jogadores estrangeiros, Enzo Fernandez (após meia temporada,121 milhões de euros) Darwin Nuñez (duas temporadas, 85 M€), Grimaldo (custo zero); ou os produtos da formação, Gonçalo Ramos (65 M€), Ruben Dias (71,6 M€) e João Félix (127 M€). Afinal, aquilo que o Benfica tem sido há quase década e meia, desde os idos de 2010/11, quando as equipas de Jorge Jesus começaram a lançar fornadas de jogadores para os maiores palcos da Europa e para a… riqueza.
Kokçu vê o Benfica como um entreposto. Mas com a temporada a aproximar-se do fim, apesar de ser apenas a primeira, o turco está a ver que nada se valorizou, que nenhum tubarão está a rondá-lo e que o telefone dourado certamente não tocará no verão."
Benfica: Schmidt 'vs' Kokçu, o engano
"O maior perigo para o Benfica é Schmidt ter perdido os jogadores. E, nessa circunstância, o problema já é de Rui Costa
Se está cansado de ouvir falar de Kokçu, se já lhe encheram os ouvidos sobre o que devem treinador e Benfica fazer, sobre anunciadas consequências negativas deste episódio, sobre o castigo que deve ser aplicado, se está cansado de opiniões sobre o médio, então aqui vai mais uma.
Não encontrará aqui o arco-íris de quem considera que vai acabar tudo bem ou as conclusões óbvias e preguiçosas de que deve ser defendida a liberdade de expressão do jogador ou que a equipa está acima de qualquer individualidade. O assunto é demasiado complexo para ser branco ou preto, errado ou certo. E, nesta complexidade, não serão os raios de luz das declarações de Kokçu e Schmidt, sob a obscuridade do silêncio do clube, que nos ajudarão a compreendê-lo.
Kokçu perdeu a paciência, disparou contra o treinador e o clube, será castigado, voltará a jogar e, espera o Benfica, o problema irá desaparecer ao ritmo de novas notícias mastigadas e deitadas fora como pastilhas elásticas. E, no entanto, o problema, tratado pelo Benfica sob o eufemismo de assunto interno, poderá não desaparecer, mesmo que escondido debaixo do tapete, mesmo que escondido dos sócios e adeptos. Porque Kokçu, não é difícil imaginar, não será o único insatisfeito.
Sempre houve e haverá jogadores insatisfeitos nas equipas. Faz parte do que agora é uma indústria. E essa insatisfação terá mais ou menos significado ser for partilhada e reconhecida pelo grupo. Um jogador poderá enganar adeptos, jornalistas e até treinadores com algumas habilidades no jogo, um golo bonito, uma finta de deixar a boca aberta ao espectador, uma arrancada sensacional, mas nunca enganará outro jogador com quem treina todos os dias. Eles conhecem-se uns aos outros, sabem o que uns e outros valem, não há volta a dar. É como nos nossos empregos, todos nos conhecemos demasiadamente bem.
Quem anda nisto do Desporto e conhece a vida das equipas sabe que todos os jogadores são iguais, mas há sempre alguns mais iguais que outros. Há sempre alguém que sabe que tem de fazer mais para que alguns que não fazem tanto poderem resolver jogos. Quem lá dentro anda sabe que isto tem de andar tudo muito bem equilibrado. O treinador deveria ser o primeiro a sabê-lo.
Se vários jogadores reconhecerem os motivos de queixa de Kokçu, pouco importa aquilo que pensam os adeptos ou aquilo que poderão fazer treinador e estrutura do futebol. Se, como Kokçu, outros sentirem que o treinador não está a tirar deles o melhor proveito (é fácil o leitor chegar à conclusão de que isso poderá acontecer com vários, basta calçar algumas chuteiras), que há privilégios não justificados e se esses sentimentos forem partilhados pelo plantel, então aí o problema não é só Kokçu. O problema será mesmo outro, será o de um treinador que perdeu os jogadores.
O maior perigo para o Benfica é mesmo Schmidt ter perdido os jogadores. Que ninguém se engane. E, nessa circunstância, o problema passará a ser de Rui Costa. Que só poderá fazer uma coisa."
João Félix, o eterno incompreendido
"João Félix pode não ter quem o queira, mas em grandes jogos mostra que é importante e não vacila.
João Félix é um jogador especial, com talento, que precisa de mimo, carinho e compreensão.
Fico com a ideia que João Félix gosta de ser provocado e ter os adeptos contra ele. Recordo-me de um jogo no Dragão contra o FC Porto, o João brilhou em enormes jogadas desequilibradoras.
Este Domingo não fugiu à regra, parece que precisa dessa carga para explodir. Ajudou a vencer o Barcelona, com um golo contra o Atlético de Madrid.
João Félix é um jogador com muita qualidade, no controle de bola e visão de jogo com passes a rasgar a defesa. Em Barcelona, no início, adaptou-se muito bem ao seu jogo, em que gosta de ter a bola ao contrário do Atlético de Madrid, que é mais defensivo e joga em contra-ataque.
Perdeu a titularidade, por que segundo Xavi não faz pressão e não defende. Um jogador deste nível tem que pressionar e ser tudo um bocadinho: avançado, médio e defesa.
João Félix não é regular, mas é muito importante pelo menos contra o seu antigo clube, o Atlético de Madrid. Na 1.ª volta com o seu golo deu a vitória (1-0) e neste 2.º jogo deu início a outra vitória(3-0). Pelo menos, no campeonato já valeu 6 pontos.
João Félix tem que ser compreendido e não o tirar da equipa, se tem um jogo menos bom, por vezes é displicente e parece alheado do jogo, mas num ápice marca um golo ou faz um passe fatal. Lewandowski andou a arrastar-se e jogava sempre. No Barcelona não pode haver primas-donnas.
O Atlético de Madrid acusou a grande batalha na Liga dos Campeões com o Inter de Milão.
João Félix num ambiente muito complicado como o foi no Metropolitano, demonstrou estaleca para aguentar a pressão e marcar.
João Félix pode não ficar no Barcelona ou no Atlético, mas não faltarão equipas depois do Europeu, assim ele faça coisas interessantes nos jogos.
No final do jogo, vi João Félix a falar com os seus antigos companheiros, Samuel e Lemar e todos o abraçaram.
Simeone para mim é o maior culpado da saída de João Félix, argentinos com portugueses nunca deu boa coisa, Di Maria é uma excepção.
João Félix, na selecção nacional, tem o seu porto de abrigo com o inteligente Roberto Martínez e depois vai voar para outro sítio.
As suas performances como jogador são intermitentes, mas determinantes. Pode não ser um jogador constante, mas que é um enorme jogador ninguém tenha dúvidas.
A sua situação de cedido não é boa para ele, no final de cada época nunca sabe para onde vai. João Félix precisa de estabilidade num clube para evoluir e crescer na sua carreira, tem apenas 24 anos."
Argumentos 'ad Valeum'
"Qualquer dirigente que já despediu um treinador sabe que há contratos que devem ser rasgados
"[André Villas-Boas] diz, um dia, ‘os contratos que o FC Porto fez vou rasgá-los todos’. Só houve uma pessoa que me recorde que tenha dito isso, que foi o Vale e Azevedo. Portanto, nesse aspeto, está a copiar um estilo do Vale e Azevedo"
João Rafael Koehler, rosto da candidatura de Pinto da Costa, em entrevista a A Bola
João Rafael Koehler concedeu uma entrevista a A BOLA e, da hora de conversa, o que fica de destaque não são as propostas de Pinto da Costa para o FC Porto - poucas novas, algumas em andamento, como o acordo com a Legends ou a polémica academia na Maia -, mas as críticas a Villas-Boas e à sua campanha, que, segundo o homem forte da recandidatura do atual presidente, quer «destruir tudo» para poder vencer e está a «partir o clube ao meio».
Diz o roto ao nu... O tom das críticas de Koehler a AVB e seus pares é de uma dureza raramente vista numa campanha eleitoral, de clubes e não só. Koehler chega a recorrer a comparações ad Valeum, que é o equivalente no futebol português aos argumentos ad Hitlerum - comparar alguém com Hitler, ou neste caso com Vale e Azevedo, de forma redutora, e muitas vezes exagerada. Neste caso, o exagero é manifesto. Villas-Boas nunca disse, como Koehler diz que ele disse, que rasgaria todos os contratos do FC Porto - falava especificamente da questão da academia na Maia, e admitia até que isso poderia não fazer sentido, caso as cláusulas penalizadoras fossem demasiado graves.
Mas mais: todo o dirigente desportivo sabe que há contratos que devem ser rasgados, como qualquer presidente, incluindo Pinto da Costa, que já despediu um treinador reconhecerá. A questão é fazê-lo de forma responsável, conhecendo bem, e assumindo, as consequências, financeiras e outras, o que Vale e Azevedo nunca fez..."
Galeno: o que não se perguntou
"Não se deve permitir que as seleções se transformem em clubes sob disfarce
Nunca fui, por questão de princípio, a favor da naturalização de futebolistas e não se trata de sensibilidade patriótica, com a qual dificilmente me identificaria. Admito que haja situações na fronteira e ainda que a prática vem de muito antes de ter nascido.
Alfredo di Stéfano era argentino e representou ainda Espanha e Colômbia. Sem grande sorte, acrescente-se. Também os oriundi fortaleceram a Itália de Vittorio Pozzo e de Mussolini no bicampeonato mundial de 1934 e 1938, e por aí fora. Por cá, há muito que se abriu a porta e é uma batalha perdida - que agora não irei retomar -, contudo não deixo de torcer o nariz sempre que se fala de mais um nome, tantas vezes só porque sim. Galeno foi o último e parece que só não está nesta convocatória porque, entretanto, o Brasil se antecipou. Naturalmente.
Não está em causa a qualidade do jogador, que tem feito percurso interessante em Portugal, ou a ambição do próprio e do seu clube numa valorização no palco Seleção, se possível com a presença na fase final de uma grande competição, como o Europeu ou o Campeonato do Mundo. No entanto, se me leem há já algum tempo, sabem que sempre defendi que estar numa equipa nacional não deveria ser encarado como um prémio pelas boas exibições, mas sim o resultado de um cenário bem mais abrangente: um projeto autónomo de construção de um conjunto competitivo para o imediato e para o futuro. Ou seja, para lá da qualidade é preciso olhar para a utilidade e funcionalidade. Como é que o novo elemento se enquadra no grupo de 23? O que acrescenta e o que subtrai em relação ao colega que substitui?
O bom jogador que é Galeno resolveria a Martínez algum problema persistente na Seleção? Se mesmo Rafael Leão sente dificuldades no ataque posicional, que tipo de impacto poderia causar o extremo portista? E, mesmo tendo esse impacto, continuaria a ser solução a médio e longo prazo?
Não há aqui qualquer tipo de ingenuidade: se Galeno vestisse a camisola de Portugal num jogo oficial não poderia fazer o mesmo depois pelo Brasil. No entanto, será que é esse o exercício a ser feito? Prejudicar ou restringir a carreira de alguém só para não dar mais opções aos rivais? Se é, não posso concordar. Uma chamada a este nível teria sempre de significar mais do que o momento individual.
Se Galeno resolvesse um problema estrutural como, por exemplo, a escassez de extremos desequilibradores que aflige o futebol português - e não só -, não passaria de um remendo. A solução definitiva teria de ser encontrada na formação, com um plano específico. Tal como deveriam já estar a ser trabalhadas as lacunas que se preveem para os próximos tempos.
Temos muito a agradecer a Pepe, a Deco e a outros que se dedicaram à causa. Sem eles, os tempos teriam sido, sem dúvida, mais difíceis. Todavia, também é dos obstáculos que nasce o engenho. E se a porta está aberta que não a deixem escancarada. Para que não se perca a identidade e as Seleções não passem a ser clubes, recheados de nacionalidades diferentes, sob disfarce."
Cada um deita-se na cama que faz!!
"Se bem que neste caso (Manuel Serrão), durante os últimos 8 anos, ele nem a cama fazia...
O que a CMTV contrata, a Justiça despede!😏"
O Valor de Mercado dos Jogadores de Futebol: cinco fatores chave
"No mundo do futebol profissional, o valor de mercado de um jogador é uma métrica crucial, determinando o quão atrativo ele é para os clubes interessados na sua contratação. Este valor, no entanto, não é fixo e está sujeito a uma série de fatores que podem aumentá-lo ou diminuí-lo. Explorando esses elementos, podemos compreender melhor como os jogadores podem maximizar o seu potencial no mercado.
Desempenho Consistente:
O desempenho em campo é, sem dúvida, um dos principais impulsionadores do valor de mercado de um jogador. Destacando a importância de manter uma performance consistente ao longo das temporadas, observamos que golos, assistências e participações em jogos de destaque são elementos que não apenas destacam o jogador, mas também contribuem para elevar o seu valor no mercado.
Idade e Potencial de Desenvolvimento:
A idade de um jogador é um fator estratégico a ser considerado. Jovens promessas com potencial de desenvolvimento tendem a ter os seus valores calculados de maneira diferente daqueles que estão no fim das suas carreiras. A análise do potencial de crescimento de um jogador é essencial para os clubes, influenciando as suas estratégias de contratação.
Saúde e Histórico de Lesões:
A saúde física de um jogador é outro ponto crítico. Um histórico extenso de lesões pode impactar negativamente o seu valor de mercado, especialmente se forem recorrentes ou localizadas em áreas específicas. Os exames médicos detalhados desempenham um papel fundamental na avaliação da condição física geral do jogador, fornecendo insights importantes para os clubes interessados.
Multas Contratuais:
As multas contratuais são um aspeto frequentemente negligenciado, mas significativo, no cálculo do valor de mercado de um jogador. O valor da multa de transferência de um jogador do seu clube atual para um novo pode ser um fator determinante na viabilidade da sua contratação. Uma multa substancial pode dificultar ou mesmo impedir uma transferência, destacando a importância de cláusulas contratuais claras e justas.
Reputação Fora do Campo:
Além das habilidades demonstradas em campo, a reputação fora das quatro linhas está se tornando cada vez mais relevante. A imagem pública de um jogador, a sua presença nas redes sociais e o seu apelo comercial são aspetos que contribuem significativamente para a sua marca pessoal. Jogadores com uma reputação positiva e forte presença nas esferas fora do jogo são vistos como ativos valiosos tanto para clubes como para marcas.
Em resumo, o valor de mercado de um jogador de futebol é influenciado por uma série de fatores interconectados. Desde o desempenho consistente até à reputação fora do campo, cada elemento desempenha um papel crucial na determinação de quão valioso um jogador é para potenciais interessados. Ao compreender e gerir esses fatores, os jogadores podem posicionar-se de forma mais eficaz no mercado, maximizando as suas oportunidades de sucesso e progresso na carreira."
Cantona, Bellingham ou Capucho: as modas que viram lenda
"O equipamento está para um jogador de futebol como as receitas para os cozinheiros: não podes alterar a base, mas podes acrescentar a tua criatividade.
Não era preciso muito para ser extravagante noutros tempos. Bastava levantar a gola para homenagear Cantona, usar camisola presa à frente e solta atrás Beckham style ou, por respeito a Capucho, uma combinação entre meia pelo meio da canela e a - reduzida - proteção da mesma de tamanho a lembrar o mindinho.
Isto já era quase considerado marginal, porque toda a caneleira que não fosse do tamanho da tíbia era uma excentricidade. Mas tudo isto era sinal de personalidade, era um Statement de jogadores que queriam sair da caixa.
No futebol moderno, as modas foram evoluindo, até ao IFAB incluir regras nas leis de jogo que obrigam muitos jogadores alterarem hábitos (se leram «manias» não me culpem).
Um exemplo? A vulgarmente chamada tape, aquela fita branca usada, por exemplo, por Cristiano Ronaldo nos primórdios do Manchester United, que servia para aguentar a caneleira e que foi agora limitada. A usar, terá que ser da mesma cor da meia do equipamento.
Convenhamos, tira todo o estilo. Pelo menos aquele tal impacto visual para marcar a diferença.
O que decidiram inventar agora?
A nova moda é cortar as meias. Começou apenas pelo corte da zona do pé, que permite que os atletas joguem sempre com a planta antiderrapante e evitem o escorregadio próprio de material novo. Sim, os grandes clubes estreiam um equipamento todos os jogos.
Agora, evoluiu para o corte da meia na zona do gémeo, na parte de trás da perna.
Bellingham, Darwin, Gyökeres, são dezenas os craques que o fazem.
Antigamente, a meia com “foguete” era para o suplente não utilizado, ou para o júnior acabado de chegar. Código de honra: jogador bom não joga com meia rasgada.
Hoje em dia, inverteu-se a lógica: jogador bom rasga a meia. E serve para quê? A teoria de quem o faz é que isso permite que alivie a pressão na zona do gémeo e dá mais conforto aos atletas.
Também há outras teorias (não, não estou a dizer que é a minha) que é só para ser diferente. Ou até por superstição.
Seja qual for a razão, quem não deve ficar muito agradado são os patrocinadores de equipamentos dos clubes. Imagino a guerra que travam sobre o tema. «Mas como assim não são confortáveis? Está-me a dizer que eles precisam de estragar um equipamento topo de gama para não apertar a perna?».
O argumento é fácil de desmontar: «Meu amigo, se ele render assim… meias há muitas»."
Vencer ‘vs.’ comer: qual o preço para alcançar o pódio?
"As perturbações alimentares representam um desafio significativo para os atletas de elite
No mundo da alta competição, o controlo sobre a dieta é essencial, mas a fronteira entre saúde e patologia alimentar é delicada. O controlo sobre a dieta dos atletas é visto como normal, adequado e até desejável, contudo a linha que separa a relação normal com a alimentação de uma relação patológica é demasiado ténue e fácil de ultrapassar no contexto de alta competição. Alguns atletas de elite como Simone Biles ou Michael Phelps abordaram publicamente o tema.
As perturbações alimentares são caracterizadas por uma disfunção persistente na alimentação ou no comportamento alimentar que compromete significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial. De entre as perturbações alimentares destacam-se a perturbação de ruminação, perturbação de evitamento ou restrição, anorexia, bulimia ou compulsão alimentar. Os números apresentados pelos estudos mais recentes são alarmantes e apontam para uma prevalência de cerca de 70% dos atletas com manifestações clínicas ou subclínicas de perturbação alimentar. É verdade que a prevalência é maior em atletas femininas, contudo este está longe de ser um problema de género. E, apesar de existirem modalidades classificadas como de risco elevado, por exemplo, modalidades de categoria de peso, resistência e de foco na estética, o risco de desenvolver perturbações alimentares é elevado e está presente de forma transversal nas diferentes modalidades, incluindo nas modalidades de grupo, como por exemplo no futebol. As restrições alimentares, o controlo do peso e o cuidado da imagem corporal são questões diárias nos atletas de elite, independentemente da sua modalidade, contudo, as perturbações alimentares e os seus sintomas não devem ser vistas e aceites como um não-problema ou uma parte funcional da alta competição. Para além do culto da imagem corporal no desporto, são as pressões a que os atletas estão submetidos que os tornam mais suscetíveis a transtornos de ansiedade, tornando o alto rendimento um terreno fértil para as perturbações alimentares. Adicionalmente, atletas com perturbação alimentar apresentam uma maior prevalência de sintomatologia ansiosa e depressiva; além disso, as perturbações alimentares provocam alterações bioquímicas no organismo que podem conduzir à própria autodestruição.
As perturbações alimentares representam um desafio significativo para os atletas de elite, ameaçam não só a saúde do atleta, mas também, a médio-longo prazo, o seu desempenho e o seu bem-estar geral."
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